Neste nosso quinquagésimo quarto comentário sobre Os Lusíadas, continuaremos a ler o sexto canto da obra, onde Camões canta que os marinheiros contam as histórias que ocorreram no passado, começando com a dos Doze da Inglaterra.

OS LUSÍADAS OS PORTUGUESES CONTAM A HISTÓRIA DOS DOZE DA INGLATERRA
Os portugueses contam a história dos Doze da Inglaterra

CANTO VI – ESTROFE 38

“Enquanto acontecia o conselho dos deuses do mar, anoitecia sobre a frota portuguesa”

 

Enquanto este conselho se fazia

No fundo aquoso, a leda, lassa frota

Com vento sossegado prosseguia,

Pelo tranquilo mar, a longa rota.

Era no tempo quando a luz do dia

Do Eôo Hemisfério está remota;

Os do quatro da prima se deitavam,

Pera o segundo os outros despertavam.

 

“Enquanto este conselho se fazia no fundo aquoso, a leda, lassa frota com vento sossegado prosseguia, pelo tranquilo mar, a longa rota. Era no tempo quando a luz do dia do Eôo Hemisfério está remota; os do quatro da prima se deitavam, pera o segundo os outros despertavam. (1)

(1) Enquanto acontecia o conselho dos deuses marítimos e de Baco no fundo do mar, a alegre e casada frota portuguesa, prosseguia a viagem sob um tranquilo vento. Neste dia, já era quase noite, onde quatro marinheiros terminavam seu turno e iam deitar-se, enquanto outros quatro despertavam para assumir os seus postos. Camões canta que, enquanto acontecia o conselho dos deuses no fundo mar, os portugueses navegavam sob um tempo tranquilo, já começando a anoitecer.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Enquanto acontecia o conselho dos deuses marítimos e de Baco no fundo do mar, a alegre e casada frota portuguesa, prosseguia a viagem sob um tranquilo vento. Neste dia, já era quase noite, onde quatro marinheiros terminavam seu turno e iam deitar-se, enquanto outros quatro despertavam para assumir os seus postos.”

CANTO VI – ESTROFE 39

“Os marinheiros que assumem a vigília noturna, querendo afastar o sono, começam a contar histórias”

 

Vencidos vem do sono e mal despertos,

Bocejando amiúde se encostavam

Pelas antenas, todos mal cobertos

Contra os agudos ares que assopravam.

Os olhos contra seu querer abertos,

Mas esfregando, os membros estiravam:

Remédios contra o sono buscar querem,

Histórias contam, casos mil referem.

 

“Vencidos vem do sono e mal despertos, bocejando amiúde se encostavam pelas antenas, todos mal cobertos contra os agudos ares que assopravam. Os olhos contra seu querer abertos, mas esfregando, os membros estiravam: remédios contra o sono buscar querem, histórias contam, casos mil referem. (1)

(1) Os marinheiros que acabaram de acordar para a vigília assumes seus postos com muito sono e mal acordados; bocejando, eles se encostam nos mastros da nau, estando todos ele pouco cobertos contra os ventos que sopravam. Esfregam os olhos para a mantê-los abertos enquanto espreguiçam-se; querendo afastar o sono, começam a contar histórias e mil outros casos. Camões canta que os marinheiros portugueses acordam para a sua vigília.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Os marinheiros que acabaram de acordar para a vigília assumes seus postos com muito sono e mal acordados; bocejando, eles se encostam nos mastros da nau, estando todos ele pouco cobertos contra os ventos que sopravam. Esfregam os olhos para a mantê-los abertos enquanto espreguiçam-se; querendo afastar o sono, começam a contar histórias e mil outros casos.”   

CANTO VI – ESTROFE 40

“Um dos marinheiros propõem conta histórias de amor”

 

“Com que melhor podemos (um dizia)

Este tempo passar, que é tão pesado,

Senão com algum conto de alegria,

Com que nos deixe o sono carregado?”

Responde Leonardo, que trazia

Pensamentos de firme namorado:

“Que contos poderemos ter melhores

Pera passar o tempo, que de amores?”

 

“Com que melhor podemos (um dizia) este tempo passar, que é tão pesado, senão com algum conto de alegria, com que nos deixe o sono carregado?” Responde Leonardo, que trazia pensamentos de firme namorado: “Que contos poderemos ter melhores pera passar o tempo, que de amores?” (1)

(1) Qual seria a melhor forma de passarmos o tempo e afastar o sono (dizia um dos marinheiros) do que contar as nossas histórias de alegria? Leonardo, que trazia pensamentos amorosos, responde ao companheiro: “Que histórias melhores de serem contadas para passar o tempo do que histórias de amores?” Camões canta que os marinheiros portugueses conversam para afastar o sono durante a vigília.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

Qual seria a melhor forma de passarmos o tempo e afastar o sono (dizia um dos marinheiros) do que contar as nossas histórias de alegria? Leonardo, que trazia pensamentos amorosos, responde ao companheiro: “Que histórias melhores de serem contadas para passar o tempo do que histórias de amores?”

CANTO VI – ESTROFE 41

“Veloso, um dos marinheiros, proem contarem histórias de combate, pois estas combinam mais com ofício deles”

 

“Não é, disse Veloso, coisa justa

Tratar branduras em tanta aspereza;

Que o trabalho do mar, que tanto custa,

Não sofre amores nem delicadeza.

Antes da guerra fervida e robusta,

A nossa história seja; pois dureza

Nossa vida há-de ser; segundo entendo,

Que o trabalho por vir mo está dizendo.”

 

“Não é, disse Veloso, coisa justa tratar branduras em tanta aspereza; que o trabalho do mar, que tanto custa, não sofre amores nem delicadeza. Antes da guerra fervida e robusta, a nossa história seja; pois dureza nossa vida há-de ser; segundo entendo, que o trabalho por vir mo está dizendo. (1)”

(1) Não é certo, disse Veloso, relacionar as duras histórias de marinheiro com as doces alegrias das histórias dos amores. É mais certo falarmos de histórias de guerras e árduos embates, já que essa condiz mais com a nossa vida nessas naus; segundo o que eu acredito, duros trabalhos ainda estão por vir. Camões conta que os marinheiros se questionam sobre o que conversar enquanto ficam na vigília, com um deles dizendo que não contem histórias de amores.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Não é certo, disse Veloso, relacionar as duras histórias de marinheiro com as doces alegrias das histórias dos amores. É mais certo falarmos de histórias de guerras e árduos embates, já que essa condiz mais com a nossa vida nessas naus; segundo o que eu acredito, duros trabalhos ainda estão por vir.”

CANTO VI – ESTROFE 42

“Os portugueses concordam em falar de histórias de combate, com Veloso começando a contar a história dos Doze da Inglaterra”

 

Consentem nisto todos, e encomendam

A Veloso que conte isso que prova.

“Contarei, disse, sem que reprendam

De contar cousa fabulosa ou nova;

E por que os que me ouvirem daqui aprendam

A fazer feitos grandes de alta prova,

Dos nascidos direi da nossa terra;

E estes sejam os Doze da Inglaterra:

 

Consentem nisto todos, e encomendam a Veloso que conte isso que prova. “Contarei, disse, sem que reprendam de contar cousa fabulosa ou nova; e por que os que me ouvirem daqui aprendam a fazer feitos grandes de alta prova, dos nascidos direi da nossa terra; e estes sejam os Doze da Inglaterra:” (1)

(1) Os marinheiros concordam em não contar histórias de amores e pedem para que Veloso conte suas histórias de guerra. “Contarei, disse ele, mas não venham dizem que conto histórias falsas ou exageradas; que aqueles que ouvirem minhas histórias se inspirem a fazer grandes feitos, pois agora falarei dos bravos homens que nasceram da nossa terra, os Doze da Inglaterra” Camões canta que os marinheiros, querendo passar o tempo durante a vigília, começam a contar histórias dos grandes feitos portugueses, sendo a história dos Doze da Inglaterra a primeira.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Os marinheiros concordam em não contar histórias de amores e pedem para que Veloso conte suas histórias de guerra. “Contarei, disse ele, mas não venham dizem que conto histórias falsas ou exageradas; que aqueles que ouvirem minhas histórias se inspirem a fazer grandes feitos, pois agora falarei dos bravos homens que nasceram da nossa terra, os Doze da Inglaterra”

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Leia o nosso próximo post sobre Os Lusíadas clicando aqui.

Os Lusíadas (Edição Didática) - Volume I e II – Editora Concreta

Os Lusíadas (Edição Didática) – Volume I

Obra completa de Camões com notas e comentários de Francisco de Sales Lencastre, sendo a melhor edição para quem busca compreender todos os detalhes deste grande épico.

 

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Os Lusíadas (Edição Didática) – Volume II

Obra completa de Camões com notas e comentários de Francisco de Sales Lencastre, sendo a melhor edição para quem busca compreender todos os detalhes deste grande épico.

 

Esses foram os nossos comentários sobre a trigésima oitava até a quadragésima segunda estrofe do sexto canto de Os Lusíadas, onde Camões canta que os marinheiros contam as histórias que ocorreram no passado, começando com a dos Doze da Inglaterra.

 

Eu sou Caio Motta e convido você a continuar acompanhando os nossos comentários sobre a grande obra de Camões, bem como demais textos da grande literatura universal presentes no nosso blog.

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