Neste nosso octogésimo sexto comentário sobre Os Lusíadas, continuaremos a ler o décimo canto da obra, onde Camões canta que Tétis mostra os territórios Oriente e comenta as pregações de S. Tomé na região.

OS LUSÍADAS TÉTIS MOSTRA AS TERRAS DA ÁFRICA E DO ORIENTE MÉDIO
Terras mostras as terras do Oriente e comenta as pregações de S. Tomé

CANTO X – ESTROFE 105

“Tétis, continuando a mostrar o mundo para o capitão Vasco da Gama, agora mostras as terras do Oriente”

 

“Mas deixemos o estreito, e o conhecido

Cabo de Jasque, dito já Carpela,

Com todo o seu terreno mal querido

Da natura, e dos dons usados dela.

Carmânia teve já por apelido;

Mas vês o formoso Indo, que daquela

Altura nasce, junto à qual também

Doutra altura correndo o Gangue vem.

 

 “Mas deixemos o estreito, e o conhecido cabo de Jasque, dito já Carpela, com todo o seu terreno mal querido da natura, e dos dons usados dela. Carmânia teve já por apelido; mas vês o formoso Indo, que daquela altura nasce, junto à qual também doutra altura correndo o Gangue vem. (1)

(1) “Mas deixemos de olhar para o estreito de Ormuz e para o conhecido capo de Jasque (antigo Carpela), que tem todo o seu terreno infértil, sem nenhum dom da natureza; este terreno também já teve o nome de Carmânia. Vejamos agora o formoso rio Indo, que nasce do alto das montanhas, assim como também nasce e desce correndo o rio Ganges. Camões canta que Tétis explica para o capitão Vasco da Gama como funciona a máquina do mundo criada por Deus.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Mas deixemos de olhar para o estreito de Ormuz e para o conhecido capo de Jasque (antigo Carpela), que tem todo o seu terreno infértil, sem nenhum dom da natureza; este terreno também já teve o nome de Carmânia. Vejamos agora o formoso rio Indo, que nasce do alto das montanhas, assim como também nasce e desce correndo o rio Ganges.

CANTO X – ESTROFE 106

“Tétis mostra as terras do Oriente”

 

“Olha a terra de Ulcinde fertilíssima.

E de Jaquete a íntima enseada,

Do mar a enchente súbita grandíssima,

E a vazante que foge apressurada.

A terra de Cambaia vê riquíssima,

Onde do mar o seio faz entrada;

Cidades de outras mil que vou passando,

A vós outras aqui se estão guardando.

 

“Olha a terra de Ulcinde fertilíssima. E de Jaquete a íntima enseada, do mar a enchente súbita grandíssima, e a vazante que foge apressurada. A terra de Cambaia vê riquíssima, onde do mar o seio faz entrada; cidades de outras mil que vou passando, a vós outras aqui se estão guardando. (1)

(1) “Olha a fertilíssima terra de Ulcinde e a íntima enseada de Jaquete; olhe a grandíssima súbita enchente do mar e a vazante que foge apressurada. Veja a riquíssima terra de Cambaia, onde o seio do mar faz a sua entrada; para vós, conquistadores portugueses, estas outras mil cidades que vou passando aqui estão vos aguardando. Camões canta que Tétis explica para o capitão Vasco da Gama como funciona a máquina do mundo criada por Deus.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Olha a fertilíssima terra de Ulcinde e a íntima enseada de Jaquete; olhe a grandíssima súbita enchente do mar e a vazante que foge apressurada. Veja a riquíssima terra de Cambaia, onde o seio do mar faz a sua entrada; para vós, conquistadores portugueses, estas outras mil cidades que vou passando aqui estão vos aguardando.

CANTO X – ESTROFE 107

“Tétis mostra as terras do Oriente”

 

“Vês, corre a costa célebre indiana

Pera o Sul, até o Cabo Comori,

Já chamado Cori, que Taprobana

(Que ora é Celião) defronte tem de si.

Por este mar a gente lusitana,

Que com arma virá depois de ti,

Terá vitórias, terras e cidades,

Nas quais hão-de viver muitas idades.

 

“Vês, corre a costa célebre indiana pera o Sul, até o Cabo Comori, já chamado Cori, que Taprobana (que ora é Celião) defronte tem de si. Por este mar a gente lusitana, que com arma virá depois de ti, terá vitórias, terras e cidades, nas quais hão-de viver muitas idades. (1)

(1) “Vês a celebre costa oeste da Índia; correndo dela para o Sul vemos o Cabo Como, que já foi chamado de Cori; defronte vemos a ilha da Taprobana, que hoje chamamos de Celião. Os portugueses que aqui verão depois ti navegarão e lutarão por estes mares, conseguindo vitórias, terras e cidades, nas quais hão-de viver muitas idades. Camões canta que Tétis explica para o capitão Vasco da Gama como funciona a máquina do mundo criada por Deus.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Vês a celebre costa oeste da Índia; correndo dela para o Sul vemos o Cabo Como, que já foi chamado de Cori; defronte vemos a ilha da Taprobana, que hoje chamamos de Celião. Os portugueses que aqui verão depois ti navegarão e lutarão por estes mares, conseguindo vitórias, terras e cidades, nas quais hão-de viver muitas idades.

CANTO X – ESTROFE 108

“Tétis mostra as terras do Oriente e os locais onde o apóstolo S. Tomé fez suas pregações”

 

“As províncias, que entre um e outro rio

Vês com várias nações, são infinitas;

Um reino maometa, outro gentio,

A quem tem o demônio leis escritas.

Olha que de Narsinga o senhorio

Tem as relíquias santas e benditas

Do corpo de Tomé, barão sagrado,

Que a Jesu Cristo teve a mão no lado.

 

“As províncias, que entre um e outro rio vês com várias nações, são infinitas; um reino maometa, outro gentio, a quem tem o demônio leis escritas. Olha que de Narsinga o senhorio tem as relíquias santas e benditas do corpo de Tomé, barão sagrado, que a Jesu Cristo teve a mão no lado. (1)

(1) “São infinitas as províncias que vês entre os rios Indo e Ganges, sendo elas repletas de várias nações; algumas são muçulmanas e outras gentis, com ambas tendo o demônio escrito as suas leis. Mas veja que o senhorio de Narsinga tem as relíquias santas e benditas do corpo de S. Tomé, o barão sagrado que teve a mão no lado de Jesus Cristo. Camões canta que Tétis explica para o capitão Vasco da Gama como funciona a máquina do mundo criada por Deus.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“São infinitas as províncias que vês entre os rios Indo e Ganges, sendo elas repletas de várias nações; algumas são muçulmanas e outras gentis, com ambas tendo o demônio escrito as suas leis. Mas veja que o senhorio de Narsinga tem as relíquias santas e benditas do corpo de S. Tomé, o barão sagrado que teve a mão no lado de Jesus Cristo.

CANTO X – ESTROFE 109

“Tétis mostra as terras do Oriente por onde o apóstolo S. Tomé fez suas pregações”

 

“Aqui a cidade foi que se chamava

Meliapor, fermosa, grande e rica;

Os ídolos antigos adorava,

Como inda agora faz a gente inica.

Longe daquele mar naquele tempo estava,

Quando a fé, que no mundo se pubrica,

Tomé vinha pregando, e já passara

Províncias mil do mundo, que ensinara.

 

“Aqui a cidade foi que se chamava Meliapor, fermosa, grande e rica; os ídolos antigos adorava, como inda agora faz a gente inica. Longe daquele mar naquele tempo estava, quando a fé, que no mundo se pubrica, Tomé vinha pregando, e já passara províncias mil do mundo, que ensinara. (1)

(1) “Existiu aqui uma formosa, grande e rica cidade chamada Meliapor, onde se adoravam os antigos ídolos, assim como os povos iníquos o fazem hoje. Estava longe do mar naquele tempo, quando S. Tomé vinha pregando a notória fé cristã no mundo, já tendo ele a ensinado ao passar por mil províncias do mundo. Camões canta que Tétis explica para o capitão Vasco da Gama como funciona a máquina do mundo criada por Deus.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Existiu aqui uma formosa, grande e rica cidade chamada Meliapor, onde se adoravam os antigos ídolos, assim como os povos iníquos o fazem hoje. Estava longe do mar naquele tempo, quando S. Tomé vinha pregando a notória fé cristã no mundo, já tendo ele a ensinado ao passar por mil províncias do mundo.

CANTO X – ESTROFE 110

“Tétis comenta um dos milagres de S. Tomé no Oriente”

 

“Chegado aqui pregando, e junto dando

A doentes saúde, a mortos vida,

Acaso traz um dia o mar vagando

Um lenho de grandeza desmedida.

Deseja o rei, que andava edificando,

Fazer dele madeira, e não duvida

Poder tira-lo a terra com possantes

Forças d’homens, de engenhos, de alifantes.

 

“Chegado aqui pregando, e junto dando a doentes saúde, a mortos vida, acaso traz um dia o mar vagando um lenho de grandeza desmedida. Deseja o rei, que andava edificando, fazer dele madeira, e não duvida poder tira-lo a terra com possantes forças d’homens, de engenhos, de alifantes. (1)

(1) “Quando S. Tomé estava pregando a lei de cristo, ajudando os doentes e vida a mortos, um dia o mar trouxe até ele um tronco de enormes proporções. O rei, desejando utilizar a madeira em seus edifícios, tentou, com toda a convicção, tira-lo da terra com possantes homens, de engenhos e até com elefantes. Camões canta que Tétis explica para o capitão Vasco da Gama como funciona a máquina do mundo criada por Deus.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Quando S. Tomé estava pregando a lei de cristo, ajudando os doentes e vida a mortos, um dia o mar trouxe até ele um tronco de enormes proporções. O rei, desejando utilizar a madeira em seus edifícios, tentou, com toda a convicção, tira-lo da terra com possantes homens, de engenhos e até com elefantes.

CANTO X – ESTROFE 111

“Tétis comenta um dos milagres de S. Tomé”

 

“Era tão grande o peso do madeiro,

Que só pera abalar-se nada abasta;

Mas o núncio de Cristo verdadeiro

Menos trabalho em tal negócio gasta.

Ata o cordão que traz, por derradeiro,

No tronco, e facilmente leva e arrasta

Pera onde faça um sumptuoso templo,

Que ficasse os futuros por exemplo.

 

“Era tão grande o peso do madeiro, que só pera abalar-se nada abasta; mas o núncio de Cristo verdadeiro menos trabalho em tal negócio gasta. Ata o cordão que traz, por derradeiro, no tronco, e facilmente leva e arrasta pera onde faça um sumptuoso templo, que ficasse os futuros por exemplo. (1)

(1) “O tronco de madeira era tão grande que nenhum esforço conseguia movimenta-lo. Mas o verdadeiro apóstolo de Cristo não precisa fazer tanto esforço nesta tarefa: amarra uma corda que traz na sua cinta e facilmente o arrasta para um lugar onde foi construído um suntuoso templo, ficando para os viessem no futuro. Camões canta que Tétis explica para o capitão Vasco da Gama como funciona a máquina do mundo criada por Deus.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“O tronco de madeira era tão grande que nenhum esforço conseguia movimenta-lo. Mas o verdadeiro apóstolo de Cristo não precisa fazer tanto esforço nesta tarefa: amarra uma corda que traz na sua cinta e facilmente o arrasta para um lugar onde foi construído um suntuoso templo, ficando para os viessem no futuro.

CANTO X – ESTROFE 112

“Tétis comenta um dos milagres de S. Tomé”

 

“Sabia bem que se com fé formada

Mandar a um monte surdo que se mova,

Que obedecerá logo à voz sagrada;

Que assi lho ensinou Cristo, e ele prova.

A gente ficou disto alvoroçada,

Os Brâmanes o têm por cousa nova;

Vendo os milagres, vendo a santidade,

Hão medo de perder a autoridade.

 

“Sabia bem que se com fé formada mandar a um monte surdo que se mova, que obedecerá logo à voz sagrada; que assi lho ensinou Cristo, e ele prova. A gente ficou disto alvoroçada, os Brâmanes o têm por cousa nova; vendo os milagres, vendo a santidade, hão medo de perder a autoridade. (1)

(1) “S. Tomé sabia bem sabia que, tendo firme a sua fé, se mandasse um monte surdo mover-se, ele logo obedeceria à sagrada voz, pois foi assim que o ensinou Jesus Cristo, e ele o provava. A gente que viu o milagre ficou alvoraçada, sendo que os brâmanes, além de admiradas, temeram perder a sua autoridade para o apóstolo. Camões canta que Tétis explica para o capitão Vasco da Gama como funciona a máquina do mundo criada por Deus.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“S. Tomé sabia bem sabia que, tendo firme a sua fé, se mandasse um monte surdo mover-se, ele logo obedeceria à sagrada voz, pois foi assim que o ensinou Jesus Cristo, e ele o provava. A gente que viu o milagre ficou alvoraçada, sendo que os brâmanes, além de admiradas, temeram perder a sua autoridade para o apóstolo.

CANTO X – ESTROFE 113

“Tétis comenta que os sacerdotes gentios, temendo a sua influência, desejavam matar S. Tomé”

 

“São estes sacerdotes dos gentios,

Em quem mais penetrado tinha inveja;

Buscam maneiras mil, buscam desvios

Com que Tomé não se ouça, ou morto seja.

O principal, que ao peito traz os fios.

Um caso horrendo faz, que o mundo veja

Que inimiga não há tão dura e fera,

Como a virtude falsa da sincera.

 

“São estes sacerdotes dos gentios, em quem mais penetrado tinha inveja; buscam maneiras mil, buscam desvios com que Tomé não se ouça, ou morto seja. O principal, que ao peito traz os fios. Um caso horrendo faz, que o mundo veja que inimiga não há tão dura e fera, como a virtude falsa da sincera. (1)

(1) “Esses sacerdotes brâmanes tinham sido penetrados pela inveja contra S. Tomé, buscando mil maneiras para que o apóstolo não fosse ouvido, ou até que visse a ser morto. O principal deles, este que trazia fios em seu pescoço, foi protagonista de um horrendo caso; que o mundo veja que não há inimigo tão duro e feroz para a virtude do que a falsidade. Camões canta que Tétis explica para o capitão Vasco da Gama como funciona a máquina do mundo criada por Deus.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Esses sacerdotes brâmanes tinham sido penetrados pela inveja contra S. Tomé, buscando mil maneiras para que o apóstolo não fosse ouvido, ou até que visse a ser morto. O principal deles, este que trazia fios em seu pescoço, foi protagonista de um horrendo caso; que o mundo veja que não há inimigo tão duro e feroz para a virtude do que a falsidade.

CANTO X – ESTROFE 114

“Tétis comenta que os sacerdotes gentios tentam matar S. Tomé, o acusando de um falso assassinato”

 

“Um filho próprio mata, e logo acusa

Do homicídio Tomé, que era inocente;

Dá falsas testemunhas, como se usa;

Condenaram-no à morte brevemente.

O Santo, que não vê melhor escusa

Que apelar para o Padre onipotente,

Quer diante do rei e dos senhores

Que se faça um milagre dos maiores.

 

  “Um filho próprio mata, e logo acusa do homicídio Tomé, que era inocente; dá falsas testemunhas, como se usa; condenaram-no à morte brevemente. O Santo, que não vê melhor escusa que apelar para o Padre onipotente, quer diante do rei e dos senhores que se faça um milagre dos maiores. (1)

(1) “Querendo prejudicar S. Tomé, o sacerdote mata o seu próprio filho e coloca a culpa no apóstolo; como conseguir arranjar falsas testemunhas e sendo esse o costume, S. Tomé foi imediatamente condenado à morte. O santo, não vendo nenhuma outra saída, apela para Deus todo poderoso, pedindo que, diante do rei e dos juízos, ocorresse um grandioso milagre. Camões canta que Tétis explica para o capitão Vasco da Gama como funciona a máquina do mundo criada por Deus.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Querendo prejudicar S. Tomé, o sacerdote mata o seu próprio filho e coloca a culpa no apóstolo; como conseguir arranjar falsas testemunhas e sendo esse o costume, S. Tomé foi imediatamente condenado à morte. O santo, não vendo nenhuma outra saída, apela para Deus todo poderoso, pedindo que, diante do rei e dos juízos, ocorresse um grandioso milagre.

CANTO X – ESTROFE 115

“Tétis comenta que, sob a benção do Espírito Santo, S. Tomé realiza o maior de seus milagres”

 

“O corpo morto manda ser trazido,

Que se ressuscite, e seja perguntado

Quem foi seu matador; e será crido

Por testemunho seu, o mais aprovado.

Viram todos o moço vivo, erguido

Em nome de Jesu crucificado;

Dá graças a Tomé, que lhe deu vida,

E descobre seu pai ser homicida.

 

“O corpo morto manda ser trazido, que se ressuscite, e seja perguntado quem foi seu matador; e será crido por testemunho seu, o mais aprovado. Viram todos o moço vivo, erguido em nome de Jesu crucificado; dá graças a Tomé, que lhe deu vida, e descobre seu pai ser homicida. (1)

(1) “S. Tomé manda que o corpo morto seja trazido e que então ressuscite e seja perguntado quem foi o seu assassino, sendo o testemunho do morto a prova de sua inocência. Todos então virão o moço voltar a vida, se erguendo em nome de Jesus Cristo crucificado. Esse moço, dando graça a S. Tomé por lhe devolver a vida, indica que seu pai foi o assassino. Camões canta que Tétis explica para o capitão Vasco da Gama como funciona a máquina do mundo criada por Deus.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“S. Tomé manda que o corpo morto seja trazido e que então ressuscite e seja perguntado quem foi o seu assassino, sendo o testemunho do morto a prova de sua inocência. Todos então virão o moço voltar a vida, se erguendo em nome de Jesus Cristo crucificado. Esse moço, dando graça a S. Tomé por lhe devolver a vida, indica que seu pai foi o assassino.

 

CANTO X – ESTROFE 116

“Tétis comenta que, após o grandioso milagre de S. Tomé, até o rei gentio se converteu, causando assim mais ira dos sacerdotes gentios”

 

“Este milagre fez tamanho espanto

Que o rei se banha logo na água santa,

E muitos após ele: um beija o manto,

Outro louvor do Deus de Tomé canta.

Os Brâmanes se encheram de ódio tanto,

Com seu veneno os morde inveja tanta,

Que, persuadindo a isso o povo rudo,

Determinaram mata-lo em fim de tudo.

 

“Este milagre fez tamanho espanto que o rei se banha logo na água santa, e muitos após ele: um beija o manto, outro louvor do Deus de Tomé canta. Os Brâmanes se encheram de ódio tanto, com seu veneno os morde inveja tanta, que, persuadindo a isso o povo rudo, determinaram mata-lo em fim de tudo. (1)

(1) “Esse milagre foi tão espantoso que o rei gentio logo se converteu ao Cristianismo, banhando-se na água santa; após ele, muito também se convertem, com alguns beijando o mando do santo apóstolo, enquanto outros cantam o louvor do Deus de S. Tomé. Os brâmanes se enchem de tamanho ódio com o veneno da inveja que os morde que, persuadindo o povo ignorante, determinam matar S. Tomé a todo custo. Camões canta que Tétis explica para o capitão Vasco da Gama como funciona a máquina do mundo criada por Deus.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Esse milagre foi tão espantoso que o rei gentio logo se converteu ao Cristianismo, banhando-se na água santa; após ele, muito também se convertem, com alguns beijando o mando do santo apóstolo, enquanto outros cantam o louvor do Deus de S. Tomé. Os brâmanes se enchem de tamanho ódio com o veneno da inveja que os morde que, persuadindo o povo ignorante, determinam matar S. Tomé a todo custo.

CANTO X – ESTROFE 117

“Tétis comenta que, por causa da inveja dos sacerdotes gentios, S. Tomé é assassinado”

 

“Um dia, que pregando o povo estava,

Fingiram entre a gente um arruído.

Já Cristo neste tempo lhe ordenava

Que padecendo fosse ao céu subindo.

A multidão das pedras que voava,

No Santo dá, já tudo oferecido.

Um dos maus, por fartar-se mais depressa,

Com crua lança o peito lhe atravessa.

 

“Um dia, que pregando o povo estava, fingiram entre a gente um arruído. Já Cristo neste tempo lhe ordenava que padecendo fosse ao céu subindo. A multidão das pedras que voava, no Santo dá, já tudo oferecido. Um dos maus, por fartar-se mais depressa, com crua lança o peito lhe atravessa. (1)

(1) “Um dia, enquanto S. Tomé pregava a palavra de Deus, os brâmanes incitaram um tumulto entre o povo; neste tempo, Cristo já ordenava que o apóstolo encerrasse seu tempo no mundo, subindo assim ao céu divino. A multidão arremessava pedra no Santo, sendo que um dos mais cruéis, querendo fartar-se mais depressa, atravessa o seu peito com uma lança. Camões canta que Tétis explica para o capitão Vasco da Gama como funciona a máquina do mundo criada por Deus.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Um dia, enquanto S. Tomé pregava a palavra de Deus, os brâmanes incitaram um tumulto entre o povo; neste tempo, Cristo já ordenava que o apóstolo encerrasse seu tempo no mundo, subindo assim ao céu divino. A multidão arremessava pedra no Santo, sendo que um dos mais cruéis, querendo fartar-se mais depressa, atravessa o seu peito com uma lança.

CANTO X – ESTROFE 118

“Tétis pede para que S. Tomé interceda pelos lusitanos”

 

“Choram-te, Tomé, o Gange e o Indo;

Chorou-te toda a terra que pisaste;

Mais te choram as almas vestindo

Se iam na santa fé que lhe ensinaste;

 Mas os anjos do céu, cantando e rindo,

Te receberam na glória que ganhaste.

Pedimos-te que a Deus ajuda peças,

Com que os teus Lusitanos favoreças.

 

“Choram-te, Tomé, o Gange e o Indo; chorou-te toda a terra que pisaste; mais te choram as almas vestindo se iam na santa fé que lhe ensinaste; mas os anjos do céu, cantando e rindo, te receberam na glória que ganhaste. Pedimos-te que a Deus ajuda peças, com que os teus Lusitanos favoreças. (1)

(1) “Os rios Ganges e Indo choram por sua morte, S. Tomé, assim como a terra que pisaste e, sobretudo, choram as almas que se iam vestindo na santa fé que ensinaste. Mas os anjos do céu, cantando e rindo, te recebem na glória que ganhaste. Pedimos-te que peças ajuda a Deus, favorecendo assim os teus lusitanos. Camões canta que Tétis explica para o capitão Vasco da Gama como funciona a máquina do mundo criada por Deus.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“Os rios Ganges e Indo choram por sua morte, S. Tomé, assim como a terra que pisaste e, sobretudo, choram as almas que se iam vestindo na santa fé que ensinaste. Mas os anjos do céu, cantando e rindo, te recebem na glória que ganhaste. Pedimos-te que peças ajuda a Deus, favorecendo assim os teus lusitanos.

CANTO X – ESTROFE 119

“Tétis repreende os demais sacerdotes cristãos do mundo, questionando o motivo deles não se esforçarem como S. Tomé para espalhar a fé de Cristo”

 

“E vós outros, que os nomes usurpais

De mandados de Deus, como Tomé,

Dizei, se sois mandados, como estais

Sem irdes pregar a santa fé?

Olhai que se sois sal, e vos danais

Na pátria, onde profeta ninguém é,

Com que se salgarão em nossos dias

(Infiéis deixo) tantas heresias?

 

“E vós outros, que os nomes usurpais de mandados de Deus, como Tomé, dizei, se sois mandados, como estais sem irdes pregar a santa fé? Olhai que se sois sal, e vos danais na pátria, onde profeta ninguém é, com que se salgarão em nossos dias (infiéis deixo) tantas heresias? (1)

(1) “E vós, outros sacerdotes de Cristo, que usurpam os nomes de ‘mandados de Deus’, como realmente era S. Tomé, respondam: se sois mandados, por que não irdes pregar a santa fé? Olhai que se sois sal da terra, mas estais corrompidos ao ficar apenas na pátria, onde ninguém é profeta; com que se salgarão em nossos dias tantas heresias? Camões canta que Tétis explica para o capitão Vasco da Gama como funciona a máquina do mundo criada por Deus.

Podemos, portanto, entender que a estrofe diz que:

“E vós, outros sacerdotes de Cristo, que usurpam os nomes de ‘mandados de Deus’, como realmente era S. Tomé, respondam: se sois mandados, por que não irdes pregar a santa fé? Olhai que se sois sal da terra, mas estais corrompidos ao ficar apenas na pátria, onde ninguém é profeta; com que se salgarão em nossos dias tantas heresias?

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Esses foram os nossos comentários sobre até a centésima quinta até a centésima décima nona estrofe do décimo canto de Os Lusíadas, onde Camões canta que Tétis mostra os territórios Oriente e comenta as pregações de S. Tomé na região.

 

Eu sou Caio Motta e convido você a continuar acompanhando os nossos comentários sobre a grande obra de Camões, bem como demais textos da grande literatura universal presentes no nosso blog.

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