Neste nosso octogésimo quinto comentário sobre Os Lusíadas, continuaremos a ler o décimo canto da obra, onde Camões canta que Tétis mostra os territórios do mundo para o capitão Vasco da Gama.
CANTO X – ESTROFE 91
“Tétis, continuando a mostrar a máquina do mundo ao capitão Vasco da Gama, agora mostra a Terra”
“Neste centro, pousada dos humanos,
Que não somente ousados se contentam
De sofrerem da terra firme os danos,
Mas ainda o mar instábil experimentam,
Verás as várias partes que os insanos
Mares dividem, onde se aposentam
Várias nações, que mandam vários reis,
Vários costumes seus e várias leis.
“Neste centro, pousada dos humanos, que não somente ousados se contentam de sofrerem da terra firme os danos, mas ainda o mar instábil experimentam, verás as várias partes que os insanos mares dividem, onde se aposentam várias nações, que mandam vários reis, vários costumes seus e várias leis. (1)
(1) “Neste centro, que é a Terra onde repousam os humanos e que os ousados, não se contentando com perigos da terra firme, vão se aventurar no instável mar, verás as várias partes da terra que os insanos mares dividem e onde estão as várias nações, estas que mandam os vários reis, os vários costumes e várias religiões. Camões canta que Tétis explica para o capitão Vasco da Gama como funciona a máquina do mundo criada por Deus.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
“Neste centro, que é a Terra onde repousam os humanos e que os ousados, não se contentando com perigos da terra firme, vão se aventurar no instável mar, verás as várias partes da terra que os insanos mares dividem e onde estão as várias nações, estas que mandam os vários reis, os vários costumes e várias religiões.
CANTO X – ESTROFE 92
“Tétis mostra o território europeu e o território africano, onde está localizado o Cabo da Boa Esperança”
“Vês Europa cristã, mais alta e clara
Que outras em polícia e fortaleza;
Vês África, dos bens do mundo avara,
Inculta e toda cheia de bruteza,
C’o cabo que até aqui se vos negara,
Assentou pera o Austro a natureza.
Olha essa terra toda, que se habita
Dessa gente sem lei, quase infinita.
“Vês Europa cristã, mais alta e clara que outras em polícia e fortaleza; vês África, dos bens do mundo avara, inculta e toda cheia de bruteza, c’o cabo que até aqui se vos negara, assentou pera o Austro a natureza. Olha essa terra toda, que se habita dessa gente sem lei, quase infinita. (1)
(1) “Vês a Europa cristã, está que a civilização mais nobre e elevada de todas; vês a África, que possuía as riquezas do mundo, embora seja inculta e selvagem, tendo ela o Cabo da Boa Esperança, este fica ao Sul e que até agora negava a sua passagem. Olhe, capitão Vasco da Gama, esta outra que é terra repleta de pessoas sem religião. Camões canta que Tétis explica para o capitão Vasco da Gama como funciona a máquina do mundo criada por Deus.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
“Vês a Europa cristã, está que a civilização mais nobre e elevada de todas; vês a África, que possuía as riquezas do mundo, embora seja inculta e selvagem, tendo ela o Cabo da Boa Esperança, este fica ao Sul e que até agora negava a sua passagem. Olhe, capitão Vasco da Gama, esta outra que é terra repleta de pessoas sem religião.
CANTO X – ESTROFE 93
“Tétis mostra o território africano e seus povos”
“Vê do Benomotapa o grande império,
De selvátiva gente, negra e nua,
Onde Gonçalo morre e vitupério
Padecerá pola fé santa sua.
Nasce este incógnito hemisfério
O metal que por mais a gente sua;
Vê que do lago, donde se derrama
O Nilo, também vindo está Cuama.
“Vê do Benomotapa o grande império, de selvátiva gente, negra e nua, onde Gonçalo morre e vitupério padecerá pola fé santa sua. Nasce este incógnito hemisfério o metal que por mais a gente sua; vê que do lago, donde se derrama o Nilo, também vindo está Cuama. (1)
(1) “Vê o grande império de Benomotapa com sua gente negra, nua e selvagem, sendo que este é lugar onde padre Gonçalo da Silveira, ao espalhar a sua fé, sofreu afrontas e morreu. É neste incógnito hemisfério que nasce o ouro, o metal que a humanidade mais se esforça; vê o rio Cuama se derrama do mesmo lago que sai o rio Nilo. Camões canta que Tétis explica para o capitão Vasco da Gama como funciona a máquina do mundo criada por Deus.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
“Vê o grande império de Benomotapa com sua gente negra, nua e selvagem, sendo que este é lugar onde padre Gonçalo da Silveira, ao espalhar a sua fé, sofreu afrontas e morreu. É neste incógnito hemisfério que nasce o ouro, o metal que a humanidade mais se esforça; vê o rio Cuama se derrama do mesmo lago que sai o rio Nilo.
CANTO X – ESTROFE 94
“Tétis mostra o território africano e os seus povos”
“Olha as casas dos negros, como estão
Sem portas, confiados, em seus ninhos,
Na justiça real e defensão,
E na fidelidade dos vizinhos.
Olha deles a bruta multidão,
Qual o bando espesso e negro de estorninhos,
Combaterá em Sofala a fortaleza,
Que defenderá Nhaia com destreza.
“Olha as casas dos negros, como estão sem portas, confiados, em seus ninhos, na justiça real e defensão, e na fidelidade dos vizinhos. Olha deles a bruta multidão, qual o bando espesso e negro de estorninhos, combaterá em Sofala a fortaleza, que defenderá Nhaia com destreza. (1)
(1) “Olha como estão sem portas as casas dos negros, como se fossem ninhos, mostrando como eles confiam na justiça, na real defensa e na fidelidade de seus vizinhos. Olha a bruta multidão deles, como se fossem um bando espesso e negro de estorninhos, se juntando para combater a fortaleza de Sofala que o cavaleiro Nhaia defenderá com toda a destreza. Camões canta que Tétis explica para o capitão Vasco da Gama como funciona a máquina do mundo criada por Deus.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
“Olha como estão sem portas as casas dos negros, como se fossem ninhos, mostrando como eles confiam na justiça, na real defensa e na fidelidade de seus vizinhos. Olha a bruta multidão deles, como se fossem um bando espesso e negro de estorninhos, se juntando para combater a fortaleza de Sofala que o cavaleiro Nhaia defenderá com toda a destreza.
CANTO X – ESTROFE 95
“Tétis mostra o território africano e seus povos”
“Olha lá as lagoas donde o Nilo
Nasce, que não souberam os antigos;
Vê-lo, rega, gerando o crocodilo,
Os povos Abassis, de Cristo amigos.
Olha como sem muros (novo estilo)
Se defendem melhor dos inimigos.
Vê Méroe, que ilha foi de antiga fama,
Que ora dos Naturais Nobá se chama.
“Olha lá as lagoas donde o Nilo nasce, que não souberam os antigos; vê-lo, rega, gerando o crocodilo, os povos Abassis, de Cristo amigos. Olha como sem muros (novo estilo) se defendem melhor dos inimigos. Vê Méroe, que ilha foi de antiga fama, que ora dos Naturais Nobá se chama. (1)
(1) “Olha lá as lagoas donde o nasce o rio Nilo e que os antigos não conheceram; veja que possui crocodilos e que rega as terras dos povos abassis, estes que são gente cristã. Olha como eles, em seu próprio estilo, se defendem dos inimigos sem nenhum muro. Vê a antiga e fama ilha Méroe, esta que hoje é conhecida como Nobá. Camões canta que Tétis explica para o capitão Vasco da Gama como funciona a máquina do mundo criada por Deus.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
“Olha lá as lagoas donde o nasce o rio Nilo e que os antigos não conheceram; veja que possui crocodilos e que rega as terras dos povos abassis, estes que são gente cristã. Olha como eles, em seu próprio estilo, se defendem dos inimigos sem nenhum muro. Vê a antiga e fama ilha Méroe, esta que hoje é conhecida como Nobá.
CANTO X – ESTROFE 96
“Tétis mostra o território africano e seus povos”
“Nesta remota terra, um filho teu
Nas armas contra os Turcos será claro;
Há-de ser dom Cristóvão o nome seu;
Mas contra o fim fatal não há reparo.
Vê cá a costa do mar, onde te deu
Melinde hospício gasalhoso e caro.
O Rapto rio nota, que o romance
Da terra chama Obi, entra em Quilmance,
“Nesta remota terra, um filho teu nas armas contra os Turcos será claro; há-de ser dom Cristóvão o nome seu; mas contra o fim fatal não há reparo. Vê cá a costa do mar, onde te deu Melinde hospício gasalhoso e caro. O Rapto rio nota, que o romance da terra chama Obi, entra em Quilmance, (1)
(1) “Um filho teu, estando nestas distantes terras, se consagrará lutando contra os turcos; seu nome será D. Cristóvão; embora grande, não pode escapar do inevitável fim. Vê aqui a costa da África, local onde foi acolhido pelo rei de Melinde. Note o rio Rapto, que o romance da terra chama Obi e que entra em Quilmance. Camões canta que Tétis explica para o capitão Vasco da Gama como funciona a máquina do mundo criada por Deus.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
“Um filho teu, estando nestas distantes terras, se consagrará lutando contra os turcos; seu nome será D. Cristóvão; embora grande, não pode escapar do inevitável fim. Vê aqui a costa da África, local onde foi acolhido pelo rei de Melinde. Note o rio Rapto, que o romance da terra chama Obi e que entra em Quilmance.
CANTO X – ESTROFE 97
“Tétis termina de mostrar o território africano e começa a mostrar a região do Oriente Médio”
“O cabo vê Arómata chamado,
E agora Guardafú, dos moradores,
Onde começa a boca do afamado
Mar Roxo, que do fundo toma as cores.
Este como limite está lançado,
Que divide Ásia de África, e as melhores
Povoações, que a parte África tem,
Maçua são, Arquico e Suaquém.
“O cabo vê Arómata chamado, e agora Guardafú, dos moradores, onde começa a boca do afamado Mar Roxo, que do fundo toma as cores. Este como limite está lançado, que divide Ásia de África, e as melhores povoações, que a parte África tem, Maçua são, Arquico e Suaquém. (1)
(1) “Vê o cabo que começa a boca do Mar Vermelho, pois toma as cores do seu fundo; este cabo, que antigamente era chamado de Arómato, agora é conhecido por Guardafui. Este mar é que é o limite que divide a Ásia da África, sendo que as melhores povoações da África são Maçuá, Árquico e Suaquém. Camões canta que Tétis explica para o capitão Vasco da Gama como funciona a máquina do mundo criada por Deus.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
“Vê o cabo que começa a boca do Mar Vermelho, pois toma as cores do seu fundo; este cabo, que antigamente era chamado de Arómato, agora é conhecido por Guardafui. Este mar é que é o limite que divide a Ásia da África, sendo que as melhores povoações da África são Maçuá, Árquico e Suaquém.
CANTO X – ESTROFE 98
“Tétis mostra os territórios do Oriente Médio”
“Vês o extremo Suez, que antigamente
Dizem que foi do Héroas a cidade,
Outros dizem que Arsíone; e o presente
Tem das frotas do Egito a potestade.
Olhas as águas nas quais abriu patente
Estrada o grão Moisés na antiga idade.
Ásia começa aqui, que se apresenta
Em terras grande, em reinos opulenta.
“Vês o extremo Suez, que antigamente dizem que foi do Héroas a cidade, outros dizem que Arsíone; e o presente tem das frotas do Egito a potestade. Olhas as águas nas quais abriu patente estrada o grão Moisés na antiga idade. Ásia começa aqui, que se apresenta em terras grande, em reinos opulenta. (1)
(1) “Vês a distante cidade de Suez, esta que dizem que antigamente de Héroas, embora alguns outros digam que foi Arsíone. Olha as águas que na antiguidade o grande Moises abriu caminho. Aqui começa a Ásia, se apresentando em grandes terras e opulentos reinos. Camões canta que Tétis explica para o capitão Vasco da Gama como funciona a máquina do mundo criada por Deus.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
“Vês a distante cidade de Suez, esta que dizem que antigamente de Héroas, embora alguns outros digam que foi Arsíone. Olha as águas que na antiguidade o grande Moises abriu caminho. Aqui começa a Ásia, se apresentando em grandes terras e opulentos reinos.
CANTO X – ESTROFE 99
“Tétis mostra os territórios do Oriente Médio”
“Olha o Monte Sinai, que se enobrece
C’o sepulcro de Santa Catarina.
Olha Toro e Gidá, que lhe falece
Água das fontes doce e cristalina.
Olhas as portas do estreito, que fenece
No reino da seca Ádem, que confina
Com a serra d’Arzira, pedra viva,
Onde chuva dos céus se não deriva.
“Olha o Monte Sinai, que se enobrece c’o sepulcro de Santa Catarina. Olha Toro e Gidá, que lhe falece água das fontes doce e cristalina. Olhas as portas do estreito, que fenece no reino da seca Ádem, que confina com a serra d’Arzira, pedra viva, onde chuva dos céus se não deriva. (1)
(1) “Olha o Monte Sinai, que se enobrece com o túmulo de Santa Catarina. Olha a cidade de Toro e de Gidá, as quais falta a doce cristalina água nas fontes. Olha as portas do estreito de Bab-el- Mandeb, que fornece água ao seco reino de Ádem; Ele confia com a serra d’Arzira, a pedra viva onde as chuvas não derivam do céu. Camões canta que Tétis explica para o capitão Vasco da Gama como funciona a máquina do mundo criada por Deus.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
“Olha o Monte Sinai, que se enobrece com o túmulo de Santa Catarina. Olha a cidade de Toro e de Gidá, as quais falta a doce cristalina água nas fontes. Olha as portas do estreito de Bab-el- Mandeb, que fornece água ao seco reino de Ádem; Ele confia com a serra d’Arzira, a pedra viva onde as chuvas não derivam do céu.
CANTO X – ESTROFE 100
“Tétis mostra os territórios do Oriente Médio”
“Olha as Arábias três, que tanta terra
Tomam, todas da gente vaga e baça,
Donde vêm os cavalos pera a guerra,
Ligeiros e feroces, de alta raça.
Olha a costa que corre até que cerra
Outro estreito, de Pérsia, e faz a traça
O cabo que c’o nome se apelida
Da cidade Fartaque, ali sabida.
“Olha as Arábias três, que tanta terra tomam, todas da gente vaga e baça, donde vêm os cavalos pera a guerra, ligeiros e feroces, de alta raça. Olha a costa que corre até que cerra outro estreito, de Pérsia, e faz a traça o cabo que c’o nome se apelida da cidade Fartaque, ali sabida. (1)
(1) “Olha as três Arábia, que ocupam tantas terras e são habitadas por povos nômades e pardos e de onde vê os rápidos, ferozes cavalos de guerra da mais pura raça. Olha a costa que percorre até fechar outro estreito, o da Pérsia; veja como também faz caminho o Cabo de Fartaque, este que deu seu nome para a famosa cidade de Fartaque. Camões canta que Tétis explica para o capitão Vasco da Gama como funciona a máquina do mundo criada por Deus.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
“Olha as três Arábia, que ocupam tantas terras e são habitadas por povos nômades e pardos e de onde vê os rápidos, ferozes cavalos de guerra da mais pura raça. Olha a costa que percorre até fechar outro estreito, o da Pérsia; veja como também faz caminho o Cabo de Fartaque, este que deu seu nome para a famosa cidade de Fartaque.
CANTO X – ESTROFE 101
“Tétis mostra os territórios do Oriente Médio”
“Olha Dofar insigne, porque manda
O mais cheiroso incenso pera as aras:
Mas atenta já ca destoutra banda
De Roçalgate e praias sempre avaras,
Começa o reino Ormuz, que todo se anda
Pelas ribeiras, que inda serão claras,
Quando as galés do Turco, e fera armada,
Virem de Castelbranco nua a espada.
“Olha Dofar insigne, porque manda o mais cheiroso incenso pera as aras: mas atenta já ca destoutra banda de Roçalgate e praias sempre avaras, começa o reino Ormuz, que todo se anda pelas ribeiras, que inda serão claras, quando as galés do Turco, e fera armada, virem de Castelbranco nua a espada. (1)
(1) “Olha a notável cidade de Dofar, esta que exporta o mais cheiroso incenso para alares! Mas repare nesta outra banda de Roçalgate e suas cobiçosas praias, pois aqui começa o reino de Ormuz, que anda pelas ribeiras, estas que ainda serão notáveis quando as naus da feroz armada dos turcos virem a desembainhada espada de D. Pedro de Castel Branco. Camões canta que Tétis explica para o capitão Vasco da Gama como funciona a máquina do mundo criada por Deus.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
“Olha a notável cidade de Dofar, esta que exporta o mais cheiroso incenso para alares! Mas repare nesta outra banda de Roçalgate e suas cobiçosas praias, pois aqui começa o reino de Ormuz, que anda pelas ribeiras, estas que ainda serão notáveis quando as naus da feroz armada dos turcos virem a desembainhada espada de D. Pedro de Castel Branco.
CANTO X – ESTROFE 102
“Tétis mostra os territórios do Oriente Médio”
“Olha o cabo Asaboro, que chamado
Agora é Moçondão dos navegantes.
Por aqui entra o lago, que é fechado
De Arábia pérsias terras abundantes.
Atenta a ilha Barém, que o fundo ornado
Tem das suas perlas ricas e imitantes
À cor da aurora; e vê na água salgada
Ter o Tigre e Eufrates uma entrada.
“Olha o cabo Asaboro, que chamado agora é Moçondão dos navegantes. Por aqui entra o lago, que é fechado de Arábia pérsias terras abundantes. Atenta a ilha Barém, que o fundo ornado tem das suas perlas ricas e imitantes à cor da aurora; e vê na água salgada ter o Tigre e Eufrates uma entrada. (1)
(1) “Olha o cabo Asabro, que hoje é chamado de Moçandão pelos navegadores; por aqui entra lago que fechado pelas grandes terras da Arábia e da Pérsia. Preste atenção na ilha de Barem, que tem o seu fundo ornamentado com ricas pérolas, como se imitassem a cor da aurora; vê aqui que os rios Tigre e Eufrates entrando na salgada água do mar. Camões canta que Tétis explica para o capitão Vasco da Gama como funciona a máquina do mundo criada por Deus.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
“Olha o cabo Asabro, que hoje é chamado de Moçandão pelos navegadores; por aqui entra lago que fechado pelas grandes terras da Arábia e da Pérsia. Preste atenção na ilha de Barem, que tem o seu fundo ornamentado com ricas pérolas, como se imitassem a cor da aurora; vê aqui que os rios Tigre e Eufrates entrando na salgada água do mar.
CANTO X – ESTROFE 103
“Tétis mostra os territórios do Oriente Médio”
“Olha da Grande Pérsia o império nobre,
Sempre posto no campo e nos cavalos,
Que se injuria de usar fundido cobre,
E de não ter das armas sempre os calos.
Mas vê a ilha Gerum, como descobre
O que fazem do tempo os intervalos;
Que da cidade Armuza, que ali esteve,
Ele o nome depois a glória teve.
“Olha da Grande Pérsia o império nobre, sempre posto no campo e nos cavalos, que se injuria de usar fundido cobre, e de não ter das armas sempre os calos. Mas vê a ilha Gerum, como descobre o que fazem do tempo os intervalos; que da cidade Armuza, que ali esteve, ele o nome depois a glória teve. (1)
(1) “Olha o grande e nobre Império da Pérsia, que o povo era nômade que sempre andava em cavalos e que se sentiam desonrados por utilizar armas de fogo, preferindo calejar as mãos com cabos de espadas. Mas vê ali a ilha de Gerum que, com o passar dos tempos, se edificou a cidade de Armuza, mas que depois caiu em ruínas. Camões canta que Tétis explica para o capitão Vasco da Gama como funciona a máquina do mundo criada por Deus.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
“Olha o grande e nobre Império da Pérsia, que o povo era nômade que sempre andava em cavalos e que se sentiam desonrados por utilizar armas de fogo, preferindo calejar as mãos com cabos de espadas. Mas vê ali a ilha de Gerum que, com o passar dos tempos, se edificou a cidade de Armuza, mas que depois caiu em ruínas.
CANTO X – ESTROFE 104
“Tétis mostra os territórios do Oriente Médio”
“Aqui de Dom Felipe de Meneses
Se mostrará a virtude em armas clara,
Quando com muitos poucos Portugueses
Os muitos Párseos vencerá de Lara.
Virão golpes e reveses
De Dom Pedro de Sousa, que provara
Já seu braço em Ampaza, que deixada
Terá por terra à força só de espada.
“Aqui de Dom Felipe de Meneses se mostrará a virtude em armas clara, quando com muitos poucos Portugueses os muitos Párseos vencerá de Lara. Virão golpes e reveses de Dom Pedro de Sousa, que provara já seu braço em Ampaza, que deixada terá por terra à força só de espada. (1)
(1) “Em Ormurz, Dom Felipe de Meses mostrará suas virtudes márcias ao vencer com apenas alguns poucos portugueses o grande exército de párseos de Lara. Os párseos tão experimentarão os golpes e reveses de Dom Pedro de Souza, ele que já terá aniquilada com sua espada a cidade de Ampaza. Camões canta que Tétis explica para o capitão Vasco da Gama como funciona a máquina do mundo criada por Deus.
Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:
“Em Ormurz, Dom Felipe de Meses mostrará suas virtudes márcias ao vencer com apenas alguns poucos portugueses o grande exército de párseos de Lara. Os párseos tão experimentarão os golpes e reveses de Dom Pedro de Souza, ele que já terá aniquilada com sua espada a cidade de Ampaza.
Gostou do conteúdo? Comece lendo a nossa série de posts sobre Os Lusíadas clicando aqui.
Leia o nosso próximo post sobre Os Lusíadas clicando aqui.
Os Lusíadas (Edição Didática) – Volume I
Obra completa de Camões com notas e comentários de Francisco de Sales Lencastre, sendo a melhor edição para quem busca compreender todos os detalhes deste grande épico.
Os Lusíadas (Edição Didática) – Volume II
Obra completa de Camões com notas e comentários de Francisco de Sales Lencastre, sendo a melhor edição para quem busca compreender todos os detalhes deste grande épico.
Esses foram os nossos comentários sobre a nonagésima primeira até a centésima quarta estrofe do décimo canto de Os Lusíadas, onde Camões canta que Tétis mostra os territórios do mundo para o capitão Vasco da Gama.
Eu sou Caio Motta e convido você a continuar acompanhando os nossos comentários sobre a grande obra de Camões, bem como demais textos da grande literatura universal presentes no nosso blog.