Neste nosso quinquagésimo oitavo comentário sobre Os Lusíadas, terminaremos de ler o sexto canto da obra, onde Camões canta algumas considerações sobre os feitos gloriosos e as dificuldades para realiza-los.
CANTO VI – ESTROFE 95
“Os grandes homens só conseguiram realizar seus grandes feitos com muito esforço e dificuldade”
Por meio desses hórridos perigos,
Destes trabalhos graves e temores,
Alcançam os que são de fama amigos,
As honras imortais e graus maiores;
Não encostados sempre nos antigos
Troncos nobres de seus antecessores,
Não nos leitos dourados, entre os finos
Animais de Moscóvia zebelinos:
Por meio desses hórridos perigos, destes trabalhos graves e temores, alcançam os que são de fama amigos, as honras imortais e graus maiores; não encostados sempre nos antigos troncos nobres de seus antecessores, não nos leitos dourados, entre os finos animais de Moscóvia zebelinos: (1)
(1) São por meio destes horríveis perigos e destes trabalhos graves e temíveis que os homens se tornam reconhecidos e tem suas honras elevadas e imortalizadas. Não alcançam essas honras dependendo sempre dos seus nobres antepassados, nem encostados em dourados leitos ou estando enrolados nas finas peles dos animais zibelinos de Moscou. Camões começa a falar sobre a glória e a fama, dizendo que os que alcançaram tal patamar precisaram de muito esforço e sacrifício.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
São por meio destes horríveis perigos e destes trabalhos graves e temíveis que os homens se tornam reconhecidos e tem suas honras elevadas e imortalizadas. Não alcançam essas honras dependendo sempre dos seus nobres antepassados, nem encostados em dourados leitos ou estando enrolados nas finas peles dos animais zibelinos de Moscou.
CANTO VI – ESTROFE 96
“Os grandes homens realizaram seus grandes feitos se abstendo de hábitos inúteis e práticas viciosas”
Não c’os manjares novos e esquisitos,
Não c’os passeios moles e ociosos,
Não c’os vários deleites e infinitos,
Que afeminam os peitos generosos;
Não c’os nunca vencidos apetitos,
Que a fortuna tem sempre tão mimosos,
Que não sofre a nenhum que o passo mude
Pera alguma obra heróica de virtude;
Não c’os manjares novos e esquisitos, não c’os passeios moles e ociosos, não c’os vários deleites e infinitos, que afeminam os peitos generosos; não c’os nunca vencidos apetitos, que a fortuna tem sempre tão mimosos, que não sofre a nenhum que o passo mude pera alguma obra heróica de virtude; (1)
(1) Os grandes homens não alcançaram a fama e a glória com manjares novos e esquisitos; nem com os passeios moles e inúteis; nem com prazeres variados e infinitos que acabam enfraquecendo os corações generosos; nem com apetites insaciáveis que são sempre estimulados pela riqueza e que não permite que a pessoa mude para realizar alguma obra heroica e virtuosa. Camões canta que os grandes homens não imortalizam seus nomes vivendo em seus vícios.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
“Os grandes homens não alcançaram a fama e a glória com manjares novos e esquisitos; nem com os passeios moles e inúteis; nem com prazeres variados e infinitos que acabam enfraquecendo os corações generosos; nem com apetites insaciáveis que são sempre estimulados pela riqueza e que não permite que a pessoa mude para realizar alguma obra heroica e virtuosa.”
CANTO VI – ESTROFE 97
“As honras e as glórias tem um caro preço a ser pago”
Mas com buscar c’o seu esforço braço
As honras que ele chame próprias suas,
Vigiando e vestindo o forjado aço,
Sofrendo tempestades e ondas cruas;
Vencendo os torpes frios no regaço
Do sul, e regiões de abrigo nuas;
Engolindo o corrupto mantimento,
Temperado dum árduo sofrimento;
Mas com buscar c’o seu esforço braço as honras que ele chame próprias suas, vigiando e vestindo o forjado aço, sofrendo tempestades e ondas cruas; vencendo os torpes frios no regaço do sul, e regiões de abrigo nuas; engolindo o corrupto mantimento, temperado dum árduo sofrimento; (1)
(1) Mas o homem alcança a glória e a fama quando busca com o esforço de seus braços as honras que ele chame suas próprias, vigiando e vestindo o forjado aço enquanto sofre com as tempestades e as cruéis ondas; vencendo os entorpecentes frios do mar e em regiões desabrigadas; comendo alimento contaminado e que está temperado com o sabor do árduo sofrimento. Camões canta as dificuldades que os homens que conquistaram a glória e a fama precisaram passar para realizar seus grandes feitos.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
“Mas o homem alcança a glória e a fama quando busca com o esforço de seus braços as honras que ele chame suas próprias, vigiando e vestindo o forjado aço enquanto sofre com as tempestades e as cruéis ondas; vencendo os entorpecentes frios do mar e em regiões desabrigadas; comendo alimento contaminado e que está temperado com o sabor do árduo sofrimento.”
CANTO VI – ESTROFE 98
“As glórias e as honras tem um caro preço a ser pago”
E com força o rosto, que se enfia,
A parecer seguro, ledo, inteiro,
Para o pelouro ardente, que assovia,
E leva a perna ou braço ao companheiro.
Destarte o peito um calo honroso cria,
Desprezador das honras e dinheiro,
Das honras e dinheiro que a ventura
Forjou, e não virtude justa e dura.
E com força o rosto, que se enfia, a parecer seguro, ledo, inteiro, para o pelouro ardente, que assovia, e leva a perna ou braço ao companheiro. Destarte o peito um calo honroso cria, desprezador das honras e dinheiro, das honras e dinheiro que a ventura forjou, e não virtude justa e dura. (1)
(1) E homem alcança a glória e a fama o homem que se mantém firme, forçando o sorriso para parecer seguro, alegre e inteiro diante de uma explosão que leva a perna ou o braço de um companheiro. Desta forma, o coração do homem cria um honroso calo, o fazendo colocar a virtude justa e verdadeira no lugar das honras e da riqueza conquistada. Camões canta as dificuldades que um homem deve passar para alcançar à gloria e a fama de seus feitos.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
E homem alcança a glória e a fama o homem que se mantém firme, forçando o sorriso para parecer seguro, alegre e inteiro diante de uma explosão que leva a perna ou o braço de um companheiro. Desta forma, o coração do homem cria um honroso calo, o fazendo colocar a virtude justa e verdadeira no lugar das honras e da riqueza conquistada.
CANTO VI – ESTROFE 99
“São os homens esforçados que devem governar os demais”
Destarte se esclarece o entendimento,
Que experiências fazem repousado;
E fica vendo, como de alto assento,
O baixo trato humano embaraçado:
Este, onde tiver força o regimento
Direito, e não de afeitos ocupado,
Subirá (como deve) a ilustre mando,
Contra vontade sua, e não rogando.
Destarte se esclarece o entendimento, que experiências fazem repousado; e fica vendo, como de alto assento, o baixo trato humano embaraçado: este, onde tiver força o regimento direito, e não de afeitos ocupado, subirá (como deve) a ilustre mando, contra vontade sua, e não rogando.
(1) Desta forma fica claro que sãos estás experiência fazem com que um homem possa ficar num alto assento e olhar de cima para os que estão abaixo; ele que olha por cima, quando o regime tiver a força das leis e não for guiado por afetos, subirá ao governo, contra a sua vontade, e não pedindo. Camões canta que estes homens virtuosos são aqueles que devem governar.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
Desta forma fica claro que sãos estás experiência fazem com que um homem possa ficar num alto assento e olhar de cima para os que estão abaixo; ele que olha por cima, quando o regime tiver a força das leis e não for guiado por afetos, subirá ao governo, contra a sua vontade, e não pedindo.
Gostou do conteúdo? Comece lendo a nossa série de posts sobre Os Lusíadas clicando aqui.
Leia o nosso próximo post sobre Os Lusíadas clicando aqui.
Os Lusíadas (Edição Didática) – Volume I
Obra completa de Camões com notas e comentários de Francisco de Sales Lencastre, sendo a melhor edição para quem busca compreender todos os detalhes deste grande épico.
Os Lusíadas (Edição Didática) – Volume II
Obra completa de Camões com notas e comentários de Francisco de Sales Lencastre, sendo a melhor edição para quem busca compreender todos os detalhes deste grande épico.
Esses foram os nossos comentários sobre a nonagésima quinta até a nonagésima nona estrofe do sexto canto de Os Lusíadas, onde Camões canta algumas considerações sobre os feitos gloriosos e as dificuldades para realiza-los.
Eu sou Caio Motta e convido você a continuar acompanhando os nossos comentários sobre a grande obra de Camões, bem como demais textos da grande literatura universal presentes no nosso blog.