Neste nosso vigésimo oitavo comentário sobre Os Lusíadas, continuaremos a ler o terceiro canto da obra, onde Camões canta como Afonso Henriques se tornou rei de Portugal e também fala sobre a Batalha de Ourique.

OS LUSÍADAS AFONSO HENRIQUES, O PRIMEIRO REI DE PORTUGAL
Afonso Henriques, o priemiro rei de Portugal

CANTO III – ESTROFE 42

“O capitão Vasco da Gama conta que o príncipe Afonso Henrique se preparava para atacar os mouros que dominavam os territórios vizinhos de Portugal”

 

Mas já o príncipe Afonso aparelhava

O lusitano exército ditoso

Contra o mouro que as terras habitava

D’além do claro Tejo deleitoso;

Já no campo de Ourique se assentava,

O arraial soberbo belicoso,

Defronte do inimigo sarraceno,

Posto que em força e gente tão pequeno.

 

“Mas já o príncipe Afonso aparelhava o lusitano exército ditoso contra o mouro que as terras habitava d’além do claro Tejo deleitoso; já no campo de Ourique se assentava, o arraial soberbo belicoso, defronte do inimigo sarraceno, posto que em força e gente tão pequeno.”

(1) Mas o príncipe Afonso Henrique já preparava o exército português contra os mouros que habitavam as terras que ficavam além do rio Tejo; as tropas se assentavam no campo de Ourique em frente aos inimigos muçulmanos mesmo estando em menor número. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a história de Portugal, comenta que bravo príncipe Afonso Henrique preparava a sua tropa para enfrentar os mouros nos campos de Ourique.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Mas o príncipe Afonso Henrique já preparava o exército português contra os mouros que habitavam as terras que ficavam além do rio Tejo; as tropas se assentavam no campo de Ourique em frente aos inimigos muçulmanos mesmo estando em menor número.”

CANTO III – ESTROFE 43

“O capitão Vasco da Gama comenta que o exército do príncipe era muito menor do que dos mouros, tendo apenas a confiança de Deus de sua vitoria”

 

Em nenhuma outra cousa confiado,

Senão no sumo Deus que o céu regia;

Que tão pouco era o povo batizado,

Que para um só cem mouros haveria.

Julga qualquer juízo sossegado

Por mais temeridade, que ousadia

Cometer um tamanho ajuntamento,

Que para um cavaleiro houvesse cento.

 

“Em nenhuma outra cousa confiado, senão no sumo Deus que o céu regia; que tão pouco era o povo batizado, que para um só cem mouros haveria. Julga qualquer juízo sossegado por mais temeridade, que ousadia cometer um tamanho ajuntamento, que para um cavaleiro houvesse cento. (1)

(1) O príncipe não confiava em nenhuma outra coisa senão no Sumo Deus que rege o céu, já que o seu exército era muito pequeno que, para cada um homem português, havia cem inimigos muçulmanos. Qualquer pessoa com juízo veria que, nesta situação, onde para cada cavaleiro há uma centena de sarracenos, sentiria mais medo do que coragem. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a história de Portugal, comenta a tamanha desvantagem que o príncipe Afonso Henrique estava na batalha dos portugueses contra os mouros em Ourique.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“O príncipe não confiava em nenhuma outra coisa senão no Sumo Deus que rege o céu, já que o seu exército era muito pequeno que, para cada um homem português, havia cem inimigos muçulmanos. Qualquer pessoa com juízo veria que, nesta situação, onde para cada cavaleiro há uma centena de sarracenos, sentiria mais medo do que coragem.”

CANTO III – ESTROFE 44

“O capitão Vasco da Gama comenta que o exército mouro era composto por cinco reis que possuíam muita experiencia em combate”

 

Cinco reis mouros são os inimigos,

Dos quais o principal Ismar se chama;

Todos exp’rimentados nos perigos

Da guerra, onde se alcança a ilustre fama.

Seguem guerreiras damas seus amigos,

Imitando a formosa e forte dama

De quem tanto os troianos se ajudaram,

E as que Termodonte já gostaram.

 

“Cinco reis mouros são os inimigos, dos quais o principal Ismar se chama; todos exp’rimentados nos perigos da guerra, onde se alcança a ilustre fama. Seguem guerreiras damas seus amigos, imitando a formosa e forte dama de quem tanto os troianos se ajudaram, e as que Termodonte já gostaram.”

(1) Os inimigos de Afonso Henrique são cinco reis mouros que provaram o seu valor em outras guerras, sendo que o mais conhecido deles chama-se Ismar. Mulheres guerreiras seguem seus amigos, assim como Pentesiléia, rainha das Amazonas de Termodonte, que auxiliou os troianos durante o Cerco da cidade de Troia. Camões canta que o capitão Vasco da Gamal, continuando a contar a história de Portugal, comenta que exército mouro que o príncipe Afonso iria enfrentar era composto por cinco reis muçulmanos. Pentesiléia era a rainha das Amazonas, um grupo de mulheres que habitavam as margens do rio Termodonte, localizado na Ásia Menor.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

Os inimigos de Afonso Henrique são cinco reis mouros que provaram o seu valor em outras guerras, sendo que o mais conhecido deles chama-se Ismar. Mulheres guerreiras seguem seus amigos, assim como Pentesiléia, rainha das Amazonas de Termodonte, que auxiliou os troianos durante o Cerco da cidade de Troia.

CANTO III – ESTROFE 45

“O capitão Vasco da Gama comenta a aparição de Jesus Cristo crucificado ao príncipe Afonso Henriques”

 

A matutina luz serena e fria

As estrelas do pólo já apartava,

Quando na cruz o Filho de Maria

Amostrando-se a Afonso o animava.

Ele, adorando quem lhe aparecia,

Na fé todo inflamado, assim gritava:

“Aos infiéis, Senhor, aos infiéis,

E não a mim, que creio que podeis!”

 

“A matutina luz serena e fria as estrelas do pólo já apartava, quando na cruz o Filho de Maria amostrando-se a Afonso o animava. Ele, adorando quem lhe aparecia, na fé todo inflamado, assim gritava: Aos infiéis, Senhor, aos infiéis, e não a mim, que creio que podeis! (1)

(1) A chegada da luz serena e fria da madrugada já estava afastando as estrelas do polo quando Jesus, filho de Maria apareceu na cruz para animar o príncipe Henrique, este que, adorando o que via, ficou tomado pela fé e então gritou: “Mostre-se aos mouros infiéis, Senhor, e não a mim, pois já creio no vosso poder divino.” Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a história de Portugal, comenta a aparição de Jesus Cristo crucificado que Afonso Henrique teve antes da batalha de Ourique.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“A chegada da luz serena e fria da madrugada já estava afastando as estrelas do polo quando Jesus, filho de Maria apareceu na cruz para animar o príncipe Henrique, este que, adorando o que via, ficou tomado pela fé e então gritou: Mostre-se aos mouros infiéis, Senhor, e não a mim, pois já creio no vosso poder divino.”

CANTO III – ESTROFE 46

“O capitão Vasco da Gama comenta que, com o milagre de Jesus, agora o povo de Portugal clamava o nome de Afonso Henriques, o tornando rei”

 

Com tal milagre os ânimos da gente

Portuguesa inflamados, levantavam

Por seu rei natural este excelente

Príncipe que do peito tanto amavam.

E diante do exército potente

Dos imigos, gritando o céu tocavam,

Dizendo em voz alta: “Real! Real,

Por Afonso, alto rei de Portugal.”

 

“Com tal milagre os ânimos da gente portuguesa inflamados, levantavam por seu rei natural este excelente príncipe que do peito tanto amavam. E diante do exército potente dos imigos, gritando o céu tocavam, dizendo em voz alta: Real! Real, por Afonso, alto rei de Portugal. (1)

(1) Com o acontecimento de tal milagre os ânimos dos portugueses se inflamaram, com eles aclamando o príncipe Afonso Henrique rei que eles tanto amavam, sendo que, diante do grande exército inimigo, gritavam dizendo: “Real!, Real, Afonso Henrique, nobre rei de Portugal.” Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a história de Portugal, comenta que, após a aparição de Jesus Cristo para Afonso Henrique, o povo português ficou alvoroçado com o milagre, clamando o príncipe como rei de Portugal.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Com o acontecimento de tal milagre os ânimos dos portugueses se inflamaram, com eles aclamando o príncipe Afonso Henrique rei que eles tanto amavam, sendo que, diante do grande exército inimigo, gritavam dizendo: Real!, Real, Afonso Henrique, nobre rei de Portugal.”

CANTO III – ESTROFE  47

“O capitão Vasco da Gama compara a batalha dos portugueses contra os mouros em Ourique com a luta de um cão ágil contra um touro imenso”

 

Qual, co’os gritos e vozes incitado

Pela montanha o rábido molosso,

Contra o touro remete, que fiado

Na força está corno temeroso:

Ora pega a orelha, ora no lado,

Latindo, mais ligeiro que forçoso,

Até que enfim, rompendo-lhe a garganta,

Do bravo a força horrenda se quebranta:

 

“Qual, co’os gritos e vozes incitado pela montanha o rábido molosso, contra o touro remete, que fiado na força está corno temeroso: ora pega a orelha, ora no lado, latindo, mais ligeiro que forçoso, até que enfim, rompendo-lhe a garganta, do bravo a força horrenda se quebranta. (1)

(1) Assim como raivoso cão molosso que, incitado pelos gritos e vozes dos caçadores, ataca o terrível touro que tem chifres poderosos e afiados; o molosso, sendo mais rápido do que forte, ora o morde uma orelha, ora morde um lado, até que enfim, latindo, rasga a garganta do touro, que perde a sua força e cai. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a história, compara o confronto dos portugueses contra os mouros como a luta de um cão com um touro que, por ser o canino mais muito ágil, consegue dar um golpe certeiro no grande animal [A comparação continua na próxima estrofe].

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Assim como raivoso cão molosso que, incitado pelos gritos e vozes dos caçadores, ataca o terrível touro que tem chifres poderosos e afiados; o molosso, sendo mais rápido do que forte, ora o morde uma orelha, ora morde um lado, até que enfim, latindo, rasga a garganta do touro, que perde a sua força e cai.”

CANTO III – ESTROFE 48

“O capitão Vasco da Gama comenta a batalha de Ourique”

 

Tal do rei novo o estâmago acendido

Por Deus, e pelo povo juntamente,

O bárbaro comete apercebido

Co’o animoso exército rompente.

Levantam nisto os perros alarido

Dos gritos, tocam a arma, ferve a gente,

As lanças e arcos tomam, tubas soam,

Instrumentos de guerra tudo atroam.

 

“Tal do rei novo o estâmago acendido por Deus, e pelo povo juntamente, o bárbaro comete apercebido co’o animoso exército rompente. Levantam nisto os perros alarido dos gritos, tocam a arma, ferve a gente, as lanças e arcos tomam, tubas soam, instrumentos de guerra tudo atroam.”

(1) Assim como raivoso cão que enfrenta um terrível touro, o novo rei, com seu animo incendiado pela aparição de Deus e por seu povo, avança com seu exército, atacando o bárbaro inimigo. Os gritos se levantam enquanto as tropas atacam cos suas armas; soam as trombetas de guerra, assim como os instrumentos de guerra. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a história de Portugal, narra a batalha de Ourique.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Assim como raivoso cão que enfrenta um terrível touro, o novo rei, com seu ânimo incendiado pela aparição de Deus e por seu povo, avança com seu exército, atacando o bárbaro inimigo. Os gritos se levantam enquanto as tropas atacam cos suas armas; soam as trombetas de guerra, assim como os instrumentos de guerra.”

CANTO III – ESTROFE 49

“O capitão Vasco da Gama compara os mouros com pastores que fogem com seus rebanhos ao serem pegos de surpresa por um incêndio”

 

Bem como quando a flama, que ateada

Foi nos áridos campos, (assoprando

O sibilante Bóreas) animada

Co’o vento, o seco manto vai queimando

A pastoral campanha, que deitada

Co’o doce sono estava, despertando

Ao estridor do fogo, que se ateia,

Recolhe o fato, e foge para a aldeia:

 

“Bem como quando a flama, que ateada foi nos áridos campos, (assoprando o sibilante Bóreas) animada co’o vento, o seco manto vai queimando a pastoral campanha, que deitada co’o doce sono estava, despertando ao estridor do fogo, que se ateia, recolhe o fato, e foge para a aldeia. (1)

(1) Assim como os pastores que, ao serem acordados de seu sono, recolhem seus rebanhos e fogem para as aldeias ao verem as animadas chamas sopradas pelo vento do norte queimando o seco mato dos áridos campos. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a história de Portugal, compara os mouros pegos de surpresa com aldeões que são pegos de surpresa ao verem um incêndio vindo em sua direção [A comparação continua na próxima estrofe].

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Assim como os pastores que, ao serem acordados de seu sono, recolhem seus rebanhos e fogem para as aldeias ao verem as animadas chamas sopradas pelo vento do norte queimando o seco mato dos áridos campos.”

CANTO III – ESTROFE 50

“O capitão Vasco da Gama comenta os mouros, mesmo sendo pegos desprevenidos, não fogem da batalha e enfrentam os portugueses”

 

Destarte o mouro, atônito e torvado,

Toma sem tento as armas mui depressa;

Não foge, mas espera confiado,

E o ginete belígero arremessa;

O Português o encontra denodado,

Pelos peitos as lanças lhe atravessa:

Uns caem meios mortos, e outros vão

A ajuda convocando do Alcorão.

 

“Destarte o mouro, atônito e torvado, toma sem tento as armas mui depressa; não foge, mas espera confiado, e o ginete belígero arremessa; o Português o encontra denodado, pelos peitos as lanças lhe atravessa: uns caem meios mortos, e outros vão a ajuda convocando do Alcorão. (1)

(1) Assim como o pastor que é acordado de surpresa com um incêndio, os mouros, de maneira semelhante, ficam admirados e assustados com a investida dos portugueses, tendo que pegar em armas com pressa; eles não fogem do ataque e, confiando em sua força, avançam com sua cavalaria. Os corajosos portugueses avançam, atravessando com suas lanças o peito do inimigo mouro; alguns caem mortos, enquanto outros rezam pedindo ajuda de Maomé. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a história de Portugal, ainda comenta a batalha de Ourique.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Assim como o pastor que é acordado de surpresa com um incêndio, os mouros, de maneira semelhante, ficam admirados e assustados com a investida dos portugueses, tendo que pegar em armas com pressa; eles não fogem do ataque e, confiando em sua força, avançam com sua cavalaria. Os corajosos portugueses avançam, atravessando com suas lanças o peito do inimigo mouro; alguns caem mortos, enquanto outros rezam pedindo ajuda de Maomé.”

CANTO III – ESTROFE 51

“O capitão Vasco da Gama comenta o desenrolar da batalha de Ourique”

 

Ali se veem encontros temerosos

Para se desfazer uma alta serra,

E os animais correndo furiosos,

Que Netuno amostrou ferindo a terra;

Golpes se dão medonhos e forçosos,

Por toda a parte andava acesa a guerra:

Mas o de Luso, arnês, couraça e malha

Rompe, corta, desfaz, abola e talha.

 

“Ali se veem encontros temerosos para se desfazer uma alta serra, e os animais correndo furiosos, que Netuno amostrou ferindo a terra; golpes se dão medonhos e forçosos, por toda a parte andava acesa a guerra: mas o de Luso, arnês, couraça e malha rompe, corta, desfaz, abola e talha. (1)

(1) Na batalha era possível ver que os encontros dos dois exércitos eram assustadores, capazes de desfazer um esquadrão; era possível ver os cavalos correndo furiosos, como quando Netuno os fez sair do chão quando feriu a terra; fortes pancadas dão ambos os exércitos, com a guerra se desenrolava furiosa, mas os Lusitanos se destacavam, conseguindo cortar as armaduras dos mouros. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a história de Portugal, ainda comenta a batalha de Ourique.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Na batalha era possível ver que os encontros dos dois exércitos eram assustadores, capazes de desfazer um esquadrão; era possível ver os cavalos correndo furiosos, como quando Netuno os fez sair do chão quando feriu a terra; fortes pancadas dão ambos os exércitos, com a guerra se desenrolava furiosa, mas os Lusitanos se destacavam, conseguindo cortar as armaduras dos mouros.”

CANTO III – ESTROFE 52

“O capitão Vasco da Gama continua comentando a batalha de Ourique”

 

Cabeças pelo campo vão saltando,

Braços, pernas, sem dono e sem sentido;

E doutros as entranhas palpitando,

Pálida a cor, o gesto amortecido.

Já perde o campo o exército nefando,

Correm rios de sangue desparzido,

Com que também do campo a cor se perde,

Tornado carmesi de branco e verde.

 

“Cabeças pelo campo vão saltando, braços, pernas, sem dono e sem sentido; e doutros as entranhas palpitando, pálida a cor, o gesto amortecido. Já perde o campo o exército nefando, correm rios de sangue desparzido, com que também do campo a cor se perde, tornado carmesi de branco e verde. (1)

(1) Conforme a batalha se desenrola, cabeças de soldados mortos vão rolando no chão, junto com braços e pernas sem dono e sem vida, assim como entranhas. O exército dos mouros vai perdendo terreno para os portugueses, enquanto rios de sangue que correm no chão tornam em carmesim a branca e verde cor do campo. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a história de Portugal, vai concluindo a narração da batalha de Ourique.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Conforme a batalha se desenrola, cabeças de soldados mortos vão rolando no chão, junto com braços e pernas sem dono e sem vida, assim como entranhas. O exército dos mouros vai perdendo terreno para os portugueses, enquanto rios de sangue que correm no chão tornam em carmesim a branca e verde cor do campo.”

CANTO III – ESTROFE 53

“O capitão Vasco da Gama comenta o fim da Batalha de Ourique, com os portugueses se sagrando vencedores”

 

Já fica vencedor o Lusitano,

Recolhendo os troféus e presa rica;

Desbaratado e roto o Mouro hispano,

Três dias o grão rei no campo fica.

Aqui pinta no branco escudo ufano,

Que agora está vitória certifica,

Cinco escudos azuis esclarecidos,

Em finas destes cinco reis vencidos.

 

“Já fica vencedor o Lusitano, recolhendo os troféus e presa rica; desbaratado e roto o Mouro hispano, três dias o grão rei no campo fica.  Aqui pinta no branco escudo ufano, que agora está vitória certifica, cinco escudos azuis esclarecidos, em finas destes cinco reis vencidos. (1)

(1) O rei Afonso Henrique vence a batalha de Ourique, recolhendo as bandeiras inimigos e os despojos da batalha e, como exército mouro que dominava a Hispânia foi desmontado, o monarca português fica três dias no campo de batalha, a fim de demonstrar ser senhor destas terras. Ele, querendo documentar sua grande vitória, pinta no seu escudo de armas cinco gloriosos escudos azuis, simbolizando os cinco reis mouros derrotados. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a história de Portugal, comenta a vitória do rei Afonso Henrique na batalha de Ourique.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“O rei Afonso Henrique vence a batalha de Ourique, recolhendo as bandeiras inimigos e os despojos da batalha e, como exército mouro que dominava a Hispânia foi desmontado, o monarca português fica três dias no campo de batalha, a fim de demonstrar ser senhor destas terras. Ele, querendo documentar sua grande vitória, pinta no seu escudo de armas cinco gloriosos escudos azuis, simbolizando os cinco reis mouros derrotados.”

CANTO III – ESTROFE 54

“O capitão Vasco da Gama comenta que, após a vitória, o rei Afonso Henriques pinta seu brasão de armas simbolizando a vitória sobre os reis mouros”

 

E nestes cinco escudos pinta os trinta

Dinheiros, por que Deus fora vendido,

Escrevendo a memória (em vária tinta)

Daquele de quem foi favorecido:

Em cada um dos cinco, cinco pinta,

Porque fica assim o número cumprido,

Contando duas vezes o do meio,

Dos cinco azuis, que em cruz pintando veio.

 

“E nestes cinco escudos pinta os trinta dinheiros, por que Deus fora vendido, escrevendo a memória (em vária tinta) daquele de quem foi favorecido: em cada um dos cinco, cinco pinta, porque fica assim o número cumprido, contando duas vezes o do meio, dos cinco azuis, que em cruz pintando veio. (1)

(1) Já que foi graças à aparição de Deus que venceu a sua batalha, ele pinta nos cinco escudos as trinta moedas que representam o dinheiro que Judas vendeu Jesus, ficando em cada um dos escudos desenhado cinco moedas, além de estarem eles dispostos no formato de uma cruz. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a história de Portugal, comenta que o rei Afonso Henrique pinta em seu brasão de armas cinco escudos, que simbolizam os cinco reis mouros vencidos, e, como foi favorecido com a aparição Deus antes de sua batalha, em cada escudo cinco moedas, simbolizando as trinta moedas que Judas aceitou ao trair Jesus Cristo.  

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Já que foi graças à aparição de Deus que venceu a sua batalha, ele pinta nos cinco escudos as trinta moedas que representam o dinheiro que Judas vendeu Jesus, ficando em cada um dos escudos desenhado cinco moedas, além de estarem eles dispostos no formato de uma cruz.”

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Esses foram os nossos comentários sobre a quadragésima segunda até a quinquagésima quarta estrofe do terceiro canto de Os Lusíadas, onde Camões canta como Afonso Henriques se tornou rei de Portugal e também fala sobre a Batalha de Ourique.

Eu sou Caio Motta e convido você a continuar acompanhando os nossos comentários sobre a grande obra de Camões, bem como demais textos da grande literatura universal presentes no nosso blog.

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