Neste nosso vigésimo sexto comentário sobre Os Lusíadas, continuaremos a ler o terceiro canto da obra, onde Camões canta a descrição do território europeu feita pelo capitão Vasco da Gama ao rei de Melinde.
CANTO III – ESTROFE 6
“O capitão Vasco da Gama fala da localização da Europa no mundo”
Entre a zona que o Cancro senhoreia,
Meta setentrional do sol luzente,
E aquela que por fria se arreceia
Tanto, como a do meio por ardente,
Jaz a soberba Europa, a quem rodeia,
Pela parte de Arcturo e do Oriente,
Com suas salsas ondas o oceano,
E, pela austral, o mar Mediterrâneo.
“Entre a zona que o Cancro senhoreia, meta setentrional do sol luzente, e aquela que por fria se arreceia tanto, como a do meio por ardente, jaz a soberba Europa, a quem rodeia, pela parte de Arcturo e do Oriente, com suas salsas ondas o oceano, e, pela austral, o mar Mediterrâneo.”
(1) Entre a zona que é dominada pelo signo de Câncer, que baliza o sol resplandecente e que arreceia a zona glacial, está a magnífica Europa, a quem o Oceano rodeia com suas ondas salgadas pelo Norte, enquanto o mar Mediterrâneo rodeia pelo Sul. Camões canta que o capitão Vasco da Gama começa a falar sobre o território do reino português falando sobre a localização da Europa.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
“Entre a zona que é dominada pelo signo de Câncer, que baliza o sol resplandecente e que arreceia a zona glacial, está a magnífica Europa, a quem o Oceano rodeia com suas ondas salgadas pelo Norte, enquanto o mar Mediterrâneo rodeia pelo Sul.”
CANTO III – ESTROFE 7
“A Europa é vizinha da Ásia pelo Oriente e, ao sul, em está o mar Mediterrâneo”
“Da parte donde o dia vem nascendo,
Com Ásia se avizinha; mas o rio
Que dos montes Rifeios vai correndo
Na alagoa Meótis, curvo e frio,
As divide: e o mar que, fero e horrendo,
Viu dos gregos o irado senhorio,
Onde agora de Troia triunfante
Não vê mais que a memória o navegante.
“Da parte donde o dia vem nascendo, com Ásia se avizinha; mas o rio que dos montes Rifeios vai correndo na alagoa Meótis, curvo e frio, as divide: e o mar que, fero e horrendo, viu dos gregos o irado senhorio, onde agora de Troia triunfante não vê mais que a memória o navegante. (1)”
(1) Do Oriente, onde o dia vem nascendo, a Europa avizinha-se com a Ásia, mas elas são divididas pelo rio que, curvo e frio, sai dos montes Refeios e vai correndo na lagoa Meótis. Também é dividida pelo feroz e horrendo mar Mediterrâneo, que ficou sob domínio dos gregos quando triunfaram sobre Troia, esta que não está mais na memória. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, falando sobre a localização da Europa, diz que ela é vizinha das terras asiáticas, mas está separa por rios, montanhas e o mar Mediterrâneo.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
Do Oriente, onde o dia vem nascendo, a Europa avizinha-se com a Ásia, mas elas são divididas pelo rio que, curvo e frio, sai dos montes Refeios e vai correndo na lagoa Meótis. Também é dividida pelo feroz e horrendo mar Mediterrâneo, que ficou sob domínio dos gregos quando triunfaram sobre Troia, esta que não está mais na memória.
CANTO III – ESTROFE 8
“O norte da Europa fica próximo do gelado Polo Norte”
“Lá onde mais debaixo está do Polo,
Os montes hiperbóreos aparecem
E aqueles onde sempre sopra Eolo,
E c’o nome dos sopros se enobrecem.
Aqui tão pouca força tem Apolo
Os raios que no mundo resplandecem,
Que a neve está continho pelos montes,
Gelado do mar, geladas sempre as fontes.
“Lá onde mais debaixo está do Polo, os montes hiperbóreos aparecem e aqueles onde sempre sopra Eolo, e c’o nome dos sopros se enobrecem. Aqui tão pouca força tem Apolo os raios que no mundo resplandecem, que a neve está continho pelos montes, gelado do mar, geladas sempre as fontes.”
(1) Lá, onde a Europa está mais abaixo do Polo Norte, aparecem os montes Hiperbóreos, assim como aqueles montes onde Eolo sempre sopra, enobrecendo o nome dos ventos. Nesta região os raios resplandecentes de Apolo têm pouca força, sendo que a neve não derrete nos montes, o mar está sempre gelado, assim como as fontes de água. Camões canta que o capitão Vasco da Gama comenta sobre o norte da Europa, este que são muita gelados e frios por estarem próximos do polo Norte.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
“Lá, onde a Europa está mais abaixo do Polo Norte, aparecem os montes Hiperbóreos, assim como aqueles montes onde Eolo sempre sopra, enobrecendo o nome dos ventos. Nesta região os raios resplandecentes de Apolo têm pouca força, sendo que a neve não derrete nos montes, o mar está sempre gelado, assim como as fontes de água.”
CANTO III – ESTROFE 8
“O norte da Europa fica próximo do gelado Polo Norte”
“Lá onde mais debaixo está do Polo,
Os montes hiperbóreos aparecem
E aqueles onde sempre sopra Eolo,
E c’o nome dos sopros se enobrecem.
Aqui tão pouca força tem Apolo
Os raios que no mundo resplandecem,
Que a neve está continho pelos montes,
Gelado do mar, geladas sempre as fontes.
“Lá onde mais debaixo está do Polo, os montes hiperbóreos aparecem e aqueles onde sempre sopra Eolo, e c’o nome dos sopros se enobrecem. Aqui tão pouca força tem Apolo os raios que no mundo resplandecem, que a neve está continho pelos montes, gelado do mar, geladas sempre as fontes.”
(1) Lá, onde a Europa está mais abaixo do Polo Norte, aparecem os montes Hiperbóreos, assim como aqueles montes onde Eolo sempre sopra, enobrecendo o nome dos ventos. Nesta região os raios resplandecentes de Apolo têm pouca força, sendo que a neve não derrete nos montes, o mar está sempre gelado, assim como as fontes de água. Camões canta que o capitão Vasco da Gama comenta sobre o norte da Europa, este que são muita gelados e frios por estarem próximos do polo Norte.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
“Lá, onde a Europa está mais abaixo do Polo Norte, aparecem os montes Hiperbóreos, assim como aqueles montes onde Eolo sempre sopra, enobrecendo o nome dos ventos. Nesta região os raios resplandecentes de Apolo têm pouca força, sendo que a neve não derrete nos montes, o mar está sempre gelado, assim como as fontes de água.”
CANTO III – ESTROFE 9
“O norte da Europa era habitado pelos Citas”
Aqui dos Citas grandes quantidade
Vivem, que antigamente grande guerra
Tiveram sobre a humana quantidade
Co’ os que tinham então a egípcia terra:
Mas quem tão fora estava da verdade,
(Já que o juízo humano tanto erra)
Para que do mais certo se informara,
Ao campo damasceno o perguntara.
“Aqui dos citas grandes quantidade vivem, que antigamente grande guerra tiveram sobre a humana quantidade co’ os que tinham então a egípcia terra: mas quem tão fora estava da verdade, (Já que o juízo humano tanto erra) para que do mais certo se informara, ao campo damasceno o perguntara. (1)”
(1) Nestas regiões viveram em grande quantidade os citas, estes que tiveram uma grande guerra sobre a descendência dos humanos com os povos que dominavam a terra egípcia. Mas, como que o juízo humano erra tanto, se alguém queria saber qual a verdade, que pergunte anas terras damascenas para saber quem dos dois estava certo. Camões canta que o capitão Vasco da Gama conta que o norte da Europa era habitado pelos citas, estes que disputaram com os descentes dos egípcios para saber qual foi a primeira civilização humana. Citas foram antigos povos bárbaros que habitam o noroeste da Europa; campo damasceno é a região que contempla a Siria, esta que, segundo a bíblia sagrada, ficava o paraíso terrestre.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
“Nesta região norte da Europa viviam os numerosos povos citas, estes que, antigamente, tiveram uma guerra sobre a humana quantidade com os povos descendentes dos egípcios. Mas, como o juízo humano erra muito, se realmente queres saber quais dos dois tinha razão, pergunte nas terras de Damasco.”
CANTO III – ESTROFE 10
“Na região norte da Europa está a Lapônia, Noruega, e a Escandinávia”
Agora nestas partes se nomeia
A Lápia fria, a inculta Noruega,
Escandinávia ilha, que se arreceia
Das vitórias que Itália não lhe nega.
Aqui, enquanto as águas não refreia
O congelado inverno, se navega
Um braço do sarmático Oceano,
Pelo Brúsio, Suécio e frio Dano.
“Agora nestas partes se nomeia a Lápia fria, a inculta Noruega, Escandinávia ilha, que se arreceia das vitórias que Itália não lhe nega. Aqui, enquanto as águas não refreia o congelado inverno, se navega um braço do sarmático Oceano, pelo Brúsio, Suécio e frio Dano. (1)”
(1) Agora está região está a fria Lapônia, a inculta Noruega e a ilha Escandinávia, sendo que eles se vangloriam das vitórias sobre os romanos. Aqui, enquanto o inverno congelado não paralisa as águas, navega um braço do Oceano Báltico pelos povos prussianos, suecos e dinamarqueses. Camões canta que o capitão Vasco da Gama diz que no norte da Europa estão as terras da Lapônia, Noruega e Escandinávia, sendo que, quando não estão congeladas, as águas do mar báltico são navegadas pelos povos prussianos, suecos e dinamarqueses. Escandinávia, na época, pensava-se ser uma ilha; as vitórias sobre a Itália é uma referencia as invasões bárbaras contra o território do Império Romano; oceano sarmático é o antigo nome do mar báltico;
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
“A região norte da Europa agora corresponde à fria Lapônia, a inculta Noruega e a ilha Escandinávia, sendo que os povos dessa região se vangloriam das vitórias sobre os romanos. Aqui, enquanto o congelante inverno não parou as águas, braço do mar báltico é navegado pelos povos prussianos, suecos e dinamarqueses.”
CANTO III – ESTROFE 11
“Na região norte existe o mar báltico”
Entre este mar e o Tánais estranha
Gente: rutenos, moscos e livônios,
Sármatas outro tempo; e na montanha
Hircínia os marcomanos são polônios;
Sujeitos ao império de Alemanha
São saxones, boêmios e panônios,
E outras várias nações, que o Reno frio
Lava, e o Danúbio, Amásis e Álbis rio.
“Entre este mar e o Tánais estranha gente: rutenos, moscos e livônios, sármatas outro tempo; e na montanha Hircínia os marcomanos são polônios; sujeitos ao império de Alemanha são saxones, boêmios e panônios, e outras várias nações, que o Reno frio lava, e o Danúbio, Amásis e Álbis rio. (1)”
(1) Entre o mar báltico e o rio Tánais vivem os estranhos povos rutenos, moscos e livônios, sendo que todos estes, antigamente, eram chamados de sármatas; e os povos marcomanos da montanha Hircínia são polônios; os povos saxones, boêmios e panônios são sujeitos ao império da Alemanha, assim como outras nações que passam pelos rios Reno, Danúnio, Amásis e Álbis. Camões canta que o capitão Vasco da Gama continua a descrição da Europa, agora contando os povos que habitam a região do mar báltico (Europa Oriental).
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
“Entre o mar báltico e o rio Tánais vivem os estranhos povos rutenos, moscos e livônios, sendo que todos estes, antigamente, eram chamados de sármatas; e os povos marcomanos da montanha Hircínia são polônios; os povos saxones, boêmios e panônios são sujeitos ao império da Alemanha, assim como outras nações que passam pelos rios Reno, Danúnio, Amásis e Álbis.”
CANTO III – ESTROFE 12
“No sudoeste da Europa ficava a região da antiga Trácia”
“Entre o remoto Istro e o claro estreito,
Aonde Hele deixou c’o nome a vida,
Estão os traces de robusto peito,
Do fero Marte pátria tão querida,
Onde, c’o Hemo, o Ródape sujeito
Ao otomano está, que sometida
Bizâncio tem a seu serviço indino:
Boa injúria do grande Constantino!
“Entre o remoto Istro e o claro estreito, aonde Hele deixou c’o nome a vida, estão os traces de robusto peito, do fero Marte pátria tão querida, onde, c’o Hemo, o Ródape sujeito ao otomano está, que sometida Bizâncio tem a seu serviço indino: boa injúria do grande Constantino! (1)”
(1) Os traces de robusto peito que tinham a pátria tão querida pelo feroz Marte habitam a região que fica entre o remoto Isto e o claro estreito de Helesponto, onde Hele deixou a vida e o seu nome; e também onde Ródape está sujeito com Hemo ao imperador otomano que tem Bizâncio sob seu comando, esta que é uma grande ofensa ao grande Constantino. Camões canta que o capitão Vasco da Gama continua sua descrição da Europa, agora contam sobre os povos e reino que habitam a região sudoeste do continente, próximo à Turquia.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
“Os traces de robusto peito, que tinham a pátria tão querida pelo feroz Marte, habitam a região que fica entre o remoto Isto e o claro estreito de Helesponto, onde Hele deixou a vida e o seu nome; e também onde Ródape está sujeito com Hemo ao imperador otomano que tem Bizâncio sob seu comando, esta que é uma grande ofensa ao grande Constantino.”
CANTO III – ESTROFE 13
“Na região da Trácia ficava a Macedônia e as terras da Grécia”
Logo de Macedônia estão as gentes,
A quem lava do Áxio a água fria;
E vós também, ó terras excelentes
Nos costumes, engenhos e ousadia,
Que criastes os peitos eloquentos
E os juízos de alta fantasia.
Com quem tu, clara Grécia, o céu penetras,
E não menos por armas, que por letras.
“Logo de Macedônia estão as gentes, a quem lava do Áxio a água fria; e vós também, ó terras excelentes nos costumes, engenhos e ousadia, que criastes os peitos eloquentos e os juízos de alta fantasia. Com quem tu, clara Grécia, o céu penetras, e não menos por armas, que por letras. (1)”
(1) Em seguida estão os povos da Macedônia, que lava a água fria do rio Áxio, e onde estão as terras do povo grego de tão bons costumes, engenhos e ousasia – como os poetas e filósofos – que tu, clara Grécia, eleva-se aos céus não só pelas armas, como também pelas letras. Camões canta que o capitão Vasco da Gama continua sua descrição da Europa, agora falando da região que corresponde a Macedônia e a Grécia.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
“Em seguida estão os povos da Macedônia, que lava a água fria do rio Áxio, e onde estão as terras do povo grego de tão bons costumes, engenhos e ousasia – como os poetas e filósofos – que tu, clara Grécia, eleva-se aos céus não só pelas armas, como também pelas letras.”
CANTO III – ESTROFE 14
“A região da Dalmácia e da Itália fica mais ao sul da Europa”
“Logo nos Dálmatas vivem; e no seio,
Onde Antenor já muros levantou,
A soberba Veneza está no meio
Das águas, que tão baixas começou.
Da terra um braço vem ao mar, que cheio
De esforço, nações várias sujeitou,
Braço forte, de gente sublimada,
Não menos nos engenhos, que na espada.
“Logo nos Dálmatas vivem; e no seio, onde Antenor já muros levantou, a soberba Veneza está no meio das águas, que tão baixas começou. Da terra um braço vem ao mar, que cheio de esforço, nações várias sujeitou, braço forte, de gente sublimada, não menos nos engenhos, que na espada.”
(1) Logo a diante está a Dalmácia, onde vivem os dálmatas, e no golfo da região está Veneza no meio das águas, lugar onde Antenor levantou seus muros. Nesta região conhecida como Itália o esforçado e sublime povo romano se lançou ao mar, conquistando várias nações e sendo mais conhecidos pelos seus talentos artísticos e feitos militares. Camões canta que o capitão Vasco da Gama continua sua descrição da Europa, agora falando sobre a região da península itálica, mais precisamente sobre o povo romano.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
“Logo a diante está a Dalmácia, onde vivem os dálmatas, e no golfo da região está Veneza no meio das águas, lugar onde Antenor levantou seus muros. Nesta região conhecida como Itália o esforçado e sublime povo romano se lançou ao mar, conquistando várias nações e sendo mais conhecidos pelos seus talentos artísticos e feitos militares.”
CANTO III – ESTROFE 15
“A região da Itália é cerca pelo mar Mediterrâneo e pelos Alpes”
Em torno o cerca o reino netunino,
C’os muros naturais por outra parte;
Pelo meio o divide o Apinino,
Que tão ilustre fez o pátrio Marte;
Mas depois que o porteiro tem divino,
Perdendo o esforço veio, e bélica arte;
Pobre está já da antiga potestade:
Tanto Deus se contenta de humildade!
“Em torno o cerca o reino netunino, c’os muros naturais por outra parte; pelo meio o divide o Apinino, que tão ilustre fez o pátrio Marte (1); mas depois que o porteiro tem divino, perdendo o esforço veio, e bélica arte; pobre está já da antiga potestade: tanto Deus se contenta de humildade! (2)”
(1) A península da Itália é cercada pelo reino de Netuno, enquanto o norte é cercado por montanhas; o meio é dividido pelas cordilheiras dos Apeninos, estas que fizeram Marte ilustre. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, em sua descrição sobre a Europa, continua falando da região da Itália, dizendo que ela é cercada pelo mar e, ao norte, possui montanhas; além disso, também possui uma cordilheira que divide o território. Ilustre fez Marte é uma referência às inúmeras batalhas que ocorreram nessas cordilheiras.
(2) Mas, após a chegada do Papa, o porteiro do céu, a região perdeu a sua sede militar e poderio, tanto que Deus se contenta com a humildade. Camões canta que o capitão Vasco da Gama descreve a mudança que os romanos tiveram após a chegada do cristianismo, já que a região deixou de ser a capital do mundo.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
“Os mares de Netuno cercam a região pelos lados e pelo sul, enquanto o norte é cercado por montes rochoso; o meio é dividido pelas cordilheiras dos Apeninos, estas que, por inúmeras batalhas, fizeram Marte ilustre. Mas, após a chegada do Papa, o porteiro do céu, a região perdeu a sua sede militar e poderio, mostrando como Deus se contenta com a humildade.”
CANTO III – ESTROFE 16
“A região da França era conhecida como Gália”
“Gália ali se verá que nomeada
C’os cesáreos triunfos foi no mundo,
Que do Séquana e Ródano é regada
E do Garuna frio e Reno fundo.
Logo os montes da ninfa sepultada
Pirene, se alevantam, que segundo
Antiguidades contam, quando arderam,
Rios de ouro e de prata então correram.
“Gália ali se verá que nomeada c’os cesáreos triunfos foi no mundo, que do Séquana e Ródano é regada e do Garuna frio e Reno fundo. Logo os montes da ninfa sepultada Pirene, se alevantam, que segundo antiguidades contam, quando arderam, rios de ouro e de prata então correram. (1)”
(1) A região da Gália, que é regada pelos rios Séquana, Ródano, o frio Garuna e o fundo Reno, ficou conhecida no mundo pelos triunfos de Júlio Cesar. É separada da península da Hispânia pela cordilheira dos Pirineus, que, segundo as lendas, quando arde, jorram rios de ouro e prata. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continua a descrição da Europa, agora fala da região da Gália, que hoje corresponde ao território da França.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
“A região da Gália, que é regada pelos rios Séquana, Ródano, o frio Garuna e o fundo Reno, ficou conhecida no mundo pelos triunfos do general romano Júlio Cesar. Ela é separada da península da Hispânia pela cordilheira dos Pirineus, que, segundo as lendas, quando arde, jorram rios de ouro e prata.”
CANTO III – ESTROFE 17
“Na região da Hispânia fica localizada a Espanha e de Portugal”
“Eis aqui se descobre a nobre Espanha,
Como cabeça ali de Europa toda,
Em cujo senhorio e glória estranha
Muitas voltas em dado a fatal roda;
Mas nunca poderá, com força ou manha,
A Fortuna inquieta pôr-lhe noda,
Que lha não tiro o esforço e ousadia
Dos belicosos peitos que em si cria.
“Eis aqui se descobre a nobre Espanha, como cabeça ali de Europa toda, em cujo senhorio e glória estranha muitas voltas em dado a fatal roda; mas nunca poderá, com força ou manha, a Fortuna inquieta pôr-lhe noda, que lha não tiro o esforço e ousadia dos belicosos peitos que em si cria.”
(1) E aqui se encontra a nobre Espanha, como a cabeça de toda a Europa, o poder e glória tem dado muitas voltas na rodada da fortuna; mas nunca poderá, com força ou malandragem, a inquieta Fortuna por lhe defeito que lhe tire o esforço e ousadia daqueles criados na Espanha. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a descrição da Europa, agora fala da região da Espanha.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
“E aqui se encontra a nobre Espanha, como a cabeça de toda a Europa, o poder e glória tem dado muitas voltas na rodada da fortuna; mas nunca poderá, com força ou malandragem, a inquieta Fortuna por lhe defeito que lhe tire o esforço e ousadia daqueles criados na Espanha”
CANTO III – ESTROFE 18
“Na região da Espanha fica o estreito de Gibraltar, que é a entrada do mar Mediterrâneo”
“Com Tingitânia entesta, e ali parece
Que quer fechar o Mar Mediterrâneo,
Onde o sábio Estreito se enobrece,
C’o extremo trabalho do tebano.
Com nações diferentes se engrandece,
Cercadas com as ondas do oceano;
Todas de tal nobreza e tal valor,
Que qualquer delas cuida que é melhor.
“Com Tingitânia entesta, e ali parece que quer fechar o Mar Mediterrâneo, onde o sábio Estreito se enobrece, c’o extremo trabalho do tebano. Com nações diferentes se engrandece, cercadas com as ondas do oceano; todas de tal nobreza e tal valor, que qualquer delas cuida que é melhor.”
(1) A Espanha fica em frente da Mauritânia que ali, no estreito de Gibraltar, parece querer fechar a entrada do mar Mediterrâneo, assim como o herói Hercules fez em um de seus trabalhos. A Espanha se engrandece com as diferentes nações que são cercadas pelas ondas do oceano, todas estas que, possuindo tamanha nobreza e valor, que qualquer uma julga o que é a melhor. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a sua descrição da Europa, ainda fala sobre a região da Espanha.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
“A Espanha fica em frente da Mauritânia que ali, no estreito de Gibraltar, parece querer fechar a entrada do mar Mediterrâneo, assim como o herói Hercules fez em um de seus trabalhos. A Espanha se engrandece com as diferentes nações que são cercadas pelas ondas do oceano, todas estas que, possuindo tamanha nobreza e valor, que qualquer uma julga o que é a melhor.”
CANTO III – ESTROFE 19
“A região da Espanha possui as terras de Catalunha, Navarro, Astúrias e Castela”
“Tem Tarragonês, que se fez claro
Sujeitando Partênope inquieta,
O Navarro, as Astúrias, que reparo
Já foram contra a gente maometa:
Tem o Galego cauto, e o grande e raro
Castelhano, a quem fez o seu planeta
Restituidor de Espanha e senhor dela,
Bétis, Leão, Granada com Castela.
“Tem Tarragonês, que se fez claro sujeitando Partênope inquieta, o Navarro, as Astúrias, que reparo já foram contra a gente maometa: tem o Galego cauto, e o grande e raro Castelhano, a quem fez o seu planeta restituidor de Espanha e senhor dela, Bétis, Leão, Granada com Castela.”
(1) A região da Espanha tem a Tarragona, capital da Catalunha, que já dominou a inquieta Napoles; tem o Navarro; as Astúrias, que já lutaram contra os muçulmanos; tem o prudente Galego; e o grande e raro Castelhano, que por sua sorte conseguiu restituir o território da Espanha, sendo senhor dela, de Bétis, Leao, Granada e também Castela. Camões canta que o capitão Vasco da Gama continua descrevendo a Europa, agora falando da região da Espanha e seus estados.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
“A região da Espanha é composta pelos estados de Tarragona, capital da Catalunha, que já dominou a inquieta Nápoles; tem o Navarro; as Astúrias, que já lutaram contra os muçulmanos; tem o prudente Galego; e o grande e raro Castelhano, que por sua sorte conseguiu restituir o território da Espanha, sendo senhor dela, de Bétis, Leão, Granada e também Castela.”
Gostou do conteúdo? Comece lendo a nossa série de posts sobre Os Lusíadas clicando aqui.
Leia o nosso próximo post sobre Os Lusíadas clicando aqui.
Os Lusíadas (Edição Didática) – Volume I
Obra completa de Camões com notas e comentários de Francisco de Sales Lencastre, sendo a melhor edição para quem busca compreender todos os detalhes deste grande épico.
Os Lusíadas (Edição Didática) – Volume II
Obra completa de Camões com notas e comentários de Francisco de Sales Lencastre, sendo a melhor edição para quem busca compreender todos os detalhes deste grande épico.
Esses foram os nossos comentários sobre a sexta até a décima nona estrofe do terceiro canto de Os Lusíadas, onde Camões canta a descrição do território europeu feita pelo capitão Vasco da Gama ao rei de Melinde.
Eu sou Caio Motta e convido você a continuar acompanhando os nossos comentários sobre a grande obra de Camões, bem como demais textos da grande literatura universal presentes no nosso blog.