Neste nosso vigésimo nono comentário sobre Os Lusíadas, continuaremos a ler o terceiro canto da obra, onde Camões canta a conquista de Lisboa pelo rei Afonso Henriques, bem como das demais cidades que estavam sob controle dos mouros.

CANTO III – ESTROFE 55
Passado já algum tempo, que passada
Era esta grã vitória, o rei subido
A tomar vai Leiria, que tomada
Fora, mui pouco havia, do vencido.
Com esta a forte Arronches sojugada
Foi juntamente, e o sempre enobrecido
Scalabicastro, cujo campo ameno
Tu, claro Tejo, regas tão sereno.
“Passado já algum tempo, que passada era esta grã vitória, o rei subido a tomar vai Leiria, que tomada fora, mui pouco havia, do vencido (1). Com esta a forte Arronches sojugada foi juntamente, e o sempre enobrecido Scalabicastro, cujo campo ameno tu, claro Tejo, regas tão sereno (2).”
(1) Continuando a contar a história de Portugal para o rei de Melinde, Vasco da Gama agora narra as demais conquistas do rei Afonso Henriques. Conta que passado algum tempo após a sua grandiosa vitória na batalha de Ourique, o rei Afonso parte para conquistar a vila de Leiria, esta que a pouco tempo havia sido tomado pelo rei mouro Ismar¹.
(2) Junto com esta conquista ele também subjuga o forte de Arronches e a vila de Santarém, esta que é regada pelas águas do rio Tejo.
“Passado algum tempo da vitoriosa batalha de Ourique, o nobre rei Afonso Henrique parte para conquistar Leiria, esta que há pouco tempo foi tomada por Ismar, um dos cinco reis mouros que o monarca português derrotou. Ele também conquista o forte de Arroches e a enobrecida Santarém, que você, claro rio Tejo, regas com suas águas serenas.”
¹Ismar foi um dos cinco reis mouros que o rei Afonso Henrique derrotou na batalha de Ourique.
CANTO III – ESTROFE 56
A estas nobres vilas sumetidas
Ajunta também Mafra em pouco espaço,
E nas serras da Lua conhecidas
Sojuga a fria Sintra o duro braço;
Sintra, onde as Naiades, escondidas
Nas fontes, vão fugindo ao doce laço
Onde Amor as enreda bradamente,
Nas águas acendendo fogo ardente.
“A estas nobres vilas sumetidas ajunta também Mafra em pouco espaço, e nas serras da Lua conhecidas sojuga a fria Sintra o duro braço (1); Sintra, onde as Naiades, escondidas nas fontes, vão fugindo ao doce laço onde Amor as enreda bradamente, nas águas acendendo fogo ardente (2).”
(1) Após conquistar estas nobres vilas, não demora muito para que o rei Afonso também conquiste a vila de Mafra e, aproveitando que estava na conhecida região da serra da Lua, o braço forte monarca também toma a fria vila de Sintra.
(2) A vila de Sintra é o local onde há fontes habitadas pelas as Náiades, estas que fogem do laço que Cupido (Amor) as enreda para acender o fogo ardente.
“Após conquistar as vilas de Arroches e Santarém, pouco tempo depois o rei Afonso Henrique conquista Mafra e, estando na conhecida região da serras da Lua, o forte braço do monarca também conquista a vila de Sintra, vilas esta que as Náiades que vivem nas fontes fogem do laço que Cupido as enreda para acender o fogo ardente.”
CANTO III – ESTROFE 57
E tu, nobre Lisboa, que no mundo
Facilmente das outras és princesa,
Que edificada foste do facundo,
Por cujo engano foi Dardânia acesa;
Tu, a quem obedece o mar profundo,
Obedeceste à força portuguesa,
Ajudada também da forte armada,
Que das boreais partes foi mandada.
“E tu, nobre Lisboa, que no mundo facilmente das outras és princesa, que edificada foste do facundo, por cujo engano foi Dardânia acesa (1); tu, a quem obedece o mar profundo, obedeceste à força portuguesa, ajudada também da forte armada, que das boreais partes foi mandada (2).”
(1) Camões comenta que Lisboa é o próximo alvo do rei Afonso Henriques. Ao falar da cidade, comenta que ela poderia ser considerada princesa dentre todas as demais cidades, sendo ela fundada por Ulisses, aquele que ajudou a incendiar Tróia¹.
(2) Diz que ela, que é tão grandiosa que domou as forças do mar, não resistiu as forças portuguesas e acabou sendo conquistada por eles quando tiveram ajuda da forte armada dos povos nórdicos (das boreais partes)².
“E tu, ó nobre Lisboa, que, das cidades do mundo, é facilmente considerada princesa; tu, que foi fundada pelo nobre Ulisses, aquele ajudou a incendiar Troia; tu, que o Netuno obedeceu à forte armada portuguesa que foi mandada pelos países do Norte.”
¹Ulisses é um dos heróis gregos que participaram do cerco de Tróia (Ilíada e Odisséia, de Homero) e, segundo as lendas, seria o fundador da cidade de Lisboa.
²Alusão de quando as forças do rei Afonso Henriques conquistaram a impenetrável cidade de Lisboa com ajuda de guerreiros germânicos (Camões narra essa conquista nas próximas estrofes).
CANTO III – ESTROFE 58
Lá do germânico Albis e do Reno,
E da fria Bretanha conduzidos,
A destruir o povo sarraceno,
Muitos com tenção santa eram partidos.
Entrando a boca já do Tejo ameno,
Co’o arraial do grande Afonso unidos,
Cuja alta fama então subia aos céus,
Foi posto cerco aos muros ulisseus.
“Lá do germânico Albis e do Reno, e da fria Bretanha conduzidos, a destruir o povo sarraceno, muitos com tenção santa eram partidos (1). Entrando a boca já do Tejo ameno,co’o arraial do grande Afonso unidos, cuja alta fama então subia aos céus, foi posto cerco aos muros ulisseus (2).”
(1) Ao comentar a conquista de Lisboa, comenta que cristãos germânicos vindos das regiões dos rios Albis e Reno, assim como da fria Grã-Bretanha, navegaram até a Lisboa para destruir os muçulmanos que ocupavam a cidade.
(1) Conta que eles entram pela foz do rio Tejo e se uniram ao exército do famoso rei Afonso, que naquele momento fazia um cerco às muralhas de construídas por Ulisses.
“A fim de destruir o povo muçulmano que ocupava a cidade de Lisboa e propagar a fé cristã, muitos estrangeiros vieram em navios vindos dos rios Albis e Reno da Germânia, assim como da fria Grã-Bretanha. Eles entram pela foz do rio Tejo, unindo-se com o exército do famoso rei Afonso Henriques que fazia um cerco às muralhas de Lisboa.”
CANTO III – ESTROFE 59
Cinco vezes a lua se escondera,
E outras tantas mostrara cheio o rosto,
Quando a cidade entrada se rendera
Ao duro cerco que lhe estava posto.
Foi a batalha tão sanguina e fera,
Quanto obrigava o firme pressuposto
De vencedores ásperos e ousados,
E de vencidos, já desesperados.
“Cinco vezes a lua se escondera, e outras tantas mostrara cheio o rosto, quando a cidade entrada se rendera ao duro cerco que lhe estava posto (1). Foi a batalha tão sanguina e fera, quanto obrigava o firme pressuposto de vencedores ásperos e ousados, e de vencidos, já desesperados (2).”
(1) Conta que o cerco de Lisboa durou cinco meses, com a lua mudando a sua face nesses períodos, até que chegou o dia que Lisboa foi conquistada pelos portugueses.
(1) A batalha, apesar de ter sido muito dura e sangrenta, se encerrou com os cristãos saindo vencedores e os mouros derrotados.
“Contou-se cinco meses de cerco, com a lua se escondendo cada vez e mostrando a sua face cheia, até o dia que a cidade de Lisboa foi tomada pelas forças do exército do rei Afonso Henriques. Foi uma batalha cruel e sangrenta, que se encerrou com os cristãos vencedores e os mouros derrotados.”
CANTO III – ESTROFE 60
Destarte, enfim, tomada se rendeu
Aquela, que nos tempos já passados,
À grande força nunca obedeceu
Dos frios povos cíticos ousados,
Cujo o poder a tanto se estendeu,
Que o Ibero o viu e o Tejo, amedrontados;
E enfim c’o Bétis tanto alguns puderam,
Que à terra de Vandália nome deram.
“Destarte, enfim, tomada se rendeu aquela, que nos tempos já passados, à grande força nunca obedeceu dos frios povos cíticos ousados (1), cujo o poder a tanto se estendeu, que o Ibero o viu e o Tejo, amedrontados; e enfim c’o Bétis tanto alguns puderam, que à terra de Vandália nome deram (2).”
(1) Estando cercada desta forma, a cidade de Lisboa acabou se rendendo aos portugueses, sendo que ela, nos tempos passados, não se rendeu os povos vândalos do Norte (frios povos cítios)
(2) Diz que os domínios destes povos bárbaros eram tão extensos que conseguiram dominar as terras do rio Ebro ao rio Tejo, e que denominaram os territórios do rio Guadalquivir de Vandália.
“Dessa maneira, a cidade de Lisboa, que estava em posse dos mouros, se rendeu às forças cristãs. Nos tempos passados, ela não se rendeu aos bárbaros povos vândalos do Norte, estes que dominaram as terras do rio Ebro e ao rio Tejo, e que deram ao território do rio Guadalquivir o nome de Vandália.”
CANTO III – ESTROFE 61
Que cidade tão forte por ventura
Haverá que resista, se Lisboa
Não pôde resistir à força dura
Da gente que cuja a fama tanto voa?
Já lhe obedece toda a Estremadura,
Óbidos, Alanquer, por onde soa
O tom das frescas águas entre as pedras
Que murmurando lava, e Torres Vedras.
“Que cidade tão forte por ventura haverá que resista, se Lisboa não pôde resistir à força dura da gente que cuja a fama tanto voa? (1) Já lhe obedece toda a Estremadura, Óbidos, Alanquer, por onde soa o tom das frescas águas entre as pedras que murmurando lava, e Torres Vedras (2).”
(1) Comenta perguntando que cidade poderá resistir à força dos portugueses, já que até Lisboa foi dominada por estes guerreiros que estão cada vez mais conhecidos.
(2) Nesta altura, o rei Afonso já dominava as regiões da Estremadura, Óbidos, Torres Vedras e Alenquer, esta que é onde soa o tom das frescas águas que passam lavando por entre as pedras.
“Se a grande Lisboa não pôde resistir à dura força dos portugueses, estes que estão cada vez mais famosos por seus feitos, que outra cidade haverá de resistir? Já são dominadas as regiões da Estremadura, Óbidos, Torres Vedras e Alanquer, por onde soa o tom das frescas águas que, passando entre as pedras, as lavam.”
CANTO III – ESTROFE 62
E vós também, ó terras transtaganas,
Afamadas co’o dom da flava Ceres,
Obedeceis às forças mais que humanas,
Entregando-lhe os muros e os poderes.
E tu, lavrador mouro, que te enganas,
Se sustentar a fértil terra queres!
Que Elvas e Moura e Serpa conhecidas,
E Alcácere do Sal estão rendidas.
“E vós também, ó terras transtaganas, afamadas co’o dom da flava Ceres, obedeceis às forças mais que humanas, entregando-lhe os muros e os poderes (1). E tu, lavrador mouro, que te enganas, se sustentar a fértil terra queres!Que Elvas e Moura e Serpa conhecidas, e Alcácere do Sal estão rendidas (2).”
(1) Comenta os próximos territórios que serão conquistados pelo rei Afonso Henriques, onde menciona que as férteis e famosas terras que os mouros ocupam depois do rio Tejo também deverão se entregar ao monarca português¹.
(2) Diz que os lavradores muçulmanos das terras do Alentejo não devem se enganar ao acreditar que vão continuar mantendo os seus territórios, pois as regiões de Elvas, Moura, Serpa e Alcácere do Sal já foram todas dominadas pelos portugueses.
“E vós também, ó mouros das terras para além do Tejo, famosas pela fertilidade dada pela loura Ceres, obedeçam às forças do rei Afonso Henriques, entregando os seus domínios. E tu, lavrador mouro, não se engane acreditando que manterá as férteis terras do Alentejo, já que as conhecidas regiões de Elvas, Moura, Serpa e Alcácere do Sal já foram dominadas pelos portugueses.”
¹Ceres é a deusa da fertilidade. Camões a menciona para se referir aos férteis campos que os muçulmanos ocupavam e que logo seriam conquistados pelo rei Afonso.
CANTO III – ESTROFE 63
Eis a nobre cidade, certo assento
Do rebelde Sertório antigamente,
Onde ora as águas nítidas de argento
Vêm sustentar de longe a terra e a gente
Pelos arcos reais, que cento e cento
Nos ares se alevantam nobremente,
Obedeceu, por meio e ousadia
Do Giraldo que medos não temia.
“Eis a nobre cidade, certo assento do rebelde Sertório antigamente, onde ora as águas nítidas de argento vêm sustentar de longe a terra e a gente pelos arcos reais, que cento e cento nos ares se alevantam nobremente (1), obedeceu, por meio e ousadia do Giraldo que medos não temia (2).”
(1) Menciona a cidade de Évora, que no passado já foi o lar do general Sertório e que é conhecida por receber as limpas e prateadas águas que chegam de longe por meio de aquedutos (arcos reais) que se elevam no ar.
(2) Diz que essa cidade também já foi conquista pelo rei Afonso Henriques, sendo que este feito é mérito do corajoso e ousado Geraldo.
“Eis a nobre cidade de Évora, que no passado foi morada do general rebelde Sertório; cidade que as limpas e prateadas águas trás das terras distantes por meio de aquedutos; a cidade que foi conquistada por rei Afonso Henriques graças aos esforços corajosos do Geraldo.”
CANTO III – ESTROFE 64
Já na cidade Beja vai tomar
Vingança (de Trancoso destruída)
Afonso que não sabe sossegar,
Por estender co’a fama a curta vida;
Não se lhe pode muito sustentar
A cidade; mas sendo já rendida,
Em toda a cousa viva a gente irada
Provando os fios vai da dura espada.
“Já na cidade Beja vai tomar vingança (de Trancoso destruída) Afonso que não sabe sossegar, por estender co’a fama a curta vida (1); não se lhe pode muito sustentar a cidade; mas sendo já rendida, em toda a cousa viva a gente irada provando os fios vai da dura espada (2).”
(1) Não sabendo colocar freio ao crescimento de sua fama, o rei Afonso toma a cidade de Beja, sendo está uma vingança pela destruição que os mouros causaram na vila de Trancoso.
(2) Quando a cidade já não consegue mais resistir e acaba se rendendo, o iroso monarca português vai e, cruelmente, mata todos as pessoas do lugar.
“O rei Afonso, que não coloca freios no crescimento de sua fama, vai tomar a cidade de Beja para vingar a destruição que os mouros fizeram na vila de Trancoso, matando cruelmente todas as pessoas do lugar.”
CANTO III – ESTROFE 65
Com estas sojugadas foi Palmela
E a piscosa Cezimbra, e juntamente,
Sendo ajudado mais de sua estrela,
Desbarata um exército potente.
Sentiu-o a vila, e viu-o senhor dela,
Que a socorrê-la vinha diligente
Pela fralda da serra, descuidado
Do temeroso encontro inopinado.
“Com estas sojugadas foi Palmela e a piscosa Cezimbra, e juntamente, sendo ajudado mais de sua estrela, desbarata um exército potente (1). Sentiu-o a vila, e viu-o senhor dela, que a socorrê-la vinha diligente pela fralda da serra, descuidado do temeroso encontro inopinado (2).”
(1) Já tendo subjugado estas cidades, o rei Afonso agora também vai e conquista Palmela e a piscoda Cezimbra. O monarca português, que certamente estava sob a luz da sorte, também derrota um poderoso exército mouro.
(2) A vila de Palmela foi derrotada e foi subjugada, assim como também foi derrotado o seu senhor, que era rei de Bajadoz que acabou sendo pego desprevenido quando vinha pela serra tentando proteger sua vila.
“Além destas cidades, o rei Afonso Henriques também conquistou a vila de Palmela e a piscosa Cezimbra. Tendo sempre ajuda de sua sorte, o monarca português derrota um poderoso exército sarraceno: a vila de Palmela sofreu com a derrota, assim como o senhor dela, que era rei de Badajozm e que vinha da serra para tentar socorrê-la quando acabou encontrando o exército dos portugueses.”
CANTO III – ESTROFE 66
O rei de Badajoz era alto mouro,
Com quatro mil cavalos furiosos,
Inúmeros peões, d’armas e de ouro
Guarnecidos, guerreiros e lustrosos;
Mas qual no mês de maio o bravo touro,
Co’os ciúmes da vaca, arreceosos,
Sentindo gente, o bruto e cego amante,
Salteia o descuidado caminhante:
“O rei de Badajoz era alto mouro, com quatro mil cavalos furiosos, inúmeros peões, d’armas e de ouro guarnecidos, guerreiros e lustrosos (1); mas qual no mês de maio o bravo touro, co’os ciúmes da vaca, arreceosos, sentindo gente, o bruto e cego amante, salteia o descuidado caminhante (2).”
(1) O senhor de Palmela e rei de Badajoz era um nobre mouro que comandava um exército de quatro mil furiosos cavaleiros, inúmeros peões, além de lustrosos guerreiros com armas e ouro.
(2) Camões compara o ataca do exército do rei Afonso com a investida de um touro¹ que, sentindo ciúmes de sua vaga, cegamente acaba agredindo algum descuidado que estava próximo [continua na próxima estrofe].
“O senhor de Palmela, rei de Badajoz, era um nobre mouro que possuía um exército compostos por quatro mil cavalos furiosos, inúmeros peões guarnecidos com armas e ouro, além de guerreiros com brilhantes armaduras. Mas, assim como um boi que, no mês de maio, com ciúme desconfiado da vaca, acaba agredindo algum descuidado.”
¹Camões cita touro do mês de maio porque o touro é o signo que representa este mês.
CANTO III- ESTROFE 67
Destarte Afonso, súbito amostrado,
Na gente dá, que passa bem segura;
Fere, mata derriba denotado;
Foge o rei mouro, e só da vida cura.
Dum pânico terror todo assombrado,
Só de segui-lo o exército procura;
Sendo estes, que fizeram tanto abalo,
Nomais que só sessenta cavalos.
“Destarte Afonso, súbito amostrado, na gente dá, que passa bem segura; fere, mata derriba denotado (1); foge o rei mouro, e só da vida cura. Dum pânico terror todo assombrado, só de segui-lo o exército procura; sendo estes, que fizeram tanto abalo, nomais que só sessenta cavalos (2).”
(1) Assim como um furioso touro enciumado, o rei Afonso subitamente ataca o exército do rei mouro de Badajoz que passava tranquilamente por ali, ferimento e os matando.
(2) Procurando sobrevier ao ataque mortífero dos portugueses, o rei mouro foge, sendo que seu exército também o segue ao fugir de medo. Dos quatro mil cavaleiros do exército mouro, não sobrevivem mais que sessenta.
“Assim como touro enciumado, o rei Afonso Henriques parte para atacar o distraido exército mouro do rei de Badajoz, ferindo e os matando. O rei mouro foge da batalha, se preocupando apenas com sua vida; o seu exército, que está tomado pelo medo e pelo terror, tenta segui-lo, sendo que, dos quatro mil cavalos, não sobram mais que sessenta.”
CANTO III – ESTROFE 68
Logo segue a vitória sem tardança
O grão rei incansábil, ajuntando
Gentes de todo o reino, cuja usança
Era andar sempre terras conquistando.
Cerca vai Badajoz, e logo alcança
O fim de seu desejo, pelejando
Com tanto esforço e arte e valentia
Que a faz fazer às outras companhias.
“Logo segue a vitória sem tardança o grão rei incansábil, ajuntando gentes de todo o reino, cuja usança era andar sempre terras conquistando (1). Cerca vai Badajoz, e logo alcança o fim de seu desejo, pelejando com tanto esforço e arte e valentia que a faz fazer às outras companhias (2).”
(1) Logo após está vitória, o incansável rei Afonso segue sem demora para reunir gentes de todo o seu reino que tinham o desejo de sempre conquistar mais terras.
(2) Com eles, o rei Afonso aproveita que o exército inimigo já foi derrotado e cerca Badajoz, que logo é conquistada. Com isso, o monarca português realiza seu desejo, pois luta com todo o seu talento e coragem, mostrando a valentia que faz com que vença seus inimigos.
“O grande e incansável rei Afonso Henriques, logo após a vitória sobre o exército do rei mouro de Badajoz, reúne pessoas de todo o reino para que o ajudassem a conquistar as terras de Portugal. Ele faz um cerco em Badajoz e logo consegue conquista-la, a integrando junto com suas demais cidades dominadas.”
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Os Lusíadas (Edição Didática) – Volume I
Obra completa de Camões com notas e comentários de Francisco de Sales Lencastre, sendo a melhor edição para quem busca compreender todos os detalhes deste grande épico.

Os Lusíadas (Edição Didática) – Volume II
Obra completa de Camões com notas e comentários de Francisco de Sales Lencastre, sendo a melhor edição para quem busca compreender todos os detalhes deste grande épico.
Esses foram os nossos comentários sobre a quinquagésima quinta até a sexagésima oitava estrofe do terceiro canto de Os Lusíadas, onde Camões canta a conquista de Lisboa pelo rei Afonso Henriques, bem como das demais cidades que estavam sob controle dos mouros.
Eu sou Caio Motta e convido você a continuar acompanhando os nossos comentários sobre a grande obra de Camões, bem como demais textos da grande literatura universal presentes no nosso blog.