Neste nosso trigésimo nono comentário sobre Os Lusíadas, continuaremos a ler o quarto canto da obra, onde Camões canta a viagem dos mensageiros enviados pelo rei João II ao Oriente.

Lusíadas-Camoes-canta-as-glorias-do-povo-lusitano
A viagem dos mensageiros portugueses no Oriente

CANTO IV – ESTROFE 60

“O capitão Vasco da Gama conta que, com a morte do rei Afonso V, o trono de Portugal foi assumido por seu sobrinho, o rei João II”

 

Porém, depois que a escura noite eterna

Afonso aposentou no céu sereno,

O príncipe, que o reino então governa

Foi Joane segundo, e rei trezeno.

Este, por haver fama sempiterna,

Mais do que tenar pode homem terreno,

Tentou, que foi buscar da roxa Aurora

Os términos que eu vou buscando agora. 

 

“Porém, depois que a escura noite eterna Afonso aposentou no céu sereno, o príncipe, que o reino então governa foi Joane segundo, e rei trezeno. Este, por haver fama sempiterna, mais do que tenar pode homem terreno, tentou, que foi buscar da roxa Aurora os términos que eu vou buscando agora. (1)

(1) Porém, quando a morte trouxe a escura noite para o rei Afonso V, aposentando o monarca no céu sereno, o príncipe passou a governar o reino de Portuga como João II, sendo ele o décimo terceiro monarca português. Ele, querendo alcançar a fama eterna, mais do que pode o homem terreno, foi buscar as terras orientais que nasce a roxa Aurora que eu, Vasco da Gama, busco agora. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a história de Portugal, comenta que, com a morte do rei Afonso V, seu filho e herdeiro, João II, assumiu o trono de português.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Porém, quando a morte trouxe a escura noite para o rei Afonso V, aposentando o monarca no céu sereno, o príncipe passou a governar o reino de Portuga como João II, sendo ele o décimo terceiro monarca português. Ele, querendo alcançar a fama eterna, mais do que pode o homem terreno, foi buscar as terras orientais que nasce a roxa Aurora que eu, Vasco da Gama, busco agora.”

CANTO IV – ESTROFE 61

“O capitão Vasco da Gama conta que o rei João II, querendo alcançar as terras orientais, envia dois mensageiros numa viagem”

 

Manda seus mensageiros que passaram

Espanha, França, Itália celebrada:

E lá no ilustre porto se embarcaram,

Onde já foi Partênope enterrada,

Nápoles, onde os fados se mostraram,

Fazendo-a várias gentes sojugadas,

Pela ilustrar no fim de tantos anos

Co’o senhorio de ínclitos Hispanos.

 

“Manda seus mensageiros que passaram Espanha, França, Itália celebrada: e lá no ilustre porto se embarcaram, onde já foi Partênope enterrada, Nápoles, onde os fados se mostraram, fazendo-a várias gentes sojugadas, pela ilustrar no fim de tantos anos co’o senhorio de ínclitos Hispanos. (1)

(1) A fim de encontrar as terras orientais, o rei João II manda mensageiros que já passaram pela Espanha, França e famosa Itália, onde embarcaram no porto de Nápoles, local onde a sereia Partênope foi enterrada e o destino fez com que a população fosse dominada, como foi pelos ilustres hispânicos. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a história de Portugal, comenta que o rei João II, querendo alcançar as terras do Oriente, manda mensageiros para fazer a viagem.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“A fim de encontrar as terras orientais, o rei João II manda mensageiros que já passaram pela Espanha, França e famosa Itália, onde embarcaram no porto de Nápoles, local onde a sereia Partênope foi enterrada e o destino fez com que a população fosse dominada, como foi pelos ilustres hispânicos.”

CANTO IV – ESTROFE 62

“O capitão Vasco da Gama conta que os mensageiros passam pela Europa e seguem até as regiões do Oriente Médio”

 

Pelo mar Sículo navegam;

Vão-se às praias de Rodes arenosas;

E dali às ribeiras altas chegam,

Que co’a morte de Magno são famosas.

Vão a Mênfis e às terras que se regam

Das enchentes nilóticas undosas;

Sobem à Etiópia, sobre o Egito,

Que de Cristo lá guarda o santo rito.

 

“Pelo mar Sículo navegam; vão-se às praias de Rodes arenosas; e dali às ribeiras altas chegam, que co’a morte de Magno são famosas. Vão a Mênfis e às terras que se regam das enchentes nilóticas undosas; sobem à Etiópia, sobre o Egito, que de Cristo lá guarda o santo rito. (1)

(1) Os mensageiros navegam pelo da Sicília até às arenosas praias de Rodes, na Turquia, e chegaram nas altas do rio Nilo, onde o famoso Pompeu Magno foi assassinado. Vão a Mênfis e às terras que são regadas pelas enchentes volumosas do rio Nilo; sobre até à Etiópia, sobre o Egito, local onde dizem ter homens de fé adorando Cristo. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a história de Portugal, comenta a viagem feita pelos mensageiros enviados pelo rei João II para as terras do Oriente.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Os mensageiros navegam pelo da Sicília até às arenosas praias de Rodes, na Turquia, e chegaram nas altas do rio Nilo, onde o famoso Pompeu Magno foi assassinado. Vão a Mênfis e às terras que são regadas pelas enchentes volumosas do rio Nilo; sobre até à Etiópia, sobre o Egito, local onde dizem ter homens de fé adorando Cristo.”

CANTO IV – ESTROFE 63

“O capitão Vasco da Gama conta que os mensageiros passam pelo Mar Vermelho e pelos desertos da Arábia”

 

Passam também as ondas eritreias

Que o povo de Israel sem nau passou;

Ficam-lhe atrás as serras Nabatéias,

Que o filho de Ismael co’o nome ornou.

As costas odoríferas Sabéias,

Que a mãe do belo Adônis tanto honrou.

Cercam, com toda a Arábia descoberta

Feliz, deixando a Pétrea e a Deserta.

 

“Passam também as ondas eritreias que o povo de Israel sem nau passou; ficam-lhe atrás as serras Nabatéias, que o filho de Ismael co’o nome ornou. As costas odoríferas Sabéias, que a mãe do belo Adônis tanto honrou. Cercam, com toda a Arábia descoberta feliz, deixando a Pétrea e a Deserta. (1)

(1) Os mensageiros também passam pelas as águas do Mar Vermelho que o povo de Israel atravessou andando; passam pelas montanhas Nabatéias que o filho de Ismael nomeou; passam pelas costas Sabéias que a mãe do belo Adônis tanto honrou. Cercam toda a Feliz Arábia, deixando Pétrea e a Deserta para trás. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a história de Portugal, comenta os locais que os mensageiros enviados pelo rei João II passaram para chegar até as terras do Oriente.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Os mensageiros também passam pelas as águas do Mar Vermelho que o povo de Israel atravessou andando; passam pelas montanhas Nabatéias que o filho de Ismael nomeou; passam pelas costas Sabéias que a mãe do belo Adônis tanto honrou. Cercam toda a Feliz Arábia, deixando Pétrea e a Deserta para trás.”

CANTO IV – ESTROFE 64

“O capitão Vasco da Gama conta que os mensageiros passam pelo estreito pérsico e vão para o Oceano Índico”

 

Entram no estreito pérsico, onde a dura

 Da confusa Babel inda a memória.

Ali co’o Tigre o Eufraetes se mistura,

Que as fontes onde nascem têm por glória.

Dali vão em demanda da água pura,

Que causa inda será de larga história,

Do Indo, pelas ondas do Oceano,

Onde não se atreveu passar Trajano.

 

“Entram no estreito pérsico, onde a dura da confusa Babel inda a memória. Ali co’o Tigre o Eufraetes se mistura, que as fontes onde nascem têm por glória. Dali vão em demanda da água pura, que causa inda será de larga história, do Indo, pelas ondas do Oceano, onde não se atreveu passar Trajano. (1)

(1) Os mensageiros entram no estreito pérsico, local onde ainda reside memória da famosa e confusa Torre de Babel, e também é onde se misturam os rios Tigre e Eufrates, que as fontes são glorificadas por dizerem virem do Paraíso. Dali os mensageiros vão pelas águas do reino de Oceano, que nem o grande Trajano ousou atravessar, buscando as águas do Indo, estas que ainda seriam contadas muitas histórias. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a história de Portugal, comenta que os mensageiros enviados pelo capitão Vasco da Gama chegam até o estreito da pérsico e segue pelo mar rumo às terras do Oriente.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Os mensageiros entram no estreito pérsico, local onde ainda reside memória da famosa e confusa Torre de Babel, e também é onde se misturam os rios Tigre e Eufrates, que as fontes são glorificadas por dizerem virem do Paraíso. Dali os mensageiros vão pelas águas do reino de Oceano, que nem o grande Trajano ousou atravessar, buscando as águas do Indo, estas que ainda seriam contadas muitas histórias.”

CANTO IV – ESTROFE 65

“O capitão Vasco da Gama conta que os mensageiros chegaram às terras do Oriente, mas não conseguiram retornar para Portugal”

 

Viram gentes incógnitas e estranhas

Da Índia, da Carmânia e Gedrosia,

Vendo vários costumes, várias manhas,

Que cada região produz e cria.

Mas de vias tão ásperas, tamanhas,

Tornar-se facilmente não podia:

Lá morreram enfim e lá ficaram;

Que à desejada pátria não tornaram.

 

“Viram gentes incógnitas e estranhas da Índia, da Carmânia e Gedrosia, vendo vários costumes, várias manhas, que cada região produz e cria. Mas de vias tão ásperas, tamanhas, tornar-se facilmente não podia: lá morreram enfim e lá ficaram; que à desejada pátria não tornaram. (1)

(1) Os mensageiros viram povos estranhos e desconhecidos da Índia, da Carmânia e Gedrosia, com cada um desses povos tendo os seus costumes e manhas. Mas, por tal viagem ser tão longa e perigosa, não foi possível que os mensageiros retornassem para Portugal, tendo eles morrido longe de sua terra natal. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a história de Portugal, comenta que os mensageiros enviados pelo rei João II viram muitos povos diferentes em sua viagem e, infelizmente, eles não conseguiram retornar para Portugal, tendo os morrido na Ásia.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Os mensageiros viram povos estranhos e desconhecidos da Índia, da Carmânia e Gedrosia, com cada um desses povos tendo os seus costumes e manhas. Mas, por tal viagem ser tão longa e perigosa, não foi possível que os mensageiros retornassem para Portugal, tendo eles morrido longe de sua terra natal.”

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Leia o nosso próximo post sobre Os Lusíadas clicando aqui.

Os Lusíadas (Edição Didática) - Volume I e II – Editora Concreta

Os Lusíadas (Edição Didática) – Volume I

Obra completa de Camões com notas e comentários de Francisco de Sales Lencastre, sendo a melhor edição para quem busca compreender todos os detalhes deste grande épico.

 

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Os Lusíadas (Edição Didática) – Volume II

Obra completa de Camões com notas e comentários de Francisco de Sales Lencastre, sendo a melhor edição para quem busca compreender todos os detalhes deste grande épico.

 

Esses foram os nossos comentários sobre a sexagésima até a sexagésima quinta estrofe do quarto canto de Os Lusíadas, onde Camões canta a viagem dos mensageiros enviados pelo rei João II ao Oriente.

 

Eu sou Caio Motta e convido você a continuar acompanhando os nossos comentários sobre a grande obra de Camões, bem como demais textos da grande literatura universal presentes no nosso blog.

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