Neste nosso quinto e último comentário sobre São Bernardo, vemos o suicídio de Madalena, os anos seguintes na fazenda São Bernardo e as autorreflexões de Paulo Honório sobre sua vida.
O suicídio de Madalena
Paulo, que passou a noite dormindo na igreja, só voltou para casa no fim da manhã. Subindo as escadas, ouviu gritos vindo de dentro e, entrando apressado foi encontrar Madalena caída no chão de seu quarto com os olhos virados e sua boca espumando; ao lado de seu corpo tinha frasco quebrado com um líquido. Ele fez os esforços possíveis para reanimar a esposa, mas já era tarde. Estava morta, tendo tirado sua própria vida.
Ao lado da cabeceira da cama estava a carta que ela disse ter escrito, contendo a despedida de Madalena, faltando apenas a página que Paulo encontrou solta no pátio no dia anterior. Agora ele entendia tudo, mas agora já era tarde demais.
Madalena foi enterrada em São Bernardo, na capela da fazenda, sendo este o fim do casamento de três anos dela e de Paulo.
Os anos seguintes
Após o suicídio de sua esposa, Paulo tentou focar sua atenção à São Bernardo, esta que era a única coisa que sabia fazer, mas não foi o bastante para amenizar o peso da perda que ele mesmo causou por causa de seus ciúmes. Até precisou se mudar do quarto principal da casa, indo para um cômodo menor.
Um tempo depois d. Glória foi embora da fazenda. Mesmo a velha tia de Madalena não tendo nenhum meio de se virar, disse que preferia enfrentar o duro mundo do que continuar em São Bernardo, local que lembrava tanto a imagem de sua falecida sobrinha. Paulo tentou convence-la a ficar, mas a mulher já estava decidida a deixar a fazenda.
Em seguida veio o pedido de demissão do velho Ribeiro. Recordações de Madalena, o mesmo argumento de d. Glória foi dado pelo guarda-livros de São Bernardo. Paulo também tentou convence-lo a ficar, dizendo que estava muito velho, e que ele, em lugar nenhum, conseguiria um emprego para se sustentar até seus últimos dias. Mas, assim como d. Glória, ele estava decidido a encarar novas dificuldades do que ficar em São Bernardo.
Padilha ficou na fazenda um tempo. Paulo, que tinha a intenção de demitir o ex-dono de São Bernardo e atual professor da escola, mudou de ideia, preferindo a sua companhia. Mas, quando começou a irromper uma revolução socialista no país, Padilha, que sempre foi adepto das teorias revolucionais, se juntou as tropas, tendo inclusive alistado alguns homens da fazenda para os incorporar o exército vermelho.
O pequeno filho de Paulo e Madalena crescia. Paulo, que casou apenas para gerar um herdeiro para cuidar de São Bernardo, agora não sabia bem o que fazer com a criança. Questionava-se de devia abandona-lo ou cuidar de seu filho.
O ano seguinte a morte de Madalena foi marcado por uma revolução. Ela atrapalhou muito os negócios, obrigando Paulo a acabar com a avicultura, horticultura e a pomicultura de São Bernardo. As coisas que ele tinha tão se esforçado para construir agora começavam a acabar.
Um livro sobre a minha vida
Dois anos após a morte Madalena, com os negócios indo de mal a pior, Paulo veio com a ideia de escrever um livro de sua vida, contando os fatos que o levaram a adquirir São Bernardo e os anos seguintes como dono da fazenda.
As palavras vão saindo e, como isso, Paulo vai fazendo uma análise de como levou sua vida. Mesmo sendo um homem muito saudável e estando muito bem de vida, ele vê a assim mesmo como alguém arrasado. Cinquenta anos nas costas, todos vividos para o dinheiro e para São Bernardo que, agora, Paulo percebe que não valeu a pena, não teve sentido nenhum. Tudo que fez foi maltratar a si e aos outros. Agora ele percebe que jogou sua vida fora.
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Esse foi o nosso quinto e último comentário sobre São Bernardo, onde vimos o suicídio de Madalena, os anos seguintes na fazenda São Bernardo e as autorreflexões de Paulo Honório sobre sua vida.
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