Neste nosso quinquagésimo comentário sobre Os Lusíadas, começaremos a ler o sexto canto da obra, onde Camões canta a partida os portugueses de Melinde.
CANTO VI – ESTROFE 1
“O rei de Melinde deseja agradar os portugueses para conseguir a amizade com Portugal e o seu povo”
Não sabia em que modo festejasse
O rei pagão os fortes navegantes,
Pera que as amizades alcançasse
Do rei cristão, das gentes tão possantes.
Pesa-lhe que tão longe o apousentasse
Das europeias terras abundantes
A ventura, que não no fez vizinho
Donde Hércules ao mar abriu caminho.
“Não sabia em que modo festejasse o rei pagão os fortes navegantes, pera que as amizades alcançasse do rei cristão, das gentes tão possantes. Pesa-lhe que tão longe o apousentasse das europeias terras abundantes a ventura, que não no fez vizinho donde Hércules ao mar abriu caminho. (1)”
(1) O rei pagão de Melinde não sabia como agradar os fortes navegantes portugueses, para que assim conseguisse a amizade do povo e do rei cristão de Portugal. Ele lamenta não ser próximo das terras europeias e não morar próximo da região da península Hispânica, onde Hércules abriu caminho para o Mar Mediterrâneo. Camões canta que o rei de Melinde deseja agradar os portugueses, para assim conseguir sua amizade.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
“O rei pagão de Melinde não sabia como agradar os fortes navegantes portugueses, para que assim conseguisse a amizade do povo e do rei cristão de Portugal. Ele lamenta não ser próximo das terras europeias e não morar próximo da região da península Hispânica, onde Hércules abriu caminho para o Mar Mediterrâneo.”
CANTO VI – ESTROFE 2
“O povo de Melinde celebra junto com os portugueses”
Com jogos, danças e outras alegrias,
A segundo a polícia melindana,
Com usadas e ledas pescarias,
Com que a Legéia Antonio alegra e engana,
Este famoso rei todos os dias
Festeja a companhia lusitana,
Com banquetes, manjares desusados,
Com frutas, aves, carnes e pescados.
“Com jogos, danças e outras alegrias, a segundo a polícia melindana, com usadas e ledas pescarias, com que a Legéia Antonio alegra e engana, este famoso rei todos os dias festeja a companhia lusitana, com banquetes, manjares desusados, com frutas, aves, carnes e pescados. (1)”
(1) Este famoso rei de Melinde, seguindo as tradições culturais locais, festeja todos os dias a companhia dos portugueses; são realizados jogos, danças e pescarias com que Cleópatra alegrava e enganava Marco Antônio; também eram servidos banquetes com iguarias desconhecidas, frutas, aves, carnes e pescados. Camões canta que rei de Melinde celebra a presença dos portugueses com festas e banquetes.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
“Este famoso rei de Melinde, seguindo as tradições culturais locais, festeja todos os dias a companhia dos portugueses; são realizados jogos, danças e pescarias com que Cleópatra alegrava e enganava Marco Antônio; também eram servidos banquetes com iguarias desconhecidas, frutas, aves, carnes e pescados.”
CANTO VI – ESTROFE 3
“O capitão Vasco da Gama se prepara para partir de Melinde e seguir viagem rumo às terra da Índia”
Mas o vendo o capitão que se detinha
Já mais do que devia, e o fresco vento
O convida que parta e tome asinha
Os pilotos da terra e mantimento,
Não se quer mais deter, que ainda tinha
Muito pera cortar do salso argento:
Já do pagão benigno se despede,
Que a todos amizade longa pede.
“Mas o vendo o capitão que se detinha já mais do que devia, e o fresco vento o convida que parta e tome asinha os pilotos da terra e mantimento, não se quer mais deter, que ainda tinha muito pera cortar do salso argento: já do pagão benigno se despede, que a todos amizade longa pede. (1)”
(1) Mas o capitão Vasco da Gama, vendo que já tinha passado mais tempo do que devia em Melinde e que os ventos o convidavam a partir, decidiu partir com a frota portuguesa, já que eles ainda tinham um longo caminho pela frente. Os portugueses se despedem do bondoso rei de Melinde, este que de pede a todos eles longa amizade. Camões canta que o capitão Vasco da Gama decide partir de Melinde e continuar a viagem rumo à Índia.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
“Mas o capitão Vasco da Gama, vendo que já tinha passado mais tempo do que devia em Melinde e que os ventos o convidavam a partir, decidiu partir com a frota portuguesa, já que eles ainda tinham um longo caminho pela frente. Os portugueses se despedem do bondoso rei de Melinde, este que de pede a todos eles longa amizade.”
CANTO VI – ESTROFE 4
“Antes dos portugueses partirem, o rei de Melinde oferece sua amizade aos portugueses, dizendo que sempre os ajudará em suas empreitadas”
Pede-lhe mais, aquele porto seja
Sempre com suas frotas visitado;
Que nenhum outro bem maior deseja
Que dar a tais barões seu reino e estado:
E que, enquanto seu corpo e esp’rito reja,
Estará de continuo aparelhado
A pôr a vida e o reino totalmente
Por tão bom rei, por tão sublime gente.
“Pede-lhe mais, aquele porto seja sempre com suas frotas visitado; que nenhum outro bem maior deseja que dar a tais barões seu reino e estado: e que, enquanto seu corpo e esp’rito reja, estará de continuo aparelhado a pôr a vida e o reino totalmente por tão bom rei, por tão sublime gente. (1)”
(1) E, além da amizade dos portugueses, o rei de Melinde também pede para que as frotas portuguesas sempre visitem os portos da sua cidade, sendo o único desejo do monarca africana auxilia-los em suas empreitadas. Termina dizendo que, enquanto ele for o monarca de Melinde, ele e todo o seu reino estarão à disposição do tão bom rei de Portugal e de seu sublime povo. Camões canta que o rei de Melinde diz ao capitão Vasco da Gama que ele e seu reino sempre estarão à disposição dos portugueses.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
“E, além da amizade dos portugueses, o rei de Melinde também pede para que as frotas portuguesas sempre visitem os portos da sua cidade, sendo o único desejo do monarca africana auxilia-los em suas empreitadas. Termina dizendo que, enquanto ele for o monarca de Melinde, ele e todo o seu reino estarão à disposição do tão bom rei de Portugal e de seu sublime povo.”
CANTO VI – ESTROFE 5
“Os portugueses partem de Melinde acompanhados de um piloto que os guiara no resto da viagem”
Outras palavras tais lhe respondia
O capitão, e logo, as velas dando,
Pera as terras de Aurora se partia,
Que tanto tempo há já que vai buscando.
No piloto que leva não havia
Falsidade, mas antes vai mostrando
A navegação certa; e assi caminha
Já mais seguro do que dantes vinha.
“Outras palavras tais lhe respondia o capitão, e logo, as velas dando, pera as terras de Aurora se partia, que tanto tempo há já que vai buscando. No piloto que leva não havia falsidade, mas antes vai mostrando a navegação certa; e assi caminha já mais seguro do que dantes vinha. (1)”
(1) O capitão Vasco da Gama respondeu as palavras de amizade do rei de Melinde, e de velas ao vento, partindo com as naus portuguesas rumo às terras do Oriente que há tanto tem está buscando. Ao contrário do que aconteceu em Moçambique, o piloto de Melinde que acompanha os portugueses não pretende leva-los para nenhuma armadilha, sendo ele um navegador; e assim seguiam caminho com muito mais segurança do que antes. Camões canta que a frota portuguesa parte de Melinde rumo à Índia, estando acompanhada de um piloto de Melinde que vai guia-los no caminho.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
“O capitão Vasco da Gama respondeu as palavras de amizade do rei de Melinde, e de velas ao vento, partindo com as naus portuguesas rumo às terras do Oriente que há tanto tem está buscando. Ao contrário do que aconteceu em Moçambique, o piloto de Melinde que acompanha os portugueses não pretende leva-los para nenhuma armadilha, sendo ele um navegador; e assim seguiam caminho com muito mais segurança do que antes.”
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Os Lusíadas (Edição Didática) – Volume I
Obra completa de Camões com notas e comentários de Francisco de Sales Lencastre, sendo a melhor edição para quem busca compreender todos os detalhes deste grande épico.
Os Lusíadas (Edição Didática) – Volume II
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Esses foram os nossos comentários sobre a primeira até a quinta estrofe do sexto canto de Os Lusíadas, onde Camões canta a partida os portugueses de Melinde.
Eu sou Caio Motta e convido você a continuar acompanhando os nossos comentários sobre a grande obra de Camões, bem como demais textos da grande literatura universal presentes no nosso blog.