Quando começamos a ler as primeiras estrofes de Os Lusíadas, de Luiz Vaz da Camões, percebemos que o poeta faz uma série de citações a pessoas, deuses, locais e criaturas históricas e mitológicas no decorrer de sua obra. Esse é um hábito comum nas obras clássicas, pois os autores, quando citam essas figuras, além de estarem fazendo referência aos símbolos que elas representam, também estão criando um diálogo uns com os outros.
Neste artigo vamos abordar o significado e as referências que Camões utiliza quando menciona as Tágides, Musas e as Nereidas em sua obra.

Quem são as Tágides, Musas e as Nereidas?
As tágides, musas e as nereidas são ninfas, seres femininos divinos presentes na mitologia greco/romana, geralmente consideradas espíritos da natureza sem grande importância, embora algumas tenham o nome mais conhecido por seus feitos, como Tétis, mãe de Aquiles.
São conhecidas por viverem afastados das civilizações dos homens, podendo ser encontradas vivendo em lagos e rios, como também habitando as moradas dos deuses.
Qual sua função na mitologia?
Sua função varia muito conforme o autor que a utiliza. Na Ilíada de Homero, a ninfa Tétis auxilia seu filho Aquiles durante o Cerco de Troia, atendendo ao seu chamado no começo da obra e, quando o herói precisa de uma nova armadura e escudo, ela mesma vai até Hefesto, deus do fogo, para que ele crie um artefato para seu filho. Na própria história de Hefesto consta que, quando ele foi abandonado por sua mãe Hera, foi a ninfa Tétis quem o criou, sendo ela uma das mais conhecidas.
No geral, os poetas mencionam as ninfas pela alcunha de Musas, sendo que elas servem de inspiração para a criação de seus versos e estão associados com o Apolo, deus da poesia.
Menção na obra de Camões
Camões, em sua obra máxima Os Lusíadas, começa convocando as Tágides para que o inspirem a cantar os grandes feitos do povo lusitano, sendo que o autor diz que elas já lhe inspiraram a compor seus versos no passado.
As musas são chamadas de Tágides por habitarem o Tejo, rio que passa por Portugal e desagua em Lisboa. No caso, o poeta, bem como os outros que já se referiam as musas por essa alcunha, referência que os rios e lagos de Portugal também são habitados por tais criaturas, dando importância à sua terra e mostrando que eles são herdeiros e continuadores da arte greco-romana.
No decorrer da obra Camões também menciona as nereidas, que são ninfas filhas de Nereu que habitam os mares. No caso elas acompanham os lusíadas enquanto eles cortam os mares em sua viagem rumo ao Oriente.
Veja os nossos comentários sobre a passagem de Os Lusíadas onde Camões pede inspiração às Tágides aqui.
Referência em outras obras
Quando Camões, no começo de Os Lusíadas, pede que as Tágides lhe inspirem a cantar seus versos, está também fazendo referencia aos poetas clássicos renomados que, no começo de suas obras, também pediram às musas que lhe inspirem a cantar seus versos.
“Conta-me, musa, a história do homem de muitos senderos, que, depois de destruir a sacra cidade de Troia, andou peregrinando larguíssimo tempo.” – Homero
“Conta-me, musa, as causas; ofendido que numen ou dolida por que a rainha dos deuses a sofrer tantas penas empurrou a um homem de notável piedade, a fazer frente a tanto incomodo. Tão grande é a ira do coração dos deuses?” – Virgílio
“Oh musas, oh altos gênios, ajuda-me! Oh memória que aponta o que vi, agora se verá tu autêntica nobreza!” – Dante Alighieri
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Esses foram os nossos comentários sobre as referencias que Camões faz quando menciona às Tágides, Musas e as Nereidas em Os Lusíadas.
Eu sou Caio Motta e convido você a continuar acompanhando os nossos comentários sobre a grande obra de Camões, bem como demais textos da grande literatura universal presentes no nosso blog.