Neste nosso sexagésimo comentário sobre Os Lusíadas, continuaremos a ler o sétimo canto da obra, onde Camões canta a chegada dos portugueses às terras da Índia, descrevendo o território e os povos que ali vivem.
CANTO VII – ESTROFE 15
“Camões volta a cantar a história dos portugueses no Oriente, comentando a chegada deles às terras da Índia”
E vejamos, entanto, que acontece
Àqueles tão famosos navegantes,
Depois que a branda Vênus enfraquece
O furor vão dos repugnantes:
Depois que a larga terra lhe aparece,
Fim de suas porfias tão constantes,
Onde vêm semear de Cristo a lei,
E dar novo costume e novo rei.
E vejamos, entanto, que acontece àqueles tão famosos navegantes, depois que a branda Vênus enfraquece o furor vão dos repugnantes: depois que a larga terra lhe aparece, fim de suas porfias tão constantes, onde vêm semear de Cristo a lei, e dar novo costume e novo rei. (1)
(1) Agora vejamos o que acontece com os famosos navegantes portugueses depois que a amável Vênus enfraqueceu a fúria dos ventos e depois que eles alcançaram às terras da Índia, pondo fim as suas constantes porfias e vindo semear as leis de Cristo, novos costumes e um novo rei para estas terras. Camões canta que, já tendo terminado de falar sobre o estado dos cristãos no mundo e seu elogio ao povo português, agora ele continuará contando a história dos navegantes lusitanos no Oriente.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
Agora vejamos o que acontece com os famosos navegantes portugueses depois que a amável Vênus enfraqueceu a fúria dos ventos e depois que eles alcançaram às terras da Índia, pondo fim as suas constantes porfias e vindo semear as leis de Cristo, novos costumes e um novo rei para estas terras.
CANTO VII – ESTROFE 16
“Os portugueses se encontram com pescadores que os acompanham até a cidade de Calecut”
Tanto que à nova terra se chegaram,
Leves embarcações de pescadores
Acharam, que o caminho mostraram
De Calecu, onde eram moradores.
Pera lá logo as proas se inclinaram;
Porque esta era a cidade das melhores
Do Malabar melhor, onde vivia
O rei que a terra toda possuía.
Tanto que à nova terra se chegaram, leves embarcações de pescadores acharam, que o caminho mostraram de Calecu, onde eram moradores. Pera lá logo as proas se inclinaram; porque esta era a cidade das melhores do Malabar melhor, onde vivia o rei que a terra toda possuía. (1)
(1) Quando os chegaram à nova terra, os portugueses encontraram pescadores que mostraram a eles o caminho para a cidade de Calecu, cidade que eles moravam. Com isso, guiaram as embarcações até lá, pois está cidade possuía um rei que governava todas essas terras, além de ser a maior de Malabar, a costa oeste da Índia. Camões canta que os portugueses se encontram com pescadores que os guiam até a cidade de Calecut.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
Quando os chegaram à nova terra, os portugueses encontraram pescadores que mostraram a eles o caminho para a cidade de Calecuy, cidade que eles moravam. Com isso, guiaram as embarcações até lá, pois está cidade possuía um rei que governava todas essas terras, além de ser a maior de Malabar, a costa oeste da Índia.
CANTO VII – ESTROFE 17
“Camões canta a descrição do território da Índia”
Além do Indo jaz, e aquém do Gange,
Um terreno mui grande e assaz famoso,
Que pela parte austral o mar abrange,
E pera o norte o Emódio cavernoso.
Jugo dos reis diversos o constrange
A várias leis: alguns o vicioso
Mahoma, alguns os ídolos adoram,
Alguns os animais que entre eles moram.
Além do Indo jaz, e aquém do Gange, um terreno mui grande e assaz famoso, que pela parte austral o mar abrange, e pera o norte o Emódio cavernoso. Jugo dos reis diversos o constrange a várias leis: alguns o vicioso Mahoma, alguns os ídolos adoram, alguns os animais que entre eles moram. (1)
(1) Entre o rio Indo e o rio Ganges está localizado a grande e famosa Índia, que no Sul é banhada pelo mar e, pelo Norte, é cercada pelos montes do Himalaia. Esse território está dividido entre diversos reinos e religiões, com alguns destes adorando o vicioso Maomé, outros adorando ídolos e outros adorando os animais que vivem entre eles. Camões canta a descrição da Índia, onde comenta a sua localização e as religiões adorados por ali.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
Entre o rio Indo e o rio Ganges está localizado a grande e famosa Índia, que no Sul é banhada pelo mar e, pelo Norte, é cercada pelos montes do Himalaia. Esse território está dividido entre diversos reinos e religiões, com alguns destes adorando o vicioso Maomé, outros adorando ídolos e outros adorando os animais que vivem entre eles.
CANTO VII – ESTROFE 19
“Camões canta a descrição do território da Índia”
Entre um e outro rio, em grande espaço,
Sai da larga terra uma longa ponta
Quase piramidal, que no regaço
Do mar com Ceilão ínsula confronta:
E junto donde nasce o largo braço
Gangético, o rumor antigo conta
Que os vizinhos, da terra moradores,
Do cheiro se mantém das finas flores.
Entre um e outro rio, em grande espaço, sai da larga terra uma longa ponta quase piramidal, que no regaço do mar com Ceilão ínsula confronta: e junto donde nasce o largo braço Gangético, o rumor antigo conta que os vizinhos, da terra moradores, do cheiro se mantém das finas flores. (1)
(1) No o grande espaço que fica entre esses dois rios, sai da terra uma longa ponta, quase piramidal, que, no regaço do mar, confronta a ilha Ceilão; e, junto onde nasce o largo braço do rio Ganges, é contada uma antiga história que os moradores desta região se alimentam somente do cheiro das finas flores. Camões continua cantando a descrição das terras da Índia, comentando como é o local e as histórias mitologias contadas ali.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
No o grande espaço que fica entre esses dois rios, sai da terra uma longa ponta, quase piramidal, que, no regaço do mar, confronta a ilha Ceilão; e, junto onde nasce o largo braço do rio Ganges, é contada uma antiga história que os moradores desta região se alimentam somente do cheiro das finas flores.
CANTO VII – ESTROFE 20
“Camões comenta os povos que habitam o território da Índia”
Mas agora de nomes e de usança
Novos e vários são os habitantes:
Os Délis, os Patanes, que em possança
De terra e de gente são mais abundantes,
Decanis, Oriás, que a esperança
Têm de sua salvação nas ressonantes
Águas do Gange; e a terra de Bengala,
Fértil sorte que outra não lhe iguala.
Mas agora de nomes e de usança novos e vários são os habitantes: os Délis, os Patanes, que em possança de terra e de gente são mais abundantes, Decanis, Oriás, que a esperança têm de sua salvação nas ressonantes águas do Gange; e a terra de Bengala, fértil sorte que outra não lhe iguala. (1)
(1) Mas os atuais habitantes da Índia são de novos nomes e costumes: os délis, os patanes, que são mais numerosos e possuem mais terras; os decanis, os oriás, que acreditam que a salvação virá das ressonantes águas do rio Ganges; e a terra de Bengala, que é fértil como nenhuma outra. Camões continua cantando a descrição das terras da Índia, comentando os variados povos que ali vivem.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
Mas os atuais habitantes da Índia são de novos nomes e costumes: os délis, os patanes, que são mais numerosos e possuem mais terras; os decanis, os oriás, que acreditam que a salvação virá das ressonantes águas do rio Ganges; e a terra de Bengala, que é fértil como nenhuma outra.
CANTO VII – ESTROFE 21
“Camões comenta sobre os reinos da Índia”
O reino de Cambaia belicoso,
(Dizem que foi de Poro rei potente)
O reino de Narsinga, poderoso
Mais de ouro e pedras que de forte gente:
Aqui se enxerga lá do mar undoso
Um monte alto, que corre longamente,
Servido ao Malabar de forte muro,
Com que do Canará vive seguro.
O reino de Cambaia belicoso, (dizem que foi de Poro rei potente) o reino de Narsinga, poderoso mais de ouro e pedras que de forte gente: aqui se enxerga lá do mar undoso um monte alto, que corre longamente, servido ao Malabar de forte muro, com que do Canará vive seguro. (1)
(1) Também existem os habitantes do belicoso reino de Cambaia, que dizer ter sido governado pelo poderoso rei Poro; o reino de Narsinga, que é mais abundante de ouro e pedras preciosas do que de guerreiros. Nesta parte da Índia, é possível enxergar do mar cheio de ondas um alto e extenso monte que serve como muralha ao reino de Malabar, o protegendo do reino de Canará. Camões continua cantando a descrição das terras da Índia, comentando os variados povos e reinos que estão ali.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
Também existem os habitantes do belicoso reino de Cambaia, que dizer ter sido governado pelo poderoso rei Poro; o reino de Narsinga, que é mais abundante de ouro e pedras preciosas do que de guerreiros. Nesta parte da Índia, é possível enxergar do mar cheio de ondas um alto e extenso monte que serve como muralha ao reino de Malabar, o protegendo do reino de Canará.
CANTO VII – ESTROFE 22
“Camões comenta sobre os reinos da Índia”
Da terra dos naturais lhe chamam Gate,
Do pé do qual pequena quantidade,
Se estende uma fralda estreita, que combate
Do mar a natural ferocidade.
Aqui de outras cidades, sem debate,
Calecu tem ilustre dignidade
De cabeça de império rica e bela:
Samorim se intitula o senhor dela.
Da terra dos naturais lhe chamam Gate, do pé do qual pequena quantidade, se estende uma fralda estreita, que combate do mar a natural ferocidade. Aqui de outras cidades, sem debate, Calecu tem ilustre dignidade de cabeça de império rica e bela: Samorim se intitula o senhor dela. (1)
(1) Os nativos da Índia chamam esse monte Gate, que de uma pequena distância do seu sopé se estende uma aba estreita até o mar, protegendo a terra contra a ferocidade das ondas. Das cidades daqui, Calecut é, sem nenhuma discussão, a mais rica, bela e ilustre do império, sendo o seu senhor intitulado Samorim. Camões continua cantando a descrição das terras da Índia, sendo que agora fala da grande e rica cidade de Calecut.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
Os nativos da Índia chamam esse monte Gate, que de uma pequena distância do seu sopé se estende uma aba estreita até o mar, protegendo a terra contra a ferocidade das ondas. Das cidades daqui, Calecut é, sem nenhuma discussão, a mais rica, bela e ilustre do império, sendo o seu senhor intitulado Samorim.
CANTO VII – ESTROFE 23
“O capitão Vasco da Gama envia um mensageiro até o rei de Calecut”
Chegada a frota ao rico senhorio,
Um Português mandado logo parte
A fazer sabedor o rei gentio
Da vinda sua a tão remota parte.
Entrando o mensageiro pelo rio,
Que ali nas ondas entra, a não vista arte,
A cor, o gesto estranho, o trajo novo,
Fez concorrer a vê-lo todo o povo.
Chegada a frota ao rico senhorio, um Português mandado logo parte a fazer sabedor o rei gentio da vinda sua a tão remota parte. Entrando o mensageiro pelo rio, que ali nas ondas entra, a não vista arte, a cor, o gesto estranho, o trajo novo, fez concorrer a vê-lo todo o povo. (1)
(1) Quando a frota portuguesa chegou ao rico senhor de Calecut, foi mandado um português para informar ao rei gentio que eles chegaram de terras muito distantes. A chegada do mensageiro pelo rio que recebia as águas do mar, deixou todo a população empolgada, com todos eles querendo ver como eram diferentes as cores, roupas e a sua aparência. Camões canta que, ao chegarem em Calecut, um mensageiro foi até o rei local sobre a vinda dos portugueses.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
Quando a frota portuguesa chegou ao rico senhor de Calecut, foi mandado um português para informar ao rei gentio que eles chegaram de terras muito distantes. A chegada do mensageiro pelo rio que recebia as águas do mar, deixou todo a população empolgada, com todos eles querendo ver como eram diferentes as cores, roupas e a sua aparência.
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Os Lusíadas (Edição Didática) – Volume I
Obra completa de Camões com notas e comentários de Francisco de Sales Lencastre, sendo a melhor edição para quem busca compreender todos os detalhes deste grande épico.
Os Lusíadas (Edição Didática) – Volume II
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Esses foram os nossos comentários sobre a décima quinta até a vigésima terceira estrofe do sétimo canto de Os Lusíadas, onde Camões canta a chegada dos portugueses às terras da Índia, descrevendo o território e os povos que ali vivem.
Eu sou Caio Motta e convido você a continuar acompanhando os nossos comentários sobre a grande obra de Camões, bem como demais textos da grande literatura universal presentes no nosso blog.