Venha conhecer os principais eventos que acontecem nas 143 estrofes que compõem o terceiro canto de Os Lusíadas, de Luís Vaz de Camões.

OS LUSÍADAS A FORMAÇÃO DE PORTUGAL
Os Lusíadas, Canto III

Camões pede novamente inspiração às Musas – Estrofes 1-5

A partir do terceiro canto da obra, Camões a cantara a história de Portugal, começando a falar sobre a geografia da Europa e então contando a história do reino desde quando a região da península Hispânica (Ibérica) estava dominada pelos muçulmanos africanos (mouros).

Para isso, o poeta português, mais uma vez pede inspiração às Musas. Neste caso, pede que Calíope, mãe de Orfeu, inspire seus versos, para que assim ele possa cantar versos dignos da grande história do povo lusitano.

Neste momento da obra, a frota dos portugueses está em Melinde e, diferente do que aconteceu em Moçambique e Mombaça, eles estão sendo muito bem recebidos pela população local, no caso, o rei de Melinde.

O monarca da cidade, que veio conhecer a frota e o capitão Vasco da Gama pessoalmente, fica impressionado com o que vê e, estando muito empolgado para conhecer mais sobre os ilustres visitantes europeus, pede para que o capitão português conte a história de Portugal. O capitão lusitano concorda com o pedido do rei de Melinde, mas diz que é suspeito para fazer tal relato, já que ele tem uma profunda estima pelo seu povo e pelo seu reino.

E assim começa o terceiro canto da obra, com o capitão Vasco da Gama começando a contar a história de Portugal, iniciando pela descrição do território europeu. Por ser bem detalhado e citar os eventos e personagens em sequência, o relato é muito extenso, tomando todo o terceiro canto, bem como os cantos posteriores da obra.

 

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O território da Europa – Estrofes 6-19

O capitão Vasco da Gama, concordando em contar a história de Portugal ao rei de Melinde, diz que começara descrevendo o território europeu e seus povos e depois contará sobre Portugal.

Descreve a Europa, contando a sua localização no mundo e que o continente é vizinho da Ásia. O norte do continente fica próximo do Polo Norte e que já foi habitado pelos povos citas, e sendo localização dos países escandinavos, onde fica o mar Báltico.

O sudoeste do continente fica localizado a região da antiga Trácia, que é onde está a Macedônia e as terras da Grécia.

No sul do continente está a região da Dalmácia e da Itália, esta que é a região que ficava o grande povo romano. A região da Itália é cercada pelo mar Mediterrâneo e, ao norte, pelos montes Alpes.

O coração da Europa é onde fica a região da Gália, localização da grande França e, ao sul, fica a cordilheira dos Pineus, que a separa da região da Hispânia.

A região da Hispânia é localização da Espanha e das gloriosas terras de Portugal. Ao sul fica o mar Mediterrâneo, separando o continente europeu do continente africano no estreito de Gibraltar. Além de Portugal, a região também é localização das terras da Catalunha, Navarro, Astúrias e de Castela.

 

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A formação de Portugal – Estrofes 20-41

O capitão Vasco da Gama que Portugal fica localizado na região da península Hispânica e que este reino é a sua pátria. Comenta que ali que os portugueses travaram muitas guerras contra os mouros e que ele espera poder concluir sua viagem e retornar para sua amada terra natal; caso isso aconteça, ele já pode morrer feliz.

Comenta que antigamente, na época que era dominada pelos romanos, a região chamava-se Lusitânia e que seu primeiro grande líder foi Viriato, um dos poucos que conseguiu desafiar e vencer os grandes romanos.

A fundação de Portugal começa com o rei espanhol Afonso VII que, por travar grandes batalhas contra os mouros, foi conquistando os territórios na península e se tornando muito conhecido. Tão conhecido era que os guerreiros cristãos, desejam provar sua fé em batalha, vinham até seu reino para lutarem ao lado de seus exércitos e, como recompensa, o monarca espanhol lhes garantia títulos e terras. Com isso, o conde Henrique de Borgonha, ao casar com a sua filha e se provar um grande guerreiro, adquirir as terras de Portugal, embora elas, na época, não fossem tão importantes.

O conde Henrique se mostrou um grande guerreiro, vencendo os mouros e expandindo as terras que possuía na região, além de participar da Primeira Cruzada. Mas como a morte um dia chega para todos, um dia ele veio a morrer, deixando suas terras para seu filho, Afonso Henriques.

Porém, Afonso Henriques não herdou as terras de Portugal, já que sua mãe, d. Teresa, por ganancia e de seu novo marido, fica com as terras para si, alegando que foram dadas por seu pai e que, portanto, eram suas. Afonso Henriques prepara um exército e entra em guerra com sua mãe, conquistando as terras de Portugal, que na época era um condado.

O rei Afonso VII de Castela, aproveitando a situação, tenta atacar Portugal e conquistar suas terras, mas acaba repelido por Afonso Henriques. Numa segunda tentativa, o monarca castelhano cerca o condado de Portugal.

Nesse tempo, ocorre o caso de Egas Moniz, fiel vassalo de Afonso Henriques. Este, ao ver que seu suserano português não tinha poder para enfrentar o adversário, vai até Castela dizer que seu Afonso se submetera. Afonso Henriques, que era muito ambicioso para sobrar seu joelho a outro, não cumpre o que seu vassalo disse. Egas Moniz, ao ver que deu sua palavra para um acordo que não aconteceu, fica ressentido e parte para entregar sua vida ao rei de Castela.

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Afonso Henriques, o primeiro rei de Portugal – Estrofes 42-54

Afonso Henriques se preparava para conquistar as demais terras que os mouros possuíam na península Hispânica. Contra eles preparou se exército e, na batalha de Ourique, o português se consagrou um grande guerreiro e rei aclamado de Portugal.

A batalha de Ourique foi o evento de fundação do reino português. Afonso Henriques, que possuía um exército muito inferior aos mouros, teve uma visão milagrosa de Jesus Cristo crucificado e, por isso, foi aclamado como rei pelo próprio povo. Tendo Deus e seu povo ao seu lado, enfrenta o grande exército dos mouros, que possuía cinco grandes reis. A batalha foi dura e sangrenta, mas os portugueses vencem os mouros.    

A vitória foi tão grandiosa e importante que o rei Afonso Henriques, que adotava uma cruz como sua bandeira, agora passa adotar como bandeira cinco escudos que formando uma cruz, simbolizando o milagre de Jesus e os cinco reis mouros que ele derrotou.

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As conquistas do rei Afonso Henriques – Estrofes 55-68

Após sua gloriosa vitória na batalha de Ourique, o rei Afonso Henriques retoma a expansão das terras de Portugal na região de península Hispânica. Vai atacando e conquistando os territórios dos mouros em Leiria, Arroches, Santarém, Mafra, Sintra e volta seus olhos para a grande Lisboa.

Lisboa, que segundo a mitologia, teria sido fundada pelo grande navegador Ulisses, estava nas mãos dos mouros desde o século séc. XVIII. Rei Afonso Henriques, com ajuda dos cruzados que estavam vindo da Inglaterra para lutar na Segunda Cruzada, fez um cerco em Lisboa e tomou a cidade dos mouros.

Após ter conquistado a grande Lisboa, foi fácil para o monarca portugueses continuar a expansão de seus domínios. Marchou e tomou Estremadura, Óbidos, Torres de Vedras, Alanquer, Elvas, Moura, Serpa, Alcácere do Sal e a grande e importante Évora.

A cidade de Beja acabou sendo diferente, já que o rei Afonso Henriques, ao dominar a cidade, massacrou toda a população. Depois seguiu conquistando Palmela e Cezimbra.

Foi enfrentar rei mouro de Badajoz que, apesar de possuir um grande exército de cavaleiros, também caiu perante o grande espirito combativo dos portugueses. Aproveitando que o rei mouro foi derrotado, o rei Afonso Henriques reúne seu povo e parte para fazer um cerco na cidade de Badajoz.

 

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O reinado e morte do rei Afonso Henriques – Estrofes 69-85

A sequencia de conquista de vitórias do rei Afonso Henriques começa a acabar, sendo, segundo Camões, este um castigo divino pelo rei ter aprisionado sua própria mãe.

O monarca, assim como cerca a cidade de Badajoz, acabo sendo cerca pelo rei de Leão, já que a cidade que estava ocupada pelos mouros era originalmente deles. Camões inclusive compara essa queda de Afonso Henriques com o general e consul romano Pompeu Magno, este que, após grandes conquistas e vitórias, veio a ser derrotado.

A partir daí, quem passa a lutar as guerras de Portugal é Sancho, filho do rei Afonso Henriques. O príncipe, assim como o pai, se mostra um formidável guerreiro, enfrentando e vencendo os exércitos dos mouros.

Mas os mouros, após tanto sofrerem com a reconquista dos cristãos na península Hispânica, organizam um grande exército e atacam Portugal, cercando o príncipe Sancho na cidade de Santarém. O príncipe bravamente resiste a tão forte investida dos mouros, mantendo Santarém.

Em resposta à invasão, o rei Afonso Henriques, mesmo estando muito velho e debilitado por tantos combates, parte rumo até Santarém para quebrar o cerco dos mouros e resgatar o príncipe Sancho. Juntos, pai e filho destroem o grande exército, vencendo os mouros.

Mas a morte, que um dia chega para todos, veio bater a porta do rei Afonso Henriques. O povo de Portugal, que chorava com a morte do seu grande rei, agora olha para Sancho I, o segundo rei de Portugal.

 

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A expansão do reino de Portugal – Estrofes 86-98

O rei Sancho I, seguindo os caminhos do pai, continua expandindo os territórios de Portugal na península Hispânica.

Durante o cerco de a cidade de Silves, ele, assim como seu pai, teve ajuda de cruzados nórdicos que estavam indo participar da cruzada, no caso, a Terceira Cruzada que foi convocada pelo rei Frederico Barba Roxa para recuperar Jerusalém das mãos dos sarracenos. Com a ajuda deles, o monarca português conquista Silves.

Além de vencer e conquistar os territórios dos mouros, o rei Sancho I também volta sua atenção para as terras do reino de Leão. Toma a cidade de Tui e vila vizinhas.

A sombria hora que não tarda enfim chega e o rei Sancho I falece, deixando a coroa de Portugal para seu filho, Afonso II, o terceiro rei de Portugal. Ele finalmente conquista Alcácere do Sal, que há muito tempo estava nas mãos dos mouros.

Bate o sino do anoitecer e o rei Afonso II falece, com seu filho, Sancho II, assumindo o trono como o quarto rei de Portugal. Diferente de seus antepassados, ele foi rei fraco e descuidado, sendo muito manipulável pelos conselheiros que o rodeavam.

Quando o Sancho II morreu, o reinado passou para as mãos de seu irmão Afonso III, este que já administrava o Portugal antes e agora era o quinto reino do povo lusitano. Diferente do irmão, ele se mostrou um grande rei, tanto que recebeu a alcunha de O Bravo por sua luta contra os mouros. Conquistou Algarves, parte sudoeste da península Hispânica.

Com a morte do rei Afonso III, o trono é assumido por seu filho, rei d. Diniz I, o sexto monarca de Portugal. Ele foi celebre em suas realizações, tendo desenvolvido leis e construído a Universidade de Coimbra, que fez com que grandes nomes das artes viessem a nascer em Portugal. Também desenvolveu as cidades e fortalezas portuguesas.

Afonso IV, sétimo rei de Portugal, assumiu o reino após a morte de seu pai, sendo que o novo rei, pelos eventos que vão ser mencionados, foi, depois de Afonso Henriques, o monarca mais importante da história de reino até então.

 

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A Batalha de Salado – Estrofes 99-117

Dos grandes marcos na história do reinado do rei Afonso IV, o mais importante evento foi a batalha de Salado.

Os mouros, querendo reaver as terras na península Hispânica que foram tomadas pelos cristãos, formam o gigantes exército, o maior já visto até então e começaria atacando as terras castelhanas.

O rei Afonso XI de Castela, ao se deparar com um exército tão descomunal, manda sua esposa, d. Maria, ir até o rei Afonso IV de Portugal, que por acaso era pai dela, para socorrer o reino espanhol na defesa contra as forças dos mouros.  Afonso VI, como todo bom pai, não resiste ao pedido da filha e parte junto com suas tropas para se juntar ao exército de Castela.Os dois Afonsos, mesmo diante de um inimigo tão numero e que debocha por sua superioridade numérica, não se amedrontam.

A batalha começa com o exército português enfrentando o exército de Granada, enquanto o exército de Castela enfrenta o exército do rei do Marrocos, que era o grande líder da invasão. O combate foi terrível e muito sangrento, mas com os braços portugueses, que sempre se sobressaíram no combate, vencendo as forças de Granada e, em seguida, partindo para atacar as forças do Marrocos. As forças dos mouros caem perante os golpes dos cristãos, com a batalha se encerando com a vitória de Castela e Portugal

 

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O assassinato de Inês de Castro – Estrofes 118-135

Após a batalha de Salado, onde as forças cristãs saíram vitoriosas após a invasão dos mouros, o segundo evento que marca o reino de rei Afono IV foi a caso de Inês de Castro.

O príncipe Pedro de Portugal, que estava viúvo, andava tendo um profundo romance com Inês de Castro, uma nobre de Castela, do qual até se casaram em segredo e tiveram filhos. A corte portuguesa, ao ver que o príncipe não queria se casar com nenhum das pretendentes, temia que as crianças nascidas deste relacionamento viessem a prejudicar a futura sucessão do reino; então, sob influencia da corte, o rei Afonso IV manda assassinar Inês de Castro.

Ela é trazida diante do monarca juntos com os filhos que teve com o príncipe Pedro e, aos prantos, pede misericórdia ao rei Afonso, dizendo para perdoa-la por seu amor ou, pelo menos, condena-la ao exílio junto com seus filhos.

Apesar de ficar muito comovido, a vontade da corte portuguesa sobre o rei é maior, e o monarca a condena à morte, sendo ela executada cruelmente.

 

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Pedro I e Fernando I – Estrofes 136

O rei Afonso IV veio a falecer pela idade e, com isso, Pedro I assume o trono como o oitavo rei de Portugal. O novo monarca como o seu reinado se vingando pelo assassinato de sua amada Inês de Castro, perseguindo e matando todos os envolvidos. Ele também se mostrou um rei muito cruel quando o assunto é castigar os criminosos, mandando matar muito ladrões.

Enquanto ele foi um rei justo e duro, Fernando I, seu filho e sucessor, foi muito brando e irresponsável em ações como nono monarca de Portugal, sendo ele causa das principais desgraças que caíram sobre o reino nos anos seguintes.

Assim como seu pai acreditava que poderia casar com bem entendesse, o rei Fernando se envolveu e casou Leonor de Castela, uma nobre de Castela que já era casada e acabou refém da mulher por causa de seu amor.

Comece a ler os nossos comentários completos sobre os reinados dos reis Pedro I e Fernando I aqui.

Os Lusíadas (Edição Didática) - Volume I e II – Editora Concreta

Os Lusíadas (Edição Didática) – Volume I

Obra completa de Camões com notas e comentários de Francisco de Sales Lencastre, sendo a melhor edição para quem busca compreender todos os detalhes deste grande épico.

 

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Os Lusíadas (Edição Didática) – Volume II

Obra completa de Camões com notas e comentários de Francisco de Sales Lencastre, sendo a melhor edição para quem busca compreender todos os detalhes deste grande épico.

 

Esses foram os nossos comentários resumindo o terceiro canto de Os Lusíadas, de Luís Vaz de Camões.

 

Gostou do conteúdo? Leia os nossos comentários sobre o primeiro canto de Os Lusíadas aqui.

 

Eu sou Caio Motta e convido você a continuar acompanhando os nossos comentários sobre a grande obra de Camões, bem como demais textos da grande literatura universal presentes no nosso blog.

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