Neste nosso segundo comentário sobre Os Lusíadas, continuaremos lendo o primeiro canto da obra, onde agora Camões invoca as Musas para que o inspirem a cantar as glórias do povo português.
CANTO I – ESTROFE 4
E vós, Tágides minhas, pois criado
Tendes em mi um novo engenho ardente,
Se sempre em verbo humilde celebrado
Foi de mi vosso rio alegremente,
Dai-me agora um som alto e sublimado,
Um estilo grandíloco e corrente,
Porque de vossas águas Febo ordene
Que não tenham inveja às de Hipocrene!
“E vós, Tágides minhas (1), pois criado tendes em mi um novo engenho ardente, se sempre em verbo humilde celebrado foi de mi vosso rio alegremente, dai-me agora um som alto e sublimado, um estilo grandíloco e corrente (2), porque de vossas águas Febo ordene que não tenham inveja às de Hipocrene (3).
(1) Camões, ao se referir às Musas, chama-as de Tágides. As musas eram seres mitológicos que habitavam os lagos e mares e que inspiravam os poetas em seus versos, mostrando, assim, que Camões pede inspiração às ninfas que habitavam o rio Tejo;
(2) pede para que elas, que já inspiraram os seus versos no passado, agora o auxilie a cantar essa obra grandiosa, dando a Camões uma voz elevada e sublime, assim como um estilo grandioso e corrente;
(3) pede para que Febo, deus da poesia, ordene que a inspiração das águas do rio Tejo seja tão grandiosa que não fique atrás da inspiração que as água do Hipocrene davam aos poetas da Antiguidade.
“E vós, minha Tágides, considerando que agora tenho em mim está nova obra ardente e como as águas de vosso rio sempre inspiraram os meus versos, peço que dai-me agora um som alto e sublime, um estilo grandioso e corrente, e que até o próprio Febo ordene que a inspiração das águas do Tejo não sinta inveja das que davam as águas do Hipocrene.”
CANTO I – ESTROFE 5
Dai-me uma fúria grande e sonorosa
E não de agreste e frautaruda,
Mas de tuba canora e belicosa,
Que o peito acende e a cor ao gesto muda;
Dai-me igual canto aos feitos da famosa
Gente vossa, que a Marte tanto ajuda;
Que se espalhe e se cante no Universo;
Se tão sublime preço cabe em verso.
“Dai-me uma fúria grande e sonorosa e não de agreste e frautaruda, mas de tuba canora e belicosa, que o peito acende e a cor ao gesto muda (1); Dai-me igual canto aos feitos da famosa gente vossa, que a Marte tanto ajuda (2); Que se espalhe e se cante no Universo; Se tão sublime preço cabe em verso.(3)”
(1) Camões pede que a inspiração das Tágides o dêem uma voz grandiosa e forte, assim como uma trombeta de guerra que infla o peito e muda a cor do rosto de quem a toca. Que sua voz seja assim, e não como uma simples flauta do campo;
(2) que essa inspiração faça com que seu canto seja digno de celebrar os grandes feitos militares (Marte) dos bravos portugueses;
(3) e que seus versos se espalhem e sejam cantados por toda a parte, se é que seja possível que feitos tão grandiosos possam caber em versos.
“Musas, dai-me uma voz que seja estrondosa como uma trombeta de guerra, e não uma voz que seja campestre como uma flauta pastoril; dai-me uma voz que seja digna de cantar os feitos belicosos do vosso povo português e que, assim, meus versos se espalhem e sejam cantados por todo o universos, isso se realmente for possível que feitos tão grandiosos caibam em meros versos.”
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Os Lusíadas (Edição Didática) – Volume I
Obra completa de Camões com notas e comentários de Francisco de Sales Lencastre, sendo a melhor edição para quem busca compreender todos os detalhes deste grande épico.
Os Lusíadas (Edição Didática) – Volume II
Obra completa de Camões com notas e comentários de Francisco de Sales Lencastre, sendo a melhor edição para quem busca compreender todos os detalhes deste grande épico.
Esses foram os nossos comentários sobre a quarta e quina estrofe que compõe o primeiro canto de Os Lusíadas, onde Camões invoca as Musas para que o inspirem a cantar as glórias do povo português.
Eu sou Caio Motta e convido você a continuar acompanhando os nossos comentários sobre a grande obra de Camões, bem como demais textos da grande literatura universal presentes no nosso blog.