Neste nosso trigésimo sexto comentário sobre Os Lusíadas, continuares a ler o quarto canto da obra, onde Camões canta o discurso que o Dom Nuno de Álvares Pereira fez aos nobres portugueses.

O DISCURSO DE DOM NUNES ÁLVARES PEREIRA
O discurso de Dom Nuno Álvares Pereira

CANTO IV – ESTROFE 12

“O capitão Vasco da Gama se reúne com os nobres portugueses para se preparar para a defesa de Portugal contra o ataque de Castela”

 

Joane, a quem o peito o esforço cresce,

Como a Sansão hebreo da guedelha,

Posto que tudo pouco lhe parece,

Co’os poucos de seu reino se aparelha;

E não porque conselho lhe falece,

Co’os principais senhores se aconselha,

Mas só por ver das gentes as sentenças,

Que sempre houve entre muitos diferenças.

 

“Joane, a quem o peito o esforço cresce, como a Sansão hebreo da guedelha, posto que tudo pouco lhe parece, co’os poucos de seu reino se aparelha; e não porque conselho lhe falece, co’os principais senhores se aconselha, mas só por ver das gentes as sentenças, que sempre houve entre muitos diferenças. (1)

(1) O rei João I, a quem a intrepidez cresce como crescia o cabelo do hebreu Sansão, preparando para a guerra, se reúne com nobres de Portugal, mesmo que seus números sejam poucos e o monarca já saiba o que deve fazer; pois só os reuniu para ver quais os seus pareces sobre o conflito, sendo que esses são sempre muito diferentes. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a história de Portugal, comenta que o rei João I, preparando para se defender do grande ataque feito por Castela, se reúne com os nobres portugueses.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“O rei João I, a quem a intrepidez cresce como crescia o cabelo do hebreu Sansão, preparando para a guerra, se reúne com nobres de Portugal, mesmo que seus números sejam poucos e o monarca já saiba o que deve fazer; pois só os reuniu para ver quais os seus pareces sobre o conflito, sendo que esses são sempre muito diferentes.”

CANTO IV – ESTROFE 13

“O capitão Vasco da Gama comenta que as opiniões do conselho são muito variadas e que o medo impera nos corações dos portugueses”

 

Não falta com razões quem desconcerte

Da opinião de todos na vontade,

Em quem o esforço antigo se converte

Em desusada e má deslealdade;

Podendo o temor mais, gelado, inerte,

Que a própria e natural fidelidade,

Negam o rei e a pátria; e, se convêm,

Negarão (como Pedro) o Deus que têm.

 

“Não falta com razões quem desconcerte da opinião de todos na vontade, em quem o esforço antigo se converte em desusada e má deslealdade; podendo o temor mais, gelado, inerte, que a própria e natural fidelidade, negam o rei e a pátria; e, se convêm, negarão (como Pedro) o Deus que têm. (1)

(1) Na reunião dos nobres portugueses, não falta aqueles que descordem da opinião da maioria; também não faltam aqueles que, antigamente eram corajosos, agora se mostrem covardes e desleais, sendo estes que, por causa do gelado e inerte medo, acabem negando a sua fidelidade ao rei e ao reino; estes, quando chegar a tenra hora, negarão como Pedro negou o próprio Deus. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a história de Portugal, comenta que na reunião dos nobres portugueses sobre a guerra contra Castela, muitos senhores portugueses se mostram contraditórios e covardes.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Na reunião dos nobres portugueses, não falta aqueles que descordem da opinião da maioria; também não faltam aqueles que, antigamente eram corajosos, agora se mostrem covardes e desleais, sendo estes que, por causa do gelado e inerte medo, acabem negando a sua fidelidade ao rei e ao reino; estes, quando chegar a tenra hora, negarão como Pedro negou o próprio Deus.”

CANTO IV – ESTROFE 14

“O capitão Vasco da Gama comenta que, diferente dos demais nobres portugueses no conselho, D. Nuno Álvares não teme as forças de Castela”

 

Mas nunca foi este que erro se sentisse

No forte Dom Nun’Álvares: mas antes,

Posto que em seus irmãos tão claro o visse,

Reprovando as vontades inconstantes,

Àquelas duvidosas gentes disse,

Com palavras mais duras que elegantes,

A mão na espada, irado e não facundo,

Ameaçando a terra, o mar e o mundo:

 

“Mas nunca foi este que erro se sentisse no forte Dom Nun’Álvares: mas antes, posto que em seus irmãos tão claro o visse, reprovando as vontades inconstantes, àquelas duvidosas gentes disse, com palavras mais duras que elegantes, a mão na espada, irado e não facundo, ameaçando a terra, o mar e o mundo: (1)

(1) Mas, enquanto existiam aqueles nobres que sentissem medo e covardia, o forte Dom Nuno Álvares nunca sentiu tais fraquezas, ao contrário, já que reprovou tais atitudes de seus próprios irmãos, assim como dos duvidosos nobres presentes e disse, com palavras que eram mais duras do que gentis e colocando a mão na espada, ameaças contra a terra, o mar e o mundo. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a história de Portugal, comenta que o D. Nuno Álvares reprovava a atitude covarde dos nobres presentes na reunião e disse as seguintes palavras [continua na próxima estrofe].

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Mas, enquanto existiam aqueles nobres que sentissem medo e covardia, o forte Dom Nuno Álvares nunca sentiu tais fraquezas, ao contrário, já que reprovou tais atitudes de seus próprios irmãos, assim como dos duvidosos nobres presentes e disse, com palavras que eram mais duras do que gentis e colocando a mão na espada, ameaças contra a terra, o mar e o mundo.”

CANTO IV – ESTROFE 14

“O capitão Vasco da Gama comenta que, diferente dos demais nobres portugueses no conselho, D. Nuno Álvares não teme as forças de Castela”

 

Mas nunca foi este que erro se sentisse

No forte Dom Nun’Álvares: mas antes,

Posto que em seus irmãos tão claro o visse,

Reprovando as vontades inconstantes,

Àquelas duvidosas gentes disse,

Com palavras mais duras que elegantes,

A mão na espada, irado e não facundo,

Ameaçando a terra, o mar e o mundo:

 

“Mas nunca foi este que erro se sentisse no forte Dom Nun’Álvares: mas antes, posto que em seus irmãos tão claro o visse, reprovando as vontades inconstantes, àquelas duvidosas gentes disse, com palavras mais duras que elegantes, a mão na espada, irado e não facundo, ameaçando a terra, o mar e o mundo: (1)

(1) Mas, enquanto existiam aqueles nobres que sentissem medo e covardia, o forte Dom Nuno Álvares nunca sentiu tais fraquezas, ao contrário, já que reprovou tais atitudes de seus próprios irmãos, assim como dos duvidosos nobres presentes e disse, com palavras que eram mais duras do que gentis e colocando a mão na espada, ameaças contra a terra, o mar e o mundo. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a história de Portugal, comenta que o D. Nuno Álvares reprovava a atitude covarde dos nobres presentes na reunião e disse as seguintes palavras [continua na próxima estrofe].

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Mas, enquanto existiam aqueles nobres que sentissem medo e covardia, o forte Dom Nuno Álvares nunca sentiu tais fraquezas, ao contrário, já que reprovou tais atitudes de seus próprios irmãos, assim como dos duvidosos nobres presentes e disse, com palavras que eram mais duras do que gentis e colocando a mão na espada, ameaças contra a terra, o mar e o mundo.”

CANTO IV – ESTROFE 15

“O capitão Vasco da Gama comenta que Dom Nuno discursa dizendo que os portugueses não devem temer os castelhanos”

 

“Como? Da gente ilustre portuguesa

Há de haver quem refuse o pátrio Marte?

Como? Desta província, que princesa

Foi das gentes na guerra em toda a parte,

Há de sair quem negue ter defesa?

Quem negue a fé, o amor, o esforço e a arte

De Português, e por nenhum respeito

O próprio reino queira ver sujeito?

 

“Como? Da gente ilustre portuguesa há de haver quem refuse o pátrio Marte? Como? Desta província, que princesa foi das gentes na guerra em toda a parte, há de sair quem negue ter defesa? Quem negue a fé, o amor, o esforço e a arte de Português, e por nenhum respeito o próprio reino queira ver sujeito? (1)

(1) “Como pode haver homens da ilustre estirpe portuguesa que se recusem a guerra? Como pode? Logo desta terra que, a guerra sempre foi notável, há alguém que se negue a defende-la de um ataque? Haverá quem negue a própria fé, o esforço e a arte portuguesa e, sem motivo algum, queria ver Portugal sujeita à Castela?” Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a história de Portugal, comenta a fala de D. Nuno Álvares, que questiona o medo dos nobres presentes na reunião de defesa de Portugal contra o ataque de Castela.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Como pode haver homens da ilustre estirpe portuguesa que se recusem a guerra? Como pode? Logo desta terra que, a guerra sempre foi notável, há alguém que se negue a defende-la de um ataque? Haverá quem negue a própria fé, o esforço e a arte portuguesa e, sem motivo algum, queria ver Portugal sujeita à Castela?”

CANTO IV – ESTROFE 16

“O capitão Vasco da Gama continua comentando o discurso de Dom Nuno ”

 

“Como? Não sois vós ainda os descendentes

Daqueles, que, debaixo da bandeira

Do grande Henriques, feroz e valentes,

Vencestes esta gente tão guerreira?

Quando tantas bandeiras, tantas gentes

Puseram em fugida, de maneira

Que sete ilustres condes lhe trouxeram

Presos, afora a presa que tiveram?

 

“Como? Não sois vós ainda os descendentes daqueles, que, debaixo da bandeira do grande Henriques, feroz e valentes, vencestes esta gente tão guerreira? Quando tantas bandeiras, tantas gentes puseram em fugida, de maneira que sete ilustres condes lhe trouxeram presos, afora a presa que tiveram? (1)

(1) Como? Não são vós descendentes daqueles ferozes e valentes cavaleiros que, lutando debaixo da bandeira do grande rei Afonso Henriques, venceram a gente castelhana tão guerreira e que puseram em fuga tantas bandeiras inimigas e que até trouxeram sete ilustres condes preso e além dos que já haviam capturado? Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a história de Portugal, continua comentando a fala de D. Nuno de Álvares, que diz que os nobres portugueses não devem temer os castelhanos, já que descendem diretamente dos cavaleiros portugueses que, muitas vezes, derrotaram Castela em batalha.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Como? Não são vós descendentes daqueles ferozes e valentes cavaleiros que, lutando debaixo da bandeira do grande rei Afonso Henriques, venceram a gente castelhana tão guerreira e que puseram em fuga tantas bandeiras inimigas e que até trouxeram sete ilustres condes preso e além dos que já haviam capturado?”

CANTO IV – ESTROFE 17

“O capitão Vasco da Gama continua a comenta o discurso de Dom Nuno”

 

“Com quem foram contigo sopeados

Estes, de quem o estais agora vós,

Por Dinis e seu filho sublimados,

Senão co’os vossos fortes pais e avós?

Pois, se com seus descuidos ou pecados,

Fernando em tal fraqueza assim vos pós,

Torne-vos vossas forças o rei novo,

Se é certo que co’o rei se muda o povo.

 

“Com quem foram contigo sopeados estes, de quem o estais agora vós, por Dinis e seu filho sublimados, senão co’os vossos fortes pais e avós? Pois, se com seus descuidos ou pecados, Fernando em tal fraqueza assim vos pós, torne-vos vossas forças o rei novo, se é certo que co’o rei se muda o povo. (1)

(1) Com quem o rei Dinis e seu filho, o rei Afonso IV, trouxeram terror aos castelhanos que agora estão a nossa porta se não com os vossos fortes pais e avós? Se foi por causa dos descuidos e pecados do finado rei Fernando I que vós, nobres portugueses, estão agora tão fracos, que então, pelo nosso novo rei, João I, recuperem as suas forças, já que é certo que é o rei que muda seu povo. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a história de Portugal, comenta que D. Nuno Álvares pede para que os nobres recuperem a sua força e coragem confiando no rei João I.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Com quem o rei Dinis e seu filho, o rei Afonso IV, trouxeram terror aos castelhanos que agora estão a nossa porta se não com os vossos fortes pais e avós? Se foi por causa dos descuidos e pecados do finado rei Fernando I que vós, nobres portugueses, estão agora tão fracos, que então, pelo nosso novo rei, João I, recuperem as suas forças, já que é certo que é o rei que muda seu povo.”

CANTO IV – ESTROFE 18

“O capitão Vasco da Gama continua a comenta o discurso de Dom Nuno”

 

“Rei tendes tal que, se o valor tiverdes

Igual ao rei que agora alevantastes,

Desbaratareis tudo o que quiserdes,

Quanto mais a quem já desbaratastes;

E se com isto enfim vos não moverdes

Do penetrante medo que tomastes,

Atai as mãos a vosso receio,

Que eu só resistirei ao jugo alheio.

 

“Rei tendes tal que, se o valor tiverdes igual ao rei que agora alevantastes, desbaratareis tudo o que quiserdes, quanto mais a quem já desbaratastes; E se com isto enfim vos não moverdes do penetrante medo que tomastes, atai as mãos a vosso receio, que eu só resistirei ao jugo alheio. (1)

(1) Vós, nobres portugueses, tendes um rei tal que, se conseguirem ter o mesmo valor que ele, conseguirão a força para destruir todos os seus adversários, força está que é muito maior do que qualquer outra que já tiveram. E, se isso que digo não for suficiente para tira-los do que os prendem agora, fiquem onde estão, porque, se for preciso, eu resistirei aos castelhanos sozinho. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a história de Portugal, comenta que o d. Nuno Álvares a lutarem contra o medo dos castelhanos, pois eles estão sob o comando de um rei que sobrepujara qualquer adversário que encontrar.  

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Vós, nobres portugueses, tendes um rei tal que, se conseguirem ter o mesmo valor que ele, conseguirão a força para destruir todos os seus adversários, força está que é muito maior do que qualquer outra que já tiveram. E, se isso que digo não for suficiente para tira-los do que os prendem agora, fiquem onde estão, porque, se for preciso, eu resistirei aos castelhanos sozinho.”

CANTO IV – ESTROFE 19

“O capitão Vasco da Gama termina de comenta o discurso de Dom Nuno, este que diz que, mesmo se os nobres não forem à guerra, ele ira sozinho”

 

“Eu só com meus vassalos, e com esta

(E dizendo isto, arranca meia espada)

Defenderei da força dura e infesta

A terra nunca de outrem sojugada.

Em virtude do rei, da pátria mesta,

Da lealdade já por vós negada,

Vencerei não só estes adversários,

Mas quantos a meu rei forem contrários.”

 

“Eu só com meus vassalos, e com esta (e dizendo isto, arranca meia espada) defenderei da força dura e infesta a terra nunca de outrem sojugada. Em virtude do rei, da pátria mesta, da lealdade já por vós negada, vencerei não só estes adversários, mas quantos a meu rei forem contrários. (1)

(1) Se vós não vos levantardes, eu, acompanhado apenas dos meus vassalos e com esta espada que seguro, defenderei as terras intocadas de Portugal contra a dura força de Castela. E em virtude do rei, da pátria e da lealdade que foi por vós negada, eu não somente vencerei os adversários que se encontram na nossa porta, como também quaisquer outros que forem contrários ao meu rei. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a história de Portugal, termia de comenta o discurso de D. Nuno Álvares, que pede para os nobres portugueses se levantarem e lutarem por Portugal e pelo rei João I.  

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Se vós não vos levantardes, eu, acompanhado apenas dos meus vassalos e com esta espada que seguro, defenderei as terras intocadas de Portugal contra a dura força de Castela. E em virtude do rei, da pátria e da lealdade que foi por vós negada, eu não somente vencerei os adversários que se encontram na nossa porta, como também quaisquer outros que forem contrários ao meu rei.”

CANTO IV – ESTROFE 20

“O capitão Vasco da Gama compara o grande discurso de Dom Nuno aos portugueses com o que Cornélio Cipião fez aos seus soldados romanos”

 

Bem como entre os mancebos recolhidos

Em Canúsio, relíquias sós de Canas,

Já para se entregar quase movidos

À fortuna das forças africanas,

Cornélio moço os faz que, compelidos

Da sua espada jurem que as romanas

Armas não deixarão, enquanto a vida

Os não deixar, ou nelas for perdida:

 

“Bem como entre os mancebos recolhidos em Canúsio, relíquias sós de Canas, já para se entregar quase movidos à fortuna das forças africanas, Cornélio moço os faz que, compelidos da sua espada jurem que as romanas armas não deixarão, enquanto a vida os não deixar, ou nelas for perdida: (1)

(1) Assim como quando o jovem general Cornélio Cipião, que tendo apenas alguns soldados que sobrevieram a batalha de Canas, faz eles, mesmo estando a tropa quase se entregando às forças inimigas de Cartago, jurarem com as espadas na mão que não largaram suas armas enquanto não forem mortos pelos adversários. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a história de Portugal, compara os portugueses que ouviram as palavras de D. Nuno Álvares com os solados romanos que lutaram sob o comando do general romano Cornélio Cipião.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Assim como quando o jovem general Cornélio Cipião, que tendo apenas alguns soldados que sobrevieram a batalha de Canas, faz eles, mesmo estando a tropa quase se entregando às forças inimigas de Cartago, jurarem com as espadas na mão que não largaram suas armas enquanto não forem mortos pelos adversários.”

CANTO IV – ESTROFE 21

“O capitão Vasco da Gama diz que o discurso de Dom Nuno inspira os nobres portugueses, removendo o medo que tinham de Castela”

 

Destarte a gente força e esforça Nuno,

Que, com quem lhe ouvir as últimas razões,

Removem o temor frio, importuno,

Que gelados lhe tinha os corações.

Nos animais cavalgam de Netuno,

Brandindo e volteando arremessões;

Vão correndo e gritando à boca aberta:

“Viva o famoso Rei, que nos liberta!”

 

“Destarte a gente força e esforça Nuno, que, com quem lhe ouvir as últimas razões, removem o temor frio, importuno, que gelados lhe tinha os corações. Nos animais cavalgam de Netuno, brandindo e volteando arremessões; vão correndo e gritando à boca aberta: Viva o famoso Rei, que nos liberta! (1)

(1) Assim como Cornélio Cipião inspirou seus soldados, D. Nuno Álvares inspira e fortalece os nobres, removendo o frio e importuno medo que tinha gelado os seus corações. Nos cavalos, selvagens animas de Netuno, eles cavalgam brandindo as armas de arremesso enquanto gritando: “Viva o famoso Rei, que nos liberta!”. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a história de Portugal, comenta que os nobres portugueses ficam inspirados após ouvirem as palavras de D. Nuno Álvares, perdendo o medo das forças de Castela.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Assim como Cornélio Cipião inspirou seus soldados, D. Nuno Álvares inspira e fortalece os nobres, removendo o frio e importuno medo que tinha gelado os seus corações. Nos cavalos, selvagens animas de Netuno, eles cavalgam brandindo as armas de arremesso enquanto gritando: “Viva o famoso Rei, que nos liberta!”

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Esses foram os nossos comentários sobre a décima segunda até a vigésima primeira estrofe do quarto canto de Os Lusíadas, onde Camões canta o discurso que o Dom Nuno de Álvares Pereira fez aos nobres portugueses.

Eu sou Caio Motta e convido você a continuar acompanhando os nossos comentários sobre a grande obra de Camões, bem como demais textos da grande literatura universal presentes no nosso blog.

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