Venha conhecer a obra São Bernardo, de Graciliano Ramos. Neste nosso primeiro comentário, conhecemos um pouco sobre a vida de Paulo Honório, protagonista da obra, e as situações e desejos que o levaram a querer e adquirir a fazenda São Bernardo.

Um livro sobre a minha vida
A obra começa com o protagonista, Paulo Honório querendo escrever um livro sobre a sua vida e sobre São Bernardo, a fazenda que dá nome ao livro. Mas o protagonista, como veremos adiante, é um brutão sertanejo criado na base da dor e do sofrimento que conquistou seus objetivos com sua rigidez; não era um homem das letras. Portanto, ele recorre a alguns conhecidos para colaborarem com o projeto.
Após algumas divergências sobre como o livro seria composto, Paulo Honório acaba tendo apenas ajuda de Lúcio Gomes de Azevedo Gondim, redator e diretor do Cruzeiro, jornal local. Mas, por causa de seu temperamento forte e explosivo, Paulo acaba não gostando dos primeiros esboços feito por Gondim e decide começar a escrever seu livro sozinho.
A juventude de Paulo Honório
Começa dizendo seu nome, idade, algumas características físicas e depois fala algumas poucas coisas de sua infância e introduz Margarida, uma velha senhora que cuidou dele durante sua infância e que hoje, com Paulo Honório tendo já seus cinquenta anos, ela ainda está viva, morando em uma casinha na fazenda de São Bernardo. Porém a como ela foi parar em S. Bernardo será contado depois.
Sendo uma criança sem família, Paulo não obteve estudo algum, levando assim apenas a vida de trabalhador que garante seu sustento com uma inchada e a força de seus braços. Por ciúmes, atacou um homem a facadas por ter se envolvido com uma mulher que era de seu interesse, evento este que levou o protagonista a ser preso, passando três anos na cadeia. Mas, como diz o ditado: Quando Deus fecha uma porta ele abre uma janela; foi na cadeia que Paulo aprendeu a ler e percebeu que não queria apenas a vida de um matuto bruto que trabalha embaixo do sol quente recebendo ordens para, no fim do dia, ganhar uns tostões. Ele queria mais, queria ter algo. Este desejo que, no decorrer do livro, vemos que ele acabou conseguindo: obter São Bernardo e tornar a fazenda um empreendimento grande. Essa atitude de querer algo e continuar se esforçando constantemente, lutando contra as dificuldades e não desistindo que faz este personagem se destacar positivamente no meio quase todos os personagens da literatura nacional e torna está uma das melhores obras escritas por Graciliano Ramos.
“Pensava em ganhar dinheiro” diz o personagem ao sair da cadeia; “A princípio o capital se desviava de mim, e persegui-o sem descanso, viajando pelo, negociando com redes, gado, imagens, rosários, miudezas, ganhando aqui, perdendo ali, marchando no fiado, assinando letras, realizando operações embrulhadíssimas. Sofri sede e fome, dormi na areia dos rios secos, briguei com gente que fala aos berros e efetuei transações comerciais de armas engatilhadas”.
Assim o nosso protagonista foi levando a sua vida após sair da cadeia, trabalhando duro e acumulando o seu dinheiro. É claro que, conforme veremos na desenrolar da obra, Paulo Honório não é um trabalhador honesto que faz suas obrigações de acordo com algum código moral. Para ele, em primeiro lugar existe ele, em segundo ele e, só depois, o interesse e o bem dos outros. Poderíamos classifica-lo como um homem que tem ambição e cobiça, ou seja, ele é alguém que não mede esforços para conseguir o que quer, mesmo que precise passar por cima dos outros.
Durante os seus trabalhos pelo sertão nordeste, Paulo conhece Casemiro Lopes, um sertanejo bruto assim como ele, mas que não tem a mesma visão e capacidade. Ele trabalha para o Paulo, sendo muito competente e leal.
A fazenda São Bernardo
Então ele retorna para a Viçosa, em Alagoas, região que trabalhou como braçal na juventude e local onde está sediada a fazenda de São Bernardo. O antigo dono, ao falecer, deixou a propriedade como herança para filho Luís Padilha, este que, apesar dos imensos esforços do pai para transforma-lo em doutor, acabou encostado vivendo às custas do pai e, posteriormente, do que a fazenda produzia. Paulo Honório, que já ambicionava adquirir a fazenda, começou a se aproximar de Padilha, lhe emprestando dinheiro sempre que este o solicitava.
E com isso, conforme Padilha solicitada mais verba para gastar com suas farras e investir em fracassadas empreitadas, a sua dependência com Paulo Honório não parava de crescer. Quando a dívida já estava grande e prazo de quitação chegou, Paulo foi até Padilha buscar seu pagamento e os juros e, não tendo com pagar, Padilha foi convencido a vender São Bernardo para seu credor por um preço muito baixo.
E assim, após dar uma pequena casa de entrada, uma quantidade ínfima de dinheiro e deduzir as dívidas de Luís Padilha, Paulo Honório estava com a escrita da propriedade em mãos, sendo o novo dono da fazenda São Bernardo.
Gostou do conteúdo? Leia o nossa próxima publicação sobre a obra São Bernardo clicando aqui.

São Bernardo – Graciliano Ramos (Editora Record)
Uma das melhores obras do escritor Graciliano Ramos, bem como uma das mais importantes da literatura ficcional brasileira em uma nova edição publicada pela editora Record.
Esse foi o nosso primeiro comentário sobre a obra São Bernardo, de Graciliano Ramos, onde conhecemos um pouco sobre a vida de Paulo Honório, protagonista da obra, e as situações e desejos que o levaram a querer e adquirir a fazenda São Bernardo.
Eu sou Caio Motta e convido você a continuar acompanhando os nossos comentários sobre os grandes textos de Graciliano Ramos, bem como demais textos da grande literatura universal presentes no nosso blog.