Neste nosso septuagésimo primeiro comentário sobre Os Lusíadas, continuaremos a ler o nono canto da obra, onde Camões canta que Vênus prepara um plano para recompensar os portugueses por sua bem-sucedida empreitada.

OS LUSÍADAS O PLANO DE VÊNUS PARA RECOMPENSAR OS PORTUGUESES
O plano de Vênus para recompensar os portugueses

CANTO IX – ESTROFE 16

“A frota portuguesa deixa a costa indiana e seguem em direção ao Cabo da Boa Esperança”

 

Apartadas assi da ardente costa

As venturosas naus, levando a proa

Pera onde a natureza tinha posta

A meta austrina da esperança boa;

Levando alegres novas e resposta

Da parte oriental pera Lisboa,

Outra vez cometendo os duros medos

Do mar incerto, tímidos e ledos.

 

Apartadas assi da ardente costa as venturosas naus, levando a proa pera onde a natureza tinha posta a meta austrina da esperança boa; levando alegres novas e resposta da parte oriental pera Lisboa, outra vez cometendo os duros medos do mar incerto, tímidos e ledos. (1)

(1) Desta forma, os felizes navegantes portugueses deixam a quente costa da Índia, seguindo pela costa africana até o Cabo da Boa Esperança. Mais uma vez enfrentando os duros medos do incerto mar, eles vão alegres levando as alegres as descobertas do Oriente para Lisboa. Camões canta que os portugueses deixam a costa indiana e seguem a costa africana rumo ao Cabo da Boa Esperança.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

Desta forma, os felizes navegantes portugueses deixam a quente costa da Índia, seguindo pela costa africana até o Cabo da Boa Esperança. Mais uma vez enfrentando os duros medos do incerto mar, eles vão alegres levando as alegres as descobertas do Oriente para Lisboa.

CANTO IX – ESTROFE 17

“Os marinheiros portugueses estão ansiosos para retornar para Portugal”

 

O prazer de chegar à pátria cara,

A seus penates caros e parentes,

Pera contar a peregrina e rara

Navegação, os vários céus e gentes,

Vir a lograr o prêmio que ganhara

Por tão longos trabalhos e acidentes,

Cada um tem por gosto tão perfeito,

Que o coração para ele é vaso estreito.

 

O prazer de chegar à pátria cara, a seus penates caros e parentes, pera contar a peregrina e rara navegação, os vários céus e gentes, vir a lograr o prêmio que ganhara por tão longos trabalhos e acidentes, cada um tem por gosto tão perfeito, que o coração para ele é vaso estreito. (1)

(1) O prazer de finalmente retornar para à pátria amada, aos seus lares e aos queridos parentes para contar sobre estar grande empreitada, os locais que viram e os povos que encontraram; conseguir alcançar o prêmio por tão árdua e perigosa empreitada. Tudo isso os marinheiros portugueses tem por desejo que nem cabe nos seus peitos. Camões canta a expectativa dos marinheiros portugueses ao chegarem em Portugal e finalmente concluírem a sua gloriosa empreitada.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

O prazer de finalmente retornar para à pátria amada, aos seus lares e aos queridos parentes para contar sobre estar grande empreitada, os locais que viram e os povos que encontraram; conseguir alcançar o prêmio por tão árdua e perigosa empreitada. Tudo isso os marinheiros portugueses tem por desejo que nem cabe nos seus peitos.

CANTO IX – ESTROFE 18

“Vênus, que sempre defendeu os marinheiros portugueses, pretendia recompensa-los por realizarem está grande empreitada”

 

Porém a deusa Cípria, que ordenada

Era pera favor dos Lusitanos,

Do padre eterno, e por bom gênio dada,

Que sempre os guia já de longos anos,

A glória por trabalhos alcançada,

Satisfação de bem sofridos danos,

Lhe andava já ordenando, e pretendia

Dar-lhe nos mares tristes alegria.

 

Porém a deusa Cípria, que ordenada era pera favor dos Lusitanos, do padre eterno, e por bom gênio dada, que sempre os guia já de longos anos, a glória por trabalhos alcançada, satisfação de bem sofridos danos, lhe andava já ordenando, e pretendia dar-lhe nos mares tristes alegria. (1)

(1) Porém a deusa Vênus, que foi ordenada pelo Padre Eterno para proteger os lusitanos e que por seu bom espírito que sempre os guiou ao longo dos anos, já estava preparando a glória por sua empreitada e a satisfação que aliviaria tantos sofrimentos que eles passaram. Camões canta que a deusa Vênus, que sempre cuidou dos portugueses, prepara uma recompensa para os marinheiros da frota lusitana.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

Porém a deusa Vênus, que foi ordenada pelo Padre Eterno para proteger os lusitanos e que por seu bom espírito que sempre os guiou ao longo dos anos, já estava preparando a glória por sua empreitada e a satisfação que aliviaria tantos sofrimentos que eles passaram.

CANTO IX – ESTROFE 19

“Vênus pensava em como recompensar os portugueses”

 

Depois de ter um pouco revolvido

Na mente o largo mar navegaram,

Os trabalhos que, pelo deus nascido

Nas anfiônias Tebas, se causaram,

Já trazia de longe no sentido,

Pera prêmio de quanto mal passaram,

Buscar-lhe algum deleite, algum descanso

No reino de cristal líquido e manso;

 

Depois de ter um pouco revolvido na mente o largo mar navegaram, os trabalhos que, pelo deus nascido nas anfiônias Tebas, se causaram, já trazia de longe no sentido, pera prêmio de quanto mal passaram, buscar-lhe algum deleite, algum descanso no reino de cristal líquido e manso; (1)

(1) Vênus, depois de ter refletivo sobre o largo mar que os portugueses navegaram e as dificuldade que eles sofreram por causa da inveja de Baco, já sabia que os recompensaria dando-lhes um deleite e descanso em lugar do mar. Camões canta que a deusa Vênus, que sempre cuidou dos portugueses, prepara uma recompensa para os marinheiros da frota lusitana.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

Vênus, depois de ter refletivo sobre o largo mar que os portugueses navegaram e as dificuldade que eles sofreram por causa da inveja de Baco, já sabia que os recompensaria dando-lhes um deleite e descanso em lugar do mar.

CANTO IX – ESTROFE 20

“Para conseguir recompensar os portugueses, Vênus percebe que precisa da ajuda de Cupido, seu filho”

 

Algum repouso, enfim, com que pudesse

Refocilar a lassa humanidade

Dos navegantes seus, como interesse

Do trabalho, que encurta a breve idade.

Parece-lhe razão que conta desse

A seu filho. Por cuja potestade

Os deuses faz descer o vil terreno,

E os humanos subir ao céu sereno.

 

Algum repouso, enfim, com que pudesse refocilar a lassa humanidade dos navegantes seus, como interesse do trabalho, que encurta a breve idade. Parece-lhe razão que conta desse a seu filho. Por cuja potestade os deuses faz descer o vil terreno, e os humanos subir ao céu sereno. (1)

(1) Enfim, Vênus desejava que, ao dar repouso, pudesse revigorar o cansado espírito dos seus navegantes portugueses, servindo assim de recompensa por seus bravos esforços. Parecia certo para ela comunicar seus desejos ao Cúpido, seu filho, pois o poder dele tinha a capacidade de fazer os deuses descerem até à terra e os humanos subirem aos céus. Camões canta que a deusa Vênus, que sempre cuidou dos portugueses, prepara uma recompensa para os marinheiros da frota lusitana.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

Enfim, Vênus desejava que, ao dar repouso, pudesse revigorar o cansado espírito dos seus navegantes portugueses, servindo assim de recompensa por seus bravos esforços. Parecia certo para ela comunicar seus desejos ao Cúpido, seu filho, pois o poder dele tinha a capacidade de fazer os deuses descerem até à terra e os humanos subirem aos céus.

CANTO IX – ESTROFE 21

“Vênus decide preparar uma ilha para receber os marinheiros portugueses”

 

Isto bem resolvido, determina

De ter-lhe aparelhada, lá do meio

Das águas, alguma ínsula divina,

Ornada d’esmaltado e verde arreio;

Que muito tem no reino que confina

De mãe primeira c’o terreno seio,

Afora as que possui soberanas

Pera dentro das portas herculanas.

 

Isto bem resolvido, determina de ter-lhe aparelhada, lá do meio das águas, alguma ínsula divina, ornada d’esmaltado e verde arreio; que muito tem no reino que confina de mãe primeira c’o terreno seio, afora as que possui soberanas pera dentro das portas herculanas. (1)

(1) Já estando decidida, Vênus determina que uma ilha no meio das águas, ornamentada de enfeites esmaltados e verdes, seja prepara para receber os marinheiros portugueses, pois ela possui muitas destas ilhas no Mar Vermelho, fora outras ilhas no Estreito de Gibraltar. Camões canta que Vênus, querendo recompensar os marinheiros portugueses, manda que uma de suas ilhas seja preparada para recebe-los.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

Já estando decidida, Vênus determina que uma ilha no meio das águas, ornamentada de enfeites esmaltados e verdes, seja prepara para receber os marinheiros portugueses, pois ela possui muitas destas ilhas no Mar Vermelho, fora outras ilhas no Estreito de Gibraltar.

CANTO IX – ESTROFE 22

“Vênus deseja encher a ilha com as belas ninfas nereidas, para que assim essas possam ficar com os marinheiros portugueses ”

 

Ali quer que as aquáticas donzelas

Esperem os fortíssimos barões,

Todas as que têm títulos de belas,

Glória dos olhos, dor dos corações,

Com danças e coréias; porque nelas

Influirá secretas afeições,

Pera com mais vontade trabalharem

De contentar a quem se afeiçoarem.

 

Ali quer que as aquáticas donzelas esperem os fortíssimos barões, todas as que têm títulos de belas, glória dos olhos, dor dos corações, com danças e coréias; porque nelas influirá secretas afeições, pera com mais vontade trabalharem de contentar a quem se afeiçoarem. (1)

(1) Vênus quer que as ninfas nereidas, todas elas com títulos de belas e que sejam o prazer dos olhos e dor no coração, para que recebam os fortíssimos portugueses com danças bailados. A deusa fara com que as ninfas se afeiçoem pelos portugueses, para que assim consigam contenta-los com mais vontade. Camões canta que Vênus, querendo recompensar os portugueses, mandar preparar uma ilha repleta de belas ninfas.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

Vênus quer que as ninfas nereidas, todas elas com títulos de belas e que sejam o prazer dos olhos e dor no coração, para que recebam os fortíssimos portugueses com danças bailados. A deusa fara com que as ninfas se afeiçoem pelos portugueses, para que assim consigam contenta-los com mais vontade.

CANTO IX – ESTROFE 23

“No passado, para ajudar seu filho Enéias, Vênus também se utilizou da ajuda de Cupido”

 

Tal manha buscou já, pera que aquele

Que de Anquises pariu, bem recebido

Fosse no campo que a bovina pele

Tomou de espaço, sutil partido.

Seu filho vai buscar, porque só nele

Tem todo o seu poder, fero Cupido,

 Que assi como naquela empresa antiga

A ajudou já, nestoutra a ajude e siga.

 

Tal manha buscou já, pera que aquele que de Anquises pariu, bem recebido fosse no campo que a bovina pele tomou de espaço, sutil partido. Seu filho vai buscar, porque só nele tem todo o seu poder, fero Cupido, que assi como naquela empresa antiga a ajudou já, nestoutra a ajude e siga. (1)

(1) Vênus já fez tal artifício para que Eneias, o filho que ela teve com Anquises, fosse recebido nas terras onde se fundaria Cartago. Ela vai até seu filho para preparar a ilha aos portugueses, porque o feroz Cúpido, assim como a ajudou quando precisou salvar Enéias, agora use o seu poder para recompensar os portugueses. Camões comenta quando Vênus, utilizando dos poderes de Cúpido, salvou Eneias, comparando ao que ela pretende fazer para recompensar os portugueses.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

Vênus já fez tal artifício para que Eneias, o filho que ela teve com Anquises, fosse recebido nas terras onde se fundaria Cartago. Ela vai até seu filho para preparar a ilha aos portugueses, porque o feroz Cúpido, assim como a ajudou quando precisou salvar Enéias, agora use o seu poder para recompensar os portugueses.

CANTO IX – ESTROFE 24

“Vênus prepara sua carruagem e parte para encontrar o Cupido”

 

No carro ajunta as aves que na vida

Vão da morte as exéquias celebrando,

E aquelas em que já foi convertida

Peristera, as boninas apanhando.

Em derredor da deusa já partida,

No ar lascivos beijos se vão dando;

Ela, por onde passa, o ar e o vento

Sereno faz com brando movimento.

 

No carro ajunta as aves que na vida vão da morte as exéquias celebrando, e aquelas em que já foi convertida Peristera, as boninas apanhando. Em derredor da deusa já partida, no ar lascivos beijos se vão dando; ela, por onde passa, o ar e o vento sereno faz com brando movimento. (1)

(1) Vênus leva em sua carruagem cisnes, as aves que na vida vão celebrando as exéquias da morte, e leva também pombas, aquelas aves em que foi convertida Peristera, quando esta estava apanhando as boninas. A partida a carruagem da deusa deixava lascivos beijos no ar e, por onde passava, deixa o vento e ar serenos. Camões canta que a deusa Vênus parte em sua carruagem para recompensar os portugueses.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

Vênus leva em sua carruagem cisnes, as aves que na vida vão celebrando as exéquias da morte, e leva também pombas, aquelas aves em que foi convertida Peristera, quando esta estava apanhando as boninas. A partida da carruagem da deusa deixava lascivos beijos no ar e, por onde passava, deixa o vento e ar serenos.

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Esses foram os nossos comentários sobre a décima sexta até a vigésima quarta estrofe da nona canto de Os Lusíadas, onde Camões canta que Vênus prepara um plano para recompensar os portugueses por sua bem-sucedida empreitada.

Eu sou Caio Motta e convido você a continuar acompanhando os nossos comentários sobre a grande obra de Camões, bem como demais textos da grande literatura universal presentes no nosso blog.

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