Neste nosso oitavo comentário sobre Os Lusíadas, continuaremos lendo o primeiro canto da obra, onde Camões canta o cair da noite e o descanso dos portugueses antes de conhecerem o regente de Moçambique.

OS LUSÍADAS A ARMADILHA EM MOMBAÇA
O descanso da frota portuguesa

CANTO I – ESTROFE 57

“Com o anoitecer, os lusíadas descansam felizes por terem novidades sobre as terras do Oriente”

 

A noite se passou na lassa frota,

Com estranha alegria, e não cuidada,

Por acharem da terra tão remota

Novo de tanto tempo desejada.

Qualquer então consigo cuida e nota

Na gente e na maneira desusada,

E como os que na errada seita creram,

Tanto por todo o mundo se estenderam.

 

“A noite se passou na lassa frota, com estranha alegria, e não cuidada, por acharem da terra tão remota novo de tanto tempo desejada (1). Qualquer então consigo cuida e nota na gente e na maneira desusada, e como os que na errada seita creram, tanto por todo o mundo se estenderam (2).”

(1) A noite dos cansados marinheiros foi de uma estranha e inesperada alegria, já que finalmente tiveram novidades das tão remotas terras remotas. Com o cair da noite, os lusíadas descansam alegres por terem notícias novas das terras da Índia.

(2) Então a tripulação pensa consigo mesma como a gente de Moçambique creem na errada religião de Maomé, bem como pensam em como ela se estendeu por todo o mundo. Os lusíadas refletem sobre como o islamismo, que é uma religião arábica, tenha conseguido alcançar essa parte do mundo. 

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Com o escurecer, a lassa frota passa a noite com uma estranha e descuidada alegria por finalmente terem novas das terras remotas da Índia. E todos eles refletem sobre como essa gente de Moçambique tornaram-se muçulmanos, assim pensam como o islã se estendeu por todo o mundo.”

CANTO I – ESTROFE 58

“Camões descreve a noite que está acima dos lusíadas, enquanto estes repousam em alerta para caso alguma coisa aconteça”

 

Da lua os claros raios rutilavam

Pelas argênteas ondas netuninas,

As estrelas os céus acompanhavam,

Qual campo revestido de boninas;

Os furiosos ventos repousavam

Pelas covas escuras peregrinas;

Porém da armada gente vigiava,

Como por longo tempo costumava.

 

“Da lua os claros raios rutilavam pelas argênteas ondas netuninas, as estrelas os céus acompanhavam, qual campo revestido de boninas; os furiosos ventos repousavam pelas covas escuras peregrinas (1); porém da armada gente vigiava, como por longo tempo costumava.”

(1) Os raios da Lua resplandeciam as águas prateadas do mar enquanto o céu acompanhava o percorrer das estrelas, assim como um campo florido de boninas; os furiosos ventos descansavam na noite, não mais sobrando conta a frota portuguesa. Camões descreve a noite enquanto os lusíadas descançam; Netunina vem de Netuno, nome romano do deus dos mares; bonina é um tipo de margarida; na mitologia, os furiosos ventos são personificados por divindades, sendo que durante esta noite eles não perturbam os marinheiros por descansarem em cavernas.

(2) Mas mesmo no descanso a armada não descuidava da vigília, já estando acostumados há muito tempo. Há muito tempo que os lusíadas estão acostumados a ficar alerta durante a noite, sendo este um hábito comum de soldados e guerreiros.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Os claros raios da lua rutilam pelas argênteas ondas netuninas, onde o céu acompanha as estrelas, tal como um campo revestido de boninas; os furiosos ventos descansam nas covas escuras; porém a armada lusitana, mesmo no momento de descanso, não descuida de sua vigília, já sendo há muito um costume.”

CANTO I – ESTROFE  59

“Camões descreve o amanhecer que acorda a frota dos lusíadas enquanto eles se preparam para a chegada do regente de Moçambique”

 

Mas assi como a Aurora marchetada

Os fermosos cabelos espalhou

No céu sereno, abrindo a roxa entrada

Ao claro Hiperiônio, que acordou,

Começa a embandeira-se toda a armada

E de toldos alegres se adornou,

Por receber com festas e alegria,

O regedor das ilhas, que partia.

 

“Mas assi como a Aurora marchetada os fermosos cabelos espalhou no céu sereno, abrindo a roxa entrada ao claro Hiperiônio, que acordou (1), começa a embandeira-se toda a armada e de toldos alegres se adornou, por receber com festas e alegria, o regedor das ilhas, que partia (2).”

(1) Mas assim que a marchetada Aurora espalhou os seus fermosos cabelos no céu sereno, abrindo a roxa entrada ao claro Hiperiônio que acabou de acordar. Camões descreve o amanhecer que, com a chegada do sol, ilumina a frota dos lusíadas.  Aurora é a divindade que representa do amanhecer, esta que tem os cabelos representado os raios do alvorecer; Hiperiônio é a divindade grega que presenta o sol;

(2) E os marinheiros começam a adornar a frota com bandeiras e toldos alegres, a fim de receber com festas e alegria o regente que está vindo. Amanhece e os lusíadas se preparam para conhecer o regente das ilhas de Moçambique.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Mas assim que a Aurora iluminou o céu com seus fermosos cabelos, abrindo a roxa entrada ao claro Hiperiônico que acordava, toda a armada lusitana começa a adornar-se com bandeiras e toldos alegres para receber o regedor partia pra conhece-los.”

 

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Os Lusíadas (Edição Didática) – Volume II

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Esses foram os nossos comentários sobre a quinquagésima sétima até a quinquagésima nona estrofe do primeiro canto de Os Lusíadas, onde Camões canta o cair da noite sobre a frota portuguesa, esta que descansa pensando nos mouros de Moçambique e, com o amanhecer do outro dia, se prepara para conhecer o regente destas ilhas.

Eu sou Caio Motta e convido você a continuar acompanhando os nossos comentários sobre a grande obra de Camões, bem como demais textos da grande literatura universal presentes no nosso blog.

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