Neste nosso octogésimo comentário sobre Os Lusíadas, continuaremos a ler o décimo canto da obra, onde Camões canta que a ninfa sereia continua a cantar os futuros feitos dos portugueses no Oriente, mencionando as glórias de D. Francisco de Almeida e de D. Lourenço de Almeida.

Lusíadas OS FUTUROS E GRANDES FEITOS DE D. FRANCISCO DE ALMEIDA E D. LOURENÇO DE ALMEIDA
Os futuros e grandes feitos de D. Francisco de Almeida e D. Lourenço de Almeida

CANTO X – ESTROFE 26

“A ninfa sereia, ao continuar cantando sobre o futuro, começa a falar sobre os feitos de D. Francisco de Almeida e seu filho, D. Lourenço de Almeida”

 

“Mas eis outro, cantava, intitulado

Vem com nome real, e traz consigo

O filho que no mar será ilustrado

Tanto como qualquer Romano antigo:

Ambos darão com braço forte, armado,

A Quíloa fértil áspero castigo,

Fazendo nela rei leal e humano,

Deitado fora o pérfido tirano.

 

“Mas eis outro, cantava, intitulado vem com nome real, e traz consigo o filho que no mar será ilustrado tanto como qualquer Romano antigo: ambos darão com braço forte, armado, a Quíloa fértil áspero castigo, fazendo nela rei leal e humano, deitado fora o pérfido tirano. (1)

(1) Mas eis outro varão, cantava a ninfa, que tem o como título o nome de vice-rei; ele traz consigo seu filho, este que, por seus grandes feitos navais, será celebrado mais do que qualquer herói da Antiga Roma. Pai e filho, utilizando de toda sua força, castigarão a fértil e áspera terra de Quíloa ao remover o rei tirano de seu trono e colocando um que seja leal e humano. Camões canta que a ninfa sereia, enquanto canta no palácio na Ilha dos Amores, comenta os feitos do vice-rei D. Francisco de Almeida e deu seu filho, D. Lourenço de Almeida.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

Mas eis outro varão, cantava a ninfa, que tem o como título o nome de vice-rei; ele traz consigo seu filho, este que, por seus grandes feitos navais, será celebrado mais do que qualquer herói da Antiga Roma. Pai e filho, utilizando de toda sua força, castigarão a fértil e áspera terra de Quíloa ao remover o rei tirano de seu trono e colocando um que seja leal e humano.

CANTO X – ESTROFE 27

“A ninfa comenta os feitos militares de D. Francisco e D. Lourenço na costa da Índia”

 

“Também farão Mombaça, que se arreia

De casas sumptuosas e edifícios

C’o ferro e fogo seu, queimada e feia,

Em pago dos passados malefícios.

Depois da costa da Índia, andando cheia

De lenhos inimigos, e artifícios

Contra os Lusos, com velas e com remos

O mancebo Lourenço fará extremos.

 

“Também farão Mombaça, que se arreia de casas sumptuosas e edifícios c’o ferro e fogo seu, queimada e feia, em pago dos passados malefícios. Depois da costa da Índia, andando cheia de lenhos inimigos, e artifícios contra os Lusos, com velas e com remos o mancebo Lourenço fará extremos. (1)

(1) “D. Francisco e D. Lourenço também farão que Mombaça, por causa dos malefícios que causou no passado, venha a ver suas suntuosas casas e edifícios serem queimados pelo ferro e fogo. Depois eles realizarão atos de extrema brava na costa da Índia contra as frotas inimigas de Portugal. Camões canta que a ninfa sereia, enquanto canta no palácio na Ilha dos Amores, comenta os feitos do vice-rei D. Francisco de Almeida e deu seu filho, D. Lourenço de Almeida.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“D. Francisco e D. Lourenço também farão que Mombaça, por causa dos malefícios que causou no passado, venha a ver suas suntuosas casas e edifícios serem queimados pelo ferro e fogo. Depois eles realizarão atos de extrema brava na costa da Índia contra as frotas inimigas de Portugal.

CANTO X – ESTROFE 28

“A ninfa comenta a bravura de D. Lourenço ao lutar nas águas do Oriente ”

 

“Das grandes naus do Samorim potente,

Que encherão todo o mar, co’a férrea péla

Que sai como trovão do cobre ardente,

Fará pedaços leme, mastros, vela;

Depois, lançando arpéus ousadamente

Na capitania imiga, dentro nela

Saltando, fará só com lança e espada

De quatrocentos Mouros despejada.

 

“Das grandes naus do Samorim potente, que encherão todo o mar, co’a férrea péla que sai como trovão do cobre ardente, fará pedaços leme, mastros, vela; depois, lançando arpéus ousadamente na capitania imiga, dentro nela saltando, fará só com lança e espada de quatrocentos Mouros despejada. (1)

(1) “D. Lourenço, utilizando os trovejantes canhões de cobre e suas férreas balas, encherá o mar com os pedaços das grandes naus do poderoso rei Samorim; depois disso, lançando arpões na capitania inimiga, saltará para dentro do navio e, somente com lança e espada, derrotara quatrocentos muçulmanos. Camões canta que a ninfa sereia, enquanto canta no palácio na Ilha dos Amores, comenta os grandes feitos D. Lourenço de Almeida contra os inimigos indianos.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“D. Lourenço, utilizando os trovejantes canhões de cobre e suas férreas balas, encherá o mar com os pedaços das grandes naus do poderoso rei Samorim; depois disso, lançando arpões na capitania inimiga, saltará para dentro do navio e, somente com lança e espada, derrotara quatrocentos muçulmanos.

CANTO X – ESTROFE 29

“A ninfa comenta a morte de D. Lourenço de Almeida”

 

“Mas de Deus a escondida providência,

Que ela só sabe o bem de que se serve,

O porá onde esforço, nem prudência

Poderá haver, que a vida lhe reserve.

Em Chaul, onde em sangue e resistência

O mar todo com fogo e ferro ferve,

Lhe farão que com vida se não saia,

As armadas do Egito e de Cambaia.

 

“Mas de Deus a escondida providência, que ela só sabe o bem de que se serve, o porá onde esforço, nem prudência poderá haver, que a vida lhe reserve. Em Chaul, onde em sangue e resistência o mar todo com fogo e ferro ferve, lhe farão que com vida se não saia, as armadas do Egito e de Cambaia. (1)

(1) “Mas a escondida providência de Deus, que ela só sabe o bem de que se serve, porá D. Lourenço onde nem esforço ou prudência poderá lhe conservar a vida. Em Chaul, onde todo o mar ferve com fogo, ferro, sangue e resistência, ele perdera sua vida ao lutar contra as armadas do Egito e de Cambaia. Camões canta que a ninfa sereia, enquanto canta no palácio na Ilha dos Amores, comenta a morte de D. Lourenço de Almeida.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Mas a escondida providência de Deus, que ela só sabe o bem de que se serve, porá D. Lourenço onde nem esforço ou prudência poderá lhe conservar a vida. Em Chaul, onde todo o mar ferve com fogo, ferro, sangue e resistência, ele perdera sua vida ao lutar contra as armadas do Egito e de Cambaia.

CANTO X – ESTROFE 30

“A ninfa comenta a morte de D. Lourenço de Almeida”

 

“Ali o poder de muito inimigos,

Que o grande esforço só com força rende,

Os ventos, que faltaram, e os perigos

Do mar, que sobejaram, tudo o ofende.

Aqui ressurjam todos os antigos

A ver o nobre ardor que aqui se aprende:

Outro Ceva verão, que espedaçado

Não sabe ser rendido, nem domado.

 

Ali o poder de muito inimigos, que o grande esforço só com força rende, os ventos, que faltaram, e os perigos do mar, que sobejaram, tudo o ofende. Aqui ressurjam todos os antigos a ver o nobre ardor que aqui se aprende: outro Ceva verão, que espedaçado não sabe ser rendido, nem domado. (1)

(1) Aqui o poder de muitos inimigos que, de tão fortes, somente um grande esforço poderia superar, somados aos ventos que se ausentaram e aos perigos do mar, conseguiram prejudicar D. Lourenço de Almeida. Neste local ressurgiram os antigos para ver esse evento, onde, assim como Ceva, D. Lourenço não se rendeu ao inimigo por causa dos seus ferimentos. Camões canta que a ninfa sereia, enquanto canta no palácio na Ilha dos Amores, comenta a morte de D. Lourenço de Almeida.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

Aqui o poder de muitos inimigos que, de tão fortes, somente um grande esforço poderia superar, somados aos ventos que se ausentaram e aos perigos do mar, conseguiram prejudicar D. Lourenço de Almeida. Neste local ressurgiram os antigos para ver esse evento, onde, assim como Ceva, D. Lourenço não se rendeu ao inimigo por causa dos seus ferimentos.

CANTO X – ESTROFE 31

“A ninfa comenta a morte de D. Lourenço de Almeida”

 

“Com toda uma coxa fora que em pedeços

Lhe leva um cego tiro que passara,

Se serve ainda de animosos braços,

E do grão coração, que lhe ficara,

Até que outro pelouro quebra os laços

Com que co’a alma o corpo se liara:

Ela solta voou da prisão fora,

Onde súbito se acha vencedora.

 

“Com toda uma coxa fora que em pedeços lhe leva um cego tiro que passara, se serve ainda de animosos braços, e do grão coração, que lhe ficara, até que outro pelouro quebra os laços com que co’a alma o corpo se liara: ela solta voou da prisão fora, onde súbito se acha vencedora. (1)

(1) “Mesmo como uma das coxas em arrancada por causada de um tiro sofreu, D. Lourenço ainda se mantém com seus dois braços, além do seu grande coração, até que um inimigo finalmente quebra os laços que ligam seu corpo e sua alma, com está alcançando a salvação após estar livre de sua prisão. Camões canta que a ninfa sereia, enquanto canta no palácio na Ilha dos Amores, comenta a morte de D. Lourenço de Almeida.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Mesmo como uma das coxas em arrancada por causada de um tiro sofreu, D. Lourenço ainda se mantém com seus dois braços, além do seu grande coração, até que um inimigo finalmente quebra os laços que ligam seu corpo e sua alma, com está alcançando a salvação após estar livre de sua prisão.

CANTO X – ESTROFE 32

“A ninfa comenta que D. Francisco se prepara para vingar a morte de seu corajoso filho”

 

“Vai-te, alma, em paz da guerra turbulenta,

Na qual tu mereceste paz serena!

Que o corpo que em pedaços se apresenta,

Quem o gerou, vingança já lhe ordena;

Que eu ouço retumbar a grã tormenta,

Que vem já dar a dura e eterna pena,

De esperas, basiliscos e trabucos,

A Cambaicos cruéis e Mamelucos.

 

“Vai-te, alma, em paz da guerra turbulenta, na qual tu mereceste paz serena! Que o corpo que em pedaços se apresenta, quem o gerou, vingança já lhe ordena; que eu ouço retumbar a grã tormenta, que vem já dar a dura e eterna pena, de esperas, basiliscos e trabucos, a Cambaicos cruéis e Mamelucos. (1)

(1) “Vai-te, alma, em paz desta guerra turbulenta, pois tu mereceste muito a paz serena! Seu pai, que gerou o corpo que está em pedaço, já prepara a sua vingança. Já ouço o retumbar da grã tempestade que vem dar destruir, com suas máquinas de guerra, os cruéis Cambaios e Mamelucos. Camões canta que a ninfa sereia, enquanto canta no palácio na Ilha dos Amores, comenta que D. Francisco de Almeida se prepara para vingar a morte de seu filho.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Vai-te, alma, em paz desta guerra turbulenta, pois tu mereceste muito a paz serena! Seu pai, que gerou o corpo que está em pedaço, já prepara a sua vingança. Já ouço o retumbar da grã tempestade que vem dar destruir, com suas máquinas de guerra, os cruéis Cambaios e Mamelucos.

CANTO X – ESTROFE 33

“A ninfa comenta que D. Francisco, arregrando a dor de perder seu filho, destrói os inimigos muçulmanos”

 

“Eis vem o pai com ânimo estupendo,

Trazendo fúria e mágoa por antolhos,

Com que o paterno amor lhe está movendo

Fogo no coração, água nos olhos.

A nobre ira lhe vinha prometendo

Que o sangue fará pelos giolhos

Nas inimigas naus: senti-lo-á o Nilo,

Podê-lo-á o Indo ver, e o Gangue ouvi-lo.

 

“Eis vem o pai com ânimo estupendo, trazendo fúria e mágoa por antolhos, com que o paterno amor lhe está movendo fogo no coração, água nos olhos. A nobre ira lhe vinha prometendo que o sangue fará pelos giolhos nas inimigas naus: senti-lo-á o Nilo, podê-lo-á o Indo ver, e o Gangue ouvi-lo. (1)

(1) “Eis que vem D. Francisco de Almeida com estupendo ânimo e trazendo os olhos vendados pela fúria e pela magoa; o amor paterno queimava em seu coração e água escorria de seus olhos. A nobre ira vinha lhe prometendo que o dará o sangue pelos joelhos nas naus inimigas: senti-lo-á o Nilo, podê-lo-á o Indo ver, e o Gangue ouvi-lo. Camões canta que a ninfa sereia, enquanto canta no palácio na Ilha dos Amores, comenta que D. Francisco de Almeida se prepara para vingar a morte de seu filho.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Eis que vem D. Francisco de Almeida com estupendo ânimo e trazendo os olhos vendados pela fúria e pela magoa; o amor paterno queimava em seu coração e água escorria de seus olhos. A nobre ira vinha lhe prometendo que o dará o sangue pelos joelhos nas naus inimigas: senti-lo-á o Nilo, podê-lo-á o Indo ver, e o Gangue ouvi-lo.

CANTO X – ESTROFE 34

“A ninfa comenta a fúria de D. Francisco de Almeida”

 

“Qual o touro cioso, que se ensaia

Para a crua peleja, os cornos tenta

No tronco dum carvalho ou alta faia,

E o ar ferindo, as forças exp’rimenta:

Tal, antes que no seio da Cambaia

Entre, Francisco irado, na opulenta

Cidade de Dabul, a espada afia,

Abaixando-lhe a túmida ousadia.

 

“Qual o touro cioso, que se ensaia para a crua peleja, os cornos tenta no tronco dum carvalho ou alta faia, e o ar ferindo, as forças exp’rimenta: tal, antes que no seio da Cambaia entre, Francisco irado, na opulenta cidade de Dabul, a espada afia, abaixando-lhe a túmida ousadia. (1)

(1) “Assim como um touro enraivado que, se preparando para um cruel combate, testa sua força ferindo o ar e bate os chifres no tronco de um carvalho ou duma alta faia, tal está o irado D. Francisco de Almeida que, antes de entrar na opulenta cidade Dabul, afia a sua espada, abaixando-lhe a inchada ousadia. Camões canta que a ninfa sereia, enquanto canta no palácio na Ilha dos Amores, comenta que D. Francisco de Almeida se prepara para vingar a morte de seu filho.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Assim como um touro enraivado que, se preparando para um cruel combate, testa sua força ferindo o ar e bate os chifres no tronco de um carvalho ou duma alta faia, tal está o irado D. Francisco de Almeida que, antes de entrar na opulenta cidade Dabul, afia a sua espada, abaixando-lhe a inchada ousadia.

CANTO X – ESTROFE 35

“A ninfa comenta a fúria de D. Francisco de Almeida”

 

“E logo entrando fero na enseada

De Dio, ilustre em cercos e batalhas,

Fará espalhar a fraca e grande armada

De Calecu, que remos tem por malhas;

A de Melique Iaz, acautelada,

C’os pelouros que tu, Vulcano, espalhas,

Fará ir ver o frio e fundo assento,

Secreto leito do úmido elemento.

 

“E logo entrando fero na enseada de Dio, ilustre em cercos e batalhas, fará espalhar a fraca e grande armada de Calecu, que remos tem por malhas; a de Melique Iaz, acautelada, c’os pelouros que tu, Vulcano, espalhas, fará ir ver o frio e fundo assento, secreto leito do úmido elemento. (1)

(1) “E D. Francisco de Almeida, logo que ferozmente entra na enseada de Diu, que é conhecida pelos cercos e batalhas, destruirá a fraca e grande armada de Calecut, que remos tem por malhas; e, com as artilharias de Vulcano, fará a medrosa armada Melique ir conhecer as frias profundezas do mar. Camões canta que a ninfa sereia, enquanto canta no palácio na Ilha dos Amores, comenta que D. Francisco de Almeida destrói os inimigos indianos.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“E D. Francisco de Almeida, logo que ferozmente entra na enseada de Diu, que é conhecida pelos cercos e batalhas, destruirá a fraca e grande armada de Calecut, que remos tem por malhas; e, com as artilharias de Vulcano, fará a medrosa armada Melique ir conhecer as frias profundezas do mar.

CANTO X – ESTROFE 36

“A ninfa comenta a fúria de D. Francisco de Almeida”

 

“Mas a de Mir-Hocem, que abalroando

A fúria esperará dos vingadores,

Verá braços e pernas ir nadando

Sem corpos, pelo mar, de seus senhores.

Raios de fogo irão representando

No cego ardor os bravos domadores:

Quando ali sentirão olhos e ouvidos

É fumo, ferro, flamas e alariados.

 

“Mas a de Mir-Hocem, que abalroando a fúria esperará dos vingadores, verá braços e pernas ir nadando sem corpos, pelo mar, de seus senhores. Raios de fogo irão representando no cego ardor os bravos domadores: quando ali sentirão olhos e ouvidos é fumo, ferro, flamas e alariados. (1)

(1) “Mas as naus de Mirocem, que esperava colidir com a fúria dos vingadores, verá os braços e pernas de seus senhores irem nadando pelo mar sem os seus copos. Os tiros de fogo da artilharia irão, no seu cego ardor, representando os bravos domadores; ali os olhos e ouvidos sentirão fumo, fogo, flama e alariados. Camões canta que a ninfa sereia, enquanto canta no palácio na Ilha dos Amores, comenta que D. Francisco de Almeida destrói os inimigos indianos.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Mas as naus de Mirocem, que esperava colidir com a fúria dos vingadores, verá os braços e pernas de seus senhores irem nadando pelo mar sem os seus copos. Os tiros de fogo da artilharia irão, no seu cego ardor, representando os bravos domadores; ali os olhos e ouvidos sentirão fumo, fogo, flama e alariados.

CANTO X – ESTROFE 37

“A ninfa comenta que D. Lourenço, após seus grandes feitos, veio a morrer na região do Cabo da Boa Esperança”

 

“Mas ah, que desta próspera vitória,

Com que depois virá o pátrio Tejo,

Quase lhe roubará a famosa glória

Um sucesso, que triste e negro vejo!

O Cabo Tormentório, que a memória

C’os ossos guardará, não terá pejo

De tirar deste mundo aquele esp’rito

Que não tiraram toda a Índia e Egito.

 

“Mas ah, que desta próspera vitória, com que depois virá o pátrio Tejo, quase lhe roubará a famosa glória um sucesso, que triste e negro vejo! O Cabo Tormentório, que a memória c’os ossos guardará, não terá pejo de tirar deste mundo aquele esp’rito que não tiraram toda a Índia e Egito. (1)

(1) “Mas ah! Vejo um triste e negro fim para D. Francisco de Almeida que, ao voltar para a pátria portuguesa depois desta próspera vitória, quase lhe roubou a fama glória de suas conquistas. O que os conflitos na Índia e no Egito não conseguiram tomar dele, o Cabo da Boa Esperança veio a realizar, ao sepultar os seus ossos e tirar seu espírito deste mundo. Camões canta que a ninfa sereia, enquanto canta no palácio na Ilha dos Amores, comenta que o D. Francisco de Almeida veio a morrer no Cabo da Boa Esperança.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Mas ah! Vejo um triste e negro fim para D. Francisco de Almeida que, ao voltar para a pátria portuguesa depois desta próspera vitória, quase lhe roubou a fama glória de suas conquistas. O que os conflitos na Índia e no Egito não conseguiram tomar dele, o Cabo da Boa Esperança veio a realizar, ao sepultar os seus ossos e tirar seu espírito deste mundo.

CANTO X – ESTROFE 38

“A ninfa conta que, após naufragar no Cabo da Boa Esperança, D. Francisco veio a perecer na mão de nativos”

 

“Ali Cafres selvagens poderão

O que destros imigos não puderam;

E rudos paus tostados sós farão

O que arcos e pelouros não fizeram.

Ocultos os juízos de Deus são!

A gentes vãs, que não nos entenderam,

Chamam-lhe fado mau, fortuna escura,

Sendo só providência Deus pura.

 

“Ali Cafres selvagens poderão o que destros imigos não puderam; e rudos paus tostados sós farão o que arcos e pelouros não fizeram. Ocultos os juízos de Deus são! A gentes vãs, que não nos entenderam, chamam-lhe fado mau, fortuna escura, sendo só providência Deus pura. (1)

(1) “No Cabo da Boa Esperança, os selvagens cafres poderão fazer o que os destros inimigos de D. Francisco de Almeida não puderam pois, com apenas rústicas azagaias, eles conseguirão mata-lo, enquanto as setas e armas dos indianos não conseguiram. Os juízos de Deus nos são desconhecidos! Aquelas pessoas vãs que não os entendem chamam-lhe de Mau Destino e Escura Sorte, embora, na verdade, seja que apenas a providência de Deus seja pura. Camões canta que a ninfa sereia, enquanto canta no palácio na Ilha dos Amores, comenta que o D. Francisco de Almeida veio a morrer no Cabo da Boa Esperança.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“No Cabo da Boa Esperança, os selvagens cafres poderão fazer o que os destros inimigos de D. Francisco de Almeida não puderam pois, com apenas rústicas azagaias, eles conseguirão mata-lo, enquanto as setas e armas dos indianos não conseguiram. Os juízos de Deus nos são desconhecidos! Aquelas pessoas vãs que não os entendem chamam-lhe de Mau Destino e Escura Sorte, embora, na verdade, seja que apenas a providência de Deus seja pura.

 

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Esses foram os nossos comentários sobre a vigésima sexta até a trigésima oitava estrofe do décimo canto de Os Lusíadas, onde Camões canta que a ninfa sereia continua a cantar os futuros feitos dos portugueses no Oriente, mencionando as glórias de D. Francisco de Almeida e de D. Lourenço de Almeida.

 

Eu sou Caio Motta e convido você a continuar acompanhando os nossos comentários sobre a grande obra de Camões, bem como demais textos da grande literatura universal presentes no nosso blog.

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