Neste nosso quinquagésimo nono comentário sobre Os Lusíadas, começaremos a ler o sétimo canto da obra, onde Camões canta o seu elogio aos esforços dos portugueses em lutarem pelo Cristianismo e o lamento pelos demais povos cristãos que se evadem desta causa.
CANTO VII – ESTROFE 1
“A frota portuguesa se aproxima das terras da Índia”
Já vem chegado junto à terra
Que desejada já de tantos fora,
Que entre as correntes índicas se encerra,
E o Ganges que no céu terreno mora.
Ora, sus, gente forte, que na guerra
Quereis levar a palma vencedora!
Já sois chegados, já tendes diante
A terra de riquezas abundante!
Já vem chegado junto à terra que desejada já de tantos fora, que entre as correntes índicas se encerra, e o Ganges que no céu terreno mora. Ora, sus, gente forte, que na guerra quereis levar a palma vencedora! Já sois chegados, já tendes diante a terra de riquezas abundante! (1)
(1) Os portugueses já se veem chegando às terras da Índia que tanto desejavam alcançar, as terras que se encerram nas correntes do rio Indo e do Gangues, o rio que mora no céu. Alegrais-vos, fortes portugueses, que pelos esforços militares carregam a vitória! Já está diante de vós a terra de abundantes riquezas. Camões canta a chegada dos portugueses na costa da Índia.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
Os portugueses já se veem chegando às terras da Índia que tanto desejavam alcançar, as terras que se encerram nas correntes do rio Indo e do Gangues, o rio que mora no céu. Alegrais-vos, fortes portugueses, que pelos esforços militares carregam a vitória! Já está diante de vós a terra de abundantes riquezas.
CANTO VII – ESTROFE 2
“Camões elogia os portugueses, dizendo que são um povo valente e conquistador”
A vós, ó geração de Luso, digo
Que tão pequena parte sois do mundo,
Não digo inda no mundo, mas no amigo
Curral de quem governa o céu rotundo;
Vós, a quem não somente algum perigo
Estorva conquistar o povo imundo,
Mas nem cobiça, ou pouca obediência
Da Madre, que nos céus está em essência:
A vós, ó geração de Luso, digo que tão pequena parte sois do mundo, não digo inda no mundo, mas no amigo curral de quem governa o céu rotundo; vós, a quem não somente algum perigo estorva conquistar o povo imundo, mas nem cobiça, ou pouca obediência da Madre, que nos céus está em essência: (1)
(1) Digo a vós, ó geração de descendentes de Luso, que são uma pequena parte do mundo e ainda menor quando comparada aos cristãos da igreja daquele que governa o mundo; vós, a quem nenhum perigo, nem cobiça e nem a pouca obediência à Igreja os impedem de conquista o povo muçulmano. Camões canta elogios ao bravo e corajoso povo português.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
Digo a vós, ó geração de descendentes de Luso, que são uma pequena parte do mundo e ainda menor quando comparada aos cristãos da igreja daquele que governa o mundo; vós, a quem nenhum perigo, nem cobiça e nem a pouca obediência à Igreja os impedem de conquistar o povo muçulmano.
CANTO VII – ESTROFE 3
“Camões elogia os esforços do povo português para expandir o Cristianismo”
Vós, portugueses poucos, quanto fortes,
Que o fraco poder vosso não pesais;
Vós, que à custa de vossas várias mortes,
A lei da vida eterna dilatais:
Assi do Céu deitadas são as sortes,
Que vós, por muito pouco que sejais,
Muito façais na santa cristandade;
Que tanto, ó Cristo, exaltas a humildade!
Vós, portugueses poucos, quanto fortes, Que o fraco poder vosso não pesais; vós, que à custa de vossas várias mortes, a lei da vida eterna dilatais: Assi do Céu deitadas são as sortes, que vós, por muito pouco que sejais, muito façais na santa cristandade; que tanto, ó Cristo, exaltas a humildade! (1)
(1) Vós, portugueses, apesar de serem um povo pequeno, são muito fortes, não temendo outros que são mais poderosos; vós, que a custo de vários portugueses mortos, expandem as leis de Cristo; assim são concedidas as benções do Céus para vós, pois mesmo sendo tão poucos, muito já fizeram pela Santa Cristandade; por isso, ó Cristo, exaltas a humildade dos portugueses! Camões canta que o povo português, mesmo sendo pequeno, fez muito pelo Cristianismo, por isso é um povo tão abençoado e vitorioso.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
Vós, portugueses, apesar de serem um povo pequeno, são muito fortes, não temendo outros que são mais poderosos; vós, que a custo de vários portugueses mortos, expandem as leis de Cristo; assim são concedidas as benções do Céus para vós, pois mesmo sendo tão poucos, muito já fizeram pela Santa Cristandade; por isso, ó Cristo, exaltas a humildade dos portugueses!
CANTO VII – ESTROFE 4
“Camões faz comentários sobre os cristãos alemães”
Vede-los alemães, soberbo gado,
Que por tão largos campos se apascenta,
Do sucessor de Pedro rebelado,
Novo pastor, e nova seita inventa:
Vede-lo em feias guerras ocupado,
(Que inda c’o cego error se não contenta!)
Não contra o soberbíssimo Otomano,
Mas por sair do jugo soberano.
Vede-los alemães, soberbo gado, que por tão largos campos se apascenta, do sucessor de Pedro rebelado, novo pastor, e nova seita inventa: Vede-lo em feias guerras ocupado, (que inda c’o cego error se não contenta!) não contra o soberbíssimo Otomano, mas por sair do jugo soberano. (1)
(1) Vejam os alemães, esse soberbo gado que, pastando por largos campos, foram se rebelar contra à Igreja, inventando uma seita e um novo pastor; vejam como eles, não se contentando com seus erros, lutam em condenáveis guerras contra os católicos em vês de enfrentar os soberbos muçulmanos. Camões canta a tragédia que foi a Reforma Protestante na Alemanha, comparando-os com os gloriosos portugueses.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
Vejam os alemães, esse soberbo gado que, pastando por largos campos, foram se rebelar contra à Igreja, inventando uma seita e um novo pastor; vejam como eles, não se contentando com seus erros, lutam em condenáveis guerras contra os católicos em vês de enfrentar os soberbos muçulmanos.
CANTO VII – ESTROFE 5
“Camões faz comentários sobre os cristãos ingleses”
Vede-lo duro inglês, que se nomeia
Rei da velha e santíssima cidade
Que o torpe ismaelita senhoreia,
(Quem viu honra tão longe da verdade!)
Entre as boreais neve se recreia
Nova maneira faz de cristandade:
Pera os de Cristo tem espada nua,
Não por tomar a terra que era sua.
Vede-lo duro inglês, que se nomeia Rei da velha e santíssima cidade que o torpe ismaelita senhoreia, (quem viu honra tão longe da verdade!) entre as boreais neve se recreia nova maneira faz de cristandade: pera os de Cristo tem espada nua, não por tomar a terra que era sua. (1)
(1) Vejam o duro inglês que se nomeia rei da velha e santíssima Jerusalém, está que está sob o comando dos torpes muçulmanos (quem viu honra tão longe da verdade!); eles, sob as neves boreais, receiam uma nova forma de cristandade: em vez de tomar a terra que dizem ser sua, erguem suas espadas para os católicos. Camões canta o estado deplorável dos ingleses, comparando-os com os gloriosos portugueses.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
Vejam o duro inglês que se nomeia rei da velha e santíssima Jerusalém, está que está sob o comando dos torpes muçulmanos (quem viu honra tão longe da verdade!); eles, sob as neves boreais, receiam uma nova forma de cristandade: em vez de tomar a terra que dizem ser sua, erguem suas espadas para os católicos.
CANTO VII – ESTROFE 6
“Camões continua seus comentários sobre os cristãos ingleses e depois fala dos cristãos franceses”
Guarda-lhe por entanto um falso rei
A cidade de Hierosólima terrestre,
Enquanto ele não guarda a santa lei
Da cidade de Hierosólima celeste.
Pois de ti, Galo indigno, que direi?
Que o nome “Cristianíssimo” quiseste,
Não pera defende-lo, nem guardá-lo,
Mas pera ser contra ele e derribá-lo!
Guarda-lhe por entanto um falso rei a cidade de Hierosólima terrestre, enquanto ele não guarda a santa lei da cidade de Hierosólima celeste. Pois de ti, Galo indigno, que direi? Que o nome “Cristianíssimo” quiseste, não pera defende-lo, nem guardá-lo, mas pera ser contra ele e derribá-lo! (1)
(1) No entanto, um falso rei muçulmano guarda a cidade de Jerusalém na terra, enquanto o inglês não guarda a santa lei de Jerusalém celeste. Pois de ti, indigno Francês, o que eu direi? Quiseste o nome de “Cristianíssimo”, mas, em vez de defende-lo e guarda-lo, preferiu ser contra ele e derruba-lo. Camões canta o estado deplorável dos ingleses e também começa a falar dos franceses, comparando-os com os gloriosos portugueses.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
No entanto, um falso rei muçulmano guarda a cidade de Jerusalém na terra, enquanto o inglês não guarda a santa lei de Jerusalém celeste. Pois de ti, indigno Francês, o que eu direi? Quiseste o nome de “Cristianíssimo”, mas, em vez de defende-lo e guarda-lo, preferiu ser contra ele e derruba-lo.
CANTO VII – ESTROFE 7
“Camões continua seus comentários sobre os cristãos franceses”
Achas que tens direito em senhorios
De cristãos, sendo o teu tão largo e tanto;
E não contra o Cinífio e Nilo, rios
Inimigos do antigo nome santo?
Ali se hão-de provar da espada os fios
Em quem quer reprovar da igreja o canto!
De Carlos, de Luís, o nome e a terra
Herdaste, e as causas não da justa guerra?
Achas que tens direito em senhorios de cristãos, sendo o teu tão largo e tanto; e não contra o Cinífio e Nilo, rios inimigos do antigo nome santo? Ali se hão-de provar da espada os fios em quem quer reprovar da igreja o canto! De Carlos, de Luís, o nome e a terra herdaste, e as causas não da justa guerra? (1)
(1) Tu, francês, achas que tens o direito de conquistar os territórios dos cristãos, sendo o teu já tão grande; por que não domina os povos e territórios que cercam os rios Cinifo e Nilo, estes que são inimigos da vossa religião? É nesses locais que deveriam lutar aqueles que questionam a autoridade da Igreja! Se herdaste, francês, o nome de Carlos Magno e de São Luís, por que não replicam o ânimo deles em defender à fé de Cristo? Camões canta o estado atual dos franceses, criticando suas atitudes contra os cristãos e sua covardia contra os inimigos da fé.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
Tu, francês, achas que tens o direito de conquistar os territórios dos cristãos, sendo o teu já tão grande; por que não domina os povos e territórios que cercam os rios Cinifo e Nilo, estes que são inimigos da vossa religião? É nesses locais que deveriam lutar aqueles que questionam a autoridade da Igreja! Se herdaste, francês, o nome de Carlos Magno e de São Luís, por que não replicam o ânimo deles em defender à fé de Cristo?
CANTO VII – ESTROFE 8
“Camões faz comentários sobre os cristãos italianos”
Pois que direi daqueles, que em delícias,
Que o vil ócio no mundo traz consigo,
Gastam as vidas, logram as divícias,
Esquecidos do seu valo antigo?
Nascem da tirania inimicícias,
Que o povo forte tem de si inimigo:
Contigo, Itália, falo, já submersa
Em vícios mil, e de ti mesmo adversa.
Pois que direi daqueles, que em delícias, que o vil ócio no mundo traz consigo, gastam as vidas, logram as divícias, esquecidos do seu valo antigo? Nascem da tirania inimicícias, que o povo forte tem de si inimigo: contigo, Itália, falo, já submersa em vícios mil, e de ti mesmo adversa. (1)
(1) Pois o que direi dos italianos, aqueles que hoje vivem as delícias do vil ócio do mundo gastando suas riquezas, mas que se esqueceram do antigo valor dos romanos? Dos governos tirânicos nascem as inimizades que o próprio povo faz com si; falo de ti, Itália, já submersa em vil vícios e inimiga de si mesmo. Camões canta o estado atual dos italianos, criticando o estado vicioso que os governantes e seu povo vivem.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
Pois o que direi dos italianos, aqueles que hoje vivem as delícias do vil ócio do mundo gastando suas riquezas, mas que se esqueceram do antigo valor dos romanos? Dos governos tirânicos nascem as inimizades que o próprio povo faz com si; falo de ti, Itália, já submersa em vil vícios e inimiga de si mesmo.
CANTO VII – ESTROFE 9
“Camões lamenta que os cristãos europeus lutem entre si”
Ó míseros cristãos, pela ventura
Sois os dentes de Cadmo desparzidos,
Que uns aos outros se dão a morte dura,
Sendo todos de um ventre produzidos?
Não vedes a divina sepultura
Possuída de cães, que sempre unidos
Vos vêm tomar a vossa antiga terra,
Fazendo-se famosos pela guerra?
Ó míseros cristãos, pela ventura sois os dentes de Cadmo desparzidos, que uns aos outros se dão a morte dura, sendo todos de um ventre produzidos? Não vedes a divina sepultura possuída de cães, que sempre unidos vos vêm tomar a vossa antiga terra, fazendo-se famosos pela guerra? (1)
(1) Ó míseros cristãos, por ventura sois os dentes caídos da serpente derrotada Cadmo, já que, mesmo sendo todos irmãos dá mesmo fé, ficam uns aos outros se matando? Não vedes que Jerusalém, a divina sepultura de Cristo está possuía pelos cães muçulmanos que, sempre estando eles unidos, vem se consagrar tomando as vossas terras. Camões canta o estado atual dos povos cristãos, criticando que eles ficam fazendo guerra entre si em vez de se juntarem e enfrentarem o inimigo muçulmano.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
Ó míseros cristãos, por ventura sois os dentes caídos da serpente derrotada Cadmo, já que, mesmo sendo todos irmãos dá mesmo fé, ficam uns aos outros se matando? Não vedes que Jerusalém, a divina sepultura de Cristo está possuía pelos cães muçulmanos que, sempre estando eles unidos, vem se consagrar tomando as vossas terras.
CANTO VII – ESTROFE 10
“Camões diz que os cristãos deveriam guerrear contra os muçulmanos, não entre si”
Vedes que têm por uso e por decreto,
Do qual são tão inteiros observantes,
Ajuntarem o exército inquieto
Contra os povos que são de Cristo amantes:
Entre vós nunca deixa a fera Aleto
De semear cizânias repugnantes.
Olha, s’estais seguros de perigos,
Que eles e vós sois vossos inimigos.
Vedes que têm por uso e por decreto, do qual são tão inteiros observantes, ajuntarem o exército inquieto contra os povos que são de Cristo amantes: entre vós nunca deixa a fera Aleto de semear cizânias repugnantes. Olha, s’estais seguros de perigos, que eles e vós sois vossos inimigos. (1)
(1) Vedes, cristãos, que esses cães muçulmanos tem por leis o costume de se reunirem em turbulentos exércitos para atacar os povos cristãos, sendo que estas eles seguem essas normas rigorosamente. Entre vós, cristãos, a fúria Aleto nunca deixa de semear a discórida; vejam se estão seguros dos perigos e vejam que são eles os seus inimigos, assim como vós sois vossos próprios inimigos. Camões canta o estado atual dos povos cristãos, criticando que eles ficam fazendo guerra entre si em vez de se juntarem e enfrentarem o inimigo muçulmano.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
Vedes, cristãos, que esses cães muçulmanos tem por leis o costume de se reunirem em turbulentos exércitos para atacar os povos cristãos, sendo que estas eles seguem essas normas rigorosamente. Entre vós, cristãos, a fúria Aleto nunca deixa de semear a discórdia; vejam se estão seguros dos perigos e vejam que são eles os seus inimigos, assim como vós sois vossos próprios inimigos.
CANTO VII – ESTROFE 11
“Camões diz que os cristãos encontrarão mais glória e riquezas conquistando as terras africanas e asiáticas”
Se cobiça de grandes senhorios
Vos faz ir conquistar terras alheias,
Não vedes que Pactolo e Hermo rios,
Ambos volvem auríferas areias?
Em Lídia, Assíria lavram de ouro os fios;
África esconde em si luzentes veias:
Mova-os já sequer riquezas tanta,
Pois mover-vos não pode a casa sancta.
Se cobiça de grandes senhorios vos faz ir conquistar terras alheias, não vedes que Pactolo e Hermo rios, ambos volvem auríferas areias? Em Lídia, Assíria lavram de ouro os fios; África esconde em si luzentes veias: mova-os já sequer riquezas tanta, pois mover-vos não pode a casa sancta. (1)
(1) Se vós, cristãos, cobiçam tanto aumentarem seus domínios conquistando as terras alheias, por que não voltam sua atenção para Pacto e Hermo, os rios que com auríferas areias? Nas terras da Lídia e da Assíria são bordados tecidos feitos com fios de ouro; na África estão escondidas minas de joias. Se riqueza é o vosso interesse em vez de recuperar a Terra Santa, que conquistem essas terras. Camões canta o estado atual dos povos cristãos, dizendo para eles pararem de lutarem entre si e enfrentarem os povos muçulmanos.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
Se vós, cristãos, cobiçam tanto aumentarem seus domínios conquistando as terras alheias, por que não voltam sua atenção para Pacto e Hermo, os rios que com auríferas areias? Nas terras da Lídia e da Assíria são bordados tecidos feitos com fios de ouro; na África estão escondidas minas de joias. Se riqueza é o vosso interesse em vez de recuperar a Terra Santa, que conquistem essas terras.
CANTO VII – ESTROFE 12
“Camões diz que os cristãos deveriam voltar suas forças contra os muçulmanos”
Aquelas invenções feras e novas
De instrumentos mortais de artilharia
Já devem fazer as duras provas
Nos muros de Bizâncio e da Turquia.
Fazei que torne lá às silvestres covas
Dos Cáspios montes da Cítia fria
A turca geração, que multiplica
Na polícia vossa Europa rica.
Aquelas invenções feras e novas de instrumentos mortais de artilharia já devem fazer as duras provas nos muros de Bizâncio e da Turquia. Fazei que torne lá às silvestres covas dos Cáspios montes da Cítia fria a turca geração, que multiplica na polícia vossa Europa rica. (1)
(1) As novas e ferozes bombardas, invenções mortais da artilharia, já devem mostrar seu poder contra os muros de Bizâncio e da Turquia. Fazei, cristãos, que essa geração de turcos que se expande na política europeia retorne para os selvagens vales dos montes Cáspios e da fria Cítia. Camões canta o estado atual dos povos cristãos, dizendo para enfrentarem os muçulmanos que se expandem no território europeu.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
As novas e ferozes bombardas, invenções mortais da artilharia, já devem mostrar seu poder contra os muros de Bizâncio e da Turquia. Fazei, cristãos, que essa geração de turcos que se expande na política europeia retorne para os selvagens vales dos montes Cáspios e da fria Cítia.
CANTO VII – ESTROFE 13
“Camões comenta a expansão do Islã nos territórios europeus”
Grecos, Traces, Armênios, Georgianos,
Bradando-vos estão que o povo bruto
Lhe obriga os caros filhos aos profanos
Preceitos do Alcorão: (duro tributo!)
Em castigar os feitos inumanos
Vos gloriai de peito forte e astuto!
E não queirais louvores arrogantes
De serdes contra os vossos mui possantes!
Grecos, Traces, Armênios, Georgianos, bradando-vos estão que o povo bruto lhe obriga os caros filhos aos profanos preceitos do Alcorão: (duro tributo!) Em castigar os feitos inumanos vos gloriai de peito forte e astuto! E não queirais louvores arrogantes de serdes contra os vossos mui possantes! (1)
(1) Os povos gregos, traces, armênios e georgianos queixam-se que o povo turco obriga os seus caros filhos a se converterem aos prefeitos do Alcorão: duro tributo! Busquem, cristãos, a glória ao castigar essas ações inumanas, e não o arrogante louvor de conquistar as terras dos vossos irmãos cristãos. Camões canta o estado atual dos povos cristãos, dizendo para enfrentarem os muçulmanos que se expandem no território europeu.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
Os povos gregos, traces, armênios e georgianos queixam-se que o povo turco obriga os seus caros filhos a se converterem aos prefeitos do Alcorão: duro tributo! Busquem, cristãos, a glória ao castigar essas ações inumanas, e não o arrogante louvor de conquistar as terras dos vossos irmãos cristãos.
CANTO VII – ESTROFE 14
“Camões diz que o povo português está firme e que continuará enfrentando os povos muçulmanos”
Mas entanto que cegos e sedentos
Andais vosso sangue, ó gente insana,
Não faltarão cristãos atrevimentos
Nesta pequena casa lusitana:
De África tem marítimos assentos;
É na Ásia mais que todas soberana;
Na quarta parte nova os campos ara;
E se mais mundo houvera lá chegara!
Mas entanto que cegos e sedentos andais vosso sangue, ó gente insana, não faltarão cristãos atrevimentos nesta pequena casa lusitana: de África tem marítimos assentos; é na Ásia mais que todas soberana; na quarta parte nova os campos ara; e se mais mundo houvera lá chegara! (1)
(1) Ó gente insana, enquanto andais cegos e sedentos pelo sangue de seus irmãos cristãos, aqui, nesta pequena terra lusitana, não faltarão cristãos de alto valor; nós possuímos territórios marítimos na África; somos soberanos em toda Ásia; na América, quarta parte do novo mundo, já aramos os nossos campos; e, se houve mais algum território no mundo, lá Portugal chegara! Camões canta, embora os cristãos da Europa estejam decadentes, o povo português segue firme, disposto a lutar pela fé de Cristo.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
Ó gente insana, enquanto andais cegos e sedentos pelo sangue de seus irmãos cristãos, aqui, nesta pequena terra lusitana, não faltarão cristãos de alto valor; nós possuímos territórios marítimos na África; somos soberanos em toda Ásia; na América, quarta parte do novo mundo, já aramos os nossos campos; e, se houve mais algum território no mundo, lá Portugal chegara!
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Os Lusíadas (Edição Didática) – Volume I
Obra completa de Camões com notas e comentários de Francisco de Sales Lencastre, sendo a melhor edição para quem busca compreender todos os detalhes deste grande épico.
Os Lusíadas (Edição Didática) – Volume II
Obra completa de Camões com notas e comentários de Francisco de Sales Lencastre, sendo a melhor edição para quem busca compreender todos os detalhes deste grande épico.
Esses foram os nossos comentários sobre a primeira até a décima quinta estrofe do sétimo canto de Os Lusíadas, onde Camões canta o seu elogio aos esforços dos portugueses em lutarem pelo Cristianismo e o lamento pelos demais povos cristãos que se evadem desta causa.
Eu sou Caio Motta e convido você a continuar acompanhando os nossos comentários sobre a grande obra de Camões, bem como demais textos da grande literatura universal presentes no nosso blog.