Neste nosso sexagésimo sétimo comentário sobre Os Lusíadas, continuaremos de ler o oitavo canto da obra, onde Camões canta que Baco, estando disfarçado, convence os sacerdotes de Calecut a destruírem os portugueses.
CANTO VIII – ESTROFE 45
“O rei Samorim manda seus feiticeiros descobrirem informações sobre os portugueses”
Entretanto, os harúspices, famosos
Na falsa opinião que em sacrifícios
Antevêem sempre os casos duvidosos
Por sinais diabólicos e indícios,
Mandados do rei próprio, estudiosos
Exercitavam a arte e seus ofícios,
Sobre esta vinda desta gente estranha,
Que às suas terras vem da ignota Espanha.
Entretanto, os harúspices, famosos na falsa opinião que em sacrifícios antevêem sempre os casos duvidosos por sinais diabólicos e indícios, mandados do rei próprio, estudiosos exercitavam a arte e seus ofícios, sobre esta vinda desta gente estranha, que às suas terras vem da ignota Espanha. (1)
(1) Entretanto, os harúspices, feiticeiros famosos por acreditarem que, com sacrifícios e agouros diabólicos, é possível prever o futuro, são mandados pelo rei Samorim para praticarem as suas artes e estudo sobre estes estranhos visitantes que chegaram na Índia vindos das terras da Hispânia. Camões canta que o rei Samorim, querendo saber mais sobre os visitantes portugueses, manda os seus feiticeiros utilizarem de suas artes diabólicas para obter mais informações sobre eles.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
Entretanto, os harúspices, feiticeiros famosos por acreditarem que, com sacrifícios e agouros diabólicos, é possível prever o futuro, são mandados pelo rei Samorim para praticarem as suas artes e estudo sobre estes estranhos visitantes que chegaram na Índia vindos das terras da Hispânia.
CANTO VIII – ESTROFE 46
“Os feiticeiros de Calecut, utilizando-se de sua magia, descobre que os portugueses hão de conquistar todo o Oriente”
Sinal lhe mostra o demo verdadeiro,
De como a nova gente lhe seria
Jugo perpétuo, eterno cativeiro,
Destruição da gente e de valia.
Vai-se espantando o atônito agoureiro
Dizer ao rei (segundo o que entendia)
Os sinais temerosos que alcançara
Nas entranhas das vítimas que olhara.
Sinal lhe mostra o demo verdadeiro, de como a nova gente lhe seria jugo perpétuo, eterno cativeiro, destruição da gente e de valia. Vai-se espantando o atônito agoureiro dizer ao rei (segundo o que entendia) os sinais temerosos que alcançara nas entranhas das vítimas que olhara. (1)
(1) O verdadeiro demônio mostra o futuro aos feiticeiros indianos, revelando que os portugueses seriam o seu eterno rei, o seu eterno cativeiro, e a destruição de sua gente e dos bens. Espantado, um dos feiticeiros diz ao, segundo o que entendeu, os sinais que obteve ao olhar as estranhas das vítimas do sacrifício. Camões canta que os feiticeiros indianos, ao utilizarem de seus rituais, descobre que no futuro os portugueses hão de conquistar e dominar todo o seu território.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
O verdadeiro demônio mostra o futuro aos feiticeiros indianos, revelando que os portugueses seriam o seu eterno rei, o seu eterno cativeiro, e a destruição de sua gente e dos bens. Espantado, um dos feiticeiros diz ao, segundo o que entendeu, os sinais que obteve ao olhar as estranhas das vítimas do sacrifício.
CANTO VIII – ESTROFE 47
“Baco, que ainda não desistiu de destruir os portugueses, toma a forma de Maomé e vai até os sonhos de um sacerdote muçulmano”
A isto mais se ajunta que a um devoto
Sacerdote da lei de Mafamede,
Dos ódios concebidos não remoto
Contra a divina fé que tudo excede,
Em forma do profeta falso e noto
Que do filho da escrava Agar procede,
Baco odioso em sonhos lhe aparece,
Que de seus ódios inda não se desce.
A isto mais se ajunta que a um devoto sacerdote da lei de Mafamede, dos ódios concebidos não remoto contra a divina fé que tudo excede, em forma do profeta falso e noto que do filho da escrava Agar procede, Baco odioso em sonhos lhe aparece, que de seus ódios inda não se desce. (1)
(1) Além disso, para um sacerdote da lei de Maomé, que ainda se recordava do ódio que tinha contra a divina fé de Cristo, o odioso Baco aparece em seus sonhos na forma do falso profeta Maomé, pois ainda não desistiu de destruir a frota portuguesa. Camões conta que Baco, ainda não tendo desistido de destruir os portugueses, surge na forma de Maomé nos sonhos de um sacerdote muçulmano em Calecut.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
Além disso, para um sacerdote da lei de Maomé, que ainda se recordava do ódio que tinha contra a divina fé de Cristo, o odioso Baco aparece em seus sonhos na forma do falso profeta Maomé, pois ainda não desistiu de destruir a frota portuguesa.
CANTO VIII – ESTROFE 48
“Baco, disfarçado de Maomé, diz que os portugueses são inimigos dos muçulmanos e dos povos do Oriente”
E diz-lhe assi: “Guardai-vos, gente minha,
Do mal que se aparelha pelo imigo,
Que das águas úmidas caminha,
Antes que esteis mais perto do perigo.”
Isso dizendo, acorda o Mouro asinha,
Espantado do sonho; mas consigo
Cuida que não é mais que sonho usado.
Torna a dormir quieto e sossegado.
E diz-lhe assi: “Guardai-vos, gente minha, do mal que se aparelha pelo imigo, que das águas úmidas caminha, antes que esteis mais perto do perigo.” Isso dizendo, acorda o Mouro asinha, espantado do sonho; mas consigo cuida que não é mais que sonho usado. Torna a dormir quieto e sossegado. (1)
(1) Falou Baco: “Tenham cautela, povo meu, do mal que é preparado por este inimigo que caminha pelas águas, pois logo estarão mais perto do perigo”. Ao ouvir isso, o mouro acorda espantado, mas acredita que tudo era apenas um sonho. Torna a dormir quieto e tranquilo. Camões canta que Baco, estando disfarçado e Maomé, entra no sonho do sacerdote muçulmano e diz que ele deve ter cuidado com os marinheiros portugueses, pois eles são o seu inimigo.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
Falou Baco: “Tenham cautela, povo meu, do mal que é preparado por este inimigo que caminha pelas águas, pois logo estarão mais perto do perigo”. Ao ouvir isso, o mouro acorda espantado de seu sonho, sabendo que a mensagem não era apenas uma simples sonho. Torna a dormir quieto e tranquilo.
CANTO VIII – ESTROFE 49
“Baco, disfarçado de Maomé, volta ao sonho do sacerdote para repetir sua mensagem”
Torna Baco, dizendo: “Não conheces
O grão legislador, que a teus passados
Tem mostrado o preceito a que obedeces,
Sem o qual fôreis muito batizados?
Eu por ti, rudo, velo! E tu adormeces?
Pois saberás que aqueles que chegados
De novo são, serão mui grande dano
Da lei que eu dei ao néscio povo humano.
Torna Baco, dizendo: “Não conheces o grão legislador, que a teus passados tem mostrado o preceito a que obedeces, sem o qual fôreis muito batizados? Eu por ti, rudo, velo! E tu adormeces? Pois saberás que aqueles que chegados de novo são, serão mui grande dano da lei que eu dei ao néscio povo humano. (1)
(1) Baco volta ao sonho do sacerdote dizendo: “Não reconheces que sou Maomé, o grão legislador que, aos teus antepassados, mostrou a religião que segue e foi batizado? Eu vinho por e ti e tu, rude, volta a dormir? Pois fique sabendo que esses visitantes que chegaram causarão muito dano aos povos que seguem a lei que eu ensinei. Camões canta que, vendo que o sacerdote não acreditou sem sua mensagem, volta ao seu sonho, dizendo que ele é Maomé e que os portugueses causarão muito sofrimento aos muçulmanos.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
Baco volta ao sonho do sacerdote dizendo: “Não reconheces que sou Maomé, o grão legislador que, aos teus antepassados, mostrou a religião que segue e foi batizado? Eu vinho por e ti e tu, rude, volta a dormir? Pois fique sabendo que esses visitantes que chegaram causarão muito dano aos povos que seguem a lei que eu ensinei.
CANTO VIII – ESTROFE 50
“Baco diz que a frota dos portugueses deve ser destruída antes que eles se fortaleçam e dominem às terras do Oriente”
“Enquanto é fraca a força desta gente
Ordena como em tudo se resista;
Porque, quando o Sol sai, facilmente
Se pode nele pôr a aguda vista;
Porém, depois que sobe claro e ardente,
Se agudeza os olhos o conquista,
Tão cega fica, quando ficareis,
Se raízes cair lhe não tolheis.”
“Enquanto é fraca a força desta gente ordena como em tudo se resista; porque, quando o Sol sai, facilmente se pode nele pôr a aguda vista; porém, depois que sobe claro e ardente, se agudeza os olhos o conquista, tão cega fica, quando ficareis, se raízes cair lhe não tolheis.” (1)
(1) “Enquanto são poucos, mande que se resista a esses navegantes, pois, quando o Sol está nascendo, é mais fácil como a vista nele; porém, depois que ele já está claro e ardente, nós ficamos cegos ao olha-lo. Assim vocês ficarão, caso não cortem as raízes que esse povo pretende criar aqui.” Camões canta que Baco, disfarçado de Maomé, diz o sacerdote mouro que ele precisa destruir os portugueses agora que são poucos, pois, no futuro, eles já estarão muito mais fortes.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
Enquanto são poucos, mande que se resista a esses navegantes, pois, quando o Sol está nascendo, é mais fácil como a vista nele; porém, depois que ele já está claro e ardente, nós ficamos cegos ao olha-lo. Assim vocês ficarão, caso não cortem as raízes que esse povo pretende criar aqui.”
CANTO VIII – ESTROFE 51
“O sacerdote muçulmano acorda de seu sonho e parte para convocar um conselho com os demais sacerdotes de Calecut”
Isto dito, ele e o sono se despede;
Tremendo fica o atônito Agareno;
Salta da cama, lume aos servos pede,
Lavrando nele o férvido veneno.
Tanto que a nova luz, que o Sol procede,
Mostrara rosto angélico e sereno,
Convoca os principais da torpe seita,
Aos quais do que sonhou dá conta estreita.
Isto dito, ele e o sono se despede; tremendo fica o atônito Agareno; salta da cama, lume aos servos pede, lavrando nele o férvido veneno. Tanto que a nova luz, que o Sol procede, mostrara rosto angélico e sereno, convoca os principais da torpe seita, aos quais do que sonhou dá conta estreita. (1)
(1) Tendo dito isso, Baco vai embora, levando o sonho consigo; o sacerdote muçulmano fica atônito e, efervescendo de ira, pede luz aos servos. Quando o Sol, com sua luz e seu rosto angélico e sereno, traz o novo amanhecer, o sacerdote convoca toda a sua torpe seita e conta de forma minuciosa o que sonhou. Camões canta que, ao amanhecer, o sacerdote muçulmano reúne os demais sectários de sua fé e contra o sonho que teve com Maomé, este que, na verdade, era Baco disfarçado.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
Tendo dito isso, Baco vai embora, levando o sonho consigo; o sacerdote muçulmano fica atônito e, efervescendo de ira, pede luz aos servos. Quando o Sol, com sua luz e seu rosto angélico e sereno, traz o novo amanhecer, o sacerdote convoca toda a sua torpe seita e conta de forma minuciosa o que sonhou.
CANTO VIII – ESTROFE 52
“Os sacerdotes muçulmanos de Calecut, querendo destruir os portugueses, decidem subornar os conselheiros e voltar o rei Samorim contra os portugueses”
Diversos pareceres e contrários
Ali se dão, segundo o que entendiam;
Astutas traições, enganos vários;
Perfídias inventavam e teciam;
Mas deixando conselhos temerários,
Destruição da gente pretendiam,
Por manhas mais sutis e ardis melhores,
Com peitas adquirindo os regedores.
Diversos pareceres e contrários ali se dão, segundo o que entendiam; astutas traições, enganos vários; perfídias inventavam e teciam; mas deixando conselhos temerários, destruição da gente pretendiam, por manhas mais sutis e ardis melhores, com peitas adquirindo os regedores. (1)
(1) Na reunião dos sacerdotes muçulmanos em Calecut, são propostos diversas e contrários pareceres sobre o que fazer contra os marinheiros portugueses; astutas traições e enganos vários eram tecidos e perfidamente inventados. Deixando as temerárias sugestões, eles pretendiam então destruir os portugueses de formas mais sutis, no caso, subornando as autorizadas do rei Samorim para voltar o monarca contra os visitantes. Camões canta que os sacerdotes muçulmanos se reúnem para decidir como acabar com os portugueses; após diversas sugestões, eles decidem subornar as autoridades de Calecut para jogar o rei contra os marinheiros.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
Na reunião dos sacerdotes muçulmanos em Calecut, são propostos diversas e contrários pareceres sobre o que fazer contra os marinheiros portugueses; astutas traições e enganos vários eram tecidos e perfidamente inventados. Deixando as temerárias sugestões, eles pretendiam então destruir os portugueses de formas mais sutis, no caso, subornando as autorizadas do rei Samorim para voltar o monarca contra os visitantes.
CANTO VIII – ESTROFE 53
“Os sacerdotes subornam os conselheiros de Calecut, querendo que eles destruam os portugueses”
Com peitas, ouro e dádivas secretas,
Conciliam da terra os principais;
E, com razões notáveis e discretas,
Mostram ser perdição dos naturais,
Dizendo que são gentes inquietas
Que, os mares discorrendo ocidentais,
Vivem só de práticas rapinas,
Sem rei, sem leis humanas ou divinas.
Com peitas, ouro e dádivas secretas, conciliam da terra os principais; e, com razões notáveis e discretas, mostram ser perdição dos naturais, dizendo que são gentes inquietas que, os mares discorrendo ocidentais, vivem só de práticas rapinas, sem rei, sem leis humanas ou divinas. (1)
(1) Os sacerdotes subornam os principais gentios da terra com vestes, ouro e outras dádivas secretas; e, se utilizando de argumentos notáveis e discretos, dizem que esses marinheiros estrangeiros serão a perdição da Índia, além de calunia-los afirmando que são um povo inquieto que vive de saques, não possuem rei ou qualquer tipo lei humana ou divina. Camões canta que os sacerdotes subornam as autoridades da Calecut e os convencem ao dizerem que os portugueses não são confiáveis.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
Os sacerdotes subornam os principais gentios da terra com vestes, ouro e outras dádivas secretas; e, se utilizando de argumentos notáveis e discretos, dizem que esses marinheiros estrangeiros serão a perdição da Índia, além de calunia-los afirmando que são um povo inquieto que vive de saques, não possuem rei ou qualquer tipo lei humana ou divina.
CANTO VIII – ESTROFE 54
“Camões comenta que um monarca deve sempre estar rodeado de pessoas boas e virtuosas”
Ó quanto deve o rei que bem governa,
De olhar que os conselheiros ou privados,
De consciência e de virtude interna,
E de sincero amor sejam dotados!
Porque, como este posto na superna
Cadeira, pode mal dos apartados
Negócios ter notícia mais inteira
Do que lhe der a língua conselheira.
Ó quanto deve o rei que bem governa, de olhar que os conselheiros ou privados, de consciência e de virtude interna, e de sincero amor sejam dotados! Porque, como este posto na superna cadeira, pode mal dos apartados negócios ter notícia mais inteira do que lhe der a língua conselheira. (1)
(1) Ó, quão importante é para um monarca estar rodeado de conselheiros e de pessoas privadas que tenham uma boa consciência, que sejam pessoas virtuosas e dotados de um verdadeiro amor! Porque, estando o rei no cargo supremo, nem todas as situações estão ao seu alcance, deixando-o dependente de seus conselheiros. Camões interrompe a sua narração para fazer algumas reflexões sobre o quão importante é para um monarca estar rodeado de pessoas boas e virtuosas.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
Ó, quão importante é para um monarca estar rodeado de conselheiros e de pessoas privadas que tenham uma boa consciência, que sejam pessoas virtuosas e dotados de um verdadeiro amor! Porque, estando o rei no cargo supremo, nem todas as situações estão ao seu alcance, deixando-o dependente de seus conselheiros.
CANTO VIII – ESTROFE 55
“Camões diz que um rei deve tomar cuidado com que se aproxima dele, principalmente aqueles que se apresentam como humildes”
Nem tampouco direi que tome tanto
Em grosso a consciência limpa e certa,
Que se enleve num pobre e humilde manto,
Onde ambição acaso ande encoberta.
E quando um bom em tudo é justo e santo,
Em negócios do mundo pouco acerta;
Que mal com eles poderá ter conta
A quieta inocência, em só Deus pronta.
Nem tampouco direi que tome tanto em grosso a consciência limpa e certa, que se enleve num pobre e humilde manto, onde ambição acaso ande encoberta. E quando um bom em tudo é justo e santo, em negócios do mundo pouco acerta; que mal com eles poderá ter conta a quieta inocência, em só Deus pronta. (1)
(1) Nem direi que o rei avalie por cima aqueles que parecem ter uma consciência limpa e certa, pois, sobre um manto de pobre e humildade, pode estar encoberta a ambição. Quando alguém é bom, justo e santo, ele tende a não ser bem-sucedido nas coisas do mundo, pois a quieta inocência que só está confiada a Deus, não poderá dar conta dos negócios deste mundo. Camões canta que um rei deve tomar cuidado com aqueles que parecem bons, pois isto pode apenas ser uma máscara que esconde segundas intenções; também comenta que os verdadeiramente santos não são bem-sucedidos nos negócios deste mundo.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
Nem direi que o rei avalie por cima aqueles que parecem ter uma consciência limpa e certa, pois, sobre um manto de pobre e humildade, pode estar encoberta a ambição. Quando alguém é bom, justo e santo, ele tende a não ser bem-sucedido nas coisas do mundo, pois a quieta inocência que só está confiada a Deus, não poderá dar conta dos negócios deste mundo.
CANTO VIII – ESTROFE 56
“Camões diz que, enquanto os ministros de Calecut são interesseiros e subornáveis, o capitão Vasco da Gama é totalmente leal ao seu rei”
Mas aqueles avaros Catuais,
Que o gentílico povo governavam,
Induzidos das gentes infernais,
O português despacho dilatavam.
Mas o Gama, que não pretende mais,
De tudo quanto os mouros ordenavam,
Que levar a seu Rei um sinal certo
Do mundo que deixava descoberto,
Mas aqueles avaros Catuais, que o gentílico povo governavam, induzidos das gentes infernais, o português despacho dilatavam. Mas o Gama, que não pretende mais, de tudo quanto os mouros ordenavam, que levar a seu Rei um sinal certo do mundo que deixava descoberto, (1)
(1) Mas aqueles avaros ministros que governam o povo gentil de Calecut, por terem sido subornados pelos sacerdotes infernais, dilatavam o despacho dos portugueses. Vasco da Gama, ao contrário destes que preparam estas tramoias, apenas quer levar ao seu amado rei um sinal certo do mundo que acabava de descobrir. Camões canta que, enquanto os interesseiros ministros de Calecut tramam em benefício próprio, o capitão Vasco da Gama apenas deseja servir ao rei de Portugal.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
Mas aqueles avaros ministros que governam o povo gentil de Calecut, por terem sido subornados pelos sacerdotes infernais, dilatavam o despacho dos portugueses. Vasco da Gama, ao contrário destes que preparam estas tramoias, apenas quer levar ao seu amado rei um sinal certo do mundo que acabava de descobrir.
CANTO VIII – ESTROFE 57
“O único desejo do capitão Vasco da Gama era concluir sua empreitada, pois assim estaria servindo a seu rei”
Nisto trabalhava só; que bem sabia
Que, depois que levasse esta certeza,
Armas e naus e gente mandaria
Manuel, que exercia a suma alteza,
Com que a seu jugo a lei someteria
Das terras e do mar a redondeza;
Que ele não era mais que um diligente
Descobridor das terras do Oriente.
Nisto trabalhava só; que bem sabia que, depois que levasse esta certeza, armas e naus e gente mandaria Manuel, que exercia a suma alteza, com que a seu jugo a lei someteria das terras e do mar a redondeza; que ele não era mais que um diligente descobridor das terras do Oriente. (1)
(1) O capitão Vasco da Gama trabalhava somente nisto, já que sabia que, depois de informar à descoberta do Oriente, o rei Manuel I mandaria armas, naus e homens para submeter estas terras e esses mares ao seu jugo; pois Vasco da Gama sabia que não era mais do que diligente descobridor das terras do Oriente. Camões canta que, ao contrário dos interesseiros ministros indianos, o capitão Vasco da Gama apenas queria cumprir a missão de descobrir as terras do Oriente.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
O capitão Vasco da Gama trabalhava somente nisto, já que sabia que, depois de informar à descoberta do Oriente, o rei Manuel I mandaria armas, naus e homens para submeter estas terras e esses mares ao seu jugo; pois Vasco da Gama sabia que não era mais do que diligente descobridor das terras do Oriente.
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Os Lusíadas (Edição Didática) – Volume I
Obra completa de Camões com notas e comentários de Francisco de Sales Lencastre, sendo a melhor edição para quem busca compreender todos os detalhes deste grande épico.
Os Lusíadas (Edição Didática) – Volume II
Obra completa de Camões com notas e comentários de Francisco de Sales Lencastre, sendo a melhor edição para quem busca compreender todos os detalhes deste grande épico.
Esses foram os nossos comentários sobre a quadragésima quinta até a quinquagésima sétima estrofe do oitavo canto de Os Lusíadas, onde Camões canta que Baco, estando disfarçado, convence os sacerdotes de Calecut a destruírem os portugueses.
Eu sou Caio Motta e convido você a continuar acompanhando os nossos comentários sobre a grande obra de Camões, bem como demais textos da grande literatura universal presentes no nosso blog.