Neste nosso vigésimo nono comentário sobre Os Lusíadas, continuaremos a ler o terceiro canto da obra, onde Camões canta a conquista de Lisboa pelo rei Afonso Henriques, bem como das demais cidades que estavam sob controle dos mouros.

OS LUSÍADAS AFONSO HENRIQUES, O PRIMEIRO REI DE PORTUGAL
As conquistas do rei Afonso Henriques

CANTO III – ESTROFE 55

“O capitão Vasco da Gama que, após conquistar Lisboa, o rei Afonso Henriques começa a dominar outros territórios vizinhos”

 

Passado já algum tempo, que passada

Era esta grã vitória, o rei subido

A tomar vai Leiria, que tomada

Fora, mui pouco havia, do vencido.

Com esta a forte Arronches sojugada

Foi juntamente, e o sempre enobrecido

Scalabicastro, cujo campo ameno

Tu, claro Tejo, regas tão sereno.

 

“Passado já algum tempo, que passada era esta grã vitória, o rei subido a tomar vai Leiria, que tomada fora, mui pouco havia, do vencido. Com esta a forte Arronches sojugada foi juntamente, e o sempre enobrecido Scalabicastro, cujo campo ameno tu, claro Tejo, regas tão sereno. (1)

(1) Passado algum tempo da vitoriosa batalha de Ourique, o nobre rei Afonso Henrique parte para conquistar Leiria, esta que a pouco tempo foi tomada por Ismar, um dos cinco reis mouros que o monarca português derrotou. Também foi conquistado o forte de Arroches e enobrecido Santarém, que você, claro rio Tejo, regas com suas águas serenas. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a história de Portugal, comenta que, após sua vitória na batalha de Ourique, o rei Afonso Henrique se prepara para conquistar a vila de Arroches e de Santarém.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Passado algum tempo da vitoriosa batalha de Ourique, o nobre rei Afonso Henrique parte para conquistar Leiria, esta que a pouco tempo foi tomada por Ismar, um dos cinco reis mouros que o monarca português derrotou. Também foi conquistado o forte de Arroches e enobrecido Santarém, que você, claro rio Tejo, regas com suas águas serenas.”

CANTO III – ESTROFE 56

“O capitão Vasco da Gama conta que o rei Afonso Henriques nomina a vilas de Arroches, Santarém, Mafra e Sintra”

 

A estas nobres vilas sumetidas

Ajunta também Mafra em pouco espaço,

E nas serras da Lua conhecidas

Sojuga a fria Sintra o duro braço;

Sintra, onde as Naiades, escondidas

Nas fontes, vão fugindo ao doce laço

Onde Amor as enreda bradamente,

Nas águas acendendo fogo ardente.

 

“A estas nobres vilas sumetidas ajunta também Mafra em pouco espaço, e nas serras da Lua conhecidas sojuga a fria Sintra o duro braço; Sintra, onde as Naiades, escondidas nas fontes, vão fugindo ao doce laço onde Amor as enreda bradamente, nas águas acendendo fogo ardente. (1)

(1) Após conquistar as vilas de Arroches e Santarém, pouco tempo depois o rei Afonso Henrique conquista Mafra e, estando na conhecida região da serras da Lua, o forte braço do monarca também conquista a vila de Sintra, vilas esta que as Náiades que vivem nas fontes fogem do laço que Cupido as enreda para acender o fogo ardente. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a cantar a história de Portugal, comenta que o rei Afonso Henrique continua expandindo seus domínios nas terras da península Hispânica.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Após conquistar as vilas de Arroches e Santarém, pouco tempo depois o rei Afonso Henrique conquista Mafra e, estando na conhecida região da serras da Lua, o forte braço do monarca também conquista a vila de Sintra, vilas esta que as Náiades que vivem nas fontes fogem do laço que Cupido as enreda para acender o fogo ardente.”

CANTO III – ESTROFE 57

“O capitão Vasco da Gama comenta que o próximo objetivo do rei Afonso Henriques é conquistar a cidade de Lisboa”

 

E tu, nobre Lisboa, que no mundo

Facilmente das outras és princesa,

Que edificada foste do facundo,

Por cujo engano foi Dardânia acesa;

Tu, a quem obedece o mar profundo,

Obedeceste à força portuguesa,

Ajudada também da forte armada,

Que das boreais partes foi mandada.

 

“E tu, nobre Lisboa, que no mundo facilmente das outras és princesa, que edificada foste do facundo, por cujo engano foi Dardânia acesa; tu, a quem obedece o mar profundo, obedeceste à força portuguesa, ajudada também da forte armada, que das boreais partes foi mandada. (1)

(1) E tu, ó nobre Lisboa, que, das cidades do mundo, é facilmente considerada princesa; tu, que foi fundada pelo nobre Ulisses, aquele ajudou a incendiar Troia; tu, que o Netuno obedeceu à forte armada portuguesa que foi mandada pelos países do Norte. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a história de Portugal, faz comentários sobre a cidade de Lisboa. Ulisses é um dos heróis gregos que participaram do cerco de Troia (Ilíada e Odisseia, de Homero) e, segundo as lendas, seria o fundador da cidade de Lisboa; A referência dos países do Norte é explicada na próxima estrofe.

 Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“E tu, ó nobre Lisboa, que, das cidades do mundo, é facilmente considerada princesa; tu, que foi fundada pelo nobre Ulisses, aquele ajudou a incendiar Troia; tu, que o Netuno obedeceu à forte armada portuguesa que foi mandada pelos países do Norte.”

CANTO III – ESTROFE 58

“O capitão Vasco da Gama comenta que cristãos vindos dos países do norte se juntam ao exército do rei Afonso Henriques para conquistar Lisboa”

 

Lá do germânico Albis e do Reno,

E da fria Bretanha conduzidos,

A destruir o povo sarraceno,

Muitos com tenção santa eram partidos.

Entrando a boca já do Tejo ameno,

Co’o arraial do grande Afonso unidos,

Cuja alta fama então subia aos céus,

Foi posto cerco aos muros ulisseus.

 

“Lá do germânico Albis e do Reno, e da fria Bretanha conduzidos, a destruir o povo sarraceno, muitos com tenção santa eram partidos. Entrando a boca já do Tejo ameno, co’o arraial do grande Afonso unidos, cuja alta fama então subia aos céus, foi posto cerco aos muros ulisseus. (1)

(1) A fim de destruir o povo muçulmano que ocupava a cidade de Lisboa e propagar à fé cristã, muitos estrangeiros vieram em navios vindos dos rios Albis e Reno da Germânia, assim como da fria Grã-Bretanha. Eles entram pela foz do rio Tejo, unindo-se com o exército do famoso rei Afonso Henriques que fazia um cerco às muralhas de Lisboa. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a história de Portugal, comenta que os povos vindos dos países do norte se juntavam ao exército do rei Afonso Henriques para tomar a cidade de Lisboa das mãos dos mouros.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“A fim de destruir o povo muçulmano que ocupava a cidade de Lisboa e propagar à fé cristã, muitos estrangeiros vieram em navios vindos dos rios Albis e Reno da Germânia, assim como da fria Grã-Bretanha. Eles entram pela foz do rio Tejo, unindo-se com o exército do famoso rei Afonso Henriques que fazia um cerco às muralhas de Lisboa.”

CANTO III – ESTROFE 59

“O capitão Vasco da Gama comenta que o cerco de Lisboa durou cincos meses e, após uma batalha sanguenta, o rei Afonso Henriques tomou a cidade”

 

 Cinco vezes a lua se escondera,

E outras tantas mostrara cheio o rosto,

Quando a cidade entrada se rendera

Ao duro cerco que lhe estava posto.

Foi a batalha tão sanguina e fera,

Quanto obrigava o firme pressuposto

De vencedores ásperos e ousados,

E de vencidos, já desesperados.

 

“Cinco vezes a lua se escondera, e outras tantas mostrara cheio o rosto, quando a cidade entrada se rendera ao duro cerco que lhe estava posto. Foi a batalha tão sanguina e fera, quanto obrigava o firme pressuposto de vencedores ásperos e ousados, e de vencidos, já desesperados. (1)

(1) Contou-se cinco meses de cerco, com a lua se escondendo cada vez e mostrando a sua face cheia, até o dia que a cidade de Lisboa foi tomada pelas forças do exército do rei Afonso Henriques. Foi uma batalha cruel e sangrenta, que se encerrou com os cristãos vencedores e os mouros derrotados. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a história de Portugal, comenta o fim do cerco de Lisboa, onde os cristãos comandados pelo rei Afonso Henriques conquistaram a cidade.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Contou-se cinco meses de cerco, com a lua se escondendo cada vez e mostrando a sua face cheia, até o dia que a cidade de Lisboa foi tomada pelas forças do exército do rei Afonso Henriques. Foi uma batalha cruel e sangrenta, que se encerrou com os cristãos vencedores e os mouros derrotados.”

CANTO III – ESTROFE 60

“O capitão Vasco da Gama comenta que, sob domínio dos mouros, Lisboa resistiu a muitos inimigos, caindo somente contra os portugueses”

 

Destarte, enfim, tomada se rendeu

Aquela, que nos tempos já passados,

À grande força nunca obedeceu

Dos frios povos cíticos ousados,

Cujo o poder a tanto se estendeu,

Que o Ibero o viu e o Tejo, amedrontados;

E enfim c’o Bétis tanto alguns puderam,

Que à terra de Vandália nome deram.

 

“Destarte, enfim, tomada se rendeu aquela, que nos tempos já passados, à grande força nunca obedeceu dos frios povos cíticos ousados, cujo o poder a tanto se estendeu, que o Ibero o viu e o Tejo, amedrontados; e enfim c’o Bétis tanto alguns puderam, que à terra de Vandália nome deram. (1)

(1) Dessa maneira, a cidade de Lisboa, que estava em posse dos mouros se rendeu às forças cristãs; ela que, nos tempos passados, não se rendeu aos bárbaros povos vândalos do Norte, estes que dominaram as terras do rio Ebro e ao rio Tejo e que o território do rio Guadalquivir deram o nome de Vandália. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a história de Portugal, comenta que a tomada de Lisboa foi um feito histórico, já que ela estaba sob domínio muçulmano por muitos séculos.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Dessa maneira, a cidade de Lisboa, que estava em posse dos mouros se rendeu às forças cristãs; ela que, nos tempos passados, não se rendeu aos bárbaros povos vândalos do Norte, estes que dominaram as terras do rio Ebro e ao rio Tejo e que o território do rio Guadalquivir deram o nome de Vandália.”

CANTO III – ESTROFE  61

“O capitão Vasco da Gama comenta que, se o rei Afonso Henriques conseguiu conquistar a grande Lisboa, nenhuma outra cidade resistira ao seu poder”

 

Que cidade tão forte por ventura

Haverá que resista, se Lisboa

Não pôde resistir à força dura

Da gente que cuja a fama tanto voa?

Já lhe obedece toda a Estremadura,

Óbidos, Alanquer, por onde soa

O tom das frescas águas entre as pedras

Que murmurando lava, e Torres Vedras.

 

“Que cidade tão forte por ventura haverá que resista, se Lisboa não pôde resistir à força dura da gente que cuja a fama tanto voa? Já lhe obedece toda a Estremadura, Óbidos, Alanquer, por onde soa o tom das frescas águas entre as pedras que murmurando lava, e Torres Vedras. (1)

(1) Se a grande Lisboa não pôde resistir à dura força dos portugueses, estes que estão cada vez mais famosos por seus feitos, que outra cidade haverá de resistir? Já são dominadas as regiões da Estremadura, Óbidos, Torres Vedras e Alanquer, por onde soa o tom das frescas águas que, passando entre as pedras, as lavam. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a história de Portugal, disse que, após conquistar a cidade de Lisboa, o rei Afonso Henriques continua expandindo os domínios de Portugal.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Se a grande Lisboa não pôde resistir à dura força dos portugueses, estes que estão cada vez mais famosos por seus feitos, que outra cidade haverá de resistir? Já são dominadas as regiões da Estremadura, Óbidos, Torres Vedras e Alanquer, por onde soa o tom das frescas águas que, passando entre as pedras, as lavam.”

CANTO III – ESTROFE 62

“O capitão Vasco da Gama comenta que as férteis terras dos mouros nas regiões vizinhas também serão dominadas pelo rei Afonso Henriques”

 

E vós também, ó terras transtaganas,

Afamadas co’o dom da flava Ceres,

Obedeceis às forças mais que humanas,

Entregando-lhe os muros e os poderes.

E tu, lavrador mouro, que te enganas,

Se sustentar a fértil terra queres!

Que Elvas e Moura e Serpa conhecidas,

E Alcácere do Sal estão rendidas.

 

“E vós também, ó terras transtaganas, afamadas co’o dom da flava Ceres, obedeceis às forças mais que humanas, entregando-lhe os muros e os poderes. E tu, lavrador mouro, que te enganas, se sustentar a fértil terra queres! Que Elvas e Moura e Serpa conhecidas, e Alcácere do Sal estão rendidas. (1)

(1) E vós também, ó mouros das terras para além do Tejo, famosos pela fertilidade dada pela loura Ceres, obedeçam às forças do rei Afonso Henriques, entregando os seus domínios. E tu, lavrador mouro, não se engane acreditando que manterá as férteis terras do Alentejo, já que as conhecidas regiões de Elvas, Moura, Serpa e Alcácere do Sal já foram dominadas pelos portugueses. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a cantar a história de Portugal, comenta a expansão dos domínios de Portugal sobre as terras mouras. Ceres é a deusa da agricultura.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“E vós também, ó mouros das terras para além do Tejo, famosos pela fertilidade dada pela loura Ceres, obedeçam às forças do rei Afonso Henriques, entregando os seus domínios. E tu, lavrador mouro, não se engane acreditando que manterá as férteis terras do Alentejo, já que as conhecidas regiões de Elvas, Moura, Serpa e Alcácere do Sal já foram dominadas pelos portugueses.”

CANTO III – ESTROFE 63

“O capitão Vasco da Gama comenta que o rei Afonso Henriques conquista a cidade de Évora”

 

Eis a nobre cidade, certo assento

Do rebelde Sertório antigamente,

Onde ora as águas nítidas de argento

Vêm sustentar de longe a terra e a gente

Pelos arcos reais, que cento e cento

Nos ares se alevantam nobremente,

Obedeceu, por meio e ousadia

Do Giraldo que medos não temia.

 

“Eis a nobre cidade, certo assento do rebelde Sertório antigamente, onde ora as águas nítidas de argento vêm sustentar de longe a terra e a gente pelos arcos reais, que cento e cento nos ares se alevantam nobremente, obedeceu, por meio e ousadia do Giraldo que medos não temia. (1)

(1) Eis a nobre cidade de Évora, que no passado foi morada do general rebelde Sertório; cidade que as limpas e prateadas águas trás das terras distantes por meio de aquedutos; a cidade que foi conquistada por rei Afonso Henriques graças aos esforços corajosos do Geraldo. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a história de Portugal, comenta a cidade de Évora também foi conquistada pelo rei Afonso Henriques.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Eis a nobre cidade de Évora, que no passado foi morada do general rebelde Sertório; cidade que as limpas e prateadas águas trás das terras distantes por meio de aquedutos; a cidade que foi conquistada por rei Afonso Henriques graças aos esforços corajosos do Geraldo.”

CANTO III – ESTROFE 64

“O capitão Vasco da Gama comenta que o rei Afonso Henriques se vinga dos mouros conquistando a cidade e Beja e mata toda a população”

 

Já na cidade Beja vai tomar

Vingança (de Trancoso destruída)

Afonso que não sabe sossegar,

Por estender co’a fama a curta vida;

Não se lhe pode muito sustentar

A cidade; mas sendo já rendida,

Em toda a cousa viva a gente irada

Provando os fios vai da dura espada.

 

“Já na cidade Beja vai tomar vingança (de Trancoso destruída) Afonso que não sabe sossegar, por estender co’a fama a curta vida; não se lhe pode muito sustentar a cidade; mas sendo já rendida, em toda a cousa viva a gente irada provando os fios vai da dura espada. (1)

(1) O rei Afonso, que não coloca freios no crescimento de sua fama, vai tomar a cidade de Beja para vingar a destruição que os mouros fizeram na vila de Trancoso, matando cruelmente todas as pessoas do lugar. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a história de Portugal, comenta que o rei Afonso Henriques continuando expandindo os domínios portugueses.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“O rei Afonso, que não coloca freios no crescimento de sua fama, vai tomar a cidade de Beja para vingar a destruição que os mouros fizeram na vila de Trancoso, matando cruelmente todas as pessoas do lugar.”

CANTO III – ESTROFE 65

“O capitão Vasco da Gama comenta que o rei Afonso Henriques pretende conquistar as cidades de Palmela e Cezimbra”

 

Com estas sojugadas foi Palmela

E a piscosa Cezimbra, e juntamente,

Sendo ajudado mais de sua estrela,

Desbarata um exército potente.

Sentiu-o a vila, e viu-o senhor dela,

Que a socorrê-la vinha diligente

Pela fralda da serra, descuidado

Do temeroso encontro inopinado.

 

“Com estas sojugadas foi Palmela e a piscosa Cezimbra, e juntamente, sendo ajudado mais de sua estrela, desbarata um exército potente. Sentiu-o a vila, e viu-o senhor dela, que a socorrê-la vinha diligente pela fralda da serra, descuidado do temeroso encontro inopinado. (1)

(1) Além destas cidades, o rei Afonso Henriques também conquistou a vila de Palmela e a piscosa Cezimbra; e, tendo sempre ajuda de sua sorte, o monarca português derrota um poderoso exército sarraceno: a vila de Palmela sofreu com a derrota, assim como o senhor dela, que era rei de Badajoz, vinha da serra para tentar socorrê-la e acabou encontrando o exército dos portugueses. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a história de Portugal, comenta as conquistas do rei Afonso Henriques.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Além destas cidades, o rei Afonso Henriques também conquistou a vila de Palmela e a piscosa Cezimbra; e, tendo sempre ajuda de sua sorte, o monarca português derrota um poderoso exército sarraceno: a vila de Palmela sofreu com a derrota, assim como o senhor dela, que era rei de Badajozm, vinha da serra para tentar socorrê-la e acabou encontrando o exército dos portugueses.”

CANTO III – ESTROFE 66

“O capitão Vasco da Gama comenta que rei Afonso Henriques ataca o exército do rei mouro de Bajadoz com raiva, comparando o monarca português com um touro ciumento”

 

O rei de Badajoz era alto mouro,

Com quatro mil cavalos furiosos,

Inúmeros peões, d’armas e de ouro

Guarnecidos, guerreiros e lustrosos;

Mas qual no mês de maio o bravo touro,

Co’os ciúmes da vaca, arreceosos,

Sentindo gente, o bruto e cego amante,

Salteia o descuidado caminhante:

 

“O rei de Badajoz era alto mouro, com quatro mil cavalos furiosos, inúmeros peões, d’armas e de ouro guarnecidos, guerreiros e lustrosos; mas qual no mês de maio o bravo touro, co’os ciúmes da vaca, arreceosos, sentindo gente, o bruto e cego amante, salteia o descuidado caminhante. (1)

(1) O senhor de Palmela, rei de Badajoz, era um nobre mouro que possuía um exército compostos por quatro mil cavalos furiosos, inúmeros peões guarnecidos com armas e ouro, além de guerreiros com brilhantes armaduras. Mas, assim como um boi que, no mês de maio, com ciúme desconfiado da vaca, acaba agredindo algum descuidado. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a cantar a história de Portugal, comenta o combate do rei Afonso Henriques com o rei mouro de Badajoz [os comentários continuando na próxima estrofe]. 

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“O senhor de Palmela, rei de Badajoz, era um nobre mouro que possuía um exército compostos por quatro mil cavalos furiosos, inúmeros peões guarnecidos com armas e ouro, além de guerreiros com brilhantes armaduras. Mas, assim como um boi que, no mês de maio, com ciúme desconfiado da vaca, acaba agredindo algum descuidado.”

CANTO III – ESTROFE 67

“O capitão Vasco da Gama comenta que o rei Afonso Henriques vence o exército do rei mouro de Badajoz”

 

Destarte Afonso, súbito amostrado,

Na gente dá, que passa bem segura;

Fere, mata derriba denotado;

Foge o rei mouro, e só da vida cura.

Dum pânico terror todo assombrado,

Só de segui-lo o exército procura;

Sendo estes, que fizeram tanto abalo,

Nomais que só sessenta cavalos.

 

“Destarte Afonso, súbito amostrado, na gente dá, que passa bem segura; fere, mata derriba denotado; foge o rei mouro, e só da vida cura. Dum pânico terror todo assombrado, só de segui-lo o exército procura; sendo estes, que fizeram tanto abalo, nomais que só sessenta cavalos. (1)

(1) Assim como touro enciumado, o rei Afonso Henriques parte para atacar o exército mouro do rei de Badajoz, ferindo e os matando. O rei mouro foge da batalha, se preocupando apenas com sua vida; o seu exército, que está tomado pelo medo e pelo terror, tenta segui-lo, sendo que, dos quatro mil cavalos, não sobram mais que sessenta. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a história de Portugal, comenta a vitória do rei Afonso Henriques sobre o poderoso exército mouro de rei de Bajadoz.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Assim como touro enciumado, o rei Afonso Henriques parte para atacar o exército mouro do rei de Badajoz, ferindo e os matando. O rei mouro foge da batalha, se preocupando apenas com sua vida; o seu exército, que está tomado pelo medo e pelo terror, tenta segui-lo, sendo que, dos quatro mil cavalos, não sobram mais que sessenta.”

CANTO III – ESTROFE 68

“O capitão Vasco da Gama comenta que, após vencer o exército do rei mouro de Badajoz, o rei Afonso Henriques cerca e conquista a cidade”

 

Logo segue a vitória sem tardança

O grão rei incansábil, ajuntando

Gentes de todo o reino, cuja usança

Era andar sempre terras conquistando.

Cerca vai Badajoz, e logo alcança

O fim de seu desejo, pelejando

Com tanto esforço e arte e valentia

Que a faz fazer às outras companhias.

 

“Logo segue a vitória sem tardança o grão rei incansábil, ajuntando gentes de todo o reino, cuja usança era andar sempre terras conquistando. Cerca vai Badajoz, e logo alcança o fim de seu desejo, pelejando com tanto esforço e arte e valentia que a faz fazer às outras companhias. (1)

(1) O grande e incansável rei Afonso Henriques, logo após a vitória sobre o exército do rei mouro de Badajoz, reúne pessoas de todo o reino para que o ajudassem a conquistar as terras de Portugal. Ele faz um cerco em Badajoz e logo consegue conquista-la, a integrando junto com suas demais cidades dominadas. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a história de Portugal, concluí a descrição das conquistas feitas pelo rei Afonso Henriques contras os mouros que habitavam as terras próximas à Portugal.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“O grande e incansável rei Afonso Henriques, logo após a vitória sobre o exército do rei mouro de Badajoz, reúne pessoas de todo o reino para que o ajudassem a conquistar as terras de Portugal. Ele faz um cerco em Badajoz e logo consegue conquista-la, a integrando junto com suas demais cidades dominadas.”

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Esses foram os nossos comentários sobre a quinquagésima quinta até a sexagésima oitava estrofe do terceiro canto de Os Lusíadas, onde Camões canta a conquista de Lisboa pelo rei Afonso Henriques, bem como das demais cidades que estavam sob controle dos mouros.

Eu sou Caio Motta e convido você a continuar acompanhando os nossos comentários sobre a grande obra de Camões, bem como demais textos da grande literatura universal presentes no nosso blog.

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