Venha conhecer os nossos comentários sobre os principais eventos que acontecem na obra São Bernardo, de Graciliano Ramos.

SÃO BERNARDO A AQUISIÇÃO DA FAZENDA SÃO BERNARDO
São Bernardo, de Graciliano Ramos

A aquisição da fazenda São Bernardo.

A obra começa com o protagonista, Paulo Honório, que já tem seus cinquenta anos nas costas e já é dono da fazenda, querendo escrever um livro contando as memórias e, principalmente, falar sobre São Bernardo. 

Depois de certas dificuldades com a escrita, já que o protagonista, como veremos mais a frente, é um homem bruto do campo acostumado a resolver suas dificuldades com a força dos braços, e não um literato que tem convívio com as letras e a boa cultura, Paulo começa a contar sobre sua vida.

Das poucas lembranças da sua infância, conta que nunca teve família, embora recorda-se da velha Margarida, negra que cuidou dele e que, quando Paulo já era dono de São Bernardo, ele a trouxe para ficar morando na fazenda, estando a mulher viva até os dias hoje. Depois disso o protagonista conta que foi trabalhar como braçal nas lavouras, sendo que a fazenda que trabalhou é justamente a que ele hoje é proprietário.

Tempo depois, por ciúmes, esfaqueou um homem e acabou indo para na cadeia. Apesar de ser uma experiencia terrível, podemos dizer que essa foi uma experiencia fundamental, ajudando o protagonista a amadurecer muito com essa situação. Nos anos que ficou preso, Paulo aprender a ler e, saindo do presídio, decidiu que correria o mundo para conquistar seu próprio dinheiro. Ao contrário dos demais personagens que vemos nas obras de Graciliano Ramos, assim como os demais personagens da literatura brasileira, Paulo Honório se destaca por não ser alguém que aceita ficar abaixo da situação. Enquanto os demais ficam chorando no canto pondo a culpa de seu fracasso nos outros e tendo apenas um olhar de inveja com quem já realizou alguma coisa, Paulo é diferente; Ele enfrenta suas dificuldades e, com muito trabalho e dificuldade, consegue as coisas que quer.

Assim, enquanto percorre as terras do nordeste realizando os trabalhos mais diversos, o protagonista vai adquirindo capital ao longo dos anos. Nessas andanças ele conhece Casimiro Lopes, trabalhador obediente e fiel que passa a acompanhá-lo. Em certo momento decide voltar à Viçosa, sua terra natal e local onde está sediada a fazenda São Bernardo. A fazenda está nas mãos de Luís Padilha, filho do antigo dono que foi empregador de Paulo.

Paulo percebe que São Bernardo, que já foi uma grande propriedade no passado, hoje estava acabada: a casa principal caindo aos pedaços, matagal crescendo sem nenhum controle e os vizinhos mexiam nas cercas, roubando as terras. A precariedade da fazenda era apenas um reflexo de Padilha, que se mostrava um homem irresponsável e facilmente manipulável.

Com isso, Paulo começa o seu plano para obter São Bernardo: criar uma dependência financeira de Padilha com Paulo até que, não tendo dinheiro para quitar suas dívidas, o herdeiro de São Bernardo precisasse entregar a fazenda para pagar suas despesas. E foi exatamente isso que Paulo começou a fazer. De pouco em pouco ia emprestando dinheiro para Padilha.

Outra tática para acelerar seu plano foi influenciar Padilha para que investisse em São Bernardo, investimento esse que precisaria de um empréstimo feito por Paulo. O plano exatamente como Paulo pretendia; Padilha fracassou em seu projeto e, não tendo dinheiro para pagar seus empréstimos, precisou entregar a fazenda para quitar sua dívida.

Assim, após uma extensa negociação para determinar o valor da propriedade e acertar o pagamento dos empréstimos, Paulo Honório obtém a fazenda de Luís Padilha e se torna o novo dono de São Bernardo.

 

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O crescimento da fazenda São Bernardo

Os primeiros anos administrando a fazenda foram bem difíceis para Paulo. A baixa produtividade e os baixos preços prejudicavam muito o lucro das plantações. Mesmo assim continuava trabalhando duro, tendo Casimiro Lopes ao seu lado. Outro problema era o vizinho Mendonça, proprietário de Bom-Sucesso, fazenda vizinha, que vinha roubando as terras de São Bernardo ao longo dos anos. A questão com Mendonça começou a piorar quando começou a perceber homens do vizinho rodando a casa de Paulo durante a noite

O problema só se resolveu quando Mendonça foi assassinado nas estradas próxima de sua fazenda. Com sua morte, a fazenda ficaria de herança para as suas filhas indefesas e, a partir daí, foram as cercas de São Bernardo que começaram a avançar, engolindo as terras de Bom-Sucesso.

Nesta época também chegou em São Bernardo o Ribeiro, um velho de setenta anos que Paulo Honório trouxe para trabalhar como guarda-livros (contador). Na juventude, ele foi um major de um pequeno povoado, sendo a única autoridade da região, mas com o passar dos anos a região começou a crescer e, com isso, seu poder foi diminuindo. Não sendo mais a principal figura de sua terra, ele começou a vagar por aí fazendo alguns trabalhos até que foi encontrado por Paulo e contratado para trabalhar na fazenda.

Passados cincos anos desde a aquisição de São Bernardo, a situação de Paulo já havia melhorado muito. A terra estava próspera, com maquinário, pomicultura, avicultura e até estradas. Após a visitada do governador de Alagoas, Paulo também começou a estabelecer uma escola para educar as pessoas que viviam em sua fazenda, um investimento que tinha apenas finalidades políticas. Para a função de professor, Paulo contratou Luís Padilha, o antigo proprietário da fazenda.

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Madalena

Paulo, que nunca foi homem de muitos amores, agora estava com vontade de casar. Não era desejo de romance ou alguma vontade sexual, apenas imagina que ele um dia não conseguiria mais conduzir a fazenda, sendo preciso um herdeiro para tocar as coisas. Como sempre, tudo o que movia Paulo era a fazenda. A princípio pensou na filha de dr. Magalhães, juiz e dono de uma propriedade vizinha, mas, pelo acaso, acabou conhecendo dona Glória e de sua jovem sobrinha, Madalena.

Como não gostava de Padilha e de suas ideias coletivistas, Paulo pensou em demitir o ex-dono de São Bernardo e contratar Madalena, já que ela era professora; tudo como pretexto para se aproximar da jovem mulher. Acabou que Madalena não aceitou a oferta de emprego e Padilha continuou com o cargo. Acabou que Paulo, muito direto, pediu-a em casamento. Ela, que a princípio não gostou da ideia, acabou aceitando a oferta por questões financeiras, já que seu salário como professora era muito ruim e casar com um fazendeiro bem-sucedido seria muito proveitoso. Acabou que eles casaram e foram morar juntos em São Bernardo, com d. Glória indo viver com eles.  

Mas ficar idealizando uma esposa é muito diferente de viver com uma pessoa que realmente existe. Apesar do começo do casamento ser sempre agradável, a presença de Madalena na fazenda deixava seu marido inquieto, já que ela, não querendo ficar parada, começava a interferir na forma como Paulo gerenciava o lugar e, principalmente, como tratava as outras pessoas.  A parti, por ser questionado como cuidado de São Bernardo, Paulo começou a criar brigas com Madalena, atitude esta que foi desgastando a relação ao longo do tempo. Meses depois do casamento nascia o filho que Paulo tanto deseja, mas isso não foi o suficiente para conforta-lo, já que as brigas se tornavam cada vez mais comuns.

A presença de d; Glória também incomodava Paulo. Quando não brigavam por causa das opiniões da esposa sobre o tratamento que Paulo dava aos seus homens, ele e Madalena brigavam por causa de alguma coisa ínfima feita por d. Glória que o desagradou.

Com o tempo as brigas começavam a perturbar a cabeça de Paulo, como ele começando a acreditar que as pessoas de sua fazenda estavam conspirando contra ele. Não podia ver Padilha ou d. Glória conversando que já pensava que estavam falando sobre ele, deixando o perturbado e fazendo com que brigasse mais com os outros.  

 

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Os ciúmes de Paulo Honório

O tempo só ia piorando o casamento e Paulo e Madalena. A paranoia de dele agora transformou-se em ciúmes. Se via Madalena conversando com algum homem, Paulo começava a se questionar se eles estavam tendo um caso. As vezes nem precisa vê-la conversando com alguém que Paulo já começava a pensar que estava sendo traído.

A relação dos dois se mostrou arruinada quando, louco por causa dos ciúmes, Paulo questionou as coisas que sua esposa fazia e ela respondeu os seus insultos chamando-o de assassino. Para Paulo, a acusação devia girar em torno da morte Mendonça, já que ele foi quem mais saiu ganhando com o assassinato de seu vizinho.

Porém o fim veio quando, enquanto acompanhava as atividades em São Bernardo, Paulo encontrou um papel no chão com as letras de sua esposa. O papel, que era parte de uma carta, desconcentrou Paulo de todos os seus afazeres e, com isso, seu ciúme apareceu, com ele se questionando se a carta que esse papel fazia carta teria sido escrito para algum homem.

Furioso, ele foi questionar Madalena sobre o texto que encontrou e tentou começar mais uma briga, porém a reação de sua esposa foi muito diferente. Ela, que antes respondia os questionamentos e insultos com a mesma agressividade, agora apresenta um aspecto calmo e melancólico, respondendo que a carta era para um homem, mas que esse homem era o próprio Paulo. Neste momento o discernimento de Paulo recuperou posse da sua razão, e ele lamentou o seu comportamento.

Tentando salvar seu casamento, Paulo se desculpou tentando propor uma viagem para os dois, onde ambos deixariam a fazenda e ficariam alguns meses viajando para um lugar bem longe de São Bernardo. Madalena, que no momento se mostrava muito perturbada, não deu uma resposta, apenas respondeu que estava cansada e, como neste momento já era noite, ela despediu-se e foi embora.

Estavam tendo essa conversa na capela que foi construída em São Bernardo. Enquanto Madalena foi embora para a casa dormiu, Paulo ficou no local um pouco mais de tempo para refletir e acabou dormindo nos bancos do lugar, só acordando e voltando para casa na manhã seguinte.

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O suicídio de Madalena

Após ter passado a noite dormindo na capela, Paulo chega em sua casa e escuta gritos vindo de dentro. Entrando apressando, foi encontrar Madalena caída no chão de seu quarto com olhos virados e espumando pela boca. Apesar de seus esforços, Paulo não conseguiu reanima-la, tendo Madalena cometido um suicídio.

Ao lado da cabeceira da cama estava a carta que ela disse ter escrito, contendo a despedida de Madalena, faltando apenas a página que Paulo encontrou solta no pátio no dia anterior. Agora ele entendia o estranho comportamento de sua esposa na capaela, mas agora já era tarde demais.

Madalena foi enterrada em São Bernardo, na capela da fazenda, sendo este o fim do casamento de três anos dela e de Paulo Honório.

A morte de sua esposa mudou tudo em São Bernardo e na vida de Paulo. Dona Glória foi embora, dizendo que o lugar trazia muitas lembranças de sua amada sobrinha. Em seguida foi seu Ribeiro. Padilha, que estava prestes a ser demitido, ficou mais um tempo na fazenda, sendo ele e Casimiro Lopes as poucas companhias que Paulo tinha. Pequeno filho de Paulo e de Madalena crescia, com Paulo não sabendo o que fazer com a criança.

No segundo ano após a morte de Madalena, com os negócios de São Bernardo indo de mal a pior, Paulo teve a ideia de escrever um livro sobre sua vida e, principalmente, sobre São Bernardo.

Nesta parte voltamos ao começo do livro, onde Paulo está sentado escrevendo suas memórias e refletindo sobre a vida que ele levou até agora. Paulo Honório tinha seus cinquenta anos, e, vendo que dedicou todos esses anos para juntar dinheiro e para cuidar de São Bernardo, agora ele percebe que nada disso valeu a pena. Todo o trabalho duro, toda uma vida de esforço em baixo do sol voltada para uma fazenda que agora está virando poeira. Toda uma vida se maltratando e, principalmente, maltratando os outros para que agora veja o quão ruim é estar sozinho.

Assim termina o livro este livro de Graciliano Ramos, com Paulo Honório sentado sozinho em sua casa e percebendo que jogou sua vida fora.  

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São Bernardo – Graciliano Ramos (Editora Record)

Uma das melhores obras do escritor Graciliano Ramos, bem como uma das mais importantes da literatura ficcional brasileira em uma nova edição publicada pela editora Record.

 

Estes foram os nossos comentários sobre os principais eventos que acontecem na São Bernardo, de Graciliano Ramos.

 

Eu sou Caio Motta e convido você a continuar acompanhando os nossos comentários sobre os grandes textos de Graciliano Ramos, bem como demais textos da grande literatura universal presentes no nosso blog.

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