Neste nosso trigésimo primeiro comentário sobre Os Lusíadas, continuaremos a ler o terceiro canto da obra, onde Camões canta a expansão e o desenvolvimento de Portugal ao longo dos séculos XII, XIII e XIV.
CANTO III – ESTROFE 86
“O capitão Vasco da Gama comenta que o rei Sancho I continuou a expansão do território português”
Depois que foi rei alevantado,
Havendo poucos anos que reinava,
A cidade de Silves tem cercado,
Cujos os campos o bárbaro lavrava.
Foi das valentes gentes ajudado
Da germânica armada, que passava,
De fortes armas e gente apercebida,
A recobrar a Judéia já perdida.
“Depois que foi rei alevantado, havendo poucos anos que reinava, a cidade de Silves tem cercado, cujos os campos o bárbaro lavrava. Foi das valentes gentes ajudado da germânica armada, que passava, de fortes armas e gente apercebida, a recobrar a Judéia já perdida. (1)”
(1) Depois de ser coroado rei de Portugal, Sancho, com poucos anos de reinado, cercou e conquistou a cidade de Silves que estava nas mãos dos morros. Durante o cerco, teve ajuda de corajosos alemães que estavam indo participar da Cruzada que recobraria Jerusalém das mãos dos muçulmanos. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a história de Portugal, comenta o príncipe Sancho agora era rei de Portugal e que em seus primeiros anos como ele se dedicou a continuar a batalhando contra os mouros.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
“Depois de ser coroado rei de Portugal, Sancho, com poucos anos de reinado, cercou e conquistou a cidade de Silves que estava nas mãos dos morros. Durante o cerco, teve ajuda de corajosos alemães que estavam indo participar da Cruzada que recobraria Jerusalém das mãos dos muçulmanos.”
CANTO III – ESTROFE 87
“O capitão Vasco da Gama comenta que guerreiros alemães auxiliaram o rei Sancho I no cerco da cidade de Silves”
Passavam a ajudar na Santa Empresa
O roxo Frederico, que moveu
O poderoso exército em defesa
Da cidade onde Cristo padeceu.
Quando Guido, co’a gente em sede acesa,
Ao grande Saladino se rendeu,
No lugar onde os Mouros sobejavam
As águas, que os de Guido desejavam.
“Passavam a ajudar na Santa Empresa o roxo Frederico, que moveu o poderoso exército em defesa da cidade onde Cristo padeceu. Quando Guido, co’a gente em sede acesa, ao grande Saladino se rendeu, no lugar onde os Mouros sobejavam as águas, que os de Guido desejavam. (1)”
(1) Os navios que o auxiliaram o cerco do rei Sancho estavam a caminho da Jerusalém para participar da Cruzada convocada por Frederico Barba Roxa. Essa empreitada para recuperar a Terra Santa ocorreu quando Guy de Lusignam, o último rei cristão de Jerusalém, se rendeu ao grande Saladino no campo de Tiberíade, local que os homens de Guy desejavam, mas não tinham. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a história de Portugal, comenta as razões que levaram Frederico Barba Roxa a convocar a Terceira Cruzada.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
“Os navios que o auxiliaram o cerco do rei Sancho estavam a caminho da Jerusalém para participar da Cruzada convocada por Frederico Barba Roxa. Essa empreitada para recuperar a Terra Santa ocorreu quando Guy de Lusignam, o último rei cristão de Jerusalém, se rendeu ao grande Saladino no campo de Tiberíade, local que os homens de Guy desejavam, mas não tinham.”
CANTO III – ESTROFE 88
“O capitão Vasco da Gama comenta que o rei Sancho I conquista a cidade de Silves”
Mas a formosa armada, que viera
Por contraste de vento àquela parte,
Sancho quis ajudar na guerra fera,
Já que em serviço vai do santo Marte.
Assim como o seu pai acontecera
Quando tomou Lisboa, da mesma arte,
Do Germano ajudado, Silves toma
E o bravo morador destrue e doma.
“Mas a formosa armada, que viera por contraste de vento àquela parte, Sancho quis ajudar na guerra fera, já que em serviço vai do santo Marte. Assim como o seu pai acontecera quando tomou Lisboa, da mesma arte, do Germano ajudado, Silves toma e o bravo morador destrue e doma. (1)”
(1) A poderosa armada alemã que, indo participar da Guerra Santa, acabou passando por ali decidiu ajudar o rei Sancho em seu cerco. Então, assim como o rei Afonso Henriques teve auxílio dos alemães para conquistar Lisboa, agora o rei Sancho recebe ajuda dos alemães para conquistar Silves, tomando a cidade dos mouros e os destruindo. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a história de Portugal, comenta que a frota alemã auxiliou o rei Sancho a conquistar Silves.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
“A poderosa armada alemã que, indo participar da Guerra Santa, acabou passando por ali decidiu ajudar o rei Sancho em seu cerco. Então, assim como o rei Afonso Henriques teve auxílio dos alemães para conquistar Lisboa, agora o rei Sancho recebe ajuda dos alemães para conquistar Silves, tomando a cidade dos mouros e os destruindo.”
CANTO III – ESTROFE 89
“O capitão Vasco da Gama comenta que o rei Sancho I, além de conquistar as terras dos mouros, também volta seus olhos para o reino de Leão”
E se tantos troféus do Maometa
Alevantando vai, também do forte
Leonês não consente estar quieta
A terra, usada aos casos de Mavorte,
Até que na cerviz seu jugo meta
Da soberba Tui, que a mesma sorte
Viu ter muitas vilas suas vizinhas
Que por armas tu, Sancho, humildes tinhas.
“E se tantos troféus do Maometa alevantando vai, também do forte leonês não consente estar quieta a terra, usada aos casos de Mavorte, até que na cerviz seu jugo meta da soberba Tui, que a mesma sorte viu ter muitas vilas suas vizinhas que por armas tu, Sancho, humildes tinhas. (1)”
(1) E o rei Sancho, assim como vai conquistando muitos troféus dos mouros derrotados, também não deixa de investir contra as terras do reino de Leão que estão acostumadas com as questões de Marte. Conquista a cidade de Tui, bem como as demais vilas vizinhas que tem a sorte de serem dominadas pelo poder militar de Sancho. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a história de Portugal, comenta que o rei Sancho, além de conquistar os territórios dos mouros, também volta seus esforços para as terras do reino de Leão.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
“E o rei Sancho, assim como vai conquistando muitos troféus dos mouros derrotados, também não deixa de investir contra as terras do reino de Leão que estão acostumadas com as questões de Marte. Conquista a cidade de Tui, bem como as demais vilas vizinhas que tem a sorte de serem dominadas pelo poder militar de Sancho.”
CANTO III – ESTROFE 90
“O capitão Vasco da Gama comenta que, com a morte do rei Sancho I, seu filho, Afonso II, assume o trono de Portugal”
Mas entre tantas palmas salteado
Da temerosa morte, fica herdeiro
Um filho seu, de todos estimado,
Que foi segundo Afonso, e rei terceiro.
No tempo deste aos Mouros, foi tomado
Alcácere do Sal por derradeiro;
Porque dantes os mouros o tomaram,
Mas agora estruídos o pagaram.
“Mas entre tantas palmas salteado da temerosa morte, fica herdeiro um filho seu, de todos estimado, que foi segundo Afonso, e rei terceiro. No tempo deste aos Mouros, foi tomado Alcácere do Sal por derradeiro; porque dantes os mouros o tomaram, mas agora estruídos o pagaram. (1)”
(1) Mas entre tantas glórias, o rei Sancho veio a morrer, ficando seu filho, Afonso II, como terceiro rei de Portugal. No tempo deste novo rei Alcácere do Sal finalmente foi conquistada pelos portugueses, já que a cidade tinha sido tomada pelos mouros há muito tempo. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a história de Portugal, conta que o rei Sancho I morreu, deixando o trono de Portugal para o seu filho, Afonso II.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
“Mas entre tantas glórias, o rei Sancho veio a morrer, ficando seu filho, Afonso II, como terceiro rei de Portugal. No tempo deste novo rei Alcácere do Sal finalmente foi conquistada pelos portugueses, já que a cidade tinha sido tomada pelos mouros há muito tempo.”
CANTO III – ESTROFE 91
“O capitão Vasco da Gama comenta que, com a morte do rei Afonso II, seu filho, Sancho II, assume o trono de Portugal”
Morto depois Afonso, lhe sucede
Sancho segundo, manso e descuidado,
Que tanto em seus descuidos se desmede
Que de outrem quem mandava era mandado.
De governar o reino, que outro pede,
Por causa dos privados foi privado,
Porque, como por eles se regia,
Em todos os seus vícios consentia.
“Morto depois Afonso, lhe sucede Sancho segundo, manso e descuidado, que tanto em seus descuidos se desmede que de outrem quem mandava era mandado. De governar o reino, que outro pede, por causa dos privados foi privado, porque, como por eles se regia, em todos os seus vícios consentia. (1)”
(1) Depois da morte do rei Afonso II, lhe sucedeu seu filho, Sancho II, que era brando e negligente, deixando que outras pessoas influenciassem o seu governo. Por causa das suas irresponsabilidades e da sua corte, acabou desposto de seu cargo de monarca de Portugal. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a história de Portugal, comenta que, com a morte do rei Afonso II, o reino de Portugal ficou sob comando de seu filho, Sancho II, mas este foi deposto do cargo por causa da sua incapacidade de governar.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
“Depois da morte do rei Afonso II, lhe sucedeu seu filho, Sancho II, que era brando e negligente, deixando que outras pessoas influenciassem o seu governo. Por causa das suas irresponsabilidades e da sua corte, acabou desposto de seu cargo de monarca de Portugal.”
CANTO III – ESTROFE 92
“O capitão Vasco da Gama comenta que o rei Sancho II governava o rei de forma negligente e irresponsável”
Não era Sancho, não, tão desonesto
Como Nero, que um moço recebia
Por mulher, e depois horrendo incesto
Com a mãe Agripina cometia;
Nem tão cruel às gentes e molesto,
Que a cidade queimasse onde vivia;
Nem tão mau como foi Heliogabalo,
Nem como o mole rei Sardanapalo.
“Não era Sancho, não, tão desonesto como Nero, que um moço recebia por mulher, e depois horrendo incesto com a mãe Agripina cometia; nem tão cruel às gentes e molesto, que a cidade queimasse onde vivia; nem tão mau como foi Heliogabalo, nem como o mole rei Sardanapalo. (1)”
(1) Mas Sancho, apesar de negligente, não era desonesto como o imperador romano Nero, que tinha um homem como mulher, praticava incesto com a própria mãe e que queimou Roma, a cidade que vivia; também não era tão cruel quanto foi o imperador romano Heliogabalo, nem tão mole como o rei Sardanapalo. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a história de Portugal, comenta que o rei Sancho II, apesar dos defeitos, não foi uma figura terrível como outros homens do passado.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
“Mas Sancho, apesar de negligente, não era desonesto como o imperador romano Nero, que tinha um homem como mulher, praticava incesto com a própria mãe e que queimou Roma, a cidade que vivia; também não era tão cruel quanto foi o imperador romano Heliogabalo, nem tão mole como o rei Sardanapalo.”
CANTO III – ESTROFE 93
“O capitão Vasco da Gama comenta que o rei Sancho II, apesar de negligente em suas funções, não era cruel e tirânico como outros monarcas do passado”
Nem era o povo seu tiranizado,
Como Sicília foi de seus tiranos;
Nem tinha, como Fálaris, achado
Gênero de tormentos inumanos:
Mas o reino, de altivo e costumado
A senhores em tudo soberanos,
A rei não obedece, nem consente,
Que não for mais que todos excelentes.
“Nem era o povo seu tiranizado, como Sicília foi de seus tiranos; nem tinha, como Fálaris, achado gênero de tormentos inumanos: mas o reino, de altivo e costumado a senhores em tudo soberanos, a rei não obedece, nem consente, que não for mais que todos excelentes. (1)”
(1) Apesar do rei Sancho II ser um monarca negligente, ele não tiranizada os portugueses como os monarcas da Sicília faziam com seu povo, vide o cruel Fálaris, que inventou forma inumanas de tortura. Mas o povo de Portugal, que estava acostumado com reis de alto valor, não permitiu que Sancho continuasse como soberano, aceitando apenas grandes homens como líderes. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a história de Portugal, continua a dizer que o rei Sancho II, apesar de não ser um tirano terrível como muitos outros monarcas do passo, não é bom o suficiente para o povo português.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
“Apesar do rei Sancho II ser um monarca negligente, ele não tiranizada os portugueses como os monarcas da Sicília faziam com seu povo, vide o cruel Fálaris, que inventou forma inumanas de tortura. Mas o povo de Portugal, que estava acostumado com reis de alto valor, não permitiu que Sancho continuasse como soberano, aceitando apenas grandes homens como líderes.”
CANTO III – ESTROFE 94
“O capitão Vasco da Gama comenta que, com a morte do rei Sancho II, seu irmão, Afonso III, assume o trono de Portugal”
Por esta causa o reino governou
O conde bolonhês, depois alçado
Por rei, quando da vida se apartou
Seu irmão Sancho, sempre ócio dado.
Este, que Afonso o Bravo se chamou,
Depois de ter o reino segurado,
Em dilata-lo cuida; que em terreno
Não cabe o altivo peito, tão pequeno.
“Por esta causa o reino governou o conde bolonhês, depois alçado por rei, quando da vida se apartou seu irmão Sancho, sempre ócio dado. Este, que Afonso o Bravo se chamou, depois de ter o reino segurado, em dilata-lo cuida; que em terreno não cabe o altivo peito, tão pequeno. (1)”
(1) Por causa da morte do rei Sancho II, o reino de Portugal passou a ser governado pelo seu irmão, Afonso o Bravo. O novo monarca cuidou de expandir os limites do território português, já que o tamanho atual do terreno ainda era muito pequeno para ele. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a história de Portugal, comenta que com a morte do rei Sancho II, o reino português passou a ser governado por seu irmão, o rei Afonso III.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
“Por causa da morte do rei Sancho II, o reino de Portugal passou a ser governado pelo seu irmão, Afonso o Bravo. O novo monarca cuidou de expandir os limites do território português, já que o tamanho atual do terreno ainda era muito pequeno para ele.”
CANTO III – ESTROFE 95
“O capitão Vasco da Gama comenta que o rei Afonso III continua a expansão do reino de Portugal”
Da terra dos Algarves, que lhe fora
Em casamento dada, grande parte
Recupera co’o braço, e deita fora
O Mouro mal querido já de Marte.
Este de todo feliz livre e senhora
Lusitânia com força e bélica arte,
E acabou de oprimir a nação forte
Na terra que aos de Luso coube em sorte.
“Da terra dos Algarves, que lhe fora em casamento dada, grande parte recupera co’o braço, e deita fora o Mouro mal querido já de Marte. Este de todo feliz livre e senhora Lusitânia com força e bélica arte, e acabou de oprimir a nação forte na terra que aos de Luso coube em sorte. (1)”
(1) O rei Afonso III, com seu forte braço militar, recupera as terras da região de Algarves que lhe fora dada em casamento, derrotando do local os mouros que já não tinham poder de combater. Com sua força e arte militar, o monarca português garantiu a independência das terras de Portugal, eliminando a presença dos mouros. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a história de Portugal, comenta que o rei Afonso III foi muito bem-sucedido na luta contra os mouros, garantindo a integridade do território português.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
“O rei Afonso III, com seu forte braço militar, recupera as terras da região de Algarves que lhe fora dada em casamento, derrotando do local os mouros que já não tinham poder de combater. Com sua força e arte militar, o monarca português garantiu a independência das terras de Portugal, eliminando a presença dos mouros.”
CANTO III – ESTROFE 96
“O capitão Vasco da Gama comenta que, com a morte do rei Afonso III, seu filho, Diniz I, assume o trono de Portugal”
Eis depois vem Dinis, que bem parece
Do bravo Afonso estirpe nobre e dina;
Com quem a fama grande se escurece
Da liberdade alexandrina.
Com este o reino próspero floresce
(Alcançada já paz áurea, divina)
Em constituições, leis e costumes,
Na terra já tranquila claros lumes.
“Eis depois vem Dinis, que bem parece do bravo Afonso estirpe nobre e dina; com quem a fama grande se escurece da liberdade alexandrina. Com este o reino próspero floresce (alcançada já paz áurea, divina) em constituições, leis e costumes, na terra já tranquila claros lumes. (1)”
(1) Com a morte do rei Afonso III, seu filho, D. Diniz, assume o trono de Portugal, este que, além de ter a nobre estipe do pai, também era generoso como Alexandre Magno. O reino prosperou com o monarca, alcançando uma paz divina, além de estabelecer constituições, leis e costumes que tranquilizaram as terras portuguesas. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a história de Portugal, conta que, após a morte do rei Afonso III, o trono de Portugal fica sob o comando de seu filho, D. Diniz I.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
“Com a morte do rei Afonso III, seu filho, D. Diniz, assume o trono de Portugal, este que, além de ter a nobre estipe do pai, também era generoso como Alexandre Magno. O reino prosperou com o monarca, alcançando uma paz divina, além de estabelecer constituições, leis e costumes que tranquilizaram as terras portuguesas.”
CANTO III – ESTROFE 97
“O capitão Vasco da Gama comenta que o rei Diniz I constrói a Universidade de Coimbra”
Fez primeiro em Coimbra exercitar-se
O valoroso ofício de Minerva
E de Helicona as Musas fez passar-se
A pisar em Mondego a fértil erva.
Quanto pode d’Atenas desejar-se,
Tudo o soberbo Apolo aqui reserva:
Aqui as capelas dá tecidas de ouro,
Do bácaro, e do sempre verde louro.
“Fez primeiro em Coimbra exercitar-se o valoroso ofício de Minerva e de Helicona as Musas fez passar-se a pisar em Mondego a fértil erva. Quanto pode d’Atenas desejar-se, tudo o soberbo Apolo aqui reserva: aqui as capelas dá tecidas de ouro, do bácaro, e do sempre verde louro. (1)”
(1) O rei Diniz I começou construindo a Universidade de Coimbra, para que a assim se exercitassem os ofícios artísticos de Minerva e para que as Musas do monte Helicona, que sempre inspiraram os grandes poetas do passado, viessem a pisar nas terras banhadas pelo rio Mondego. O soberbo Apolo, que garante o dom da poesia, guarda aqui tudo o que poderia se desejar da gloriosa Atenas, além de dar capelas feitas de ouro e bácaro que é usada para fazer os verdes louros. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar história de Portugal, comenta que o rei Diniz I fundou a Universidade de Coimbra, para que em Portugal nascessem grandes nomes da arte.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
“O rei Diniz I começou construindo a Universidade de Coimbra, para que a assim se exercitassem os ofícios artísticos de Minerva e para que as Musas do monte Helicona, que sempre inspiraram os grandes poetas do passado, viessem a pisar nas terras banhadas pelo rio Mondego. O soberbo Apolo, que garante o dom da poesia, guarda aqui tudo o que poderia se desejar da gloriosa Atenas, além de dar capelas feitas de ouro e bácaro que é usada para fazer os verdes louros.”
CANTO III – ESTROFE 98
“O capitão Vasco da Gama conta que o rei Diniz também ampliou e desenvolveu as cidades portuguesas e, com sua morte, seu filho, Afonso IV, assume o reino”
Nobres vila de novo edificou,
Fortalezas, castelos mui seguros;
E quase o reino todo reformou
Com edifícios grandes e altos muros;
Mas depois que a dura Atropos cortou
O fio de seus dias já maduros,
Ficou-lhe o filho pouco obediente,
Quarto Afonso, mas forte e excelente.
“Nobres vila de novo edificou, fortalezas, castelos mui seguros; e quase o reino todo reformou com edifícios grandes e altos muros; mas depois que a dura Atropos cortou o fio de seus dias já maduros, ficou-lhe o filho pouco obediente, quarto Afonso, mas forte e excelente. (1)”
(1) O rei Diniz I construiu nobres vilas em Portugal, assim como fortalezas e castelos fortificados; também reformou quase todo o reino com grandes edifícios e altas muralhas. Mas, quando a cruel Átropos cortou o fio de seus dias e pôs fim a sua vida, Afonso IV, seu filho, assume o trono de Portugal, este que, embora fosse um príncipe pouco obediente, veio a se mostrar um rei forte e excelente. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar história de Portugal, comenta que rei Diniz I também construir e aprimorou as edificações do reino e, quando morreu, passou o trono para seu filho, Afonso IV. Átropos era uma das três Parcas, seres mitológicos que determinavam o destino de todos ao fabricar, tecer e cortar o fio da vida dos seres.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
“O rei Diniz I construiu nobres vilas em Portugal, assim como fortalezas e castelos fortificados; também reformou quase todo o reino com grandes edifícios e altas muralhas. Mas, quando a cruel Átropos cortou o fio de seus dias e pôs fim a sua vida, Afonso IV, seu filho, assume o trono de Portugal, este que, embora fosse um príncipe pouco obediente, veio a se mostrar um rei forte e excelente.”
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Os Lusíadas (Edição Didática) – Volume I
Obra completa de Camões com notas e comentários de Francisco de Sales Lencastre, sendo a melhor edição para quem busca compreender todos os detalhes deste grande épico.
Os Lusíadas (Edição Didática) – Volume II
Obra completa de Camões com notas e comentários de Francisco de Sales Lencastre, sendo a melhor edição para quem busca compreender todos os detalhes deste grande épico.
Esses foram os nossos comentários sobre a octogésima sexta a nonagésima oitava estrofe do terceiro canto de Os Lusíadas, onde Camões canta a expansão e o desenvolvimento de Portugal ao longo dos séculos XII, XIII e XIV.
Eu sou Caio Motta e convido você a continuar acompanhando os nossos comentários sobre a grande obra de Camões, bem como demais textos da grande literatura universal presentes no nosso blog.