Neste nosso quadragésimo quarto comentário sobre Os Lusíadas, continuaremos de ler o quinto canto da obra, onde Camões canta o começo a descoberta da Baía de Santa Helena pelos portugueses e conta com os nativos do local.

OS LUSÍADAS A DESCOBERTA DA BAIA DE SANTA HELENA
A descoberta da Baía de Santa Helena

CANTO V – ESTROFE 24

“O capitão Vasco da Gama conta que, passados cinco meses desde a partir de Lisboa, a frota portuguesa descobre um novo local”

 

Mas já a planeta, que do céu primeiro

Habita, cinco vezes apressada,

Agora meio rosto, agora inteiro

Mostrara, enquanto o mar cortava a armada;

Quando da etérea gávea um marinheiro,

Pronto co’a vista: “Terra! Terra!” brada.

Salta no bordo alvoroçada a gente

Co’os olhos no horizonte do Oriente.

 

“Mas já a planeta, que do céu primeiro habita, cinco vezes apressada, agora meio rosto, agora inteiro mostrara, enquanto o mar cortava a armada; Quando da etérea gávea um marinheiro, pronto co’a vista: “Terra! Terra!” brada. Salta no bordo alvoroçada a gente co’os olhos no horizonte do Oriente. (1)

(1) Mas já a Lua, que habita o primeiro céu, desde quando a armada portuguesa deixou Lisboa, cinco vezes já tinha mostrado seu rosto quando, da etérea gávea do navio, um marinheiro grita: “Terra! Terra!”. Os marinheiros todos então no bordo alvoroçados, colocando seus olhos no horizonte do Oriente. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a viagem dos portugueses rumo à Índia no Oriente, comenta que, passados cinco meses desde a partir de Lisboa, a frota portuguesa avista uma nova terra.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Mas já a Lua, que habita o primeiro céu, desde quando a armada portuguesa deixou Lisboa, cinco vezes já tinha mostrado seu rosto quando, da etérea gávea do navio, um marinheiro grita: “Terra! Terra!”. Os marinheiros todos então no bordo alvoroçados, colocando seus olhos no horizonte do Oriente.”

CANTO V – ESTROFE 25

“O Capitão Vasco da Gama comenta que a frota portuguesa se aproxima para atracar na terra que foi descoberta”

 

À maneira de nuvens se começam

A descobrir os montes que enxergamos;

As âncoras pesadas se adereçam,

As velas, já chegados, amainamos.

E para que mais certas se conheçam

As partes tão remotas onde estamos,

Pelo novo instrumento do Astrolábio,

Invenção do sutil juízo e sábio.

 

“À maneira de nuvens se começam a descobrir os montes que enxergamos; as âncoras pesadas se adereçam, as velas, já chegados, amainamos. E para que mais certas se conheçam as partes tão remotas onde estamos, pelo novo instrumento do Astrolábio, invenção do sutil juízo e sábio. (1)

(1) A terra que avistamos parecia uma amontanhado de nuvens de longe, mas, conforme nos aproximávamos, descobríamos montes; preparávamos as pesadas âncoras e, chegando próximo da terra, recolhíamos as velas. Para descobrir quais eram essas terras que chegávamos, utilizamos do Astrolábio, o novo instrumento que é invenção de sutil e sábio juízo. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a viagem dos portugueses à Índia no Oriente, comenta a descoberta de um novo território.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“A terra que avistamos parecia uma amontanhado de nuvens de longe, mas, conforme nos aproximávamos, descobríamos montes; preparávamos as pesadas âncoras e, chegando próximo da terra, recolhíamos as velas. Para descobrir quais eram essas terras que chegávamos, utilizamos do Astrolábio, o novo instrumento que é invenção de sutil e sábio juízo.”

CANTO V – ESTROFE 26

“O capitão Vasco da Gama comenta que a frota portuguesa atraca e começa a explorar o local”

 

Desembarcamos logo na espaçosa

Parte, onde a gente se espalhou,

De ver cousas estranhas desejosa

Da terra, que outro povo não pisou;

Porém eu co’os pilotos, na arenosa

Praia, por vermos em que parte estou,

Me detenho em tomar do sol a altura,

E compassar a universal pintura.

   

“Desembarcamos logo na espaçosa parte, onde a gente se espalhou, de ver cousas estranhas desejosa da terra, que outro povo não pisou; porém eu co’os pilotos, na arenosa praia, por vermos em que parte estou, me detenho em tomar do sol a altura, e compassar a universal pintura. (1)

(1) Desembarcamos logo na baia do local, com a tripulação se espalhando para ver as coisas do local que, até então, ninguém nunca visitou. Eu e os pilotos ficamos nas areias da praia a fim de descobrirmos onde estávamos, tentando tomar a altura do sol para atualizar as cartas de navegação. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a viagem dos portugueses rumo à Índia no Oriente, comenta a descoberta de um novo território.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Desembarcamos logo na baia do local, com a tripulação se espalhando para ver as coisas do local que, até então, ninguém nunca visitou. Eu e os pilotos ficamos nas areias da praia a fim de descobrirmos onde estávamos, tentando tomar a altura do sol para atualizar as cartas de navegação.”

CANTO V – ESTROFE 27

“O capitão Vasco da Gama comenta que eles estimam que já tenham passado da linha do Trópico de Capricórnio”

 

Achamos ter de todo já passado

Do Semicapro peixe a grande meta,

Estando entre ele e o círculo gelado

Austral, parte do mundo mais secreta.

Eis de meus companheiros rodeado

Vejo um estranho vir de pele preta,

Que tomaram por força, enquanto apanha

De mel os doces favos na montanha.

 

“Achamos ter de todo já passado do Semicapro peixe a grande meta, estando entre ele e o círculo gelado Austral, parte do mundo mais secreta. Eis de meus companheiros rodeado vejo um estranho vir de pele preta, que tomaram por força, enquanto apanha de mel os doces favos na montanha. (1)

(1) Ao fazer a medição com o astrolábio, achamos já ter passo da linha do Trópico de Capricórnio, estando entre ele e o Círculo Polar Antártico, sendo esta a parte do mundo mais desconhecida. Eis que vejo um estranho de pele preta que, enquanto apanhava doces favos de mel na montanha, foi capturado pelos meus companheiros portugueses. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a viagem dos portugueses rumo à Índia no Oriente, comenta a descoberta de um novo território.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Ao fazer a medição com o astrolábio, achamos já ter passo da linha do Trópico de Capricórnio, estando entre ele e o Círculo Polar Antártico, sendo está a parte do mundo mais desconhecida. Eis que vejo um estranho de pele preta que, enquanto apanhava doces favos de mel na montanha, foi capturado pelos meus companheiros portugueses.”

CANTO V – ESTROFE 28

“O capitão Vasco da Gama comenta que eles encontram um nativo no local”

 

Torvado vem na vista, como aquele

Que não se vira nunca em tal extremo:

Nem ele entende a nós, nem nós a ele,

Selvagem mais que o bruto Polífemo.

Começo-lhe a mostrar a rica pele

De Colcos o gentil metal supremo,

A prata fina, a quente especiaria:

A nada disto o bruto se movia.

 

“Torvado vem na vista, como aquele que não se vira nunca em tal extremo: nem ele entende a nós, nem nós a ele, selvagem mais que o bruto Polífemo. Começo-lhe a mostrar a rica pele de Colcos o gentil metal supremo, a prata fina, a quente especiaria: a nada disto o bruto se movia. (1)

(1) O estranho, que vinha trazido pelos marinheiros, vem perturbado, já que nunca esteve em tal situação: sendo mais selvagem que o bruto Polífemo, ele em nada nos entender, nem nós a ele. Tentando me comunicar, mostro ouro, a fina prata e quentes especiarias, mas nada disso o movia. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a viagem dos portugueses rumo à Índia no Oriente, comenta o encontro com um nativo do local descoberto. Polífemo foi, na mitologia grega, um gigante ciclope que Ulisses encontrou em suas navegações (Odisseia, Homero).

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“O estranho, que vinha trazido pelos marinheiros, vem perturbado, já que nunca esteve em tal situação: sendo mais selvagem que o bruto Polífemo, ele em nada nos entender, nem nós a ele. Tentando me comunicar, mostro ouro, a fina prata e quentes especiarias, mas nada disso o movia.”

CANTO V – ESTROFE 29

“O capitão Vasco da Gama comenta que presenteou o nativo”

 

Mando mostrar-lhe peças mais somenos,

Contas de cristalino transparente,

Alguns soantes cascavéis pequenos,

Um barrete vermelho, cor contente.

Vi logo por sinais e por acenos,

Que com isso se alegra grandemente;

Mando-o soltar com tudo; e assim caminha

Para a povoação, que perto tinha.

 

“Mando mostrar-lhe peças mais somenos, contas de cristalino transparente, alguns soantes cascavéis pequenos, um barrete vermelho, cor contente. Vi logo por sinais e por acenos, que com isso se alegra grandemente; mando-o soltar com tudo; e assim caminha para a povoação, que perto tinha. (1)

(1) Mando mostrar a ele outros objetos menos valiosos, como peças de vidro, alguns pequenos guizos, um barrete vermelho de cor bem viva. Percebo por seus sinais e acenos que o homem se alegrou com os objetos; mando-o soltar com os objetos que mostrei e ele vai caminho para a povoação que tinha ali perto. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a viagem dos portugueses à Índia no Oriente, comenta o encontro com um habitante do local que foi descoberto.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Mando mostrar a ele outros objetos menos valiosos, como peças de vidro, alguns pequenos guizos, um barrete vermelho de cor bem viva. Percebo por seus sinais e acenos que o homem se alegrou com os objetos; mando-o soltar com os objetos que mostrei e ele vai caminho para a povoação que tinha ali perto.”

CANTO V – ESTROFE 30

“O capitão Vasco da Gama comenta que mais nativos surgem, sendo que um dos portugueses parte com eles para conhece-los melhor”

 

Mas logo ao outro dia seus parceiros,

Todos nus e da cor da escura treva,

Descendo pelos ásperos outeiros,

As peças vêm buscar que est’ outro leva:

Domésticos já tanto e companheiros

Se nos mostram, que fazem que se atreva

Fernão Veloso a ir ver a terra o trato,

E partir-se com eles pelo mato.

 

“Mas logo ao outro dia seus parceiros, todos nus e da cor da escura treva, descendo pelos ásperos outeiros, as peças vêm buscar que est’ outro leva: domésticos já tanto e companheiros se nos mostram, que fazem que se atreva Fernão Veloso a ir ver a terra o trato, e partir-se com eles pelo mato. (1)

(1) Logo no outro dia o homem retorna com seus conhecidos, todos eles nus e negros como a escura noite que, vindos dos pequenos morros próximos, desejam também receber presentes. Eles se mostraram tão mansos e sociáveis que Fernão Veloso se atreveu a partir com eles para o mato. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a viagem dos portugueses rumo à Índia no Oriente, comenta o encontro com os habitantes da local que foi descoberto.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Logo no outro dia o homem retorna com seus conhecidos, todos eles nus e negros como a escura noite que, vindos dos pequenos morros próximos, desejam também receber presentes. Eles se mostraram tão mansos e sociáveis que Fernão Veloso se atreveu a partir com eles para o mato.”

CANTO V – ESTROFE 31

“O capitão Vasco da Gama comenta que Fernão Veloso, o português que saiu para conhecer os nativos, retorna fugindo”

 

É Veloso no braço confiado,

E de arrogante crê que vai seguro;

Mas, sendo um grande espaço já passado,

Em que algum bom sinal saber procuro,

Estando, a vista alçada, co’o cuidado

No aventureiro, eis pelo monte duro

Aparece; e segundo o mar caminha,

Mais apressado do que fora, vinha.

 

“É Veloso no braço confiado, e de arrogante crê que vai seguro; mas, sendo um grande espaço já passado, em que algum bom sinal saber procuro, estando, a vista alçada, co’o cuidado no aventureiro, eis pelo monte duro aparece; e segundo o mar caminha, mais apressado do que fora, vinha. (1)

(1) Fernão Veloso tem muita confiança em suas capacidades combativas, acreditando que está seguro. Já tendo passado um grande tempo desde sua partida, tanto que eu estava com a cabeça erguida esperando ele surgir no horizonte, eis que ele surge vindo do alto de um morro, caminhando de volta com mais pressa do que quando tinha partido. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar sobre a viagem dos portugueses rumo à Índia no Oriente, comenta o encontro com os habitantes da local que foi descoberto.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Fernão Veloso tem muita confiança em suas capacidades combativas, acreditando que está seguro. Já tendo passado um grande tempo desde sua partida, tanto que eu estava com a cabeça erguida esperando ele surgir no horizonte, eis que ele surge vindo do alto de um morro, caminhando de volta com mais pressa do que quando tinha partido.”

CANTO V – ESTROFE 32

“O capitão Vasco da Gama comenta que Veloso é perseguido por um grupo de nativos que tentam mata-lo”

 

O batel de Coelho foi depressa

Pelo tomar; mas antes que chegasse,

Um Etíope ousado se arremessa

A ele, por que não se lhe escapasse;

Outro e outro lhe saem; vê-se em pressa

Veloso, sem que alguém lhe ali ajudasse;

Acudo eu logo, e enquanto o remo aperto,

Se mostra um bando negro descoberto.

 

“O batel de Coelho foi depressa pelo tomar; mas antes que chegasse, um Etíope ousado se arremessa a ele, por que não se lhe escapasse; outro e outro lhe saem; vê-se em pressa Veloso, sem que alguém lhe ali ajudasse; acudo eu logo, e enquanto o remo aperto, se mostra um bando negro descoberto. (1)

(1) Nicolau Coelho para depressa com uma canoa para praia para resgatar Veloso, mas, antes que chegasse um ousado negro se arremessa contra ele, tentando impedir que escapasse. Enquanto Veloso corre sem nenhuma ajuda, vão surgindo outros negros. Eu mando que remesse mais rápido para socorre-lo, até que surge um grupo de negros. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar sobre a viagem dos portugueses rumo à Índia no Oriente, comenta o encontro com os habitantes da local que foi descoberto.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Nicolau Coelho para depressa com uma canoa para praia para resgatar Veloso, mas, antes que chegasse um ousado negro se arremessa contra ele, tentando impedir que escapasse. Enquanto Veloso corre sem nenhuma ajuda, vão surgindo outros negros. Eu mando que remesse mais rápido para socorre-lo, até que surge um grupo de negros.”

CANTO V – ESTROFE 33

“O capitão Vasco da Gama comenta que os portugueses partem para socorrer Fernão Veloso e enfrentar os nativos”

 

Da espessa nuvem setas e pedradas

Chovem sobre nós outros sem medida;

E não foram ao vento em vão deitadas,

Que esta perna trouxe eu dali ferida;

Mas nós, como pessoas magoadas,

A resposta lhe demos tão crescida,

Que em mais que nos barretes se suspeita

Que a cor vermelha levem desta feita.

 

“Da espessa nuvem setas e pedradas chovem sobre nós outros sem medida; e não foram ao vento em vão deitadas, que esta perna trouxe eu dali ferida; mas nós, como pessoas magoadas, a resposta lhe demos tão crescida, que em mais que nos barretes se suspeita que a cor vermelha levem desta feita. (1)

(1) Os negros, como uma espessa nuvem, chovem setas e pedras sobre nós, estas que não foram arremessadas em vão, já que eu acabei ferido em uma das pernas; mas nós, ficando ofendidos com o ataque, respondemos na mesma moeda, deixando os negros todos vermelhos, a mesma cor dos barretes que demos de presente. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a viagem dos portugueses rumo à Índia no Oriente, comenta o conflito dos portugueses com os habitantes da local descoberto.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Os negros, como uma espessa nuvem, chovem setas e pedras sobre nós, estas que não foram arremessadas em vão, já que eu acabei ferido em uma das pernas; mas nós, ficando ofendidos com o ataque, respondemos na mesma moeda, deixando os negros todos vermelhos, a mesma cor dos barretes que demos de presente.”

CANTO V – ESTROFE 34

“O capitão Vasco da Gama comenta que, já tendo salvo Fernão Veloso, ele decide partir da local e seguir viagem rumo ao Oriente”

 

E sendo já Veloso em salvamento,

Logo nos recolhemos para a armada,

Vendo a malícia feia e rudo intento

Da gente bestial, bruta e malvada,

De quem nenhum, melhor conhecimento

Pudemos ter da Índia desejada,

Que estarmos inda muito longo dela;

E assim tornei a dar ao vento a vela.

 

“E sendo já Veloso em salvamento, logo nos recolhemos para a armada, vendo a malícia feia e rudo intento da gente bestial, bruta e malvada, de quem nenhum, melhor conhecimento pudemos ter da Índia desejada, que estarmos inda muito longo dela; e assim tornei a dar ao vento a vela. (1)

(1) E, como Fernão Veloso já estava salvo, voltamos todos para a armada. Considerando a atitude maliciosa e rude deste povo selvagem e maldoso, e que ali não obteríamos nenhum conhecimento sobre a Índia, esta que ainda estava muito longe, decidi dar ventos as velas das embarcações e seguir viagem. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar sobre a viagem dos portugueses rumo à Índia no Oriente, comenta o encontro com os habitantes da local que foi descoberto.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“E, como Fernão Veloso já estava salvo, voltamos todos para a armada. Considerando a atitude maliciosa e rude deste povo selvagem e maldoso, e que ali não obteríamos nenhum conhecimento sobre a Índia, esta que ainda estava muito longe, decidi dar ventos as velas das embarcações e seguir viagem.”

CANTO V – ESTROFE 35

“O capitão Vasco da Gama comenta que os portugueses ironizam a fuga do Fernão Veloso”

 

Disse então a Veloso um companheiro,

(Começando-se todos a sorrir):

“Ó lá, Veloso amigo, aquele outeiro

É melhor de descer, que de subir?”

“Sim, é, responde o ousado aventureiro;

Mas quando eu pra cá vi tantos vir

Daqueles cães, depressa um pouco vim,

Por me lembrar que estáveis cá sem mim.”

 

“Disse então a Veloso um companheiro, (começando-se todos a sorrir): “Ó lá, Veloso amigo, aquele outeiro é melhor de descer, que de subir?” “Sim, é, responde o ousado aventureiro; mas quando eu pra cá vi tantos vir daqueles cães, depressa um pouco vim, por me lembrar que estáveis cá sem mim. (1)

(1) Estando todos a bordo das naus, um companheiro, com todos começando a sorrir, diz a Veloso: “Ó la, amigo Veloso, é mais fácil subir aquele morro do que descer?” “Sim, é mais fácil, responde o ousado aventureiro; mas eu não estava fugindo, pois, ao ver que tantos daqueles cães estavam vindo para cá, corri para socorre-los, já que não conseguiriam lutar sem mim. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a viagem dos portugueses rumo à Índia no Oriente, comenta a partida deles da local que foi descoberto.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Estando todos a bordo das naus, um companheiro, com todos começando a sorrir, diz a Veloso: “Ó la, amigo Veloso, é mais fácil subir aquele morro do que descer?” “Sim, é mais fácil, responde o ousado aventureiro; mas eu não estava fugindo, pois, ao ver que tantos daqueles cães estavam vindo para cá, corri para socorre-los, já que não conseguiriam lutar sem mim.”

CANTO V – ESTROFE 36

“O capitão Vasco da Gama comenta que Fernão Veloso responde as brincadeiras dos colegas portugueses”

 

Contou então, que tanto que passaram

Aquele monte, os negros de quem falo,

Avante mais passar o não deixaram,

Querendo, se não torna, ali mata-los;

E tornando-se, logo que emboscaram

Por que, saindo nós para toma-lo,

Nos pudessem mandar ao reino escuro,

Por que nos roubarem a seu seguro.

 

“Contou então, que tanto que passaram aquele monte, os negros de quem falo, avante mais passar o não deixaram, querendo, se não torna, ali mata-los; e tornando-se, logo que emboscaram por que, saindo nós para toma-lo, nos pudessem mandar ao reino escuro, por que nos roubarem a seu seguro. (1)

(1) Veloso contou então que os negros, depois que atravessam um dos montes, tentaram captura-lo para que, assim que os demais marinheiros viessem resgata-los, os negros matassem a todos, os enviando direto para o escuro reino da morte. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a viagem dos portugueses rumo à Índia no Oriente, comenta o conflito dos portugueses com os habitantes do local descoberto.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Veloso contou então que os negros, depois que atravessam um dos montes, tentaram captura-lo para que, assim que os demais marinheiros viessem resgata-los, os negros matassem a todos, os enviando direto para o escuro reino da morte.”

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Os Lusíadas (Edição Didática) - Volume I e II – Editora Concreta

Os Lusíadas (Edição Didática) – Volume I

Obra completa de Camões com notas e comentários de Francisco de Sales Lencastre, sendo a melhor edição para quem busca compreender todos os detalhes deste grande épico.

 

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Os Lusíadas (Edição Didática) – Volume II

Obra completa de Camões com notas e comentários de Francisco de Sales Lencastre, sendo a melhor edição para quem busca compreender todos os detalhes deste grande épico.

 

Esses foram os nossos comentários sobre vigésima quarta até a trigésima sexta estrofe do quinto canto de Os Lusíadas, onde Camões canta o começo a descoberta da Baía de Santa Helena pelos portugueses e conta com os nativos do local.

 

Eu sou Caio Motta e convido você a continuar acompanhando os nossos comentários sobre a grande obra de Camões, bem como demais textos da grande literatura universal presentes no nosso blog.

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