Neste nosso octogésimo oitavo comentário sobre Os Lusíadas, continuaremos a ler o décimo canto da obra, onde Camões canta que Tétis mostra as terras da América e os portugueses finalmente voltam para Portugal.
CANTO X – ESTROFE 139
“Tétis, continuando a mostrar o mundo para o capitão Vasco da Gama, mostra as terras da América”
“Vedes a grande terra, que contina
Vai de Calisto ao seu contrário pólo,
Que soberba a fará a luzente mina
Do metal que a cor tem do louro Apolo.
Castela, vossa amiga, será dina
De lançar-lhe o colar ao rudo colo:
Várias províncias tem de várias gentes,
Em ritos e costumes diferentes.
“Vedes a grande terra, que contina vai de Calisto ao seu contrário pólo, que soberba a fará a luzente mina do metal que a cor tem do louro Apolo. Castela, vossa amiga, será dina de lançar-lhe o colar ao rudo colo: várias províncias tem de várias gentes, em ritos e costumes diferentes. (1)
(1) “Vedes a grande terra da América, que vai contínua do Polo Norte até o Polko Sul; sendo ela conhecida pelas notáveis minas do dourado ouro. O reino de Castela, vosso amigo, será o responsável por subjugar as várias províncias e seus povos, sendo que esses possuem ritos e costumes muito diferentes. Camões canta que Tétis explica para o capitão Vasco da Gama como funciona a máquina do mundo criada por Deus.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
“Vedes a grande terra da América, que vai contínua do Polo Norte até o Polko Sul; sendo ela conhecida pelas notáveis minas do dourado ouro. O reino de Castela, vosso amigo, será o responsável por subjugar as várias províncias e seus povos, sendo que esses possuem ritos e costumes muito diferentes.
CANTO X – ESTROFE 140
“Tétis mostra as terras da América”
“Mas cá onde mais se alargar, ali tereis
Parte também c’o pau vermelho nota;
De Santa Cruz o nome lhe poreis:
Descobri-la -á a primeira vossa frota.
Ao longo desta costa que tereis,
Irá buscando a parte mais remota
O Magalhães, no feito com verdade
Português, porém não na lealdade.
“Mas cá onde mais se alargar, ali tereis parte também c’o pau vermelho nota; de Santa Cruz o nome lhe poreis: Descobri-la -á a primeira vossa frota. Ao longo desta costa que tereis, irá buscando a parte mais remota o Magalhães, no feito com verdade português, porém não na lealdade. (1)
(1) “Mas aqui, onde está terra se alarga mais, é a terra de Santa Cruz que será dos portugueses e que encontrarão a madeira vermelha. Há de descobri-la a vossa primeira frota. Ao longo desta costa que tereis dominado, o capitão Fernão Magalhães irá buscar as partes mais remotas, está que é uma verdadeira façanha portuguesa, embora não seja a mais leal. Camões canta que Tétis explica para o capitão Vasco da Gama como funciona a máquina do mundo criada por Deus.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
Mas aqui, onde está terra se alarga mais, é a terra de Santa Cruz que será dos portugueses e que encontrarão a madeira vermelha. Há de descobri-la a vossa primeira frota. Ao longo desta costa que tereis dominado, o capitão Fernão Magalhães irá buscar as partes mais remotas, está que é uma verdadeira façanha portuguesa, embora não seja a mais leal.
CANTO X – ESTROFE 141
“Tétis mostra as terras da América”
“Des’que passar a via mais que meia,
Que o antártico pólo vai de Linha,
Duma estatura quase giganteia
Homens verá, da terra ali vizinha;
E mais avante o Estreito que se arreia
Co’o nome dele agora, o qual caminha
Para outro mar e terra, que fica onde
Com suas frias asas o Austro a esconde.
“Des’que passar a via mais que meia, que o antártico pólo vai de Linha, duma estatura quase giganteia homens verá, da terra ali vizinha; e mais avante o Estreito que se arreia co’o nome dele agora, o qual caminha para outro mar e terra, que fica onde com suas frias asas o Austro a esconde. (1)
(1) “O capitão Fernão de Magalhães, logo que passar de mais da metade do caminho que vai da linha equacional até o Polo Antártico, verá ali na terra vizinha homens de uma estatura quase gigantesca; e mais adiante verá que o estreito, que passou a receber o seu nome, ia se estreitando para dar caminho para outro mar e a outra terra que o vento do Sul esconde as suas frias asas. Camões canta que Tétis explica para o capitão Vasco da Gama como funciona a máquina do mundo criada por Deus.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
“O capitão Fernão de Magalhães, logo que passar de mais da metade do caminho que vai da linha equacional até o Polo Antártico, verá ali na terra vizinha homens de uma estatura quase gigantesca; e mais adiante verá que o estreito, que passou a receber o seu nome, ia se estreitando para dar caminho para outro mar e a outra terra que o vento do Sul esconde as suas frias asas.
CANTO X – ESTROFE 142
“Tétis termina de mostrar a máquina do mundo para o capitão Vasco da Gama”
“Até’ qui, Portugueses, concedido
Vos é saberdes os futuros feitos
Que, pelo mar, que já deixais sabido,
Virão fazer barões de fortes peitos.
Agora, pois que tendes aprendido
Trabalhos que vos façam ser aceitos
Às eternas esposas e fermosas,
Que coroas vos tecem gloriosas,
“Até’ qui, Portugueses, concedido vos é saberdes os futuros feitos que, pelo mar, que já deixais sabido, virão fazer barões de fortes peitos. Agora, pois que tendes aprendido trabalhos que vos façam ser aceitos às eternas esposas e fermosas, que coroas vos tecem gloriosas, (1)
(1) “Até aqui, portugueses, vos foi concedido saberdes os futuros feitos que os fortes varões virão a realizar no Oceano Índico. Agora que já tendes aprendidos trabalhos que os façam ser aceitos pelas ninfas e musas, estas que hão de coroar-vos com glórias… Camões canta que Tétis, tendo terminado de mostrar a máquina do mundo para o capitão Vasco da Gama, diz que a frota portuguesa já pode continuar viagem [continua na próxima estrofe].
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
“Até aqui, portugueses, vos foi concedido saberdes os futuros feitos que os fortes varões virão a realizar no Oceano Índico. Agora que já tendes aprendidos trabalhos que os façam ser aceitos pelas ninfas e musas, estas que hão de coroar-vos com glórias…
CANTO X – ESTROFE 143
“Os portugueses deixam a Ilha dos Amores e seguem caminho para Portugal”
“Podei-vos embarcar, que tendes vento
E mar tranquilo, pera a pátria amada.”
Assi lhe disse: e logo movimento
Fazem da ilha alegre e namorada.
Levam refresco e nobre mantimento;
Levam a companhia desejada
Das ninfas, que hão-de ter eternamente
Por mais tempo que o Sol o mundo aquente.
“Podei-vos embarcar, que tendes vento e mar tranquilo, pera a pátria amada.” Assi lhe disse: e logo movimento fazem da ilha alegre e namorada. Levam refresco e nobre mantimento; levam a companhia desejada das ninfas, que hão-de ter eternamente por mais tempo que o Sol o mundo aquente. (1)
(1) “Aproveitem o vento e o mar tranquilo e embarquem de volta para a sua amada pátria” Assim lhe disse Tétis e logo os marinheiros deixam a alegre e namorada Ilha dos Amores. Levam água e nobres mantimentos, além das suas desejadas ninfas, estas que, mesmo quando o Sol se apagar, anda os acompanharão. Camões canta que Tétis termina sua fala e, com isso, os portugueses deixam a Ilha dos Amores e partem rumo à Portugal.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
“Aproveitem o vento e o mar tranquilo e embarquem de volta para a sua amada pátria” Assim lhe disse Tétis e logo os marinheiros deixam a alegre e namorada Ilha dos Amores. Levam água e nobres mantimentos, além das suas desejadas ninfas, estas que, mesmo quando o Sol se apagar, anda os acompanharão.
CANTO X – ESTROFE 144
“A frota portuguesa retorna para Portugal, concluindo a sua grandiosa jornada”
Assi foram cortando o mar sereno
Com vento sempre manso e nunca irado,
Até que houveram vista do terreno
Em que nasceram, sempre desejado.
Entrando pela foz do Tejo ameno;
E à sua pátria e rei temido e amado
O prêmio e glória dão por que mandou,
E com títulos novos se ilustrou.
Assi foram cortando o mar sereno com vento sempre manso e nunca irado, até que houveram vista do terreno em que nasceram, sempre desejado. Entrando pela foz do Tejo ameno; e à sua pátria e rei temido e amado o prêmio e glória dão por que mandou, e com títulos novos se ilustrou. (1)
(1) Assim a frota portuguesa foi cortando o sereno mar com seus ventos sempre mansos e nunca irando até que avistaram as terras em que nasceram e sempre desejaram. Entram pela foz do ameno rio Tejo, dando à sua pátria e ao seu respeitado e amado rei o prêmio e a glória que ele os mandou, com o monarca recebendo seus novos títulos. Camões canta que os portugueses finalmente retornam para Portugal e glorificam o seu rei com as conquistas que ele tanto desejava.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
Assim a frota portuguesa foi cortando o sereno mar com seus ventos sempre mansos e nunca irando até que avistaram as terras em que nasceram e sempre desejaram. Entram pela foz do ameno rio Tejo, dando à sua pátria e ao seu respeitado e amado rei o prêmio e a glória que ele os mandou, com o monarca recebendo seus novos títulos.
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Os Lusíadas (Edição Didática) – Volume I
Obra completa de Camões com notas e comentários de Francisco de Sales Lencastre, sendo a melhor edição para quem busca compreender todos os detalhes deste grande épico.
Os Lusíadas (Edição Didática) – Volume II
Obra completa de Camões com notas e comentários de Francisco de Sales Lencastre, sendo a melhor edição para quem busca compreender todos os detalhes deste grande épico.
Esses foram os nossos comentários sobre a centésima trigésima nona até a centésima quadragésima quarta estrofe do décimo canto de Os Lusíadas, onde Camões canta que Tétis mostra as terras da América e os portugueses finalmente voltam para Portugal.
Eu sou Caio Motta e convido você a continuar acompanhando os nossos comentários sobre a grande obra de Camões, bem como demais textos da grande literatura universal presentes no nosso blog.