Venha conhecer e se aprofundar no poema épico Os Lusíadas, de Luís Vaz de Camões, a obra máxima da língua portuguesa, fundadora do idioma português e que deu voz aos grandes feitos que construíram as bases da descoberta e fundação do Brasil.

Camões inicia seu obra com uma introdução, dizendo que em seus versos ele canta os feitos grandiosos realizados pelos grandes homens portugueses que desbravam os mares rumo ao Oriente, assim como dos heróis e reis que expandiram o Império de Portugal e o Cristianismo. Ainda diz que os feitos dos portugueses, por serem tão grandiosos, sobrepujam em muito qualquer feito realizado no passado, mesmo os famosos feitos dos gregos e dos romanos.  

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Camões canta as glórias do povo lusitano

A literatura é a maior ferramenta da educação para adquirirmos e aprimorarmos a nossa inteligência. Foi por seu constante abandono na formação das novas gerações que vemos, a cada ano que passa, uma nova leva de jovens burros, ignorantes e incapazes. A educação, que sempre foi um dos maiores problemas do nosso país, se mostra cada vez pior, sendo esse, sem sombra de dúvidas, um sintoma do abandono da literatura.

É por esse e outros motivos que iniciamos essa série de comentários sobre as grandes obras da literatura universal. Somente retornando à boa prática de leitura das grandes obras é que poderemos começar a falar em educação neste país. Para isso, nada melhor do que voltar nossos olhos para a maior e, infelizmente, mais esquecida e desprezada obra da língua portuguesa, os Lusíadas, de Luís Vaz de Camões.

CANTO I – ESTROFE 1

 

As armas e os barões assinalados,

Que da ocidental praia lusitana,

Por mares nunca d’antes navegados,

Passaram ainda além da Taprobana,

Em perigos e guerras esforçados,

Mais do que prometia a força humana,

E entre gente remota edificaram

Novo reino, que tanto sublimaram.

 

As armas e os barões assinalados, que da ocidental praia lusitana, por mares nunca d’antes navegados, passaram ainda além da Taprobana (1), em perigos e guerras esforçados, mais do que prometia a força humana, e entre gente remota edificaram novo reino, que tanto sublimaram (2).

(1) Camões cantará os feitos dos guerreiros e dos notáveis nobres que, ao partirem das praias de Portugal (Lusitana), navegaram pelos mares que até então eram desconhecidos e conseguiram alcançar as terras que estavam além da Taprobana (Sri Lanka);

(2) e que conseguiram superar os grandes feitos do passados ao enfrentarem perigos e guerras, conseguindo assim expandir o império português em terras distantes.

 

“Canto os feitos dos bravos guerreiros e dos ilustres varões portugueses que, ao partirem das praias lusitanas e velejarem por mares nunca antes navegados, passaram para além da distante Taprobana e, ao enfrentarem grandes perigos e se esforçarem em duras guerras, superando em muito qualquer esforço humano feito até então, conseguiram estabelecer em distantes povos o reino que tanto estimavam.”

CANTO I – ESTROFE 2

 

E também as memórias gloriosas

Daqueles reis, que foram dilatando

A Fé, o Império, e as terras viciosas

De África e Ásia andaram devastando;

E aqueles, que por obras valerosas

Se vão da lei da morte libertando;

Cantando espalharei por toda a parte,

Se a tanto me ajudar o engenho e arte.

 

E também as memórias gloriosas daqueles reis, que foram dilatando a Fé, o Império, e as terras viciosas de África e Ásia andaram devastando (1); E aqueles, que por obras valerosas se vão da lei da morte libertando (2); Cantando espalharei por toda a parte, se a tanto me ajudar o engenho e arte (3).

(1) E também os feitos gloriosos os reis portugueses que foram expandindo o Cristianismo e o Império de Portugal ao conquistarem as terras no continente africano e asiático;

(2) E aqueles homens que, por seus grandes feitos, conseguiram se livrar do esquecido da morte ao se eternizarem na memórias das gerações futuras;

(3) Eu, Camões, cantarei as glórias desses homens, espalhando assim os seus feitos, se assim o meu esforço e talento me ajudarem.

 

“E, se engenho e arte me ajudarem, também manterei vivo na memória o nome dos reis que expandiram o Império de Portugal e a Fé de Cristo ao devastarem as viciosas terras da África e da Ásia, assim como também manterei vivo o nome daqueles homens portugueses que, por suas valiosas obras, conseguiram se libertar da lei da morte.”

CANTO I – ESTROFE 3

 

Cessem do sábio grego e do troiano

As navegações grandes que fizeram;

Cala-se de Alexandre e de Trajano

A fama das vitórias que tiveram;

Que eu canto o peito ilustre lusitano,

A quem Netuno e Marte obedeceram.

Cesse tudo o que a musa antiga canta

Que outro valor mais alto se alevanta.

 

Cessem do sábio grego e do troiano as navegações grandes que fizeram (1); Cala-se de Alexandre e de Trajano a fama das vitórias que tiveram ; Que eu canto o peito ilustre lusitano, a quem Netuno e Marte obedeceram (2). Cesse tudo o que a musa antiga canta que outro valor mais alto se alevanta (3).

(1) Camões diz que deixem de cantar os gloriosos feitos marítimos de Ulisses e Enéias¹, assim como deixem de cantar as vitórias dos generais Alexandre Magro e do Imperador Trajano².

(2) Que deixem de cantar as glórias desses grandes homens, pois agora Camões cantará as glórias do povo português, que fizeram até Neturno e Marte os obedecer³.

(3) Que deixem de cantar tudo o que era cantado anteriormente, pois agora algo muito mais grandioso será entoado.

 

 “Cessem de cantar as navegações do sábio Ulisses e do troiano Enéias, assim como deixem de celebrar as vitórias militares de Alexandre Magno e do Imperador Trajano, pois agora eu canto os grandes feitos do povo lusitano, a quem até Netuno e Marte obedeceram. Que se deixe de cantar tudo o que a Musa antiga canta, pois algo muito mais valioso se levanta”

 

¹Sábio grego é uma referência a Ulisses, personagem presente na epopéia Ilíada e protagonista da epopéia A Odisséia, ambas obras do grande poeta Homero; Troiano é uma referência a Enéias, personagem que também está na Ilíada de Homero, mas que é protagonista da epopéia Eneida, do grande poeta romano Virgílio.

²Alexandre foi um grande general da Antiguidade, assim como foi Trajano, que chegou a ser Imperador de Roma.

³Netuno é o deus romano dos oceanos, enquanto Marte é o deus romano da guerra.

 

Gostou do conteúdo? Leia o nosso próximo post sobre Os Lusíadas clicando aqui.

Os Lusíadas (Edição Didática) - Volume I e II – Editora Concreta

Os Lusíadas (Edição Didática) – Volume I

Obra completa de Camões com notas e comentários de Francisco de Sales Lencastre, sendo a melhor edição para quem busca compreender todos os detalhes deste grande épico.

 

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Os Lusíadas (Edição Didática) – Volume II

Obra completa de Camões com notas e comentários de Francisco de Sales Lencastre, sendo a melhor edição para quem busca compreender todos os detalhes deste grande épico.

 

Esses foram os nossos comentários sobre as três primeiras estrofes que compõe o primeiro canto de Os Lusíadas, onde Camões declara que cantara os grandes feitos marítimos e bélicos dos heróis e reis de Portugal, sendo estes feitos tão grandiosos que superam em muito as realizações dos grandes nomes do passado.

Eu sou Caio Motta e convido você a continuar acompanhando os nossos comentários sobre a grande obra de Camões, bem como demais textos da grande literatura universal presentes no nosso blog.

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