Neste nosso quadragésimo quinto comentário sobre Os Lusíadas, continuaremos de ler o quinto canto da obra, onde Camões canta a passagem pelo Cabo da Boa Esperança e o encontro com o Gigante Adamastor.
CANTO V – ESTROFE 37
“O capitão Vasco da Gama comenta a chega da frota ao Cabo da Boa Esperança”
Porém já cinco sois eram passados
Que dali nos partíramos, cortando
Os mares nunca d’outrem navegados,
Prosperamente os ventos assoprando
Quando uma noite, estando descuidados
Na cortadora proa vigiando,
Uma nuvem, que os ares escurece,
Sobre as nossas cabeças aparece.
“Porém já cinco sois eram passados que dali nos partíramos, cortando os mares nunca d’outrem navegados, prosperamente os ventos assoprando quando uma noite, estando descuidados na cortadora proa vigiando, uma nuvem, que os ares escurece, sobre as nossas cabeças aparece. (1)”
(1) Já tendo passado cinco dias desde a partida da ilha, com as naus portuguesas cortando os mares que nunca antes foram navegados com o auxílio dos favoráveis ventos que sopravam as velas durante a noite, eis que surge, quando nós estávamos descuidados, uma nuvem sobre as nossas cabeças que escurece os ares. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a viagem dos portugueses rumo à Índia no Oriente, comenta a chegada de uma tempestade.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
“Já tendo passado cinco dias desde a partida da ilha, com as naus portuguesas cortando os mares que nunca antes foram navegados com o auxílio dos favoráveis ventos que sopravam as velas durante a noite, eis que surge, quando nós estávamos descuidados, uma nuvem sobre as nossas cabeças que escurece os ares.”
CANTO V – ESTROFE 38
“O capitão Vasco da Gama comenta que ficou espanto com o clima do lugar”
Tão temerosa vinha e carregada,
Que pôs nos corações um grande medo;
Bramindo o negro mar de longe brada,
Como se desse em vão nalgum rochedo.
“Ó Potestade, disse, sublimada!
Que ameaça divino, ou que segredo
Este clima e este mar nos apresenta,
Que mor cousa parece que tormenta?”
“Tão temerosa vinha e carregada, que pôs nos corações um grande medo; bramindo o negro mar de longe brada, como se desse em vão nalgum rochedo. Ó Potestade, disse, sublimada! Que ameaça divino, ou que segredo este clima e este mar nos apresenta, que mor cousa parece que tormenta? (1)”
(1) A nuvem vinha tão assustadora e carregada que instalou um grande medo em nossos corações, enquanto o negro mar bradava de longe o choque os rochedos. Nisso eu disse: “Ó sublimada Potestade! Que ameaça divina ou que segredo este clima e mar nos apresentam que parece maior que tormenta? Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a viagem dos portugueses rumo à Índia no Oriente, comenta a chegada no Cabo da Boa Esperança.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
“A nuvem vinha tão assustadora e carregada que instalou um grande medo em nossos corações, enquanto o negro mar bradava de longe o choque os rochedos. Nisso eu disse: “Ó sublimada Potestade! Que ameaça divina ou que segredo este clima e mar nos apresentam que parece maior que tormenta?”
CANTO V – ESTROFE 39
“O capitão Vasco da Gama descreve a aparência do Gigante Adamastor”
Não acabava, quando uma figura
Se nos mostra no ar, robusta e válida,
De disforme e grandíssima estatura,
O rosto carregado, a barba esquálida,
Os olhos encovados, e a postura
Medonha e má, e a cor terrena e pálida,
Cheios de terra e crespos os cabelos,
A boca negra, os dentes amarelos.
“Não acabava, quando uma figura se nos mostra no ar, robusta e válida, de disforme e grandíssima estatura, o rosto carregado, a barba esquálida, os olhos encovados, e a postura medonha e má, e a cor terrena e pálida, cheios de terra e crespos os cabelos, a boca negra, os dentes amarelos. (1)”
(1) Eu não terminava de dizer essas palavras, quando uma figura robusta, disforme e de grandíssima estatura; a criatura tinha um rosto irado, com uma barba comprida, olhos encovados e uma postura medonha e má; tinha uma cor de terrena pálida, os cabelos crespos cheios de terra; mostrava uma boca negra com dentes amarelos. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a viagem dos portugueses rumo à Índia no Oriente, conta o encontro com o Gigante Adamastor no Cabo da Boa Esperança.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
“Eu não terminava de dizer essas palavras, quando uma figura robusta, disforme e de grandíssima estatura; a criatura tinha um rosto irado, com uma barba comprida, olhos encovados e uma postura medonha e má; tinha uma cor de terrena pálida, os cabelos crespos cheios de terra; mostrava uma boca negra com dentes amarelos.”
CANTO V – ESTROFE 40
“O capitão Vasco da Gama continua descrevendo a aparência do Gigante Adamastor, este que se prepara para falar”
Tão grande era de membros que bem posso
Certificar-te que este era o segundo
De Rodes estranhíssimo colosso,
Que um dos sete milagres foi do mundo.
C’um tom de voz nos fala horrendo e grosso,
Que pareceu sair do mar profundo:
Arrepiam-se as carnes e o cabelo
A mim e a todos, só de ouvi-lo e vê-lo.
“Tão grande era de membros que bem posso certificar-te que este era o segundo de Rodes estranhíssimo colosso, que um dos sete milagres foi do mundo. C’um tom de voz nos fala horrendo e grosso, que pareceu sair do mar profundo: arrepiam-se as carnes e o cabelo a mim e a todos, só de ouvi-lo e vê-lo. (1)”
(1) A criatura era tão gigantesca que eu posso certamente confirmar que deveria ser o segundo Colosso de Rodes, este já foi uma das sete maravilhas do mundo. Nos fala com um tom de voz horrendo e grosso que parecia sair das profundezas do mar, arrepiando a minha carne e os meus cabelos, assim como dos demais marinheiros que o viam e o ouviam. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a viagem dos portugueses rumo à Índia no Oriente, descreve a figura do Gigante Adamastor, comparando-o com o famoso gigante de Rodes.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
“’A criatura era tão gigantesca que eu posso certamente confirmar que deveria ser o segundo Colosso de Rodes, este já foi uma das sete maravilhas do mundo. Nos fala com um tom de voz horrendo e grosso que parecia sair das profundezas do mar, arrepiando a minha carne e os meus cabelos, assim como dos demais marinheiros que o viam e o ouviam.”
CANTO V – ESTROFE 41
“O capitão Vasco da Gama comenta que o Gigante Adamastor repreende os portugueses por navegarem em seu território”
E disse: “Ó gente ousada mais que quantas
No mundo cometeram grandes cousas;
Tu, que por guerras cruas, tais e tantas,
E por trabalhos vãos nunca repousas,
Pois os vedados términos quebrantas,
E navegar meus longos mares ousas,
Que eu tanto tempo há já que guardo e tenho,
Nunca arados d’estranho ou próprio lenho:
“E disse: Ó gente ousada mais que quantas no mundo cometeram grandes cousas; tu, que por guerras cruas, tais e tantas, e por trabalhos vãos nunca repousas, pois os vedados términos quebrantas, e navegar meus longos mares ousas, que eu tanto tempo há já que guardo e tenho, nunca arados d’estranho ou próprio lenho: (1)”
(1) E disse o gigante: “Ó gente portuguesa que é mais ousada do que qualquer outra que realizou um grande feito; tu, que nuca descansou de batalhar em tantas guerras e de tantos trabalhos, já que querem alcançar os grandes feitos, ousas navegar nos longos mares que eu tenho e protejo, estes que, como um campo, nunca foram arados por estranhos. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a viagem dos portugueses rumo à Índia no Oriente, comenta a fala do Gigante Adamastor, que repreende os portugueses por navegarem em seu território.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
“E disse o gigante: Ó gente portuguesa que é mais ousada do que qualquer outra que realizou um grande feito; tu, que nuca descansou de batalhar em tantas guerras e de tantos trabalhos, já que querem alcançar os grandes feitos, ousas navegar nos longos mares que eu tenho e protejo, estes que, como um campo, nunca foram arados por estranhos.”
CANTO V – ESTROFE 42
“O capitão Vasco da Gama comenta que o Gigante Adamastor começa a fazer terríveis previsões sobre as viagens dos portugueses por ali”
“Pois vens ver os segredos escondidos
Da natureza e do úmido elemento,
A nenhum grande humano concedidos
De nobre ou de imortal merecimento,
Ouve os danos de mim, que apercebidos
Estão a teu sobejo atrevimento
Por todo o largo mar e pela terra
Que inda hás de sojugar com dura guerra.
“Pois vens ver os segredos escondidos da natureza e do úmido elemento, a nenhum grande humano concedidos de nobre ou de imortal merecimento, ouve os danos de mim, que apercebidos estão a teu sobejo atrevimento por todo o largo mar e pela terra que inda hás de sojugar com dura guerra. (1)”
(1) Visto que vens ver os escondidos segredos da natureza e mar, segredos estes que não concedidos a nenhum homem de nobre ou imortal merecimento, ouve de mim os danos que cairão por todo o largo mar por causa do seu sobejo atrevimento, assim como os danos que ocorrerão pelas terras que conquistar em guerra. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a viagem dos portugueses rumo à Índia no Oriente, continua comentando a fala do Gigante Adamastor, que comenta que muitos sofrerão por causas das conquistas dos portugueses.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
“Visto que vens ver os escondidos segredos da natureza e mar, segredos estes que não concedidos a nenhum homem de nobre ou imortal merecimento, ouve de mim os danos que cairão por todo o largo mar por causa do seu sobejo atrevimento, assim como os danos que ocorrerão pelas terras que conquistar em guerra.”
CANTO V – ESTROFE 43
“O capitão Vasco da Gama cometa que o Gigante Adamastor diz que as próximas naus portuguesas sofreram graves danos ao passar por ali.
“Sabe que quantas naus esta viagem
Que tu fazes, fizerem de atrevidas,
Inimiga terão esta paragem
Com ventos e tormentas desmedidas.
E na primeira armada, que passagem
Fizer por estas ondas insofridas,
Eu farei d’improviso tal castigo,
Que seja mor o dano, que o perigo.
“Sabe que quantas naus esta viagem que tu fazes, fizerem de atrevidas, inimiga terão esta paragem com ventos e tormentas desmedidas. E na primeira armada, que passagem fizer por estas ondas insofridas, eu farei d’improviso tal castigo, que seja mor o dano, que o perigo. (1)”
(1) Fique tu sabendo que, todas as nauas que realizem esta viagem a partir de hoje, terão os ventos e tormentas desta passagem como inimigas, sendo que a primeira armada que passar por essas ondas eu, de forma inesperada, causarei tamanho dano que nem perceberão o tamanho do perigo. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a viagem dos portugueses rumo à Índia no Oriente, conta a profecia do Gigante Adamastor, que promete muita destruição aos portugueses que cruzem o Cabo da Esperança.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
“Fique tu sabendo que, todas as nauas que realizem esta viagem a partir de hoje, terão os ventos e tormentas desta passagem como inimigas, sendo que a primeira armada que passar por essas ondas eu, de forma inesperada, causarei tamanho dano que nem perceberão o tamanho do perigo.”
CANTO V – ESTROFE 44
“O capitão Vasco da Gama comenta que o Gigante Adamastor diz que, todo ano, uma nau portuguesa naufragará”
“Aqui espero tomar, se não me engano,
De quem me descobriu suma vingança;
E não se acabará só nisto o dano
De vossa petinace confiança:
Antes em vossas naus vereis cada ano
(Se é verdade o que meu juízo alcança)
Naufrágios, perdições de toda sorte,
Que o menor de todos seja a morte.
“Aqui espero tomar, se não me engano, de quem me descobriu suma vingança; e não se acabará só nisto o dano de vossa petinace confiança: antes em vossas naus vereis cada ano (se é verdade o que meu juízo alcança) naufrágios, perdições de toda sorte, que o menor de todos seja a morte. (1)”
(1) Aqui espero me vingar de quem descobriu o Cabo da Boa Esperança, tomando a vida de Bartolomeu Dias; e não sendo isso suficiente, também sofrera de mim, por causa de sua ousadia, ver a cada que passa naufrágios e perdições de vossas naus, de modo que o menor mal seria a morte. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a viagem dos portugueses rumo à Índia no Oriente, continua contando a profecia do Gigante Adamastor, que promete muita destruição aos portugueses que cruzem o Cabo da Esperança.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
“Aqui espero me vingar de quem descobriu o Cabo da Boa Esperança, tomando a vida de Bartolomeu Dias; e não sendo isso suficiente, também sofrera de mim, por causa de sua ousadia, ver a cada que passa naufrágios e perdições de vossas naus, de modo que o menor mal seria a morte.”
CANTO V – ESTROFE 45
“O capitão Vasco da Gama comenta que o Gigante Adamastor diz que ilustres portugueses morreram no Cabo da Boa Esperança”
“E do primeiro ilustre, que a ventura
Com fama alta fizer tocar os céus,
Serei eterna e nova sepultura,
Por juízos incógnitos de Deus:
Aqui porá da turca armada dura
Os soberbos e prósperos troféus;
Comigo de seus danos o ameaça
A destruída Quíloa com Mombaça.
“E do primeiro ilustre, que a ventura com fama alta fizer tocar os céus, serei eterna e nova sepultura, por juízos incógnitos de Deus: aqui porá da turca armada dura os soberbos e prósperos troféus; comigo de seus danos o ameaça a destruída Quíloa com Mombaça. (1)”
(1) E, por juízos incógnitos de Deus, serei a nova e eterna sepultura do primeiro ilustre português que tocar os céus, sendo que este varão porá os soberbos e prósperos troféus da armada turca; e, além de mim, ele também sofrerá pelos danos causados à Quíloa e Mombaça. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a viagem dos portugueses rumo à Índia no Oriente, continua comentando as previsões feitos pelo Gigante Adamastor sobre os portugueses que passarem por aqui. O ilustre português é uma referência a D. Francisco de Almeida, que foi derrotou os turcos em 1509 e foi morto pelos nativos da região em 1510.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
“E, por juízos incógnitos de Deus, serei a nova e eterna sepultura do primeiro ilustre português que tocar os céus, sendo que este varão porá os soberbos e prósperos troféus da armada turca; e, além de mim, ele também sofrerá pelos danos causados à Quíloa e Mombaça.”
CANTO V – ESTROFE 46
“O capitão Vasco da Gama comente que o Gigante Adamastor diz que mais nobres portugueses naufragarão ao passar por aqui”
“Outro também virá de honrada fama,
Liberal, cavaleiro, enamorado,
E consigo trará a formosa dama,
Que Amor por grã mercê lhe terá dado:
Triste ventura e negro fado os chama
Neste terreno meu, que duro irado
Os deixará dum cru naufrágio vivos,
Para verem trabalhos excessivos.
“Outro também virá de honrada fama, liberal, cavaleiro, enamorado, e consigo trará a formosa dama, que Amor por grã mercê lhe terá dado: triste ventura e negro fado os chama neste terreno meu, que duro irado os deixará dum cru naufrágio vivos, para verem trabalhos excessivos. (1)”
(1) Também virá outro português ilustre, de honrada fama, liberal, cavaleiro e enamorado, trazendo consigo a formosa dama que o Amor, por merecimento, lhe deu; para eles, triste será o destino neste terreno, já que eles, mesmo saindo vivos de um naufrágio, ainda sofrerão em excessivos trabalhos. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a viagem dos portugueses rumo à Índia no Oriente, continua comentando as previsões feitos pelo Gigante Adamastor sobre os portugueses que passarem por aqui. Referência ao naufrágio de Manoel de Sousa de Sepúlveda e sua esposa, D. Leonor de Sá.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
“Também virá outro português ilustre, de honrada fama, liberal, cavaleiro e enamorado, trazendo consigo a formosa dama que o Amor, por merecimento, lhe deu; para eles, triste será o destino neste terreno, já que eles, mesmo saindo vivos de um naufrágio, ainda sofrerão em excessivos trabalhos.”
CANTO V – ESTROFE 47
“O capitão Vasco da Gama comenta que o Gigante Adamastor diz o sofrimento dos portugueses que naufragarão no Cabo da Boa Esperança”
“Verão morrer com fome os filhos caros,
Em tanto amor gerados e nascidos;
Verãos os Cafres ásperos e avaros
Tirar à linda dama seus vestidos:
Os cristalinos membros e preclaros
À calma, ao frio, ao ar verão despidos,
Depois de ter pisada longamente
Co’os delicados pés a areia ardente.
“Verão morrer com fome os filhos caros, em tanto amor gerados e nascidos; verãos os Cafres ásperos e avaros tirar à linda dama seus vestidos: os cristalinos membros e preclaros à calma, ao frio, ao ar verão despidos, depois de ter pisada longamente co’os delicados pés a areia ardente. (1)”
(1) Por causa do naufrágio, este dois verão os queridos filhos, que foram gerados e nascidos em tanto amor, morrem de fome; verão os ásperos e avaros índios cafés tirar da linda dama os seus vestidos e, com isso, deixando os seus cristalinos membros despidos ao ar, à calma, ao frio do noite após um longo dia com os pés queimando na areia. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a viagem dos portugueses rumo à Índia no Oriente, continua comentando as previsões feitos pelo Gigante Adamastor sobre os portugueses que passarem por aqui. Referência ao naufrágio de Manoel de Sousa de Sepúlveda e sua esposa, D. Leonor de Sá.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
“Por causa do naufrágio, este dois verão os queridos filhos, que foram gerados e nascidos em tanto amor, morrem de fome; verão os ásperos e avaros índios cafés tirar da linda dama os seus vestidos e, com isso, deixando os seus cristalinos membros despidos ao ar, à calma, ao frio do noite após um longo dia com os pés queimando na areia.”
CANTO V – ESTROFE 48
“O capitão Vasco da Gama comenta que o Gigante Adamastor continua dizendo que os portugueses sofreram com os naufrágios”
“E verão mais os olhos que escaparem
De tanto mal, de tanta desventura,
Os dous amantes míseros ficarem
Na férvida e implacábil espessura;
Ali, depois que as pedras abrandarem
Com lágrimas de dor, de mágoa pura,
Abraçados, as almas soltarão
Da forma e misérrima prisão.
“E verão mais os olhos que escaparem de tanto mal, de tanta desventura, os dous amantes míseros ficarem na férvida e implacábil espessura; ali, depois que as pedras abrandarem com lágrimas de dor, de mágoa pura, abraçados, as almas soltarão da forma e misérrima prisão. (1)”
(1) E os olhos outros portugueses que escaparem deste naufrágio verão os dois miseráveis amantes ficarem mortos na férvida e implacável espessura dos matos; ali, depois que os rochedos abrandarem com lágrimas de dor, de pura mágoa, as almas dos dois amantes abandonarão a mísera prisão. Camões canta que o capitão Vasco da Gama, continuando a contar a viagem dos portugueses rumo à Índia no Oriente, continua comentando as previsões feitos pelo Gigante Adamastor sobre os portugueses que passarem por aqui.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
“E os olhos outros portugueses que escaparem deste naufrágio verão os dois miseráveis amantes ficarem mortos na férvida e implacável espessura dos matos; ali, depois que os rochedos abrandarem com lágrimas de dor, de pura mágoa, as almas dos dois amantes abandonarão a mísera prisão.”
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Os Lusíadas (Edição Didática) – Volume I
Obra completa de Camões com notas e comentários de Francisco de Sales Lencastre, sendo a melhor edição para quem busca compreender todos os detalhes deste grande épico.
Os Lusíadas (Edição Didática) – Volume II
Obra completa de Camões com notas e comentários de Francisco de Sales Lencastre, sendo a melhor edição para quem busca compreender todos os detalhes deste grande épico.
Esses foram os nossos comentários sobre a trigésima sétima até a quadragésima oitava estrofe do quinto canto de Os Lusíadas, onde Camões canta a passagem pelo Cabo da Boa Esperança e o encontro com o Gigante Adamastor.
Eu sou Caio Motta e convido você a continuar acompanhando os nossos comentários sobre a grande obra de Camões, bem como demais textos da grande literatura universal presentes no nosso blog.