Neste nosso septuagésimo sétimo comentário sobre Os Lusíadas, terminaremos de ler o nono canto da obra, onde Camões faz alguns comentários sobre a Fama e a Glória para aqueles que desejam ser eternamente lembrados.

OS LUSÍADAS O LAMENTO DE CAMÕES QUANTO AOS PORTUGUESES
Camões fala sobre a Fama e a Glória

CANTO IX – ESTROFE 90

“Os poetas da antiguidade recompensam os grandes heróis quando os imortalizavam em suas obras”

 

Que as imortalidades, que fingia

A antiguidade, que os ilustre ama,

Lá no estelante Olimpio, a quem subia

Sobre as asas ínclitas da Fama

Por obras valerosas que fazia,

Pelo trabalho imenso, que se chama

“Caminho da virtude” alto e fragoso,

Mas no fim doce, alegre e deleitoso,

 

Que as imortalidades, que fingia a antiguidade, que os ilustre ama, lá no estelante Olimpio, a quem subia sobre as asas ínclitas da Fama por obras valerosas que fazia, pelo trabalho imenso, que se chama “caminho da virtude” alto e fragoso, mas no fim doce, alegre e deleitoso (1)

(1) Porque imortalizar os grandes feitos na memória, coisa que os antigos poetas faziam pois amavam os feitos dos ilustres homens, colocando as suas famas no alto estrelato do céu e denominando esses feitos como “caminho da virtude”, nada mais é do que o doce, alegre e deleitoso prêmio para eles. Camões canta que, quando os antigos poetas cantavam e engrandeciam os grandes feitos dos homens, eles não estavam fazendo nada mais que os imortalizar na história.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

Porque imortalizar os grandes feitos na memória, coisa que os antigos poetas faziam pois amavam os feitos dos ilustres homens, colocando as suas famas no alto estrelato do céu e denominando esses feitos como “caminho da virtude”, nada mais é do que o doce, alegre e deleitoso prêmio para eles.

CANTO IX – ESTROFE 91

“Os poetas da antiguidade recompensam os grandes heróis quando os imortalizavam em suas obras”

 

Não eram senão prêmios que reparte,

Por feitos imortais e soberanos,

O mundo c’os varões que esforço e arte

Divinos os fizeram, sendo humanos:

Que Júpiter, Mercúrio, Febo e Marte,

Enéias e Quirino, e os dois Tebanos,

Ceres, Palas e Juno com Diana,

Todos foram de fraca carne humana.

 

Não eram senão prêmios que reparte, por feitos imortais e soberanos, o mundo c’os varões que esforço e arte divinos os fizeram, sendo humanos: que Júpiter, Mercúrio, Febo e Marte, Enéias e Quirino, e os dois Tebanos, Ceres, Palas e Juno com Diana, todos foram de fraca carne humana. (1)

(1) Imortalizar os grandes homens não é senão o prêmio por seus feitos soberanos e imortais que o mundo fazia por eles. Pois Júpiter, Mercúrio, Febo, Marte, Enéias, Quirino, Hércules, Baco, Ceres, Palas, Juno e Diana foram de fraca carne humana. Camões canta que, quando os antigos poetas cantavam e engrandeciam os grandes feitos dos homens, eles não estavam fazendo nada mais que os imortalizar na história.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

Imortalizar os grandes homens não é senão o prêmio por seus feitos soberanos e imortais que o mundo fazia por eles. Pois Júpiter, Mercúrio, Febo, Marte, Enéias, Quirino, Hércules, Baco, Ceres, Palas, Juno e Diana foram de fraca carne humana.

CANTO IX – ESTROFE 92

“Quem deseja ter seu nome e feitos imortalizados deve se livrar da preguiça e do ócio”

 

Mas a Fama, trombeta de obras tais,

Lhe deu no mundo nomes estranhos,

De deuses, semideuses imortais,

Indígetes, heroicos e de magnos!

Por isso, ó vós que as famas estimais,

Se quiserdes no mundo ser tamanhos,

Despertai  já do sono do ócio ignavo,

Que o ânimo de livre faz escravo.

 

Mas a Fama, trombeta de obras tais, lhe deu no mundo nomes estranhos, de deuses, semideuses imortais, indígetes, heroicos e de magnos! Por isso, ó vós que as famas estimais, se quiserdes no mundo ser tamanhos, despertai já do sono do ócio ignavo, que o ânimo de livre faz escravo. (1)

(1) Mas a fama, que espalha os grandes feitos destes homens, deu para eles nomes estranhos, sendo de deuses, semideuses imortais, indígenas, heroicos e de magnos! Por isso, ó vós que estimam a fama, se querem ser conhecidos no mundo, livrem-se logo do indolente ócio que faz a alma, em vez de livre, escrava. Camões canta que é a fama quem imortaliza o nome dos grandes homens e diz que quem quiser ser imortalizado deve se livrar da preguiça e do ócio.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

Mas a fama, que espalha os grandes feitos destes homens, deu para eles nomes estranhos, sendo de deuses, semideuses imortais, indígenas, heroicos e de magnos! Por isso, ó vós que estimam a fama, se querem ser conhecidos no mundo, livrem-se logo do indolente ócio que faz a alma, em vez de livre, escrava.

CANTO IX – ESTROFE 93

“Quem deseja a fama deve ter cuidado com a cobiça e a ambição”

 

E ponde na cobiça um freio duro,

E na ambição também indignamente

Tomais mil vezes, e no torpe e escuro

Vício da tirania infame e urgente,

Porque essas honras vãs, esse ouro puro

Verdadeiro valor não dão à gente.

Melhor é merecê-los sem os ter,

Que possuí-los sem os merecer.

 

E ponde na cobiça um freio duro, e na ambição também indignamente tomais mil vezes, e no torpe e escuro vício da tirania infame e urgente, porque essas honras vãs, esse ouro puro verdadeiro valor não dão à gente. Melhor é merecê-los sem os ter, que possuí-los sem os merecer. (1)

(1) Se queres a fama, coloque um forte freio na cobiça e na ambição, pois são elas que o levam a serem indignos e para escuro e torpe vício da infâmia tirania. As honras vãs da cobiça são o ouro que não dão valor à gente; é muito melhor merece-los sem os ter, do que os possuir sem os merecer. Camões diz que os que desejam possuir a fama devem ter cuidado com o vício da cobiça e da ambição.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

Se queres a fama, coloque um forte freio na cobiça e na ambição, pois são elas que o levam a serem indignos e para escuro e torpe vício da infâmia tirania. As honras vãs da cobiça são o ouro que não dão valor à gente; é muito melhor merece-los sem os ter, do que os possuir sem os merecer.

CANTO IX – ESTROFE 94

“Quem deseja a fama deve ser justo”

 

Ou dai paz as leis iguais, constantes,

Que os grandes não dêem os pequenos;

Ou vos vesti nas armas rutilantes

Contra a lei dos imigos sarracenos.

Fareis os reinos grandes e possantes,

E todos tereis mais, e nenhum menos:

Possuireis riquezas merecidas,

Com as honras que ilustram tanto as vidas.

 

Ou dai paz as leis iguais, constantes, que os grandes não dêem os pequenos; ou vos vesti nas armas rutilantes contra a lei dos imigos sarracenos. Fareis os reinos grandes e possantes, e todos tereis mais, e nenhum menos: possuireis riquezas merecidas, com as honras que ilustram tanto as vidas. (1)

(1) Quanto estivem em tempos de paz, façam com que as leis sejam constantes, não favorecendo os grandes e nem os pequenos; nas guerras, vistam-se com armas brilhantes contra os inimigos muçulmanos. Desta forma, faram com que os reinos sejam grandes e possantes, com todos terão mais e ninguém terá menos; possuirás as riquezas que merece, assim como as honras que ilustram tanto a vida. Camões canta que os que desejam a cobiça e ambição devem ser justos, não favorecendo os que não sejam merecedores, pois, desta forma, os seus reinos serão grandiosos.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

Quanto estivem em tempos de paz, façam com que as leis sejam constantes, não favorecendo os grandes e nem os pequenos; nas guerras, vistam-se com armas brilhantes contra os inimigos muçulmanos. Desta forma, faram com que os reinos sejam grandes e possantes, com todos terão mais e ninguém terá menos; possuirás as riquezas que merece, assim como as honras que ilustram tanto a vida.

CANTO IX – ESTROFE 95

“Camões diz que, quem seguir estes conselhos, se tornara imortal, assim como são imortais os bravos lusitanos”

 

E fareis claro o rei que tanto amais,

Agora c’os conselhos bem cuidados,

Agora co’as espadas que imortais

Vos farão, como os vossos já passados.

Impossibilidades não façais,

Que quem quis sempre pôde: e numerados

Sereis entre os heróis esclarecidos,

 E nesta Ilha de Vênus recebidos.

 

E fareis claro o rei que tanto amais, agora c’os conselhos bem cuidados, agora co’as espadas que imortais vos farão, como os vossos já passados. Impossibilidades não façais, que quem quis sempre pôde: e numerados sereis entre os heróis esclarecidos, e nesta Ilha de Vênus recebidos. (1)

(1) E agora, com esses conselhos e com a força de vossas espadas, vós serão imortais assim como são os vossos antepassados, glorificando o rei que tanto amam. Não utilize as impossibilidades como desculpa, pois que sempre conseguiram realizar suas conquistas aqueles que desejaram; desta forma, estarão entre os famosos heróis, podendo ser recebidos na Ilha de Vênus. Camões concluí os seus comentários para os homens que desejam alcança a imortalidade, assim como os corajosos marinheiros portugueses alcançaram.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

E agora, com esses conselhos e com a força de vossas espadas, vós serão imortais assim como são os vossos antepassados, glorificando o rei que tanto amam. Não utilize as impossibilidades como desculpa, pois que sempre conseguiram realizar suas conquistas aqueles que desejaram; desta forma, estarão entre os famosos heróis, podendo ser recebidos na Ilha de Vênus.

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Os Lusíadas (Edição Didática) - Volume I e II – Editora Concreta

Os Lusíadas (Edição Didática) – Volume I

Obra completa de Camões com notas e comentários de Francisco de Sales Lencastre, sendo a melhor edição para quem busca compreender todos os detalhes deste grande épico.

 

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Os Lusíadas (Edição Didática) – Volume II

Obra completa de Camões com notas e comentários de Francisco de Sales Lencastre, sendo a melhor edição para quem busca compreender todos os detalhes deste grande épico.

 

Esses foram os nossos a nonagésima até a nonagésima quinta estrofe do nono canto de Os Lusíadas, onde Camões faz alguns comentários sobre a Fama e a Glória para aqueles que desejam ser eternamente lembrados.

 

Eu sou Caio Motta e convido você a continuar acompanhando os nossos comentários sobre a grande obra de Camões, bem como demais textos da grande literatura universal presentes no nosso blog.

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