Neste nosso quadragésimo terceiro comentário sobre Os Lusíadas, começaremos de ler o quinto canto da obra, onde Camões canta o começo da viagem dos portugueses e os eventos que eles viram no caminho.

OS LUSÍADAS OS PORTUGUES PARTEM RUMO AO ORIENTE
Os portugueses partem rumo ao Oriente

CANTO V – ESTROFE 1

“O capitão Vasco da Gama comenta a partida da frota portuguesa de Lisboa”

 

Estas sentenças tais o velho honrado

Vociferando estava, quando abrimos

Quando abrimos as asas ao sereno e sossegado

Vento, e do porto amado nós partimos;

E, como é já no mar costume usado,

A vela desfraldando, o céu ferimos,

Dizendo: “Boa Viagem!” Logo o vento

Nos troncos fez o usado movimento.

 

“Estas sentenças tais o velho honrado vociferando estava, quando abrimos quando abrimos as asas ao sereno e sossegado vento, e do porto amado nós partimos; e, como é já no mar costume usado, a vela desfraldando, o céu ferimos, dizendo: “Boa Viagem!” Logo o vento nos troncos fez o usado movimento. (1)

(1) O velho português concluiu suas palavras enquanto nós soltamos as velas das embarcações e partido do amado porto de Lisboa rumo às Índias; e, como era de costume entre os marinhos após dar velas ao vento, ao céu gritamos: “Boa Viagem!” Sendo que, logo em seguida, os ventos deram movimentos aos barcos. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a história de Portugal, comenta a partida dos marinheiros portugueses do porto de Lisboa rumo às terras do Oriente.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“O velho português concluiu suas palavras enquanto nós soltamos as velas das embarcações e partido do amado porto de Lisboa rumo às Índias; e, como era de costume entre os marinhos após dar velas ao vento, ao céu gritamos: “Boa Viagem!” Sendo que, logo em seguida, os ventos deram movimentos aos barcos.”

CANTO V – ESTROFE 2

“O capitão Vasco da Gama comenta a data da partida da frota rumo ao Oriente”

 

Entrava neste tempo o eterno lume

No animal Nemeio truculento;

E o mundo, que com o tempo se consume,

Na sexta idade andava, enfermo e lento.

Nela vê, como tinha por costume,

Cursos do sol quatorze vezes cento,

Com mais noventa e sete, em que corria,

Quando no mar a armada se estendia.

 

“Entrava neste tempo o eterno lume no animal Nemeio truculento; e o mundo, que com o tempo se consume, na sexta idade andava, enfermo e lento. Nela vê, como tinha por costume, cursos do sol quatorze vezes cento, com mais noventa e sete, em que corria, quando no mar a armada se estendia. (1)

(1) No dia da partida, o Sol, eterno lume, entrava no signo de Leão, o Nemeio truculento, enquanto o mundo, que se consome com o tempo, andava enfermo e lento na sexta era, a Era Cristã; o Sol estava no ano de mil quatrocentos e noventa e sete. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a viagem dos portugueses rumo à Índia no Oriente, comenta a data da partida da frota portuguesa, que deixava Lisboa no mês de julho do ano de 1497.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“No dia da partida, o Sol, eterno lume, entrava no signo de Leão, o Nemeio truculento, enquanto o mundo, que se consome com o tempo, andava enfermo e lento na sexta era, a Era Cristã; o Sol estava no ano de mil quatrocentos e noventa e sete.”

CANTO V – ESTROFE 3

“O capitão Vasco da Gama comenta que, conforme as naus navegavam, as terras portuguesas iam sumindo no horizonte”

 

Já a vista pouco e pouco se desterra

Daqueles pátrios montes que ficavam:

Ficava o caro Tejo e a fresca serra

De Sintra, e nela os olhos se alongavam.

Ficava-nos também na amada terra

O coração, que as magoas lá deixavam.

E já depois que toda se escondeu,

Não vimos mais enfim que mar e céu.

 

“Já a vista pouco e pouco se desterra daqueles pátrios montes que ficavam: ficava o caro Tejo e a fresca serra de Sintra, e nela os olhos se alongavam. Ficava-nos também na amada terra o coração, que as magoas lá deixavam. E já depois que toda se escondeu, não vimos mais enfim que mar e céu. (1)

(1) Já se perdia de vista as terras de Portugal, com o caro rio Tejo e a fresca serra de Sintra ficam longe do olhar. Nossos corações também ficavam na amada terra junto com as magoas que lá deixamos. E, tendo a terra sumido, não vimos mais nada além do mar e do céu. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a viagem dos portugueses rumo à Índia no Oriente, comenta que o percurso das naus portuguesas que vão se distanciando das terras de Portugal.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Já se perdia de vista as terras de Portugal, com o caro rio Tejo e a fresca serra de Sintra ficam longe do olhar. Nossos corações também ficavam na amada terra junto com as magoas que lá deixamos. E, tendo a terra sumido, não vimos mais nada além do mar e do céu.”

CANTO V – ESTROFE 4

“O capitão Vasco da gama comenta que a frota navegava seguindo a costa africana, passando ao lado da Mauritânia”

 

Assi fomos abrindo aqueles mares

Que geração alguma não abriu,

As novas ilhas vendo, e os novos ares,

Que o generoso Henrique descobriu:

De Mauritânia os montes e lugares,

Terra que Anteu num tempo possuiu,

Deixando à mão esquerda; que à direita

Não há certeza doutra, mas suspeita.

 

“Assi fomos abrindo aqueles mares que geração alguma não abriu, as novas ilhas vendo, e os novos ares, que o generoso Henrique descobriu: de Mauritânia os montes e lugares, Terra que Anteu num tempo possuiu, deixando à mão esquerda; que à direita não há certeza doutra, mas suspeita. (1)

(1) Assim fomos desbravando os mares que nenhuma geração anterior abriu, vendo novas ilhas e novos ares que o generoso D. Henrique descobriu; no nosso esquerdo estavam as terras da Mauritânia, que no passado foram governadas pelo rei Anteu, e à direita não há certeza de novas terras, apenas algumas suspeitas. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a viagem dos portugueses rumo à Índia no Oriente, comenta que o percurso das naus portuguesas que já passam ao lado das terras Mauritanas que hoje correspondem ao território do Marrocos.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Assim fomos desbravando os mares que nenhuma geração anterior abriu, vendo novas ilhas e novos ares que o generoso D. Henrique descobriu; no nosso esquerdo estavam as terras da Mauritânia, que no passado foram governadas pelo rei Anteu, e à direita não há certeza de novas terras, apenas algumas suspeitas.”

CANTO V – ESTROFE 5

“O capitão Vasco da Gama comenta que a frota navegava seguindo a costa africana, passando próxima a Ilha da Madeira”

 

Passamos a grande ilha da Madeira,

Que do muito arvoredo assim se chama,

Das que nós povoamos a primeira,

Mais célebre por nome, que por fama;

Mas nem por ser do mundo a derradeira

Se lhe aventajam quantas Vênus ama;

Antes, sendo esta sua, esquecera

De Cipro, Gnido, Pafos e Citera;

 

“Passamos a grande ilha da Madeira, que do muito arvoredo assim se chama, das que nós povoamos a primeira, mais célebre por nome, que por fama; Mas nem por ser do mundo a derradeira se lhe aventajam quantas Vênus ama; antes, sendo esta sua, esquecera de Cipro, Gnido, Pafos e Citera; (1)

(1) Nós passamos pela grande ilha da Madeira, que é conhecida assim por causa de suas grandes árvores, sendo a primeira que voamos; Ela é mais conhecida por esse nome do que por qualquer outra coisa, embora, estando nos limites do mundo, não deixa de ser amada por Vênus, que dá preferência à ela antes das ilhas de Cipro, Gnido, Pafos e Citera. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a viagem dos portugueses rumo à Índia no Oriente, comenta a passagem da frota portuguesa perto da Ilha da Madeira.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Nós passamos pela grande ilha da Madeira, que é conhecida assim por causa de suas grandes árvores, sendo a primeira que voamos; Ela é mais conhecida por esse nome do que por qualquer outra coisa, embora, estando nos limites do mundo, não deixa de ser amada por Vênus, que dá preferência à ela antes das ilhas de Cipro, Gnido, Pafos e Citera.”

CANTO V – ESTROFE 6

“O capitão Vasco da Gama comenta que a frota navegava seguindo a costa africana”

 

Deixamos de Massília a estéril costa,

Onde seu gado os Azenegues pastam;

Gente que as frescas águas nunca gosta,

Nem as ervas do campo bem lhe abastam:

A terra a nenhum fruto enfim disposta,

Onde as aves no ventre o ferro gastam,

Padecendo de tudo extrema inópia,

Que aparta a Barbaria de Etiópia.

 

“Deixamos de Massília a estéril costa, onde seu gado os Azenegues pastam; gente que as frescas águas nunca gosta, nem as ervas do campo bem lhe abastam: a terra a nenhum fruto enfim disposta, onde as aves no ventre o ferro gastam, padecendo de tudo extrema inópia, que aparta a Barbaria de Etiópia. (1)

(1) Deixamos a estéril costa de Massília onde os gados dos Azenegues pastam; ali esse povo nunca tinha água, nem ervas do campo tinham para se alimentar ou fruto alguma para comerem; esta terra, que separa a bererês da Etiópia, padece na estrema miséria e até dizem que os avestruzes, por comerem pedras, possuem ferro no ventre. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a viagem dos portugueses rumo à Índia no Oriente, comenta a passagem da frota portuguesa na costa do Norte da África.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Deixamos a estéril costa de Massília onde os gados dos Azenegues pastam; ali esse povo nunca tinha água, nem ervas do campo tinham para se alimentar ou fruto alguma para comerem; esta terra, que separa a bererês da Etiópia, padece na estrema miséria e até dizem que os avestruzes, por comerem pedras, possuem ferro no ventre.”

CANTO V – ESTROFE 7

“O capitão Vasco da Gama comenta que a frota navegava seguindo a costa africana, já tendo passado da Linha do Equador”

 

Passamos o limite aonde chega

O sol, que para o Norte os carros guia,

Onde jazem os povos, a quem nega

O filho de Climene a cor do dia:

Aqui gentes entranhas lava e rega

Do negro Sanagá a corrente fria,

Onde o Cabo Arsinário o nome perde,

Chamando-se dos nossos Cabo Verde.

 

“Passamos o limite aonde chega o sol, que para o Norte os carros guia, onde jazem os povos, a quem nega o filho de Climene a cor do dia: aqui gentes entranhas lava e rega do negro Sanagá a corrente fria, onde o Cabo Arsinário o nome perde, chamando-se dos nossos Cabo Verde. (1)

(1) Passamos pelo limite do Hemisfério Norte onde batem os raios do sol; aqui estão os povos de pele negra que foram queimados por Faetone, filho de Climene, quando este roubou o carro de Febo. Esta região e seus povos são regados pelas frias águas do Senegal e é onde o Cabo Arsinário perde o seu antigo nome, sendo conhecido por nós como o Cabo Verde. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a viagem dos portugueses rumo à Índia no Oriente, comenta a passagem deles pela costa africana na região do Cabo Verde.  

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Passamos pelo limite do Hemisfério Norte onde batem os raios do sol; aqui estão os povos de pele negra que foram queimados por Faetone, filho de Climene, quando este roubou o carro de Febo. Esta região e seus povos são regados pelas frias águas do Senegal e é onde o Cabo Arsinário perde o seu antigo nome, sendo conhecido por nós como o Cabo Verde.”

CANTO V – ESTROFE 8

“O capitão Vasco da Gama comenta que a tropa navegava seguindo a costa africana, passando próximo das Ilhas Canárias e do Cabo Verde”

 

Passadas tendo já as Canárias ilhas,

Que tiveram por nome Fortunadas,

Entramos navegando pelas filhas

Do velho Hespério, Hespéridas chamadas

Terras por onde novas maravilhas

Andaram vendo já nossas armadas.

Ali tomamos porto com bom vento,

Por tomarmos da terra mantimento.

 

“Passadas tendo já as Canárias ilhas, que tiveram por nome Fortunadas, entramos navegando pelas filhas do velho Hespério, Hespéridas chamadas terras por onde novas maravilhas andaram vendo já nossas armadas. Ali tomamos porto com bom vento, por tomarmos da terra mantimento. (1)

(1) Tendo nós já passado pelas ilhas Canárias, que antigamente eram chamadas de Fortunadas, entramos navegando pelas filhas do velho Hespério, chamadas de ilhas Hespéridas, sendo estas terras que as armadas portuguesas já navegaram no passado. Ali passamos pelo porto, onde reabastecemos nossos mantimentos. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a viagem dos portugueses rumo à Índia no Oriente, comenta a passagem da frota pelas Ilhas Canárias.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Tendo nós já passado pelas ilhas Canárias, que antigamente eram chamadas de Fortunadas, entramos navegando pelas filhas do velho Hespério, chamadas de ilhas Hespéridas, sendo estas terras que as armadas portuguesas já navegaram no passado. Ali passamos pelo porto, onde reabastecemos nossos mantimentos.”

CANTO V – ESTROFE 9

“O capitão Vasco da Gama comenta que a frota navegava seguindo a costa africana, tendo aportado no Ilha de Santiago”

 

Àquela ilha aportamos, que tomou

O nome do guerreiro Santiago;

Santo, que os Espanhóis tanto ajudou

A fazerem nos Mouros bravo estrago.

Daqui, tanto que Bóreas nos ventou,

Tornamos a cortar o imenso lago

Do salgado Oceano; e assim deixamos

A terra, onde o refresco doce achamos.

 

“Àquela ilha aportamos, que tomou o nome do guerreiro Santiago; Santo, que os Espanhóis tanto ajudou a fazerem nos Mouros bravo estrago. Daqui, tanto que Bóreas nos ventou, tornamos a cortar o imenso lago do salgado Oceano; e assim deixamos a terra, onde o refresco doce achamos. (1)

(1) Aportamos os navios na ilha que carrega o nome do Apóstolo Santiago, que intercedeu pelos espanhóis, ajudando-os a vencer os inimigos mouros. Daqui, com o vento Norte soprando, voltamos a cortar o imenso e salgado oceano, deixando a terra para trás a terra que conseguimos mantimentos. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a viagem dos portugueses rumo à Índia no Oriente, comenta a passagem da frota portuguesa nas ilhas do Cabo Verde.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Aportamos os navios na ilha que carrega o nome do Apóstolo Santiago, que intercedeu pelos espanhóis, ajudando-os a vencer os inimigos mouros. Daqui, com o vento Norte soprando, voltamos a cortar o imenso e salgado oceano, deixando a terra para trás a terra que conseguimos mantimentos.”

CANTO V – ESTROFE 10

“O capitão Vasco da Gama comenta que a frota passa próxima do Senegal”

 

Por aqui rodeando a larga parte

De África, que ficava ao Oriente,

A província Jalofo, que reparte

Por diversas nações a negra gente;

A mui grande Mandinga, por cuja arte

Logramos o metal rico e luzente,

Que do curvo Gambeia as águas bebe,

As quais o largo Atlântico recebe;

 

“Por aqui rodeando a larga parte de África, que ficava ao Oriente, a província Jalofo, que reparte por diversas nações a negra gente; a mui grande Mandinga, por cuja arte logramos o metal rico e luzente, que do curvo Gambeia as águas bebe, as quais o largo Atlântico recebe; (1)

(1) Por aqui nós fomos rodeando a província de Jalofo, que divide as diversas nações dos povos negros da África e também divide a grande Mandinga, que é conhecida pelos confecção de artefatos do ouro que é retirado das águas do curvo rio Gambeia, este que desagua no largo Atlântico. Camões canta o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a viagem dos portugueses rumo à Índia no Oriente, comenta a passagem da frota portuguesa pela costa africana na região que hoje corresponde ao Senegal.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Por aqui nós fomos rodeando a província de Jalofo, que divide as diversas nações dos povos negros da África e também divide a grande Mandinga, que é conhecida pelos confecção de artefatos do ouro que é retirado das águas do curvo rio Gambeia, este que desagua no largo Atlântico.”

CANTO V – ESTROFE 11

“O capitão Vasco da Gama comenta que a frota passa pelas ilhas da costa africana ocidental”

 

As Dórcadas passamos, povoadas

Das irmãs, que outro tempo ali viviam

Que de vista total sendo privadas,

Todas três dum só olho se serviam.

Tu só, tu, cujas tranças encrespadas

Netuno lá nas águas acendiam,

Tornada já de todas a mais feia,

De víboras encheste a ardente areia.

 

“As Dórcadas passamos, povoadas das irmãs, que outro tempo ali viviam que de vista total sendo privadas, todas três dum só olho se serviam. Tu só, tu, cujas tranças encrespadas Netuno lá nas águas acendiam, tornada já de todas a mais feia, de víboras encheste a ardente areia. (1)

(1) Passamos pelas ilhas Órcadas, onde antigamente ali viviam as irmãs Gorgonas que, sendo totalmente privadas da vista, dividiam um único olho. Tu, Medusa, cujas as tranças encrespadas cativaram Netuno nas águas, só tu que encheu as areias africanas com suas víboras. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a viagem dos portugueses rumo à Índia no Oriente, comenta a passagem pelas ilhas da costa africana ocidental.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Passamos pelas ilhas Órcadas, onde antigamente ali viviam as irmãs Gorgonas que, sendo totalmente privadas da vista, dividiam um único olho. Tu, Medusa, cujas as tranças encrespadas cativaram Netuno nas águas, só tu que encheu as areias africanas com suas víboras.”

 

CANTO V – ESTROFE 12

“O capitão Vasco da Gama comenta que a frota passou pela Serra Leoa e pela Ilha de S. Tomé”

 

Sempre enfim para o austro a aguda proa,

No grandíssimo golfão nos metemos,

Deixando a serra aspérrima Leoa,

Co’o Cabo, a quem das Palmas nome demos:

O grande rio, onde batendo soa

O mar nas praias notas, que ali temos,

Ficou, co’a ilha ilustre que tomou

O nome dum que o lado a Deus tocou.

 

“Sempre enfim para o austro a aguda proa, no grandíssimo golfão nos metemos, deixando a serra aspérrima Leoa, co’o Cabo, a quem das Palmas nome demos: o grande rio, onde batendo soa o mar nas praias notas, que ali temos, ficou, co’a ilha ilustre que tomou o nome dum que o lado a Deus tocou. (1)

(1) Enfim, sempre dirigindo a aguda proa rumo ao Sul, matemo-nos no grandíssimo golfo de Guinpe, passando muito longe a Serra Leoa e com o que chamamos de Cabo das Palmas: o grande rio do Congo, que as águas que caem no mar produzem um alto ruído, além da ilha de S. Tomé, que carrega o nome do ilustre Apóstolo que tocou o corpo de Cristo. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a viagem dos portugueses rumo à Índia no Oriente, comenta a passagem pelas ilhas da costa africana ocidental.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Enfim, sempre dirigindo a aguda proa rumo ao Sul, matemo-nos no grandíssimo golfo de Guinpe, passando muito longe a Serra Leoa e com o que chamamos de Cabo das Palmas: o grande rio do Congo, que as águas que caem no mar produzem um alto ruído, além da ilha de S. Tomé, que carrega o nome do ilustre Apóstolo que tocou o corpo de Cristo.”

 

CANTO V – ESTROFE 13

“O capitão Vasco da Gama comenta que a frota passou perto do grande reino do Congo”

 

Ali o mui grande reino está de Congo,

Por nós já convertido à fé de Cristo,

Por onde o Zaire passa claro e longo,

Rio pelos antigos nunca visto.

Por este largo mar enfim me alongo

Do conhecido pólo de Calisto,

Tendo o término ardente já passado,

Onde o meio do mundo é limitado.

 

“Ali o mui grande reino está de Congo, por nós já convertido à fé de Cristo, por onde o Zaire passa claro e longo, rio pelos antigos nunca visto. Por este largo mar enfim me alongo do conhecido pólo de Calisto, tendo o término ardente já passado, onde o meio do mundo é limitado. (1)

(1) Ali está o grande reino do Congo, este que já foi convertido à fé de Cristo por nós e por onde passa o longo Zaire, o rio do Congo, que nunca foi visto pelos antigos. Enfim, por este largo mar vou me afastando do Polo Norte, tendo já passado pelo Equador, onde o meio do mundo é limitado. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a viagem dos portugueses rumo à Índia no Oriente, comenta que a frota já passou pela costa do Congo e que já se encontra depois da Linha do Equador.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Ali está o grande reino do Congo, este que já foi convertido à fé de Cristo por nós e por onde passa o longo Zaire, o rio do Congo, que nunca foi visto pelos antigos. Enfim, por este largo mar vou me afastando do Polo Norte, tendo já passado pelo Equador, onde o meio do mundo é limitado.”

CANTO V – ESTROFE 14

“O capitão Vasco da Gama comenta a vista da constelação do Cruzeiro do Sul e o céu do Hemisfério Sul”

 

Já descoberto tínhamos diante

Lá no novo hemisfério nova estrela,

Não vista de outra gente, que ignorante

Alguns tempos esteve incerta dela:

Vimos a parte menos rutilante

E por falta d’estrelas menos bela

Do pólo fixo, onde inda se não sabe

Que outra terra comece, ou mar acabe.

 

“Já descoberto tínhamos diante lá no novo hemisfério nova estrela, não vista de outra gente, que ignorante alguns tempos esteve incerta dela: vimos a parte menos rutilante e por falta d’estrelas menos bela do pólo fixo, onde inda se não sabe que outra terra comece, ou mar acabe. (1)

(1) Navegando no Hemisfério Sul, já tínhamos descoberto uma nova estrela que, até então, não tinha sido vista por mais ninguém; nesse hemisfério, vimos que era menos brilhante por ter menos estrelas e, por isso, menos belo; também não sabíamos se no Polo Sul havia alguma terra. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a viagem dos portugueses rumo à Índia no Oriente, comenta que no Hemisfério Sul eles descobriram o Cruzeiro do Sul, além de perceber que, nesta parte do mundo, o céu possui menos estrelas.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Navegando no Hemisfério Sul, já tínhamos descoberto uma nova estrela que, até então, não tinha sido vista por mais ninguém; nesse hemisfério, vimos que era menos brilhante por ter menos estrelas e, por isso, menos belo; também não sabíamos se no Polo Sul havia alguma terra.”

CANTO V – ESTROFE 15

“O capitão Vasco da Gama começa a comentar a passagem pela região equatorial”

 

Assim passando aquelas regiões,

Por onde duas vezes passa Apolo,

Dous invernos fazendo, e dous verões,

Enquanto corre d’um ao outro pólo:

Por calmas, por tormentas e opressões,

Que sempre faz no mar irado Eolo,

Vimos as Ursas, apesar de Juno,

Banharem-se nas águas de Netuno.

 

“Assim passando aquelas regiões, por onde duas vezes passa Apolo, dous invernos fazendo, e dous verões, enquanto corre d’um ao outro pólo: por calmas, por tormentas e opressões, que sempre faz no mar irado Eolo, vimos as Ursas, apesar de Juno, banharem-se nas águas de Netuno. (1)

(1) Assim fomos passando por aquelas regiões onde o Sol passa duas vezes, fazendo dois invernos e dois verões enquanto passa de um polo para o outro; enquanto passávamos por calmarias, tormentas e opressões provocadas pelo vento, vimos as Ursas que desapareciam no horizonte. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a viagem dos portugueses rumo à Índia no Oriente, comenta o incomodo clima da região equatorial.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Assim fomos passando por aquelas regiões onde o Sol passa duas vezes, fazendo dois invernos e dois verões enquanto passa de um polo para o outro; enquanto passávamos por calmarias, tormentas e opressões provocadas pelo vento, vimos as Ursas que desapareciam no horizonte.”

CANTO V – ESTROFE 16

“O capitão Vasco da Gama comenta os perigos que viu até aquele momento da viagem”

 

Contar-te longamente as perigosas

Cousas do mar, que os homens não entendem,

Subitas trovoadas temerosas,

Relâmpagos, que o ar em fogo ascendem,

Negros chuveiros, noites temerosas,

Bramidos de trovões que o mundo fendem,

Não é menos trabalho que grande erro,

Ainda que tivesse a voz de ferro.

 

“Contar-te longamente as perigosas cousas do mar, que os homens não entendem, subitas trovoadas temerosas, relâmpagos, que o ar em fogo ascendem, negros chuveiros, noites temerosas, bramidos de trovões que o mundo fendem, não é menos trabalho que grande erro, ainda que tivesse a voz de ferro. (1)

(1) Contar-te longamente as coisas perigosas que vi no mar e que a maioria dos homens não compreenderiam: inesperados e assustadores trovões e relâmpagos que ascendem o ar em fogo; chuvas negras e noites temerosas; estrondos de trovões que parecem partir a terra. Contar tantos eventos seria impossível, mesmo que eu tivesse a voz feita de ferro. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a viagem dos portugueses à Índia no Oriente, comenta alguns dos impressionantes eventos que viu no mar enquanto navegava.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Contar-te longamente as coisas perigosas que vi no mar e que a maioria dos homens não compreenderiam: inesperados e assustadores trovões e relâmpagos que ascendem o ar em fogo; chuvas negras e noites temerosas; estrondos de trovões que parecem partir a terra. Contar tantos eventos seria impossível, mesmo que eu tivesse a voz feita de ferro.”

CANTO V – ESTROFE 17

“O capitão Vasco da Gama comenta que viu coisas que muitos diriam que é mentira”

 

Os casos vi, que os rudos marinheiros,

Quem têm por mestra a longa experiência,

Contam por certos sempre e verdadeiros,

Julgando as cousas só pela aparência,

E que os que têm juízos mais inteiros,

Que só por puro engenho e por ciência

Vêem do mundo os segredos escondidos,

Julgam por falsos, ou mal entendidos.

 

“Os casos vi, que os rudos marinheiros, quem têm por mestra a longa experiência, contam por certos sempre e verdadeiros, julgando as cousas só pela aparência, e que os que têm juízos mais inteiros, que só por puro engenho e por ciência vêem do mundo os segredos escondidos, julgam por falsos, ou mal entendidos. (1)

(1) Durante a viagem eu vi que eram verdadeiras as coisas que sempre foram ditas pelos rudes marinheiros, estes que possuem longa experiencia nas navegações. As pessoas que não são estudadas e que julgando tudo pela aparência acreditam que tudo seja mentira, mesmo se aqueles que tem estudo e talento afirma que é verdade. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar sobre a viagem portuguesa rumo à Índia no Oriente, comenta sobre os estranhos eventos que ele viu durante a viagem.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Durante a viagem eu vi que eram verdadeiras as coisas que sempre foram ditas pelos rudes marinheiros, estes que possuem longa experiencia nas navegações. As pessoas que não são estudadas e que julgando tudo pela aparência acreditam que tudo seja mentira, mesmo se aqueles que tem estudo e talento afirma que é verdade.”

CANTO V – ESTROFE 18

“O capitão Vasco da Gama comenta quando viu uma tromba d´água”

 

Vi, claramente, o lume vivo

Que a marítima gente tem por santo

Em tempo de tormenta e vento esquivo,

De tempestade escura e triste pranto.

Não menos foi a todos excessivo

Milagre, e cousa certa de alto espanto,

Ver as nuvens do mar, com largo cano,

Sorver as altas águas do Oceano.

 

“Vi, claramente, o lume vivo que a marítima gente tem por santo em tempo de tormenta e vento esquivo, de tempestade escura e triste pranto. Não menos foi a todos excessivo milagre, e cousa certa de alto espanto, ver as nuvens do mar, com largo cano, sorver as altas águas do Oceano. (1)

(1) Durante as tormentas e ventanias incertas, quando a tempestade é escura e a aflição é grande, eu claramente o fogo fátuo que os marinheiros tem por santo. Não é se admirar que todos os marinheiros acreditem que o fenômeno é milagroso e fiquem espantos, assim como quando veem nuvens no mar sugar para o alto as águas do Oceano. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a viagem dos portugueses rumo à Índia no Oriente, continua comentando os estranhos fenômenos que viu durante a viagem.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Durante as tormentas e ventanias incertas, quando a tempestade é escura e a aflição é grande, eu claramente o fogo fátuo que os marinheiros tem por santo. Não é se admirar que todos os marinheiros acreditem que o fenômeno é milagroso e fiquem espantos, assim como quando veem nuvens no mar sugar para o alto as águas do Oceano.”

CANTO V – ESTROFE 19

“O capitão Vasco da Gama continuando comenta sobre a tromba d’água”

 

Eu o vi certamente (e não presumo

Que a vista me enganava) levantar-se

No ar um vaporzinho e sutil fumo,

E, do vento trazido, rodear-se;

De aqui levado um cano ao pólo sumo

Se via, tão delgado, que enxergava-se

Dos olhos facilmente não podia:

Da matéria das nuvens parecia.

 

“Eu o vi certamente (e não presumo que a vista me enganava) levantar-se no ar um vaporzinho e sutil fumo, e, do vento trazido, rodear-se; de aqui levado um cano ao pólo sumo se via, tão delgado, que enxergava-se dos olhos facilmente não podia: da matéria das nuvens parecia. (1)

(1) Eu certamente vi, e não presumo que a vista me enganava, levar-se um vaporzinho e um sutil fumo que, trazido pelo vento, rodeava-se na água; se via um cano subindo ao céu que era pouco volumoso e que não era fácil de se enxergar, aparentando ser feito das próprias nuvens. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a viagem dos portugueses rumo à Índia no Oriente, comenta a tromba d’água que ele viu durante a viagem.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Eu certamente vi, e não presumo que a vista me enganava, levar-se um vaporzinho e um sutil fumo que, trazido pelo vento, rodeava-se na água; se via um cano subindo ao céu que era pouco volumoso e que não era fácil de se enxergar, aparentando ser feito das próprias nuvens.”

CANTO V – ESTROFE 20

“O capitão Vasco da Gama continua comentando sobre a tromba d’água”

 

Ia-se pouco e pouco acrescentando;

E mais que um largo masto se engrossava:

Aqui se estreita, aqui se alarga, quando

Os golpes grandes de água em si chupava.

Estava-se co’as ondas ondeando;

Em cima dele uma nuvem espessava,

Fazendo-se maior , mais carregada

Co’o cargo grande d’água em si tomada,

 

“Ia-se pouco e pouco acrescentando; e mais que um largo masto se engrossava: aqui se estreita, aqui se alarga, quando os golpes grandes de água em si chupava. Estava-se co’as ondas ondeando; em cima dele uma nuvem espessava, fazendo-se maior, mais carregada co’o cargo grande d’água em si tomada, (1)

(1) A tromba d’água ia-se, pouco a pouco, engrossando mais e mais, até ficar mais largo que um mastro; conforme sugava as águas do mar, ela ia se estreitando e alargando. As ondas balançavam e, em cima da tromba, uma nuvem espessava-se, ficando maior conforme sugava as águas. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a viagem dos portugueses rumo à Índia no Oriente, continua descrevendo a tromba d’água que viu durante a viagem.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“A tromba d’água ia-se, pouco a pouco, engrossando mais e mais, até ficar mais largo que um mastro; conforme sugava as águas do mar, ela ia se estreitando e alargando. As ondas balançavam e, em cima da tromba, uma nuvem espessava-se, ficando maior conforme sugava as águas.”

 CANTO V – ESTROFE 21

“O capitão Vasco da Gama compara a tromba d’água com uma sanguessuga”

 

Qual a roxa sanguessuga se veria

Nos beiços da alimária, (que imprudente

Bebendo a recolheu na fonte fria)

Fartar co’o sangue alheio a sede ardente;

Chupando mais e mais se engrossa e cria;

Ali se enche e se alarga grandemente:

Tal a grande coluna, enchendo aumenta

A si a nuvem negra se sustenta;

 

“Qual a roxa sanguessuga se veria nos beiços da alimária, (que imprudente bebendo a recolheu na fonte fria) fartar co’o sangue alheio a sede ardente; chupando mais e mais se engrossa e cria; Ali se enche e se alarga grandemente: tal a grande coluna, enchendo aumenta a si a nuvem negra se sustenta; (1)

(1) Assim como se veria uma roxa sanguessuga com a boca num animal (que foi pego por imprudência pelo parasita) vai chupando cada vez mais e fica maior e se farta com o ardente sangue alheio; igualmente se enche de água e fica maior a grande coluna, que aumenta a si mesma e a nuvem negra que a sustenta. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a viagem dos portugueses rumo à Índia no Oriente, continua comentando sobre a tromba d’água.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Assim como se veria uma roxa sanguessuga com a boca num animal (que foi pego por imprudência pelo parasita) vai chupando cada vez mais e fica maior e se farta com o ardente sangue alheio; igualmente se enche de água e fica maior a grande coluna, que aumenta a si mesma e a nuvem negra que a sustenta.”

CANTO V – ESTROFE 22

“O capitão Vasco da Gama continua a comentando sobre a tromba d’água”

 

Mas depois que de todo se fartou,

O pé que tem no mar a si recolhe,

E pelo céu chovendo enfim voou,

Por que co’a água jacente água mole.

Às ondas torna as ondas que tomou;

Mas o sabor do sal lhe tira e tolhe.

Vejam agora os sábios na escritura,

Que segredos são estes da natura.

 

“Mas depois que de todo se fartou, o pé que tem no mar a si recolhe, e pelo céu chovendo enfim voou, por que co’a água jacente água mole. Às ondas torna as ondas que tomou; mas o sabor do sal lhe tira e tolhe. Vejam agora os sábios na escritura, que segredos são estes da natura. (1)

(1) A tromba d’água, depois que completamente se fartou, se recolhe do mar na nuvem e voa pelo céu, chovendo a água e retornando às ondas as ondas que tomou, embora não devolva o sabor do sal; Vejam agora o que os sábios das escrituras tem a dizer sobre estes estranhos eventos da natureza. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a viagem dos portugueses rumo à Índia no Oriente, continua comenta sobre a tromba d’água.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“A tromba d’água, depois que completamente se fartou, se recolhe do mar na nuvem e voa pelo céu, chovendo a água e retornando às ondas as ondas que tomou, embora não devolva o sabor do sal; Vejam agora o que os sábios das escrituras tem a dizer sobre estes estranhos eventos da natureza.”

CANTO V – ESTROFE 23

“O capitão Vasco da Gama comenta o quão proveitosos seria se os grandes filósofos vissem as coisas que ele já viu no mar”

 

Se os antigos filósofos, que andaram

Tantas terras por ver segredos delas,

As maravilhas, que eu passei, passaram,

A tão diversos ventos dando velas,

Que grandes escrituras que deixaram!

Que influição de sinos e de estrelas!

Que estranhezas, que grandes qualidades!

E tudo sem mentir, puras verdades. 

 

“Se os antigos filósofos, que andaram tantas terras por ver segredos delas, as maravilhas, que eu passei, passaram, a tão diversos ventos dando velas, que grandes escrituras que deixaram! Que influição de sinos e de estrelas! Que estranhezas, que grandes qualidades! E tudo sem mentir, puras verdades. (1)

(1) Se os antigos filósofos que andaram por tantas terras para ver os seus segredos vissem as maravilhas que vi durante as minhas viagens, imaginem as grandes escrituras que nos deixariam! Que influência de signos e de estrelas! Que eventos raros e valiosos! E tudo seria baseado na verdade, sem nenhuma enganação. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a viagem dos portugueses rumo à Índia no Oriente, comenta que os eventos que ele viu enquanto viajava seriam de grande proveito para os filósofos.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Se os antigos filósofos que andaram por tantas terras para ver os seus segredos vissem as maravilhas que vi durante as minhas viagens, imaginem as grandes escrituras que nos deixariam! Que influência de signos e de estrelas! Que eventos raros e valiosos! E tudo seria baseado na verdade, sem nenhuma enganação.”

Gostou do conteúdo? Comece lendo a nossa série de posts sobre Os Lusíadas clicando aqui.

Leia o nosso próximo post sobre Os Lusíadas clicando aqui.

Os Lusíadas (Edição Didática) - Volume I e II – Editora Concreta

Os Lusíadas (Edição Didática) – Volume I

Obra completa de Camões com notas e comentários de Francisco de Sales Lencastre, sendo a melhor edição para quem busca compreender todos os detalhes deste grande épico.

 

os-lusíadasII-editora-concreta

Os Lusíadas (Edição Didática) – Volume II

Obra completa de Camões com notas e comentários de Francisco de Sales Lencastre, sendo a melhor edição para quem busca compreender todos os detalhes deste grande épico.

 

Esses foram os nossos comentários sobre a primeira até a vigésima terceira estrofe do quinto canto de Os Lusíadas, onde Camões canta o começo da viagem dos portugueses e os eventos que eles viram no caminho.

 

Eu sou Caio Motta e convido você a continuar acompanhando os nossos comentários sobre a grande obra de Camões, bem como demais textos da grande literatura universal presentes no nosso blog.

plugins premium WordPress