Neste nosso quinquagésimo terceiro comentário sobre Os Lusíadas, continuaremos a ler o sexto canto da obra, onde Camões canta o conselho dos deuses do mar e o discurso de Baco contra os marinheiros portugueses.

OS LUSÍADAS OS PORTUGUES PARTEM RUMO AO ORIENTE
O conselho dos deuses do mar e o discurso de Baco

CANTO VI – ESTROFE 25

“Os deuses do mar estão todos reunidos no palácio de Netuno”

 

Já finalmente todos assentados

Na grande sala, nobre e divinal,

As deusas em riquíssimos estrados,

Os deuses em cadeiras de cristal;

Foram todos do padre agasalhados,

Que c’o Tebano tinha assento igual;

De fumos enche a casa a rica massa

Que no mar nasce, e Arábia em cheiro passa.

 

“Já finalmente todos assentados na grande sala, nobre e divinal, as deusas em riquíssimos estrados, os deuses em cadeiras de cristal; foram todos do padre agasalhados, que c’o Tebano tinha assento igual; de fumos enche a casa a rica massa que no mar nasce, e Arábia em cheiro passa. (1)

(1) Os deuses já estavam todos sentados na grande sala do nobre e divino palácio de Netuno, com as deusas em riquíssimos bancos e os deuses de cadeiras de cristal; todos eles acolhidos pelo deus dos mares que sentava em igual assento. O âmbar, a massa que nasce no ar e que é incenso no Arábia, enchia a casa de fumos. Camões canta que os deuses estavam reunidos para o concílio no palácio de Netuno.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Os deuses já estavam todos sentados na grande sala do nobre e divino palácio de Netuno, com as deusas em riquíssimos bancos e os deuses de cadeiras de cristal; todos eles acolhidos pelo deus dos mares que sentava em igual assento. O âmbar, a massa que nasce no ar e que é incenso no Arábia, enchia a casa de fumos.”

CANTO VI – ESTROFE 26

“Baco se prepara para falar aos deuses do mar”

 

Estando sossegado já o tumulto

Dos deuses e de seus recebimentos,

Começa a descobrir do peito oculto

A causa do Tioneu de seus tormentos.

Um pouco carregando-se no vulto,

Dando mostra de grandes sentimentos,

Só por dar aos de Luso triste morte

C’o ferro alheio, fala desta sorte;

 

“Estando sossegado já o tumulto dos deuses e de seus recebimentos, começa a descobrir do peito oculto a causa do Tioneu de seus tormentos. Um pouco carregando-se no vulto, dando mostra de grandes sentimentos, só por dar aos de Luso triste morte c’o ferro alheio, fala desta sorte; (1)

(1) Estando os deuses mais calmos após a convocação que foi feita e a chegada deles ao palácio de Netuno, Baco começa a mostrar a causa da sua inquietação. Querendo ele que os deuses marítimos liquidassem com a frota portuguesa em seu lugar, ele mostrando um aspecto mais sombrio e aparentando ter grandes sentimentos pela situação, e então começa a falar. Camões canta que Baco se prepara para falar sobre a viagem dos portugueses e tentar convencer os deuses marítimos a destruí-los.

 Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Estando os deuses mais calmos após a convocação que foi feita e a chegada deles ao palácio de Netuno, Baco começa a mostrar a causa da sua inquietação. Querendo ele que os deuses marítimos liquidassem com a frota portuguesa em seu lugar, ele mostrando um aspecto mais sombrio e aparentando ter grandes sentimentos pela situação, e então começa a falar.”

CANTO VI – ESTROFE 27

“Baco saúda Netuno e Oceano”

 

“Príncipe, que de juro senhoreais,

Dum polo ao outro polo, o mar irado;

Tu, que as gentes da terra toda enfreias,

Que não passem o termo limitado;

 E tu, padre Oceano, que rodeias

O mundo universal, e tens cercado,

E com justo decreto assim permites

Que dentro vivam só de seus limites;

 

“Príncipe, que de juro senhoreais, dum polo ao outro polo, o mar irado; tu, que as gentes da terra toda enfreias, que não passem o termo limitado; e tu, padre Oceano, que rodeias o mundo universal, e tens cercado, e com justo decreto assim permites que dentro vivam só de seus limites; (1)

(1) “Ó príncipe Netuno, que é senhor por direito do mar irado que vai do Polo Norte ao Polo Sul e que reprime toda a gente da terra para que não passem o termo limitado; e tu, padre Oceano, que rodeias o mundo universal e assim permite, com justo decreto, que dentro vivam dentro dos seus limites.” Camões canta a fala que Baco faz aos deuses marítimos que estão presentes no concílio [continua nas próximas estrofes].

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Ó príncipe Netuno, que é senhor por direito do mar irado que vai do Polo Norte ao Polo Sul e que reprime toda a gente da terra para que não passem o termo limitado; e tu, padre Oceano, que rodeias o mundo universal e assim permite, com justo decreto, que dentro vivam dentro dos seus limites.”

CANTO VI – ESTROFE 28

“Baco questiona o motivo dos deuses do mar permitirem que os humanos navegam em seus domínios”

 

“E vós, deuses do mar, que não sofreis

Injúria alguma em vosso reino grande,

Que com castigo igual vos não vingueis

De quem quer que por ele corra e ande,

Que descuido foi este em que viveis?

Quem pode ser, que tanto vos abrande

Os peitos, com razão endurecidos

Contra os humanos, fracos e atrevidos?

 

“E vós, deuses do mar, que não sofreis injúria alguma em vosso reino grande, que com castigo igual vos não vingueis de quem quer que por ele corra e ande, que descuido foi este em que viveis? Quem pode ser, que tanto vos abrande os peitos, com razão endurecidos contra os humanos, fracos e atrevidos? (1)

(1) “E vós, deuses do mar, por que não vos vingueis destes portugueses que os ofendem ao correr e andar em vosso grande reino? Que descuido é esse? Quem abrandou tanto o vosso coração contra as ofensas desses humanos fracos e atrevidos?” Camões canta que Baco, querendo instigar os deuses marítimos contra os portugueses, questiona o motivo deles os deixarem navegar livremente pelos mares.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“E vós, deuses do mar, por que não vos vingueis destes portugueses que os ofendem ao correr e andar em vosso grande reino? Que descuido é esse? Quem abrandou tanto o vosso coração contra as ofensas desses humanos fracos e atrevidos?”

CANTO VI – ESTROFE 29

“Baco, querendo convencer os deuses, diz que humanos se expandem cada vez mais nos domínios dos deuses”

 

“Vistes com grandíssima ousadia

Foram cometer o Céu supremo;

Vistes aquela insana fantasia

De tentarem o mar com vela e remo;

Vistes, e ainda vemos a cada dia

Soberbas e insolências tais, que temo

Que do mar e do céu em poucos anos

Venhas ser deuses, e nós humanos.

 

“Vistes com grandíssima ousadia foram cometer o Céu supremo; vistes aquela insana fantasia de tentarem o mar com vela e remo; vistes, e ainda vemos a cada dia soberbas e insolências tais, que temo que do mar e do céu em poucos anos venhas ser deuses, e nós humanos. (1)

(1) Vistes, deuses do mar, que os humanos já tentaram alcançar o Céu Supremo; vistes aquela insana fantasia deles de tentar andam pelo mar com vela e remo; vistes agora, e isso veremos cada vez mais, as insolências e soberbas deles; temo que não demorará para que eles venham a ser os deuses do mar e do céu, enquanto nós nos ternemos os humanos. Camões canta que Baco, querendo convencer os deuses do mar a destruir a frota dos portugueses, diz que os humanos são muito ousados, alcançando e tomando cada vez mais o espaço dos deuses.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Vistes, deuses do mar, que os humanos já tentaram alcançar o Céu Supremo; vistes aquela insana fantasia deles de tentar andam pelo mar com vela e remo; vistes agora, e isso veremos cada vez mais, as insolências e soberbas deles; temo que não demorará para que eles venham a ser os deuses do mar e do céu, enquanto nós nos ternemos os humanos.”

CANTO VI – ESTROFE 30

“Baco diz que os portugueses atravessam os mares, sendo isso um insulto aos deuses”

 

“Vedes agora a fraca geração,

Que dum vassalo meu o nome toma,

Com soberbo e altivo coração,

A vós, e a mi, e o mundo todo doma.

Vedes, o vosso mar cortando vão,

Mais do que fez a gente alta de Roma.

Vedes, o vosso reino devassando,

Os vossos estatutos vão quebrando.

 

“Vedes agora a fraca geração, que dum vassalo meu o nome toma, com soberbo e altivo coração, a vós, e a mi, e o mundo todo doma. Vedes, o vosso mar cortando vão, mais do que fez a gente alta de Roma. Vedes, o vosso reino devassando, os vossos estatutos vão quebrando. (1)

(1) Vedes, deuses do mar, que esses portugueses tomaram o nome de Luso, meu vassalo, e que, com soberba e avidez, conquistam a vós, a mim, e a todo o mundo. Vedes que eles vão cortando o vosso mar, mais até do que fizeram os grandes navegadores de Roma. Vedes como os portugueses vão devassando o vosso reino com seus barcos, quebrando os vossos domínios. Camões canta que Baco, querendo convencer os deuses do mar a destruir a frota dos portugueses, diz que os portugueses desrespeitam os deuses ao cruzar os mares com suas naus.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Vedes, deuses do mar, que esses portugueses tomaram o nome de Luso, meu vassalo, e que, com soberba e avidez, conquistam a vós, a mim, e a todo o mundo. Vedes que eles vão cortando o vosso mar, mais até do que fizeram os grandes navegadores de Roma. Vedes como os portugueses vão devassando o vosso reino com seus barcos, quebrando os vossos domínios.”

CANTO VI – ESTROFE 31

“Baco questiona o motivo dos deuses permitirem que os portugueses atravessem seus domínios”

 

“Eu vi que contra os Mínias, que primeiro

No vosso reino este caminho abriram,

Bóreas injuriado, e o companheiro

Áquilo, e os outros resistiram.

Pois se do ajuntamento aventureiro

Os vetos está injúria assim sentiram,

Vós, a quem mais compete esta vingança,

Que esperais? Por que a pondes em tardança?

 

“Eu vi que contra os Mínias, que primeiro no vosso reino este caminho abriram, Bóreas injuriado, e o companheiro Áquilo, e os outros resistiram. Pois se do ajuntamento aventureiro os vetos está injúria assim sentiram, vós, a quem mais compete esta vingança, que esperais? Por que a pondes em tardança? (1)

(1) “Eu vi que os ventos do Norte e Nordeste tentaram parar a empreitada dos argonautas, os primeiros que abriram caminho pelo vosso reino. Se os ventos se voltaram contra a injúria desses aventureiros, por que vós, que tem mais direito de vingança, ficaram esperando? Por que permitem que os humanos dessem vossos reinos?” Camões canta que Baco, querendo convencer os deuses do mar a destruir a frota dos portugueses, questiona o motivo dos deuses marítimos deixarem que navegadores atravessem os seus mares.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Eu vi que os ventos do Norte e Nordeste tentaram parar a empreitada dos argonautas, os primeiros que abriram caminho pelo vosso reino. Se os ventos se voltaram contra a injúria desses aventureiros, por que vós, que tem mais direito de vingança, ficaram esperando? Por que permitem que os humanos dessem vossos reinos?”

CANTO VI – ESTROFE 32

“Baco diz que também perde com o avanço dos portugueses nas terras do Oriente”

 

“E não consinto, deuses, que cuideis

Que por amor de vós do céu desci,

Nem da mágoa da injúria que sofreis,

Mas da que se me faz também a mi:

Que aquelas grandes honras, que sabeis

Que no mundo ganhei, quando venci

As terras indianas do Oriente,

Todas vejo abatidas desta gente;

 

“E não consinto, deuses, que cuideis que por amor de vós do céu desci, nem da mágoa da injúria que sofreis, mas da que se me faz também a mi: que aquelas grandes honras, que sabeis que no mundo ganhei, quando venci as terras indianas do Oriente, todas vejo abatidas desta gente; (1)

(1) “E não pensem, deuses, que foi por amor por vós que desci aqui, ou pelas injúrias que sofreis, mas, sim, pelas injúrias que eles também farão contra mim ao conquistar as terras do Oriente, já que bem sabem que as honras e glórias de conquistar as terras indianas são minhas.” Camões canta que Baco, querendo convencer os deuses do mar a destruir a frota dos portugueses, explica os motivos de ter solicitado o concílio dos deuses do mar.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“E não pensem, deuses, que foi por amor por vós que desci aqui, ou pela injúria que soreis, mas, sim, pelas injúrias que eles também farão contra mim ao conquistar as terras do Oriente, já que bem sabem que as honras e glórias de conquistar as terras indianas são minhas.”

CANTO VI – ESTROFE 33

“Baco diz que os portugueses conquistarão muitas glorias”

 

“Que grão senhor, e fados, que destinam,

Como que bem parece, o baixo mundo,

Famas, mores que nunca, determinam,

De dar a estes barões no mar profundo.

Aqui vereis, ó deuses, como ensinam

O mal também a deuses; que a segundo

Se vê ninguém já tem menos valia,

Que quem com mais razão valer devia.

 

“Que grão senhor, e fados, que destinam, como que bem parece, o baixo mundo, famas, mores que nunca, determinam, de dar a estes barões no mar profundo. Aqui vereis, ó deuses, como ensinam o mal também a deuses; que a segundo se vê ninguém já tem menos valia, que quem com mais razão valer devia. (1)

(1) Parece que Júpiter e o Destino, estes que determinam o que acontecerá abaixo dos céus, determinaram que esses varões portugueses hão de conquistar nos mares fama como ninguém nunca conseguiu. Aqui vereis, ó deuses do mar, como desejam mal aos deuses, que parecem ter cada vez menos valor. Camões canta que Baco, querendo convencer os deuses do mar a destruir a frota dos portugueses, diz que a glória das empreitadas marítimas dos portugueses é uma desonra aos deuses do mar.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Parece que Júpiter e o Destino, estes que determinam o que acontecerá abaixo dos céus, determinaram que esses varões portugueses hão de conquistar nos mares fama como ninguém nunca conseguiu. Aqui vereis, ó deuses do mar, como desejam mal aos deuses, que parecem ter cada vez menos valor.”

CANTO VI – ESTROFE 34

“Baco termina o seu discurso, conseguindo cativar os deuses do mar”

 

“E por isso do Olimpo já fugi,

Buscando algum remédio a meus pesares,

Por ver o preço, que no céu perdi,

Se por dita acharei nos vossos mares.”

Mais quer dizer; e não passou daqui,

Porque as lágrimas já correndo aos pares

Lhe saltaram dos olhos, com que logo

Se acendem as deidades d’água em fogo.

 

E por isso do Olimpo já fugi, buscando algum remédio a meus pesares, por ver o preço, que no céu perdi, se por dita acharei nos vossos mares.” Mais quer dizer; e não passou daqui, porque as lágrimas já correndo aos pares lhe saltaram dos olhos, com que logo se acendem as deidades d’água em fogo. (1)

(1) “É por esse motivo que eu fugi do Olimpo e, vendo o valor que perdi no céu, vim buscar o remédio para os meus pesares nos vossos mares.” Baco quis dizer mais, mas os olhos já estavam cheios de lágrimas, estas que acenderam o fogo da raiva nos deuses do mar. Camões canta o fim das falas de Baco, que tenta convencer os deuses do mar a destruir a frota dos portugueses que seguem rumo à Índia.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“É por esse motivo que eu fugi do Olimpo e, vendo o valor que perdi no céu, vim buscar o remédio para os meus pesares nos vossos mares. Baco quis dizer mais, mas os olhos já estavam cheios de lágrimas, estas que acenderam o fogo da raiva nos deuses do mar.”

CANTO VI – ESTROFE 35

“Os deuses ficam furiosos com o relato de Baco, mandando soltar os furiosos ventos contra os portugueses”

 

A ira com que súbito alterado

O coração dos deuses foi num ponto

Não sofreu mais conselho bem cuidado,

Nem dilatação, nem outro algum desconto.

Ao grande Eolo mandam já recado

Da parte de Netuno, que sem conto

Solte as fúrias dos ventos repugnantes,

Que não haja no mar mais navegantes.

 

“A ira com que súbito alterado o coração dos deuses foi num ponto não sofreu mais conselho bem cuidado, nem dilatação, nem outro algum desconto. Ao grande Eolo mandam já recado da parte de Netuno, que sem conto solte as fúrias dos ventos repugnantes, que não haja no mar mais navegantes. (1)

(1) A ira subitamente toma o coração dos deuses do mar de tal forma que nenhum conselho ou qualquer compensação poderia aplaca-la. Eles imediatamente mandam, por parte de Netuno que o grande Eolo, o rei dos ventos, solte as fúrias dos repugnantes ventos, não deixando que nenhum navegante fique no mar. Camões canta que Baco consegue manipular os deuses do mar, fazendo eles se voltarem contras os marinheiros portugueses. 

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“A ira subitamente toma o coração dos deuses do mar de tal forma que nenhum conselho ou qualquer compensação poderia aplaca-la. Eles imediatamente mandam, por parte de Netuno que o grande Eolo, o rei dos ventos, solte as fúrias dos repugnantes ventos, não deixando que nenhum navegante fique no mar.”

CANTO VI – ESTROFE 36

“Ocorre um tumulto no conselho dos deuses”

 

Bem quisera primeiro ali Proteu

Dizer este negócio o que sentia;

E, segundo o que todos padeceu,

Era alguma profunda profecia;

Porém tanto o tumulto se moveu

Súbito na divina companhia,

Que Tétis indignada lhe brandou:

“Netuno sabe bem o que mandou.”

 

Bem quisera primeiro ali Proteu dizer este negócio o que sentia; e, segundo o que todos padeceu, era alguma profunda profecia; porém tanto o tumulto se moveu súbito na divina companhia, que Tétis indignada lhe brandou: “Netuno sabe bem o que mandou.” (1)

(1) Proteu desejou dizer o que sentia sobre está situação e, segundo o que parecia para todos os deuses marítimos presentes, parecia que seria alguma profecia que ele iria dizer, mas acabou irrompendo-se um tumulto no concílio, tanto que Tétis, estando indignada, lhe falou: “Netuno sabe bem o que mandou”. Camões canta que o começa um tumulto no concílio dos deuses após a decisão de lançar os ventos contra os portugueses.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

Proteu desejou dizer o que sentia sobre está situação e, segundo o que parecia para todos os deuses marítimos presentes, parecia que seria alguma profecia que ele iria dizer, mas acabou irrompendo-se um tumulto no concílio, tanto que Tétis, estando indignada, lhe falou: “Netuno sabe bem o que mandou”

CANTO VI – ESTROFE 37

“Os furiosos ventos são soltos contra os portugueses”

 

Já lá o soberbo Hipótades soltava

Do cárcere fechado os furiosos

Ventos, que com palavras animava

Contra os varões audaces e animosos.

Súbito, o céu sereno se obumbrava,

Que os ventos, mais que nunca impetuosos

Começam novas forças a ir tomando,

Torres, montes e casas derribando.

 

“Já lá o soberbo Hipótades soltava do cárcere fechado os furiosos ventos, que com palavras animava contra os varões audaces e animosos. Súbito, o céu sereno se obumbrava, que os ventos, mais que nunca impetuosos começam novas forças a ir tomando, torres, montes e casas derribando. (1)

(1) O soberbo Éolo, rei dos ventos e filho de Hipótades, soltava do cárcere os furiosos ventos, incitando-os contra os audazes e animosos varões portugueses. De forma súbita, o céu escurecia-se, com os ventos, mais fortes do que nunca, derrubando torres, montes e casas. Camões canta que, tendo Baco manipulado os deuses marítimos, são soltos os furiosos ventos contra as frotas portuguesas que navegam rumo à Índia.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“O soberbo Éolo, rei dos ventos e filho de Hipótades, soltava do cárcere os furiosos ventos, incitando-os contra os audazes e animosos varões portugueses. De forma súbita, o céu escurecia-se, com os ventos, mais fortes do que nunca, derrubando torres, montes e casas.”

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Esses foram os nossos comentários sobre a vigésima quinta até a trigésima sétima estrofe do sexto canto de Os Lusíadas, onde Camões canta o conselho dos deuses do mar e o discurso de Baco contra os marinheiros portugueses.

 

Eu sou Caio Motta e convido você a continuar acompanhando os nossos comentários sobre a grande obra de Camões, bem como demais textos da grande literatura universal presentes no nosso blog.

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