Neste nosso quadragésimo sexto comentário sobre Os Lusíadas, continuaremos de ler o quinto canto da obra, onde Camões canta o amor e o sofrimento do Gigante Adamastor por Tétis.
CANTO V – ESTROFE 49
“O capitão Vasco da Gama comenta que questionou o Gigante Adamastor sobre sua identidade”
Mais ia por diante o monstro horrendo
Dizendo nossos fados, quando alçado
Lhe disse eu: “Quem és tu? Que esse estupendo
Corpo, certo, me tem maravilhado.”
A boca e os olhos negros retorcendo,
E dando um espantoso e grande brado,
Me respondeu, com voz pesada e amara,
Como quem da pergunta lhe pesara:
“Mais ia por diante o monstro horrendo dizendo nossos fados, quando alçado lhe disse eu: Quem és tu? Que esse estupendo corpo, certo, me tem maravilhado. A boca e os olhos negros retorcendo, e dando um espantoso e grande brado, me respondeu, com voz pesada e amara, como quem da pergunta lhe pesara: (1)”
(1) Eis que, enquanto o horrendo monstro ia contando os nossos destinos, eu o interrompi e perguntei: “Que és tu que tem esse corpo tão grande e impressionante?”. A criatura, ao ser indagada por tal pergunta, retorce a boca e os olhos como se a pergunta o tivesse ofendido e então, dando um grande e assustador grito, me reponde com sua amarga e pesada voz. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a vigem dos portugueses rumo à Índia no Oriente, comenta a pergunta que o capitão português vez ao Gigante Adamastor e a resposta que ele dá [continua na próxima estrofe].
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
“Eis que, enquanto o horrendo monstro ia contando os nossos destinos, eu o interrompi e perguntei: “Que és tu que tem esse corpo tão grande e impressionante?”. A criatura, ao ser indagada por tal pergunta, retorce a boca e os olhos como se a pergunta o tivesse ofendido e então, dando um grande e assustador grito, me reponde com sua amarga e pesada voz.”
CANTO V – ESTROFE 50
“O capitão Vasco da Gama comenta que o Gigante Adamastor se apresenta, dizendo que ele é o Cabo das Tormentas”
“Eu sou aquele oculto e grande Cabo,
A quem chamais vós outros Tormentório,
Que nunca a Tolomeu, Pompônio, Estrabo,
Plínio, e quantos passaram, fui notório,
Aqui toda a Africana costa acabo
Neste meu nunca visto promontório,
Que para o pólo antártico se estende,
A quem vossa ousadia tanto ofende.
“Eu sou aquele oculto e grande Cabo, a quem chamais vós outros Tormentório, que nunca a Tolomeu, Pompônio, Estrabo, Plínio, e quantos passaram, fui notório, aqui toda a Africana costa acabo neste meu nunca visto promontório, que para o pólo antártico se estende, a quem vossa ousadia tanto ofende. (1)”
(1) Eu sou aquele desconhecido e grande Cabo a quem vós chamais de Tormentório, já que nunca foi nunca fui conhecido por Tolomeu, Pompônio, Estrabo, Plínio e nem quantos outros que já passaram por aqui. Aqui, neste promontório oculto que se estende até o Polo Antártico e que é o grande problema de sua ousada empreitada, acaba toda a costa africana. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a vigem dos portugueses rumo à Índia no Oriente, comenta a resposta do Gigante Adamastor à pergunta do capitão Gama.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
“Eu sou aquele desconhecido e grande Cabo a quem vós chamais de Tormentório, já que nunca foi nunca fui conhecido por Tolomeu, Pompônio, Estrabo, Plínio e nem quantos outros que já passaram por aqui. Aqui, neste promontório oculto que se estende até o Polo Antártico e que é o grande problema de sua ousada empreitada, acaba toda a costa africana.”
CANTO V – ESTROFE 51
“O capitão Vasco da Gama comenta que o Gigante Adamastor diz quer filho da Terra e irmão dos grandes titãs que entraram em guerra contra Júpiter”
“Fui dos filhos aspérrimos da Terra,
Qual Encelado, Egeu e o Centimano;
Chamei-me Adamastor, e fui na guerra
Contra o que vibra os raios de Vulcano.
Não que pudesse serra sobre serra;
Mas conquistando as ondas do Oceano,
Fui capitão do mar, por onde andava
A armada de Netuno que eu buscava.
“Fui dos filhos aspérrimos da Terra, qual Encelado, Egeu e o Centimano; chamei-me Adamastor, e fui na guerra contra o que vibra os raios de Vulcano. Não que pudesse serra sobre serra; mas conquistando as ondas do Oceano, fui capitão do mar, por onde andava a armada de Netuno que eu buscava. (1)”
(1) Eu fui um dos ásperos filhos da Terra, assim como os meus irmãos Encelado, Egeu e o Centimano. Chamei-me Adamastor, tendo eu inclusive lutado na guerra dos titãs contra Jupiter, que atirava os raios forjados por Vulcano. Nesta guerra eu não estava entre os titãs que, querendo alcançar o monte Olimpo, empilharam montes sobre montes; eu lutei conquistando as ondas do oceano, sendo capitão do mar por onde buscava a armada de Netuno. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a vigem dos portugueses rumo à Índia no Oriente, comenta a resposta do Gigante Adamastor à pergunta do capitão Gama, que conta a sua história.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
“Eu fui um dos ásperos filhos da Terra, assim como os meus irmãos Encelado, Egeu e o Centimano. Chamei-me Adamastor, tendo eu inclusive lutado na guerra dos titãs contra Jupiter, que atirava os raios forjados por Vulcano. Nesta guerra eu não estava entre os titãs que, querendo alcançar o monte Olimpo, empilharam montes sobre montes; eu lutei conquistando as ondas do oceano, sendo capitão do mar por onde buscava a armada de Netuno.”
CANTO V – ESTROFE 52
“O capitão Vasco da Gama comenta que o Gigante Adamastor diz ter entrado em guerra por causa de seu amor por Tétis”
“Amores da alta esposa de Peleu
Me fizeram tomar tamanha empresa;
Todas as deusas desprezei do céu
Só por amar das águas a princesa:
Um dia a vi, co’as filhas de Nereu,
Sair nua na praia, e logo presa
A vontade senti de tal maneira,
Que inda sinto cousa que mais queira.
“Amores da alta esposa de Peleu me fizeram tomar tamanha empresa; todas as deusas desprezei do céu só por amar das águas a princesa: um dia a vi, co’as filhas de Nereu, sair nua na praia, e logo presa a vontade senti de tal maneira, que inda sinto cousa que mais queira. (1)”
(1) Eu quis participar da guerra contra Júpiter por causa do amor que tive por Tétis, a alta esposa do rei Peleu; desprezei todas as deusas do Olimpo, amando apenas a princesa das águas. Tudo começou quando vi Tétis, estando junta com as demais filhas de Nereu, sair nua de uma praia; a partir daí eu fiquei preso a tamanha vontade que, mesmo aqui preso neste rochedo, eu a desejo. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a vigem dos portugueses rumo à Índia no Oriente, comenta a resposta do Gigante Adamastor à pergunta do capitão Gama, que conta a sua história.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
“Eu quis participar da guerra contra Júpiter por causa do amor que tive por Tétis, a alta esposa do rei Peleu; desprezei todas as deusas do Olimpo, amando apenas a princesa das águas. Tudo começou quando vi Tétis, estando junta com as demais filhas de Nereu, sair nua de uma praia; a partir daí eu fiquei preso a tamanha vontade que, mesmo aqui preso neste rochedo, eu a desejo.”
CANTO V – ESTROFE 53
“O capitão Vasco da Gama comenta que o Gigante Adamastor tentou conquistar Tétis”
“Como fosse impossíbil alcança-la
Pela grandeza feia de meu gesto,
Determinei por armas de tomá-la,
E a Dóris este caso manifesto.
De medo a deusa então por mim lhe fala;
Mas ela, c’o um formoso riso honesto,
Respondeu: “Qual será o amor bastante
De ninfa, que sustente dum gigante?
“Como fosse impossíbil alcança-la pela grandeza feia de meu gesto, determinei por armas de tomá-la, e a Dóris este caso manifesto. De medo a deusa então por mim lhe fala; mas ela, c’o um formoso riso honesto, respondeu: “Qual será o amor bastante de ninfa, que sustente dum gigante? (1)”
(1) E sabendo que, como sou um gigante horrendo, seria impossível seduzi-la, decidi toma-la em uma guerra, tanto que avisei à Dóris, mãe de Tétis. Temendo isso, ela conta meu desejo à Tétis, que, com um formoso e honesto riso, responde: “Qual terá que ser o amor de uma pequena ninfa para poder sustentar o amor de um gigante?” Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a vigem dos portugueses rumo à Índia no Oriente, comenta a resposta do Gigante Adamastor à pergunta do capitão Gama, que conta a sua história.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
“E sabendo que, como sou um gigante horrendo, seria impossível seduzi-la, decidi toma-la em uma guerra, tanto que avisei à Dóris, mãe de Tétis. Temendo isso, ela conta meu desejo à Tétis, que, com um formoso e honesto riso, responde: Qual terá que ser o amor de uma pequena ninfa para poder sustentar o amor de um gigante?”
CANTO V – ESTROFE 54
“O capitão Vasco da Gama comenta que Gigante Adamastor foi enganado por Tétis”
“Contudo, por livramos o Oceano
De tanta guerra, eu busquei maneira
Com que, com minha honra, escuse o dano.”
Tal resposta me torna a mensageira.
Eu, que cair não pude neste engano
(Que é grande dos amantes a cegueira)
Encheram-me com grandes abonanças
O peito de desejos e esperanças.
“Contudo, por livramos o Oceano de tanta guerra, eu busquei maneira com que, com minha honra, escuse o dano. Tal resposta me torna a mensageira. Eu, que cair não pude neste engano (que é grande dos amantes a cegueira) encheram-me com grandes abonanças o peito de desejos e esperanças. (1)”
(1) Porém, querendo livrar as águas do oceano desta guerra, eu encontrei uma maneira de satisfazer o seu desejo. Foi está a mensagem que Dóris trouxe-me de Tétis. E eu, que não pude perceber que seria enganado, já que a cegueira é comum nos amantes, enchi meu coração de desejos e grandes esperanças. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a vigem dos portugueses rumo à Índia no Oriente, comenta a resposta do Gigante Adamastor à pergunta do capitão Gama, que conta a sua história.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
“Porém, querendo livrar as águas do oceano desta guerra, eu encontrei uma maneira de satisfazer o seu desejo. Foi está a mensagem que Dóris trouxe-me de Tétis. E eu, que não pude perceber que seria enganado, já que a cegueira é comum nos amantes, enchi meu coração de desejos e grandes esperanças.”
CANTO V – ESTROFE 55
“O capitão Vasco da Gama comenta que o Gigante Adamastor conta como foi enganado por Tétis”
“Já néscio, já da guerra desistindo,
Uma noite, de Dóris prometida,
Me aparece de longe o gesto lindo
Da Branca Tétis, única, despida.
Como doudo corri, de longe abrindo
Os braços para aquela que era vida
Deste corpo, e começo os olhos belos
A lhe beijar, as faces e os cabelos.
“Já néscio, já da guerra desistindo, uma noite, de Dóris prometida, me aparece de longe o gesto lindo da Branca Tétis, única, despida. Como doudo corri, de longe abrindo os braços para aquela que era vida deste corpo, e começo os olhos belos a lhe beijar, as faces e os cabelos. (1)”
(1) Já tendo desistido da guerra por causa do louco amor, uma noite me aparece ao longe a linda e branca Tétis sozinha e despida, assim como Dóris me prometeu. Corri como um louco, abrindo de longe os braços para aquela ninfa que era vida deste meu corpo e começando a beijas seus belos olhos, faces e os cabelos. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a vigem dos portugueses rumo à Índia no Oriente, comenta a resposta do Gigante Adamastor à pergunta do capitão Gama, que conta a sua história.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
“Já tendo desistido da guerra por causa do louco amor, uma noite me aparece ao longe a linda e branca Tétis sozinha e despida, assim como Dóris me prometeu. Corri como um louco, abrindo de longe os braços para aquela ninfa que era vida deste meu corpo e começando a beijas seus belos olhos, faces e os cabelos.”
CANTO V – ESTROFE 56
“O capitão Vasco da Gama comenta que o Gigante Adamastor conta como foi enganado por Tétis”
“Ó que não sei de nojo como o conte!
Que crendo ter nos braços quem amava,
Abraçado me achei c’um duro monte
De áspero mato e de espessura brava.
Estando c’um penedo fronte a fronte,
Qu’eu pelo rosto angélico apertava,
Não fiquei homem, não, mas mudo e quedo,
E junto dum penedo outro penedo.
“Ó que não sei de nojo como o conte! Que crendo ter nos braços quem amava, abraçado me achei c’um duro monte de áspero mato e de espessura brava. Estando c’um penedo fronte a fronte, qu’eu pelo rosto angélico apertava, não fiquei homem, não, mas mudo e quedo, e junto dum penedo outro penedo. (1)”
(1)“Ó que não sei nem como contar tal amargura! Eu, que acreditava estar nos abraços da Tétis de quem tanto amava, na verdade estava me abraçando um duro largo monte, este que era coberto de um áspero mato. Vendo que que estava diante de um rochedo e não do angélico rosto da ninfa, não fiquei homem, mas, sim, quieto e mudo, ao lado daquele rochedo.” Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a vigem dos portugueses rumo à Índia no Oriente, comenta a resposta do Gigante Adamastor à pergunta do capitão Gama, que conta a sua história.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
“Ó que não sei nem como contar tal amargura! Eu, que acreditava estar nos abraços da Tétis de quem tanto amava, na verdade estava me abraçando um duro largo monte, este que era coberto de um áspero mato. Vendo que que estava diante de um rochedo e não do angélico rosto da ninfa, não fiquei homem, mas, sim, quieto e mudo, ao lado daquele rochedo.”
CANTO V – ESTROFE 57
“O capitão Vasco da Gama comenta que o Gigante Adamastor conta como ficou triste e irado ao ser enganado por Tétis”
“Ó ninfa, a mais formosa do Oceano,
Já que a minha presença não te agrada,
Que te custava ter-me neste engano,
Ou fosse monte, nuvem, sonho ou nada?
Daqui me parto irado e quase insano
Da mágoa e da desonra ali passada,
A buscar outro mundo onde visse
Quem de meu pranto e do meu mal se risse.
“Ó ninfa, a mais formosa do Oceano, já que a minha presença não te agrada, que te custava ter-me neste engano, ou fosse monte, nuvem, sonho ou nada? Daqui me parto irado e quase insano da mágoa e da desonra ali passada, a buscar outro mundo onde visse quem de meu pranto e do meu mal se risse. (1)”
(1) “Ó ninfa Tétis, a mais formosa do oceano, já que a minha presença não te agrada, o que custava manter-me em meu engano ao invés do estado que agora estou? Preferia continuar abraçado ao monte, à nuvem ou algo sonho do que estar aqui neste cabo! Depois de ver que estava abraça ao monte, parti furioso e quase louco de mágoa rumo ao outro mundo para vingar-me de quem riu do meu sofrimento.” Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a vigem dos portugueses rumo à Índia no Oriente, comenta a resposta do Gigante Adamastor à pergunta do capitão Gama, que conta a sua história.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
“Ó ninfa Tétis, a mais formosa do oceano, já que a minha presença não te agrada, o que custava manter-me em meu engano ao invés do estado que agora estou? Preferia continuar abraçado ao monte, à nuvem ou algo sonho do que estar aqui neste cabo! Depois de ver que estava abraça ao monte, parti furioso e quase louco de mágoa rumo ao outro mundo para vingar-me de quem riu do meu sofrimento.”
CANTO V – ESTROFE 58
“O capitão Vasco da Gama comenta que Gigante Adamastor conta ele e seus irmãos perderam a guerra contra Júpiter”
“Eram já neste tempo meus irmãos
Vencidos, e em miséria extrema postos;
E, por mais segurar-se os deuses vãos,
Alguns a vários montes sotopostos:
E como contra o céu não valem mãos,
Eu, que chorando andava meus desgostos,
Comecei a sentir do fado imigo
Por meus atrevimentos o castigo.
“Eram já neste tempo meus irmãos vencidos, e em miséria extrema postos; e, por mais segurar-se os deuses vãos, alguns a vários montes sotopostos: e como contra o céu não valem mãos, eu, que chorando andava meus desgostos, comecei a sentir do fado imigo por meus atrevimentos o castigo. (1)”
(1) Neste momento os meus irmãos já tinham perdido a guerra, estando eles postos em extrema miséria, sendo que alguns, para que os soberbos deuses se sentissem mais seguros, foram colocados sob outros montes. E como contra o céu não valem mãos humanas, eu, que estava chorando os meus desgostos, comecei a sofrei as consequências dos meus atrevimentos. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a vigem dos portugueses rumo à Índia no Oriente, comenta a resposta do Gigante Adamastor à pergunta do capitão Gama, que conta a sua história.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
“Neste momento os meus irmãos já tinham perdido a guerra, estando eles postos em extrema miséria, sendo que alguns, para que os soberbos deuses se sentissem mais seguros, foram colocados sob outros montes. E como contra o céu não valem mãos humanas, eu, que estava chorando os meus desgostos, comecei a sofrei as consequências dos meus atrevimentos.”
CANTO V – ESTROFE 59
“O capitão Vasco da Gama comenta que o Gigante Adamastor, como castigo por ter se voltado contra Júpiter, foi transformado nos rochedos do Cabo”
“Converte-se-me a carne em pedra dura,
Em penedos os ossos me fizeram;
Estes membros que vês e essa figura
Por estas longas águas se estenderam:
Enfim, minha grandíssima estatura
Neste remoto cabo converteram
Os deuses; e por mais dobradas mágoas,
Me anda Tétis cercando destas águas.”
“Converte-se-me a carne em pedra dura, em penedos os ossos me fizeram; estes membros que vês e essa figura por estas longas águas se estenderam: enfim, minha grandíssima estatura neste remoto cabo converteram os deuses; e por mais dobradas mágoas, me anda Tétis cercando destas águas. (1)”
(1) Como castigo, transformaram minha carne nesta dura pedra e os meus ossos em rochedos, com meus membros e o resto do corpo se estendendo por estas longas águas que vês; enfim, minha grande estatura foi convertida neste remoto cabo pelos deuses e, para piorar o meu sofrimento, Tétis anda cercando estas águas. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a vigem dos portugueses rumo à Índia no Oriente, comenta a resposta do Gigante Adamastor à pergunta do capitão Gama, que conta a sua história.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
“Como castigo, transformaram minha carne nesta dura pedra e os meus ossos em rochedos, com meus membros e o resto do corpo se estendendo por estas longas águas que vês; enfim, minha grande estatura foi convertida neste remoto cabo pelos deuses e, para piorar o meu sofrimento, Tétis anda cercando estas águas.”
CANTO V – ESTROFE 60
“O capitão Vasco da Gama comenta que ele segue viagem após ouvir as palavras do Gigante Adamastor”
Assim contava, e c’um medonho choro
Súbito d’ante os olhos se apartou;
Desfez-se a nuvem negra, e c’um sonoro
Bramido muito longo o mar soou.
Eu, levantando as mãos ao santo coro
Dos anjos, que tão longe nos guiou,
A Deus pedi que removesse os duros
Casos que Adamastor contou futuros.
“Assim contava, e c’um medonho choro súbito d’ante os olhos se apartou; desfez-se a nuvem negra, e c’um sonoro bramido muito longo o mar soou. Eu, levantando as mãos ao santo coro dos anjos, que tão longe nos guiou, a Deus pedi que removesse os duros casos que Adamastor contou futuros. (1)”
(1) Assim o Gigante Adamastor terminou de nos contar sua história e, subitamente, começou um medonho choro; a negra nuvem que estava diante da frota se desfez e o mar soltou um longo e barulhento berro. Eu, levantando as mãos ao santo coro dos anjos que até agora nos guiaram, a Deus pedi que não permitisse que acontecessem as duras previsões que Adamastor nos contou. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a vigem dos portugueses rumo à Índia no Oriente, comenta a resposta do Gigante Adamastor à pergunta do capitão Gama, que termina de contar a sua história.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
“Assim o Gigante Adamastor terminou de nos contar sua história e, subitamente, começou um medonho choro; a negra nuvem que estava diante da frota se desfez e o mar soltou um longo e barulhento berro. Eu, levantando as mãos ao santo coro dos anjos que até agora nos guiaram, a Deus pedi que não permitisse que acontecessem as duras previsões que Adamastor nos contou.”
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Os Lusíadas (Edição Didática) – Volume I
Obra completa de Camões com notas e comentários de Francisco de Sales Lencastre, sendo a melhor edição para quem busca compreender todos os detalhes deste grande épico.
Os Lusíadas (Edição Didática) – Volume II
Obra completa de Camões com notas e comentários de Francisco de Sales Lencastre, sendo a melhor edição para quem busca compreender todos os detalhes deste grande épico.
Esses foram os nossos comentários sobre a quadragésima nona até a sexagésima estrofe do quinto canto de Os Lusíadas, onde Camões canta o amor e o sofrimento do Gigante Adamastor por Tétis.
Eu sou Caio Motta e convido você a continuar acompanhando os nossos comentários sobre a grande obra de Camões, bem como demais textos da grande literatura universal presentes no nosso blog.