Neste nosso octogésimo terceiro comentário sobre Os Lusíadas, continuaremos a ler o décimo canto da obra, onde Camões canta que a ninfa sereia termina de cantar os futuros feitos dos portugueses no Oriente.

Lusíadas OS FUTUROS E GRANDES FEITOS DE D. FRANCISCO DE ALMEIDA E D. LOURENÇO DE ALMEIDA
As futuras conquistas dos governadores portugueses no Oriente II

CANTO X – ESTROFE 61

“A ninfa, continuando a contar a futuro, comenta que, após Lopo Vaz de Sampaio, Nuno da Cunha assumira o posto de governador”

 

“A Sampaio feroz sucederá

Cunha, que longo tempo tem o leme;

De Chale as torres altas erguerá,

Enquanto Dio ilustre dele treme.

O forte Baçaim se lhe dará,

Não sem sangue porém; que nele geme

Melique, porque à força só de espada

A tranqueira soberba vê tomada.

 

“A Sampaio feroz sucederá Cunha, que longo tempo tem o leme; de Chale as torres altas erguerá, enquanto Dio ilustre dele treme. O forte Baçaim se lhe dará, não sem sangue porém; que nele geme Melique, porque à força só de espada a tranqueira soberba vê tomada. (1)

(1) “O feroz Sampaio será sucedido por Nuno da Cunha, este que governará a Índia por muito tempo; ele erguerá as altas torres de Chale, ao mesmo tempo que a ilustre Diu o temerá. Com muito sangue, conquistará o forte de Baçaim, fazendo Melique sofrer por ver sua soberba fortaleza tomada pela força da espada. Camões canta que a ninfa sereia canta os grandes feitos que os portugueses realizarão, mencionando que, depois do governo de Sampaio, a Índia estaria sob o comando de Nuno da Cunha.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“O feroz Sampaio será sucedido por Nuno da Cunha, este que governará a Índia por muito tempo; ele erguerá as altas torres de Chale, ao mesmo tempo que a ilustre Diu o temerá. Com muito sangue, conquistará o forte de Baçaim, fazendo Melique sofrer por ver sua soberba fortaleza tomada pela força da espada.

CANTO X – ESTROFE 62

“A ninfa conta que D. Garcia Noronha assumira o governo após Nuno da Cunha e que, depois vira o governo de Estevão da Gama, filho do capitão Vasco da Gama”

 

“Trás este vem Noronha, cujo auspício

De Dio os Rumes fortes afugenta:

Dio, que o peito e belo exercício

De Antônio da Silveira bem sustenta.

Fará em Noronha a morte o ousado ofício,

Quando um teu ramo, ó Gama, se exp’rimenta

No governo do império, cujo zelo

Com medo o Roxo mar fará amarelo.

 

“Trás este vem Noronha, cujo auspício de Dio os Rumes fortes afugenta: Dio, que o peito e belo exercício de Antônio da Silveira bem sustenta. Fará em Noronha a morte o ousado ofício, quando um teu ramo, ó Gama, se exp’rimenta no governo do império, cujo zelo com medo o Roxo mar fará amarelo. (1)

(1) “Depois de Cunha virá o governo de D. Garcia de Noronha, cujo o auspício afugenta os fortes rumes do cerco de Diu, cerco este que é bem sustentado pela coragem e bela arte militar de Antônio da Silveira. A morte então tocará Noronha e, com isso, ó grande capitão Vasco da Gama, seu filho assumirá o governo do império indiano; com seu grande valor, ele fará com que o medo dos inimigos torne o Mar Vermelho em amarelo. Camões canta que a ninfa sereia canta os grandes feitos que os portugueses realizarão, mencionando que, depois do governo de Cunha virá D. Garcia de Noronha e, após sua morte, o filho do capitão Vasco da Gama assumira o controle da Índia.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Depois de Cunha virá o governo de D. Garcia de Noronha, cujo o auspício afugenta os fortes rumes do cerco de Diu, cerco este que é bem sustentado pela coragem e bela arte militar de Antônio da Silveira. A morte então tocará Noronha e, com isso, ó grande capitão Vasco da Gama, seu filho assumirá o governo do império indiano; com seu grande valor, ele fará com que o medo dos inimigos torne o Mar Vermelho em amarelo.

CANTO X – ESTROFE 63

“A ninfa canta que, após Estevão da Gama, o posto de governador passará para Marfim Afonso de Sousa”

 

“Das mãos do teu Estevão vem tomar

As rédeas um que já será ilustrado

No Brasil, com vencer e castigar

O pirata francês, o mar ousado.

Depois, capitão-mor do indico mar,

O muro de Damão soberbo e armado

Escala, e primeiro entra a porta aberta,

Que fogo e flechas mil terão coberta.

 

“Das mãos do teu Estevão vem tomar as rédeas um que já será ilustrado no Brasil, com vencer e castigar o pirata francês, o mar ousado. Depois, capitão-mor do indico mar, o muro de Damão soberbo e armado escala, e primeiro entra a porta aberta, que fogo e flechas mil terão coberta. (1)

(1) “Das mãos do teu filho Estevão, o governo da Índia será tomado por Martim Afonso de Sousa, este que já será muito ilustrado por seus feitos no Brasil, ao vencer e castigar piratas francês que eram acostumados ao mar. Depois, sendo capitão-mor do Mar Índico, escalara os muros soberbos e armados muros de Damão, sendo o primeiro a entra pela porta que fogo e mil flechas terão coberto. Camões canta que a ninfa sereia canta os grandes feitos que os portugueses realizarão, mencionando que, depois do governo de Estevão da Gama, o comando passará para Martim Afonso de Sousa.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Das mãos do teu filho Estevão, o governo da Índia será tomado por Martim Afonso de Sousa, este que já será muito ilustrado por seus feitos no Brasil, ao vencer e castigar piratas francês que eram acostumados ao mar. Depois, sendo capitão-mor do Mar Índico, escalara os muros soberbos e armados muros de Damão, sendo o primeiro a entra pela porta que fogo e mil flechas terão coberto.

CANTO X – ESTROFE 64

“A ninfa comenta as glórias de Marim Afonso de Sousa”

 

“A este rei cambaico soberbíssimo

Fortaleza dará na rica Dio,

Por que contra o Mogor poderosíssimo,

Lhe ajude a defende o senhorio:

Depois irá com peito esforçadíssimo

A tolher que não passe o rei gentio

De Calecu, que assi com quantos veio

O fará retirar de sangue cheio.

 

“A este rei cambaico soberbíssimo fortaleza dará na rica Dio, por que contra o Mogor poderosíssimo, lhe ajude a defende o senhorio: depois irá com peito esforçadíssimo a tolher que não passe o rei gentio de Calecu, que assi com quantos veio o fará retirar de sangue cheio. (1)

(1) “Martim Afonso dará ao soberbo rei cambaio uma fortaleza na rica Diu, para que assim possa defender-se contra o poderosíssimo Mogor. Depois disso irá com toda a intrepidez impedir que o rei gentio passe de Calecut, bem como todos os que viessem com ele. Camões canta que a ninfa sereia canta os grandes feitos que os portugueses realizarão, mencionando os feitos de Martim Afonso de Sousa.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Martim Afonso dará ao soberbo rei cambaio uma fortaleza na rica Diu, para que assim possa defender-se contra o poderosíssimo Mogor. Depois disso irá com toda a intrepidez impedir que o rei gentio passe de Calecut, bem como todos os que viessem com ele.

CANTO X – ESTROFE 65

“A ninfa comenta as glórias de Martim Afonso de Sousa”

 

“Destruirá a cidade Repelim,

Ponde o seu rei com muitos em fugida;

E depois junto ao cabo Camorim

Uma façanha faz esclarecida.

A frota principal do Samorim,

Que destruir o mundo não duvida,

Vencerá c’o furor do ferro e fogo:

Em si verá Beadala o márcio jogo.

 

“Destruirá a cidade Repelim, ponde o seu rei com muitos em fugida; e depois junto ao cabo Camorim uma façanha faz esclarecida. A frota principal do Samorim, que destruir o mundo não duvida, vencerá c’o furor do ferro e fogo: em si verá Beadala o márcio jogo. (1)

(1) “Marim Afonso destruirá a cidade de Repelim, fazendo o seu fugir junto de muitos outros homens; e depois, junto ao cabo Camorim, fará uma brilhante façanha: vencerá, com furor do fogo e do ferro, a frota do rei Samorim, está que não duvida poder destruir o mundo; Beadala vera em si próprio o jogo marcial dos portugueses. Camões canta que a ninfa sereia canta os grandes feitos que os portugueses realizarão, mencionando os feitos de Martim Afonso de Sousa.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Marim Afonso destruirá a cidade de Repelim, fazendo o seu fugir junto de muitos outros homens; e depois, junto ao cabo Camorim, fará uma brilhante façanha: vencerá, com furor do fogo e do ferro, a frota do rei Samorim, está que não duvida poder destruir o mundo; Beadala vera em si próprio o jogo marcial dos portugueses.

CANTO X – ESTROFE 66

“A ninfa comenta as glórias de Martim Afonso de Sousa”

 

“Tendo assi a limpa Índia dos imigos,

Virá depois com cetro a governa-la.

Sem que ache resistência nem perigos,

Que todos tremem dele, e nenhum fala.

So quis provar os ásperos castigos

Baticalá, que vira já Beadala:

De sangue e de corpos mortos ficou cheia,

E de fogo e trovões desfeita e feia.

 

Tendo assi a limpa Índia dos imigos, virá depois com cetro a governa-la. Sem que ache resistência nem perigos, que todos tremem dele, e nenhum fala. So quis provar os ásperos castigos Baticalá, que vira já Beadala: de sangue e de corpos mortos ficou cheia, e de fogo e trovões desfeita e feia. (1)

(1) “Tendo, desta forma, limpado a Índia dos seus inimigos, Martim Afonso virá a governa-la com seu cetro de vice-rei sem achar nenhuma resistência ou perigo, já todos o temem e ninguém o questiona. Somente Baticalá quis experimentar os ásperos castigos que Beadala viu: destruída e feia com sangue e cheia dos corpos mortos pelo fogo e pelos trovões. Camões canta que a ninfa sereia canta os grandes feitos que os portugueses realizarão, mencionando os feitos de Martim Afonso de Sousa.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Tendo, desta forma, limpado a Índia dos seus inimigos, Martim Afonso virá a governa-la com seu cetro de vice-rei sem achar nenhuma resistência ou perigo, já todos o temem e ninguém o questiona. Somente Baticalá quis experimentar os ásperos castigos que Beadala viu: destruída e feia com sangue e cheia dos corpos mortos pelo fogo e pelos trovões.

CANTO X – ESTROFE 67

“A ninfa canta que, após o glorioso governo de Martim Afonso de Sousa, o governo da Índia passara para D. João de Castro”

 

“Este será Martinho, que de Marte

O nome te co’as obras derivado;

Tanto em armas ilustre em toda parte,

Quanto em conselho sábio e bem cuidado.

Suceder-lhe-á ali Castro, que o estandarte

Português terá sempre levantado;

Conforme sucessor ao sucedido,

Que um ergue Dio, outro o defende erguido.

 

“Este será Martinho, que de Marte o nome te co’as obras derivado; tanto em armas ilustre em toda parte, quanto em conselho sábio e bem cuidado. Suceder-lhe-á ali Castro, que o estandarte português terá sempre levantado; conforme sucessor ao sucedido, que um ergue Dio, outro o defende erguido. (1)

(1) “Este cavaleiro será Martim Afonso de Sousa, que não somente tem o nome de Marte, mas também suas grandes obras, sendo ele celebrado em toda parte por seus feitos militares, como também por seus sábios conselhos. Ele será sucedido por D. João de Castro, este que sempre manterá o estandarte português levantado; o sucessor será igual ao sucedido, com um erguendo Diu e outro a defendendo. Camões canta que a ninfa sereia canta os grandes feitos que os portugueses realizarão, mencionando os feitos de Martim Afonso de Sousa e depois fala sobre D. João de Castro, o seu sucessor.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Este cavaleiro será Martim Afonso de Sousa, que não somente tem o nome de Marte, mas também suas grandes obras, sendo ele celebrado em toda parte por seus feitos militares, como também por seus sábios conselhos. Ele será sucedido por D. João de Castro, este que sempre manterá o estandarte português levantado; o sucessor será igual ao sucedido, com um erguendo Diu e outro a defendendo.

CANTO X – ESTROFE 68

“A ninfa comenta o lamentos dos inimigos que são derrotados pelos bravos portugueses”

 

“Persas feroces, Abassis e Rumes

Que trazido de Roma o nome têm,

Vários de gestos, vários de costumes,

(Que mil nações ao cerco feras vêm)

Farão dos céus ao mundo vãos queixumes,

Porque uns poucos a terra lhe detêm:

Em sangue português juram descridos

De banhar os bigodes retorcidos.

 

“Persas feroces, Abassis e Rumes que trazido de Roma o nome têm, vários de gestos, vários de costumes, (que mil nações ao cerco feras vêm) farão dos céus ao mundo vãos queixumes, porque uns poucos a terra lhe detêm: em sangue português juram descridos de banhar os bigodes retorcidos. (1)

(1) “Persas ferozes, abassis e rumes que tem o nome derivado de Roma e possuem vários aspectos e costumes, pois mil nações vieram ao cerco de Diu, farão ao mundo vãs reclamações contra os seus por terem sido dominados por tão poucos homens; contra os portugueses, juram até sujar os seus bigodes ao beberem o sangue dos portugueses. Camões canta que a ninfa sereia canta os grandes feitos que os portugueses realizarão, mencionando que os povos indianos dominados ficam revoltados com os conquistadores portugueses.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Persas ferozes, abassis e rumes que tem o nome derivado de Roma e possuem vários aspectos e costumes, pois mil nações vieram ao cerco de Diu, farão ao mundo vãs reclamações contra os seus por terem sido dominados por tão poucos homens; contra os portugueses, juram até sujar os seus bigodes ao beberem o sangue dos portugueses.

CANTO X – ESTROFE 69

“A ninfa comenta os feitos de D. João Mascarenhas e de D. João de Castro”

 

“Basiliscos medonhos e leões,

Trabucos feros, minas encobertas

Sustenta Mascarenhas c’os barões,

Que tão ledos as mortes têm por certas:

Até que nas maiores opressões

Castro libertador, fazendo ofertas

Das vidas de seus filhos, quer que fiquem

Com fama eterna, e a Deus se sacrifiquem.

 

“Basiliscos medonhos e leões, trabucos feros, minas encobertas sustenta Mascarenhas c’os barões, que tão ledos as mortes têm por certas: até que nas maiores opressões Castro libertador, fazendo ofertas das vidas de seus filhos, quer que fiquem com fama eterna, e a Deus se sacrifiquem. (1)

(1) “D. João Mascarenhas, estando junto com barões que afrontam a morte com a alegria, resiste os medonhos basiliscos e leões, aos ferozes trabucos, as minas ocultas e outras armas de artilharia, até que, nas maiores dificuldades, vem D. João de Castro os libertar; ele faz oferta das vidas de seus filhos, pois deseja que eles fiquem eternamente reconhecidos ao se sacrificarem por Deus. Camões canta que a ninfa sereia canta os grandes feitos que os portugueses realizarão, mencionando os feitos de D. João Mascarenhas; também menciona que D. João de Castro sacrificou seus filhos nos conflitos.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“D. João Mascarenhas, estando junto com barões que afrontam a morte com a alegria, resiste os medonhos basiliscos e leões, aos ferozes trabucos, as minas ocultas e outras armas de artilharia, até que, nas maiores dificuldades, vem D. João de Castro os libertar; ele faz oferta das vidas de seus filhos, pois deseja que eles fiquem eternamente reconhecidos ao se sacrificarem por Deus.

CANTO X – ESTROFE 70

“A ninfa comenta a morte dos filhos de D. João de Castro”

 

“Fernando, um deles, ramo da alta pranta,

Onde o violento fogo com ruído

Em pedaços os muros no ar levanta,

Será ali arrebatado e ao céu subido.

Álvaro, quando o inverno o mundo espanta,

E tem o caminho úmido impedido,

Abrindo-o, vence as ondas e os perigos,

Os ventos, e depois os inimigos.

 

“Fernando, um deles, ramo da alta pranta, onde o violento fogo com ruído em pedaços os muros no ar levanta, será ali arrebatado e ao céu subido. Álvaro, quando o inverno o mundo espanta, e tem o caminho úmido impedido, abrindo-o, vence as ondas e os perigos, os ventos, e depois os inimigos. (1)

(1) “Fernando, um dos filhos da nobre planta de D. João de Castro, será atingido e morto pelo violento fogo de uma explosão que levantou o muro onde estava pelos ares. Quando chegou o inverno que espanta até o mundo e impede as navegações, Álvaro abre-o, vencendo as ondas e os perigos ventos e os inimigos. Camões canta que a ninfa sereia canta os grandes feitos que os portugueses realizarão, mencionando a morte dos filhos de D. João de Castro.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Fernando, um dos filhos da nobre planta de D. João de Castro, será atingido e morto pelo violento fogo de uma explosão que levantou o muro onde estava pelos ares. Quando chegou o inverno que espanta até o mundo e impede as navegações, Álvaro abre-o, vencendo as ondas e os perigos ventos e os inimigos.

CANTO X – ESTROFE 71

“A ninfa comenta a chegada de D. João de Castro no cerco de Diu”

 

“Eis vem despois o pai, que as ondas corta

C’o restante da gente lusitana;

E com força e saber, que mais importa,

Batalha dá felice e soberana.

Uns, paredes subindo, escusam porta,

Outros a abrem na fera esquadra insana:

Feitos farão tão dinos de memória,

Que não caibam em verso ou larga história.

 

“Eis vem despois o pai, que as ondas corta c’o restante da gente lusitana; e com força e saber, que mais importa, batalha dá felice e soberana. Uns, paredes subindo, escusam porta, outros a abrem na fera esquadra insana: feitos farão tão dinos de memória, que não caibam em verso ou larga história. (1)

(1) “Eis que, em socorro dos filhos, vem D. João de Castro cortando as ondas com o restante da gente lusitana; eles, com a força e saber – que mais importa que a força – dá feliz e soberana batalha. Uns portugueses sobem as paredes da fortaleza de Dio, enquanto outros abrem caminho com a feroz e insana esquadra; seus feitos serão tão dignos e memoráveis que não caberão em versos ou numa grande história. Camões canta que a ninfa sereia canta os grandes feitos que os portugueses realizarão, mencionando a chegada de D. João de Castro no cerco de Diu.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Eis que, em socorro dos filhos, vem D. João de Castro cortando as ondas com o restante da gente lusitana; eles, com a força e saber – que mais importa que a força – dá feliz e soberana batalha. Uns portugueses sobem as paredes da fortaleza de Dio, enquanto outros abrem caminho com a feroz e insana esquadra; seus feitos serão tão dignos e memoráveis que não caberão em versos ou numa grande história.

CANTO X – ESTROFE 72

“A ninfa comenta as glórias de D. João de Castro”

 

“Este despois em campo se apresenta,

Vencedor forte e intrépido ao possante

Rei de Cambaia, e a vista lhe amedronta

Da fera multidão quadrupedante.

Não menos suas terras mal sustenta

O Hidalcão do braço triunfante,

Que castigando vai Dabul na costa.

Nem lhe escapou Pondá, no sertão posta.

 

“Este despois em campo se apresenta, vencedor forte e intrépido ao possante rei de Cambaia, e a vista lhe amedronta da fera multidão quadrupedante. Não menos suas terras mal sustenta o Hidalcão do braço triunfante, que castigando vai Dabul na costa. Nem lhe escapou Pondá, no sertão posta. (1)

(1) “Ao vencer dominar Diu, o forte e intrépido D. João de Castro se apresenta no campo ao possante de rei de Cambaia, amedrontando a feroz multidão que montava quadrupedes. O Hidalcão também não consegue defender suas terras contra o braço forte de D. João, este que vai castigando a costa de Dabul. Nem lhe escapou Pondá, que está situada no interior. Camões canta que a ninfa sereia canta os grandes feitos que os portugueses realizarão, mencionando as demais conquistas de D. João de Castro na Índia.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Ao vencer dominar Diu, o forte e intrépido D. João de Castro se apresenta no campo ao possante de rei de Cambaia, amedrontando a feroz multidão que montava quadrupedes. O Hidalcão também não consegue defender suas terras contra o braço forte de D. João, este que vai castigando a costa de Dabul. Nem lhe escapou Pondá, que está situada no interior.

CANTO X – ESTROFE 73

“A ninfa canta que esses bravos homens, por terem realizado esses grandiosos feitos, serão recebidos na Ilha dos Amores”

 

“Estes e outros barões, por várias partes

Dinos todos de fama e maravilha,

Fazendo-se na terra bravos Martes,

Virão lograr os gostos desta ilha.

Varrendo triunfantes estandartes

Pela onda que corta a aguda quilha,

Acharão estas ninfas e estas mesas,

Que glórias e honras são árduas empresas.”

 

“Estes e outros barões, por várias partes dinos todos de fama e maravilha, fazendo-se na terra bravos Martes, virão lograr os gostos desta ilha. Varrendo triunfantes estandartes pela onda que corta a aguda quilha, acharão estas ninfas e estas mesas, que glórias e honras são árduas empresas.” (1)

(1) “Estes e outros varões portugueses que, por seres dignos de reconhecimento pelos seus bravos feitos em guerra, hão de vir gozar os prazeres desta ilha. Ao atravessar as ondas do mar com seus vitoriosos estandartes, acharão estas ninfas e este banquete os esperando, pois elas são as glórias e honras de suas duras empreitadas. Camões canta que a ninfa sereia conclui o seu canto sobre os feitos futuros dos portugueses, dizendo que a Ilha dos Amores é a recompensa que eles recebem por terem realizado seus grandes feitos.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Estes e outros varões portugueses que, por seres dignos de reconhecimento pelos seus bravos feitos em guerra, hão de vir gozar os prazeres desta ilha. Ao atravessar as ondas do mar com seus vitoriosos estandartes, acharão estas ninfas e este banquete os esperando, pois elas são as glórias e honras de suas duras empreitadas.

CANTO X – ESTROFE 74

“A ninfa sereia termina de cantar os futuros e gloriosos feitos dos portugueses”

 

Assi cantava a ninfa; e as outras todas

 Com sonoroso aplauso vozes davam,

Com que festejam as alegres vodas,

Que com tanto prazer se celebravam.

“Por mais que da fortuna andem as rodas”,

Numa cônsona voz todas soavam,

“Não vos hão-de faltar, gente famosa,

Honra, valor e fama gloriosa!”

 

Assi cantava a ninfa; e as outras todas com sonoroso aplauso vozes davam, com que festejam as alegres vodas, que com tanto prazer se celebravam. “Por mais que da fortuna andem as rodas”, numa cônsona voz todas soavam, “não vos hão-de faltar, gente famosa, honra, valor e fama gloriosa!” (1)

(1) Assim cantava a ninfa sereia, sendo que todas as demais davam sonoras palavras de aprovação enquanto festejavam as alegres bodas que celebravam com tanto prazer. Todas juntas diziam: “Por mais que o tempo da roda da Fortuna rodem, não hão de faltar para vos, famosos portugueses, a honra, o valor e a gloriosa fama. Camões canta que as ninfas celebram os grandes feitos que portugueses realizaram e hão de realizar.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

Assim cantava a ninfa sereia, sendo que todas as demais davam sonoras palavras de aprovação enquanto festejavam as alegres bodas que celebravam com tanto prazer. Todas juntas diziam: “Por mais que o tempo da roda da Fortuna rodem, não hão de faltar para vos, famosos portugueses, a honra, o valor e a gloriosa fama.

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Esses foram os nossos comentários sobre a sexagésima até a septuagésima quarta estrofe do décimo canto de Os Lusíadas, onde Camões canta que a ninfa sereia termina a cantar os futuros feitos dos portugueses no Oriente.

 

Eu sou Caio Motta e convido você a continuar acompanhando os nossos comentários sobre a grande obra de Camões, bem como demais textos da grande literatura universal presentes no nosso blog.

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