Neste nosso septuagésimo sexto comentário sobre Os Lusíadas, continuaremos a ler o nono canto da obra, onde Camões canta que os portugueses e as ninfas ficam juntos na Ilha dos Amores.

OS LUSÍADAS OS PORTUGUESES FICAM JUNTOS COM AS NINFAS
Os portugueses e as ninfas ficam juntos

CANTO IX – ESTROFE 74

“Os portugueses perseguem as ninfas”

 

Qual cão de caçador, sagaz e ardido,

Usado a tomar na água a ave ferida,

Vendo no rosto o férreo cano erguido

Pera a garcenha ou pata conhecida,

Antes que soe o estouro, mal sofrido

Salta n’água, e da presa não duvida,

Nadando vai e latindo: assi o mancebo

Remete à que era irmã de Febo.

 

Qual cão de caçador, sagaz e ardido, usado a tomar na água a ave ferida, vendo no rosto o férreo cano erguido pera a garcenha ou pata conhecida, antes que soe o estouro, mal sofrido salta n’água, e da presa não duvida, nadando vai e latindo: assi o mancebo remete à que era irmã de Febo. (1)

(1) Assim como uma sagaz e valente cão de caça, que está acostumado a entrar na água atrás de aves feridas e que, antes que soe o disparo da arma, já salta na água nadando e latindo atrás de garcenha ou uma pata; desta forma vai o português atrás da ninfa dentro da água. Camões canta os encontros dos portugueses com as ninfas na Ilha dos Amores.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

Assim como uma sagaz e valente cão de caça, que está acostumado a entrar na água atrás de aves feridas e que, antes que soe o disparo da arma, já salta na água nadando e latindo atrás de garcena ou uma pata; desta forma vai o português atrás da ninfa dentro da água.

CANTO IX – ESTROFE 75

“Leonardo, um dos portugueses, deseja ficar com uma das ninfas”

 

Leonardo, soldado bem disposto,

Manhoso, cavaleiro e namorado,

A quem amor não dera um só desgosto,

Mas sempre fora dele maltratado,

E tinha já por firme pressuposto

Ser como amores mal afortunado,

Porém não que perdesse a esperança

De inda poder seu fado ter mudança;

 

Leonardo, soldado bem disposto, manhoso, cavaleiro e namorado, a quem amor não dera um só desgosto, mas sempre fora dele maltratado, e tinha já por firme pressuposto ser como amores mal afortunado, porém não que perdesse a esperança de inda poder seu fado ter mudança; (1)

(1) Leonardo, um soldado português bem disposto, manhoso, cavaleiro e namorado, que nunca se dera bem no amor, sendo sempre mal tratado, já tinha como firme pressuposto não ter sorte alguma no amor. Porém, ao estar na ilha e ver o que acontecia, não perdeu as esperanças que este destino tivesse uma mudança. Camões canta os encontros dos portugueses com as ninfas na Ilha dos Amores.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

Leonardo, um soldado português bem disposto, manhoso, cavaleiro e namorado, que nunca se dera bem no amor, sendo sempre mal tratado, já tinha como firme pressuposto não ter sorte alguma no amor. Porém, ao estar na ilha e ver o que acontecia, não perdeu as esperanças que este destino tivesse uma mudança.

CANTO IX – ESTROFE 76

“O marinheiro Leonardo, enquanto segue uma das ninfas, declara o seu amor e desejo”

 

Quis aqui sua ventura que corria

Após Efire, exemplo de beleza,

Que mais caro que as outras dar queria

O que deu, pera dar-se, a natureza;

Já cansado correndo lhe dizia:

“Ó fermosura indigna de aspereza,

Pois desta vida te concedo a palma,

Espera um corpo de quem levas a alma.

 

Quis aqui sua ventura que corria após Efire, exemplo de beleza, que mais caro que as outras dar queria o que deu, pera dar-se, a natureza; já cansado correndo lhe dizia: “Ó fermosura indigna de aspereza, pois desta vida te concedo a palma, espera um corpo de quem levas a alma. (1)

(1) Leonardo, que ainda tinha esperança no amor, corria atrás da ninfa Efire, que é era um exemplo de beleza e, dentre as ninfas, era a que mais resistia em entregar-se. Ele, já cansando de tanto segui-la, assim lhe dizia: “Ó formosura indigna de ter severidade, te concedo a vitória da minha vida, para que o meu corpo se junte a sua alma. Camões canta os encontros dos portugueses com as ninfas na Ilha dos Amores.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

Leonardo, que ainda tinha esperança no amor, corria atrás da ninfa Efire, que é era um exemplo de beleza e, dentre as ninfas, era a que mais resistia em entregar-se. Ele, já cansando de tanto segui-la, assim lhe dizia: “Ó formosura indigna de ter severidade, te concedo a vitória da minha vida, para que o meu corpo se junte a sua alma.

CANTO IX – ESTROFE 77

“O marinheiro Leonardo pergunta porque a ninfa foge dele, enquanto todas as outras já se entregaram”

 

“Todas de correr cansam, ninfa pura,

Rendendo-se à vontade do inimigo;

Tu só de mi só foges na espessura?

Quem te disse que eu era o que te sigo?

Se to tem dito já aquela ventura,

Que em toda a parte sempre anda comigo,

Ó não na creias, porque eu, quando a cria,

Mil vezes cada hora me mentia.

 

“Todas de correr cansam, ninfa pura, rendendo-se à vontade do inimigo; tu só de mi só foges na espessura? Quem te disse que eu era o que te sigo? Se to tem dito já aquela ventura, que em toda a parte sempre anda comigo, ó não na creias, porque eu, quando a cria, mil vezes cada hora me mentia. (1)

(1) “Deferente de ti, ninfa pura, todas as demais se cansaram de correr e rederam-se à vontade do inimigo; neste espesso bosque, só tu ainda foges de mim; quem te disse que eu sou o único que não correspondido pelo amor? Deve já conhecer o azar do amor que anda comigo, ó não creias, pois a sorte mente para os que acreditam encontrar felicidade no amor. Camões canta os encontros dos portugueses com as ninfas na Ilha dos Amores.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Deferente de tu, ninfa pura, todas as demais se cansaram de correr e rederam-se à vontade do inimigo; neste espesso bosque, só tu ainda foge de mim; quem te disse que eu sou o único que não correspondido pelo amor? Deve já conhecer o azar do amor que anda comigo, ó não creias, pois a sorte mente para os que acreditam encontrar felicidade no amor.

CANTO IX – ESTROFE 77

“O marinheiro Leonardo pergunta porque a ninfa foge dele, enquanto todas as outras já se entregaram”

 

“Todas de correr cansam, ninfa pura,

Rendendo-se à vontade do inimigo;

Tu só de mi só foges na espessura?

Quem te disse que eu era o que te sigo?

Se to tem dito já aquela ventura,

Que em toda a parte sempre anda comigo,

Ó não na creias, porque eu, quando a cria,

Mil vezes cada hora me mentia.

 

“Todas de correr cansam, ninfa pura, rendendo-se à vontade do inimigo; tu só de mi só foges na espessura? Quem te disse que eu era o que te sigo? Se to tem dito já aquela ventura, que em toda a parte sempre anda comigo, ó não na creias, porque eu, quando a cria, mil vezes cada hora me mentia. (1)

(1) “Deferente de ti, ninfa pura, todas as demais se cansaram de correr e rederam-se à vontade do inimigo; neste espesso bosque, só tu ainda foges de mim; quem te disse que eu sou o único que não correspondido pelo amor? Deve já conhecer o azar do amor que anda comigo, ó não creias, pois a sorte mente para os que acreditam encontrar felicidade no amor. Camões canta os encontros dos portugueses com as ninfas na Ilha dos Amores.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Deferente de ti, ninfa pura, todas as demais se cansaram de correr e rederam-se à vontade do inimigo; neste espesso bosque, só tu ainda foges de mim; quem te disse que eu sou o único que não correspondido pelo amor? Deve já conhecer o azar do amor que anda comigo, ó não creias, pois a sorte mente para os que acreditam encontrar felicidade no amor.

CANTO IX – ESTROFE 78

“O marinheiro Leonardo pede para que a ninfa pare de fugir e fique com ele, acabando assim com seu azar no amor”

 

“Não canses, que me cansas; e se queres

Fugir-me, por que não possa tocar-te,

Minha ventura é tal, que, inda que esperes,

Ele fará que não possa alcançar-te.

Espera: quero ver, se tu quiseres,

Que sutil modo busca de escapar-te,

E notarás no fim deste sucesso,

Tra la spiga e la man qual muro è messo.

 

 “Não canses, que me cansas; e se queres fugir-me, por que não possa tocar-te, minha ventura é tal, que, inda que esperes, ele fará que não possa alcançar-te. Espera: quero ver, se tu quiseres, que sutil modo busca de escapar-te, e notarás no fim deste sucesso, tra la spiga e la man qual muro è messo. (1)

(1) “Não se canses, pois assim também me cansas; se foges para que assim eu não te toque, então fique sossegada pois, mesmo que ficasse parada, a minha terrível sorte não permitiria que eu te alcançasse. Espera! Quero ver, caso tu querias, ver como desta vez a sorte vai me escapar, e assim notaras ela é ‘como um muro que se interpõem entre a mão e a espiga’. Camões canta os encontros dos portugueses com as ninfas na Ilha dos Amores.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Não se canses, pois assim também me cansas; se foges para que assim eu não te toque, então fique sossegada pois, mesmo que ficasse parada, a minha terrível sorte não permitiria que eu te alcançasse. Espera! Quero ver, caso tu querias, ver como desta vez a sorte vai me escapar, e assim notaras ela é como um muro que se interpõem entre a mão e a espiga.

CANTO IX – ESTROFE 79

“O marinheiro Leonardo pede para que a ninfa pare de fugir e fique com ele, acabando assim como seu azar no amor”

 

“Ó não me fujas! Assi nunca breve

Tempo fuja de tua fermosura!

Que só com refrear o passo leve

Vencerás de fortuna a força dura.

Que imperador, que exército se atreve

A quebrantar a fúria da ventura

Que em quanto desejei me vai seguindo,

O que tu só farás, não me fugindo?

 

“Ó não me fujas! Assi nunca breve tempo fuja de tua fermosura! Que só com refrear o passo leve vencerás de fortuna a força dura. Que imperador, que exército se atreve a quebrantar a fúria da ventura que em quanto desejei me vai seguindo, o que tu só farás, não me fugindo? (1)

(1) “Ó ninfa, não me fujas! Pois a que o tempo nunca fuja da sua formosura! Só refreando os seus ligeiros passos é que vencerás a dura força do destino. Que imperador ou exército conseguira romper está má sorte que vai seguindo tudo o que eu desejo? Somente tudo poderás fazer isso, ao não fugir de mim. Camões canta os encontros dos portugueses com as ninfas na Ilha dos Amores.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Ó ninfa, não me fujas! Pois a que o tempo nunca fuja da sua formosura! Só refreando os seus ligeiros passos é que vencerás a dura força do destino. Que imperador ou exército conseguira romper está má sorte que vai seguindo tudo o que eu desejo? Somente tudo poderás fazer isso, ao não fugir de mim.

CANTO IX – ESTROFE 80

“O marinheiro Leonardo pede para que ninfa pare de fugir e fique com ele, acabando assim com seu azar no amor”

 

“Pões-te da parte da desdita minha?

Fraqueza é dar ajuda ao mais potente!

Levos-me um coração que livre tinha?

Solta-mo, e correrás mais levemente.

Não te carrega essa alma tão mesquinha,

Que nesses fios de ouro reluzente

Atada leves? Ou, depois de presa,

Lhe mudaste a ventura, e menos pesa?

 

“Pões-te da parte da desdita minha? Fraqueza é dar ajuda ao mais potente! Levos-me um coração que livre tinha? Solta-mo, e correrás mais levemente. Não te carrega essa alma tão mesquinha, que nesses fios de ouro reluzente atada leves? Ou, depois de presa, lhe mudaste a ventura, e menos pesa? (1)

(1) “Vós ficas indiferente ao meu sofrimento? Não seria fraqueza sua me consolar, mas, sim, se alimentasse o meu azar! Levas-me um coração que eu tinha livre? Se o soltar, correrás mais leve. Não carregas essa alma minha que está cheia de lamentações e sofrimentos? Ou, depois de prender minha alma, a mudou para que pesasse menos? Camões canta os encontros dos portugueses com as ninfas na Ilha dos Amores.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Vós ficas indiferente ao meu sofrimento? Não seria fraqueza sua me consolar, mas, sim, se alimentasse o meu azar! Levas-me um coração que eu tinha livre? Se o soltar, correrás mais leve. Não carregas essa alma minha que está cheia de lamentações e sofrimentos? Ou, depois de prender minha alma, a mudou para que pesasse menos?

CANTO IX – ESTROFE 81

“O marinheiro Leonardo concluí o seu pedido para a ninfa”

 

“Nesta esperança só te vou seguindo,

Que ou tu não sofrerás o peso dela,

Ou na virtude de ter gesto lindo

Lhe mudará a triste e dura estrela.

E, se se lhe mudar, não vás fugindo,

Que Amor te ferirá, gentil donzela;

E tu me esperarás, se Amor te fere;

E, se me esperas, não há mais que espere.”

 

“Nesta esperança só te vou seguindo, que ou tu não sofrerás o peso dela, ou na virtude de ter gesto lindo lhe mudará a triste e dura estrela. E, se se lhe mudar, não vás fugindo, que Amor te ferirá, gentil donzela; e tu me esperarás, se Amor te fere; e, se me esperas, não há mais que espere.” (1)

(1) “Como ainda tenho esperança de conseguir o seu amor, vou te seguindo, pois, ou tu não sentiras o peso da minha alma, ou conseguira acabar com a minha triste sorte. E, se lhe mudar, não vás fugindo de mim, pois o Amor te ferirá, gentil donzela; e se o Amor te ferir, tu me esperarás; e, se me esperas, não há mais nada para mim esperar.” Camões canta os encontros dos portugueses com as ninfas na Ilha dos Amores.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Como ainda tenho esperança de conseguir o seu amor, vou te seguindo, pois, ou tu não sentiras o peso da minha alma, ou conseguira acabar com a minha triste sorte. E, se lhe mudar, não vás fugindo de mim, pois o Amor te ferirá, gentil donzela; e se o Amor te ferir, tu me esperarás; e, se me esperas, não há mais nada para mim esperar

CANTO IX – ESTROFE 82

“Após ouvir o pedido de Leonardo, a ninfa se entrega ao seu amante”

 

Já não fugia a bela ninfa tanto

Por se dar cara ao triste que a seguia,

Como por ir ouvindo o doce canto,

As namoradas mágoas que dizia.

Volvendo o rosto já sereno e santo,

Toda banhada em riso e alegria,

Cair se deixa aos pés do vencedor,

Que todo se desfaz em puro amor.

 

Já não fugia a bela ninfa tanto por se dar cara ao triste que a seguia, como por ir ouvindo o doce canto, as namoradas mágoas que dizia. Volvendo o rosto já sereno e santo, toda banhada em riso e alegria, cair se deixa aos pés do vencedor, que todo se desfaz em puro amor. (1)

(1) A bela ninfa já não fugia mais do marinheiro para não se entregar a ele, mas para continuar ouvindo o doce canto e as namoradas mágoas que ele dizia. Ela, virando o seu sereno e santo rosto e estando banhada em risos e alegria, se deixa cair aos pés do vencedor, que todo se desfaz em puro amor. Camões canta os encontros dos portugueses com as ninfas na Ilha dos Amores.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

A bela ninfa já não fugia mais do marinheiro para não se entregar a ele, mas para continuar ouvindo o doce canto e as namoradas mágoas que ele dizia. Ela, virando o seu sereno e santo rosto e estando banhada em risos e alegria, se deixa cair aos pés do vencedor, que todo se desfaz em puro amor.

CANTO IX – ESTROFE 83

“Os marinheiros portugueses ficam com as ninfas na Ilha dos Amores”

 

Ó que famintos beijos na floresta!

E que mimoso choro que soava!

Que afagos tão suaves! Que ira honesta,

Que em risinhos alegres se tornava!

O que mais passam na manhã e na sesta,

Que Vênus com prazeres inflamava,

Melhor é exp’rimentá-lo, que julgá-lo;

Mas julgue-o quem não pode exp’rimentá-lo.

 

Ó que famintos beijos na floresta! E que mimoso choro que soava! Que afagos tão suaves! Que ira honesta, Que em risinhos alegres se tornava! O que mais passam na manhã e na sesta, que Vênus com prazeres inflamava, melhor é exp’rimentá-lo, que julgá-lo; mas julgue-o quem não pode exp’rimentá-lo. (1)

(1) Ó que beijos famintos e que suaves gemidos eram dados na floresta! Que afagos tão suaves! Que honesta ira que se transformava em alegres risos! Os portugueses e as ninfas passaram a manhã e a tarde compartilhando os prazeres que Vênus inflamava; é mais fácil experimentá-los do que imaginá-los; mas que imaginem aqueles que não podem experimentá-los. Camões canta que os portugueses e as ninfas nereidas namoram na Ilha dos Amores.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

Ó que beijos famintos e que suaves gemidos eram dados na floresta! Que afagos tão suaves! Que honesta ira que se transformava em alegres risos! Os portugueses e as ninfas passaram a manhã e a tarde compartilhando os prazeres que Vênus inflamava; é mais fácil experimentá-los do que imaginá-los; mas que imaginem aqueles que não podem experimentá-los.

CANTO IX – ESTROFE 84

“As ninfas coroam os portugueses por seus grandes feitos”

 

Destarte enfim, conformes já as formosas

Ninfas c’os seus amados navegantes,

Os ornam de capelas deleitosas,

De louro e de ouro e flores abundantes.

As mãos alvas lhe davam como esposas;

Com palavras formais e estipulantes

Se prometem eterna companhia

Em vida e morte, de honra e alegria.

 

Destarte enfim, conformes já as formosas ninfas c’os seus amados navegantes, os ornam de capelas deleitosas, de louro e de ouro e flores abundantes. As mãos alvas lhe davam como esposas; com palavras formais e estipulantes se prometem eterna companhia em vida e morte, de honra e alegria. (1)

(1) Desta forma, as formosas ninfas, já estando com seus amados portugueses, os ornavam com deleitosas coroas de louro, ouro e abundantes flores. Elas lhe dão as mãos como se fossem suas esposas e, com palavras formais e solenes, prometem eterna companhia de honra e alegria até a morte. Camões canta que, após namorarem na Ilha dos Amores, as ninfas coroam os portugueses por seu grande feito.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

Desta forma, as formosas ninfas, já estando com seus amados portugueses, os ornavam com deleitosas coroas de louro, ouro e abundantes flores. Elas lhe dão as mãos como se fossem suas esposas e, com palavras formais e solenes, prometem eterna companhia de honra e alegria até a morte.

CANTO IX – ESTROFE 85

“Tétis, a maior de todas as ninfas, recebe o capitão Vasco da Gama”

 

Uma delas maior, a quem se humilha

Todo o coro das ninfas obedece,

(Que dizem ser de Celo e Vesta filha,

O que no gesto belo se parece),

Enchendo a terra e o mar de maravilha,

O capitão ilustre, que o merece,

Recebe ali com pompa honesta e régia,

Mostrando-se senhora grande e egrégia.

 

Uma delas maior, a quem se humilha todo o coro das ninfas obedece, (que dizem ser de Celo e Vesta filha, o que no gesto belo se parece), enchendo a terra e o mar de maravilha, o capitão ilustre, que o merece, recebe ali com pompa honesta e régia, mostrando-se senhora grande e egrégia. (1)

(1) A ninfa Tétis, que dizem ser filha de Celo e Vesta e que, dentre todas as ninfas, era a mais importante de todas e que todo o grupo delas obedeciam, recebeu o ilustre capitão Vasco da Gama com pompa honesta e régia que ele merecia, mostrando assim que ela é uma senhora grandiosa e distinta. Camões canta que Tétis, a mais nobre das ninfas, recebeu o capitão Vasco da Gama.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

A ninfa Tétis, que dizem ser filha de Celo e Vesta e que, dentre todas as ninfas, era a mais importante de todas e que todo o grupo delas obedeciam, recebeu o ilustre capitão Vasco da Gama com pompa honesta e régia que ele merecia, mostrando assim que ela é uma senhora grandiosa e distinta.

CANTO IX – ESTROFE 86

“Tétis diz que revelará os segredos do mundo para o capitão Vasco da Gama”

 

Que despois de lhe ter dito quem era,

C’um alto exórdio de alta graça ornado,

Dando-lhe a entender que ali viera

Por alta influição do móbil fado,

Pera lhe descobrir da unida esfera

Da terra imensa e mar não navegado

Os segredos, por alta profecia,

O que esta sua nação só merecia:

 

Que despois de lhe ter dito quem era, c’um alto exórdio de alta graça ornado, dando-lhe a entender que ali viera por alta influição do móbil fado, pera lhe descobrir da unida esfera da terra imensa e mar não navegado os segredos, por alta profecia, o que esta sua nação só merecia: (1)

(1) Depois de Tétis ter dito quem era, com um discurso ornado de alta graça, dá a entender que ela viera ali por influência do imutável destino para lhe revelar, por alta profecia, os segredos da terra e dos mares não navegados que somente a nação portuguesa merecia conhecer. Camões canta que Tétis fala ao capitão Vasco da Gama, dando a impressão que ela está ali para lhe revelar os segredos do mundo

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

Depois de Tétis ter dito quem era, com um discurso ornado de alta graça, dá a entender que ela viera ali por influência do imutável destino para lhe revelar, por alta profecia, os segredos da terra e dos mares não navegados que somente a nação portuguesa merecia conhecer.

CANTO IX – ESTROFE 87

“Tétis leva o capitão Vasco da Gama para um palácio de cristal, onde os dois ficam juntos”

 

Tomando-o pela mão, o leva e guia

Pera o cume dum monte alto e divino,

No qual uma rica fábrica se erguia

De cristal toda, e de ouro puro e fino.

A maior parte aqui passam do dia

Em doces jogos e em prazer contínuo;

Ela nos paços logra os amores,

As outras, pelas sombra entre as flores.

 

Tomando-o pela mão, o leva e guia pera o cume dum monte alto e divino, no qual uma rica fábrica se erguia de cristal toda, e de ouro puro e fino. A maior parte aqui passam do dia em doces jogos e em prazer contínuo; ela nos paços logra os amores, as outras, pelas sombra entre as flores. (1)

(1) Tomando o capitão Vasco da Gama pela mão, Tétis o leva para o cume de um monte alo e divino no qual se erguia um rico edifício de cristal e do mais puro e fino ouro. Eles dois passam a maior parte do aqui fazendo agradáveis brincadeiras e em contínuos prazeres; Tétis goza os amores no palácio, enquanto as demais ninfas ficam por entre as flores da ilha. Camões canta que Tétis leva o capitão Vasco da Gama para um palácio na Ilha dos Amores, onde eles ficam juntos.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

Tomando o capitão Vasco da Gama pela mão, Tétis o leva para o cume de um monte alo e divino no qual se erguia um rico edifício de cristal e do mais puro e fino ouro. Eles dois passam a maior parte do aqui fazendo agradáveis brincadeiras e em contínuos prazeres; Tétis goza os amores no palácio, enquanto as demais ninfas ficam por entre as flores da ilha.

CANTO IX – ESTROFE 88

“Os portugueses e as ninfas ficaram quase todo o dia juntos”

 

Assi a fermosa e forte companhia

O dia quase todo estão passando

Numa alma, doce, incógnita alegria,

Os trabalhos tão longos compensando,

Porque dos feitos grandes, da ousadia

Forte e famosa, o mundo está guardando

O prêmio lá no fim bem merecido,

Com fama grande, e nome alto subido.

 

Assi a fermosa e forte companhia o dia quase todo estão passando numa alma, doce, incógnita alegria, os trabalhos tão longos compensando, porque dos feitos grandes, da ousadia forte e famosa, o mundo está guardando o prêmio lá no fim bem merecido, com fama grande, e nome alto subido. (1)

(1) E foi assim que os fortes portugueses e as formosas ninfas passaram, numa deliciosa e incógnita alegria, quase todo o dia; assim compensando os trabalhos tão longos para o final da jornada, sendo que o mundo, pelos grandes feitos dos portugueses, guardará para eles a grande fama e imortalizara os seus nomes. Camões canta que os portugueses e as ninfas passam quase todo o dia juntos na Ilha dos Amores.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

E foi assim que os fortes portugueses e as formosas ninfas passaram, numa deliciosa e incógnita alegria, passaram quase todo o dia; assim compensando os trabalhos tão longos para o final da jornada, sendo que o mundo, pelos grandes feitos dos portugueses, guardará para eles a grande fama e imortalizara os seus nomes.

CANTO IX – ESTROFE 89

“As ninfas e a Ilha dos Amores simbolizam a gloriosa recompensa que alguns conseguem receber durante a vida”

 

Que as ninfas do Oceano tão formosas,

Tétis, e a ilha angélica pintada,

Outra coisa não é que as deliciosas

Honras que a vida fazem sublimada.

Aquelas preminências gloriosas,

Os triunfos, a fonte coroada

De palma e louro, a glória e maravilha,

Estes são os deleites desta ilha.

 

Que as ninfas do Oceano tão formosas, Tétis, e a ilha angélica pintada, outra coisa não é que as deliciosas honras que a vida fazem sublimada. Aquelas preminências gloriosas, os triunfos, a fonte coroada de palma e louro, a glória e maravilha, estes são os deleites desta ilha. (1)

(1) Porque as formosas ninfas nereidas, Tétis, como está angélica ilha que foi preparada, nada mais são que as deliciosas honras que tornam a vida sublime. Os triunfos, as gloriosas distinções, a coração com dourados louros e maravilhosa glória sãos os deleites desta ilha. Camões comenta os prazeres e recompensas que os portugueses recebem por terem realizados feitos tão grandiosos.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

Porque as formosas ninfas nereidas, Tétis, como está angélica ilha que foi preparada, nada mais são que as deliciosas honras que tornam a vida sublime. Os triunfos, as gloriosas distinções, a coração com dourados louros e maravilhosa glória sãos os deleites desta ilha.

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Os Lusíadas (Edição Didática) - Volume I e II – Editora Concreta

Os Lusíadas (Edição Didática) – Volume I

Obra completa de Camões com notas e comentários de Francisco de Sales Lencastre, sendo a melhor edição para quem busca compreender todos os detalhes deste grande épico.

 

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Os Lusíadas (Edição Didática) – Volume II

Obra completa de Camões com notas e comentários de Francisco de Sales Lencastre, sendo a melhor edição para quem busca compreender todos os detalhes deste grande épico.

 

Esses foram os nossos comentários sobre a septuagésima quarta até a octogésima nona estrofe do nono canto de Os Lusíadas, onde Camões canta que os portugueses e as ninfas ficam juntos na Ilha dos Amores

 

Eu sou Caio Motta e convido você a continuar acompanhando os nossos comentários sobre a grande obra de Camões, bem como demais textos da grande literatura universal presentes no nosso blog.

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